Cidades

VIOLÊNCIA

Estado chega a 27 feminicídios, maior índice desde criação da lei

Tipologia do crime foi instituída em 2015; desde então, mortes de mulheres por companheiros ou no ambiente familiar têm essa classificação

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Mato Grosso do Sul chegou ontem a 27 casos de feminicídio desde o dia 1º de janeiro. Esse número é o maior já registrado no Estado desde que a Lei nº 13.104/2015, que tipificou o crime, entrou em vigor, no dia 9 de março de 2015. A última vítima, a segunda nesta semana, é de Amambai.

Segundo a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), no ano passado, ocorreram 24 feminicídios de janeiro até o fim de agosto, número que já foi superado este ano antes mesmo de o mês terminar.

O aumento também é registrado em Campo Grande, já que a cidade acumula oito vítimas antes do fim do oitavo mês do ano, também o maior índice desde a criação da lei.

No caso mais recente, de acordo com a polícia, o crime ocorreu no fim da tarde de terça-feira, na Aldeia Amambai, localizada a 351 quilômetros de Campo Grande. Rosa Rodrigues, de 29 anos, foi morta por estrangulamento pelo marido, Reinaldo Rodrigues Arce, de 30 anos.  

Conforme o boletim de ocorrência, três testemunhas relataram que Reinaldo teria entrado com Rosa na residência, mas que, pouco depois, o homem teria saído desacompanhado, afirmando que Rosa havia se enforcado.  

A perícia da Polícia Civil, por meio do Setor de Investigação Geral (SIG), no entanto, constatou que não se tratava de suicídio, e sim de homicídio. A investigação concluiu, então, que foi Reinaldo quem cometeu o crime. Ele foi preso.

Este é o segundo caso de feminicídio registrado esta semana, o anterior foi descoberto na segunda-feira, quando a polícia encontrou o corpo de Luciana de Carvalho, 45 anos, que foi morta a facadas pelo companheiro, Inácio Pereira, 47 anos, e deixada por quatro dias no chão da cozinha da casa onde eles residiam.

A mulher teria sido morta no dia 28 de julho com uma faca de cozinha, que o companheiro jogou na pia após o crime. O corpo permaneceu no local onde caiu até que vizinhos, incomodados com o mau cheiro do local, no Bairro Sílvia Regina, chamaram o dono da residência. Este, constatando o odor muito forte que vinha da casa, decidiu chamar a polícia.

O casal tinha uma relação conturbada, e, em fevereiro deste ano, a vítima havia registrado um boletim de ocorrência contra o agressor por injúria e vias de fato. Por causa disso, ela chegou a receber uma medida protetiva contra Inácio.

Em julho, foi a vez de Inácio registrar um boletim de ocorrência contra a mulher, por injúria, chegando a mencionar as agressões. Entretanto, tempo depois eles voltaram a morar juntos.

PSICOLOGIA

Dados da pesquisa de opinião Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher – 2021, realizada pelo Instituto DataSenado, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência, mostraram que 86% das mulheres brasileiras perceberam um aumento na violência cometida contra pessoas do sexo feminino durante o último ano.

Conforme a psicóloga Izabelli Coleone, para entender as agressões, é importante saber também o contexto de criação e de vida em que os agressores viveram e se formaram como pessoa.

“[Precisamos saber] Como que foi constituído o ambiente familiar [do agressor], como foi feita essa passagem de como tratar uma mulher, de como aceitar a postura dela ou o que ela quer fazer, as decisões dela. Como foi lidado com esse homem os momentos que ele sentiu raiva, que ele quis expressar esse ódio”, explicou.

Para ela, o aumento pode ter relação ao entendimento da mulher de sua liberdade e como isto é visto por alguns homens. 

“A partir de quando a lei surgiu, nós [mulheres] criamos uma força para nos defender e acreditar que também tem pessoas lutando pelo nosso direito, e isso inclui o ato de a gente dizer não e dar opinião, fazendo com que a gente crie nosso espaço, mas é o quesito criar espaço que muitas vezes não é aceito pelo sexo oposto”, disse.

Antônio João

Desabamento de telhado de varanda mata adolescente de 14 anos

O acidente ocorreu na manhã desta quarta-feira (27). Equipes da Polícia Civil foram acionadas, e o caso será investigado.

27/11/2024 14h30

Imagem/ Ilustração

Imagem/ Ilustração Fotos: Polícia Civil de MS

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Luan Maciel Vega, de 14 anos, morreu na manhã desta quarta-feira (27) após uma cobertura do telhado de uma residência desabar sobre ele. O acidente ocorreu na rua Dr. Wilmar Martinês Marques, no município de Antônio João, a 280 quilômetros de Campo Grande.

Segundo informações apuradas pela reportagem, o adolescente estava na varanda quando o teto desabou. 

Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas ao local. A Polícia Civil também esteve na residência e irá apurar as denúncias do acidente.

Pelas redes sociais, a prefeitura de Antônio João publicou uma nota de despedida, destacando que Luan Maciel era um exemplo de superação.

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Além da Polícia Civil, a Perícia Técnica também foi acionada, e o caso será investigado pelas autoridades do município.

 

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Cidades

Com caos na saúde, MPE instaura série de investigações em Campo Grande

Entre as irregularidades estão demora no atendimento e na transferência de pacientes, além da falta de médicos e medicamentos na rede pública de saúde

27/11/2024 14h00

Com caos na saúde, MPE instaura série de investigações em Campo Grande

Com caos na saúde, MPE instaura série de investigações em Campo Grande MPMS

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Com o objetivo de dar fim ao caos na saúde em Campo Grande, o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), instaurou quatro inquéritos que identificaram irregularidades na prestação dos serviços de saúde pública.

