Extratos de convênio, entre o Executivo de Campo Grande e a Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (Agesul), mostram a liberação de cerca de R$ 38 milhões por parte do Governo do Estado para "destravar" obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 na Capital.
Assinados pela prefeita Adriane Lopes e o diretor-presidente da AGESUL, Mauro Azambuja Rondon Flores, os convênios beiram trinta e oito milhões de reais (somando exatos R$ 37.940.210,41 em aporte parcial), sendo divididos da seguinte forma:
- R$ 27.485.415,84 - Pavimentação: bairros Nova Lima III e IV, etapas C1 e D; e Vila Nasser, etapa A.
- R$ 10.454.794,57 - manejo de águas pluviais do complexo Anhanduí, Cabaças e Areias.
Conforme os respectivos planos de trabalho e cronogramas de desembolsos físico-financeiros, com ambos os convênios tendo 21 meses de vigência, os 27 milhões de reais da pavimentação serão pagos em 12 parcelas, enquanto os R$ 10 mi do manejo serão desembolsados em sete vezes.
"Destravando" obras
O Executivo de Campo Grande foi consultado, para que detalhasse, através da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), sobre quais são exatamente as obras mencionadas, porém, algumas saltam aos olhos como "velhas conhecidas" da população campo-grandense.
Principalmente se tratando de Nova Lima, já que até o Ministério Público colocou as obras do bairro em sua mira após rescisão de contrato por parte da empresa contratada na época (GTA- Projetos e Construções LTDA.), que alegou "não haver mais interesse na execução dos serviços".
Mesmo que os serviços tenham sido paralisados, oficialmente, em 2023, vale ressaltar que os projetos de infraestrutura urbana; pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais para o Nova Lima estão prontos desde junho de 2013.
A rescisão aconteceu em 2023, sendo que as frentes já tinham valores executados no início dos trabalhos, sendo:
- Etapa C| R$ 20,5 milhões empenhados e R$ 6,1 milhões executados: 30% da obra concluída
- Etapa D| R$ 11.455.706,87 empenhados e R$ 700 mil executados: 6% da obra concluída
Ou seja, dos quase R$ 32 milhões empenhados para colocar a pavimentação do Nova Lima em dia, pelo menos R$ 6,8 mi em recursos foram gastos nas duas frentes de trabalho, com um resultado bem aquém do esperado.
Segundo a Sisep, as etapas C e D compreendiam o recapeamento de seis vias (2,5 km totais) sendo:
- Rua Lino Vilacha
- Narciso Dias
- Uriocara
- Abdar Nassar
- Agenor Pinto
- Celina Bais Martins
Além destas, estava previsto o asfaltamento de 31 vias, em 28,4 km totais, pelas ruas: dos Poetas; Capitólio; Travessa Pires; Amambai; Alexandrino Alencar; Helena Beruk; Henrique Barbosa Martins; Celina Bais Martins; Firmo Cristaldo; Padre Antônio Franco; Alberto da Veiga; Claudio Manoel da Costa; Rua Lateral e mais, sendo:
- Lourenço Veiga
- Claudio Manoel da Costa
- Av. Cândido Garcia de Lima
- Alberto da Veiga
- dos Pracinhas
- John Kennedy
- Profª Antônia Capilé
- Alcebíades Barbosa
- Abdar Nassar
- Agenor Pinto
- Jaime Cerveira
- Albertina Pimentel
- Júlio Baís
- Bertolino Cândido
- Monte Alegre
- Haroldo Pereira.
A relicitação - pelo custo de R$ 38 milhões aos cofres públicos - só saiu em agosto do ano passado (atrasada em mais de seis meses), com ambas as etapas da obra indo nas mãos de uma empresa que também é considerada "velha conhecida" da administração pública local.
Licitada, a Empresa Equipe trabalha debaixo do prazo de 540 dias a partir do recebimento da ordem de serviço, o que jogaria a entrega dessas obras no Nova Lima para meados de fevereiro de 2026.
Vale lembrar que há tempos Equipe Engenharia vence licitações milionárias em Mato Grosso do Sul, como os R$ 43 milhões recebidos em novembro do ano passado para obras no Nova Campo Grande e Córrego Imbirussu.
Antes disso, é possível listar licitações vencidas pela Equipe que datam, pelo menos, desde 2015, quando recebeu R$ 32,1 milhões para pavimentar a rodovia MS-460, em Maracaju; seguido de reajuste de R$ 3,4 milhões em 2016.
Depois, uma das obras mais memoráveis da Equipe- não pelo bom sentido - foi a calçada com acessibilidade "em zigue-zague" instalada de maneira irregular no Parque dos Poderes, em Campo Grande, ainda em meados de 2018.
Cabe destacar que o PAC 2 firmou convênio em agosto de 2011, com foco no complexo Anhanduí, Cabaça e Areis, que chega ao fim no próximo dia 29, projeto que à época do lançamento compreendia:
"192.000 metros quadrados de restauração de margens, 10.792 m de galerias pluviais, 3.000 m² de recuperação de áreas úmidas, 120.000 m³ de reservatório de amortecimento de cheias, 242.267 m² de urbanização de caráter complementar e 135.581 m² de pavimentação e manejo de águas pluviais".
Quase 25 anos depois, entre entradas e saídas do Programa de Aceleração do Crescimento, os trabalhos às margens do Ahanduí seguem com o trecho da Avenida Ernesto Geisel, por exemplo, em obras.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) foi procurada, para que detalhasse quais são, de fato, as obras relacionadas no convênio mais recente, bem como o total de investimentos previsto, porém, até o fechamento da matéria não foi obtido retorno. O espaço segue aberto para posicionamento.