Um mês depois de o governador André Puccinelli ter garantido que o projeto de contenção de erosão do dique de Porto Murtinho não teria novos problemas estruturais, mais um “pedaço da obra”, que já estava praticamente concluída, desabou na madrugada de ontem. O projeto, orçado em R$ 9 milhões, mostra-se cada vez mais fragilizado e poderá determinar novos desmoronamentos. Pilares de sustentação de placas de concreto não suportaram a pressão do aterro e afundaram no Rio Paraguai. Esta é a quarta ocorrência desde o início de sua execução, em abril de 2008. Ontem na Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), o governador André Puccinelli – que ouviu lamentações dos prefeitos do interior – apenas sorriu ao ser questionado sobre a situação em Murtinho. No pior acidente, operário morreu afogado quando trabalhava em uma motoniveladora na compactação e terraplenagem. Parte do muro não suportou pressão da terra e cedeu levando junto a máquina. Alguns dias depois, o corpo foi retirado junto com o trator por um guindaste vindo de Corumbá. Em setembro de 2009, o Correio do Estado denunciou situação de risco de novos desmoronamentos evidenciado pela fragilidade no trabalho de fundação e instalação dos pilares que sustentam placas de concreto de três toneladas e mais a pressão do aterramento feito com pedras. Mais: o material transportado para a obra acabou comprometendo parte do asfalto da BR-267 e de algumas ruas da cidade. Mesmo assim, nada foi feito para corrigir essas falhas e, a julgar pelo “interesse” do Estado, a empreiteira deverá entregar o projeto sem alterações que poderiam garantir segurança à cidade. Trata-se de uma parede concretada verticalmente em terreno arenoso nas margens do Rio Paraguai, razão pela qual alguns pilares ficaram inclinados em vários ângulos. Para não refazer o serviço, a empreiteira optou por “corrigir” a estrutura com remendos de concreto. Mas o problema não foi resolvido. Pressão Como se não bastasse a fragilidade da fundação dos pilares, as chuvas começaram a pressionar o aterro e podem determinar destruição de toda a estrutura praticamente concluída. A responsabilidade da obra é do Estado e os recursos, do Governo federal. A Defesa Civil estadual, por meio da Secretaria de Obras do Estado, informou que a empreiteira responsável pelo projeto, Gerpav Ltda., foi citada e terá de refazer o trecho destruído. Segundo o coordenador, coronel Ociel Ortiz Elias, por enquanto a obra não oferece risco à população, mas alerta que se prevalecer o quadro de chuvas e possibilidade de grande enchente no Pantanal, “certamente vamos enfrentar problemas em abril ou maio”.