De acordo com o primeiro inquérito, aberto pela 76ª Promotoria de Justiça da Saúde da comarca de Campo Grande, deverá ser apurado a regularidade na prestação do serviço de saúde pública no CRS Tiradentes, especialmente a demora no atendimento e possível descumprimento dos plantões por parte dos médicos e enfermeiros da Unidade

Já o outro, deverá tratar das medidas que serão adotadas pelos Gestores para viabilizar a transferência imediata de pacientes internados em Unidades de Pronto Atendimento e Centros Regionais de Saúde de Campo Grande/MS, cujos leitos hospitalares já tenham sido autorizados pelos hospitais via regulação e evitar que pacientes permaneçam nessas unidades por vários dias no aguardo de transporte adequado.

Conforme informações, alguns pacientes aguardam até seis dias pela transferência, sendo que o prazo limite é de 24 horas.

Os outros dois inquéritos tratam da falta de medicamentos da Rede Municipal de Saúde na Capital e a ausência de médicos especialistas em cabeça e pescoço no Hospital do Câncer Alfredo Abrão, que pode impactar na indisponibilidade de agenda para atendimento de pacientes oncológicos.

Decisões

No dia 27 de novembro, o MPMS apresentou duas decisões, as quais atendem pedidos de liminar apresentados pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que identificou demandas reprimidas por atendimento nas especialidades médicas de cirurgias plásticas reparadoras e oftalmológicas em MS.

De acordo com as decisões, no prazo de seis meses, tanto o Governo do Estado quanto o município de Campo Grande deverão apresentar planos concretos de ação, com metas e cronograma definidos para a redução das filas de espera, sob pena de multa diária de R$ 10 mil no caso de descumprimento, e responsabilização dos gestores públicos por improbidade administrativa, litigância de má-fé e crime de desobediência. 

Conforme apurado pelo MPMS, as consultas e procedimentos estavam previstas para serem incluídas no Programa de Redução de Filas de Procedimentos Eletivos do Governo do Estado, o "Mais Saúde, Menos Fila", lançado em maio de 2023, entretanto, desde que foi lançado, não houve diminuição de espera pelos pacientes.

Cirurgias reparadoras

Ao todo são 2.295 pacientes na fila de espera da Capital na especialidade cirurgia plástica geral. A solicitação mais antiga foi inserida no sistema de regulação da prefeitura no dia 8 de novembro de 2017, ou seja, há quase sete anos. Há, ainda, 15 solicitações datadas de 2019, ou seja, há quase cinco anos, e as demais datam de 2020 até 2023.

É importante ressaltar que cerca de cinco unidades de saúde estão cadastradas no sistema de regulação para realização de consultas em cirurgia plástica geral, mas não existem médicos especialistas lotados no quadro de servidores. 

Desta forma, o serviço precisa ser contratualizado com a rede externa, corroborando "a necessidade de aprimoramento dos processos de contratualização, avaliação, controle e regulação dos serviços assistenciais, como também da adequação da rede estadual nesta linha de cuidado", subscreveu a Promotoria.

Oftalmologia

Já no setor oftalmológico são 11.750 pacientes que aguardam por diferentes especialidades: 

  • Catarata 4.752 pacientes
  • Córnea 220 pacientes
  • Estrabismo 786 pacientes
  • Oftalmologia pediátrica 977 pacientes
  • Plástica ocular 1.075 pacientes
  • Pterígio 1.539 pacientes
  • Retina geral 2.222 pacientes

A primeira solicitação foi inserida no sistema de regulação no dia 17 de novembro de 2016, ou seja, há oito anos. No inquérito, a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau) informou que apenas sete médicos oftalmologistas estão lotados na rede pública municipal de saúde, quantitativo considerado insuficiente para atender à demanda por consultas na especialidade, inclusive a reprimida.

Segundo a Promotoria, foram destinados R$45 milhões do Governo do Estado para que fosse possível a ampliação do acesso aos procedimentos cirúrgicos eletivos e exames do programa "Mais Saúde, Menos Fila".

Já o valor programado para a execução das cirurgias eletivas foi de R$15,9 milhões para o Estado, em diversas especialidades entre: 

  • Oftalmologia
  • Otorrinolaringologia
  • Cirurgia vascular
  • Cirurgia geral
  • Ortopedia
  • Cirurgias reparadoras preventivas de bullying voltadas para pré-adolescentes e jovens em idade escolar
  • Realização de exames diagnósticos.

Ressonância Magnética

Uma terceira decisão judicial relacionada às filas na saúde pública de Campo Grande é resultado de um inquérito civil iniciado em 2019, que buscava soluções consensuais com gestores para reduzir a espera por exames. 

Segundo o levantamento, os procedimentos mais demandados incluem:

  • Ressonância magnética (13.356 pessoas na fila)
  • Radiografias simples (6.196)
  • Tomografias computadorizadas (2.921)
  • Ressonância magnética com sedação (1.389)
  • Eletroneuromiograma (1.145).  

O caso mais antigo registrado no sistema é de julho de 2018, referente a uma ressonância magnética. Já o pedido mais antigo para eletroneuromiograma é de 2020. Entre os pacientes, destaca-se o caso de um bebê de dois anos que aguarda há mais de um ano por uma ressonância de crânio para dar continuidade ao tratamento de encefalopatia crônica não evolutiva.  

Ainda segundo o processo, a demora no atendimento causa sofrimento físico e psicológico aos pacientes que aguardam diagnóstico ou tratamento, além de aumentar o risco de agravamento do quadro clínico.

O problema também gera um alto número de ações judiciais, acarretando custos elevados tanto para os cofres públicos quanto para o Judiciário, frequentemente acionado para garantir o direito fundamental à saúde.

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