Um dos principais pontos problemáticos quando o assunto é chuva está localizado na rotatória das Avenidas Rachid Neder e Ernesto Geisel. A solução para o alagamento constante causado por grandes volumes de precipitação custa cerca de R$ 200 milhões, valor de que a Prefeitura de Campo Grande, que passa por um contingenciamento em função da falta de recursos, não dispõe no momento.
Com o período chuvoso se aproximando, a situação de alerta na região aumenta, porém, segundo o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Marcelo Miglioli, não há previsão para que aquela região receba intervenções que possam resolver o problema.
Segundo o secretário, algumas intervenções pontuais foram feitas em várias regiões da cidade, como drenagem e pavimentações em vias, porém, o projeto para aquela região em específico foi submetido ao crivo do governo federal, por meio do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (Novo PAC), entretanto, ele não foi aceito.
“Nós enviamos um projeto para o [Novo] PAC da Rua Corguinho, na margem direita do córrego, o que resolveria em parte o problema ali. O projeto era de R$ 80 milhões, mas foi negado”, explicou Miglioli.
O valor total, no entanto, seria de R$ 200 milhões, o que contemplaria as duas margens do Córrego Segredo, onde seriam feitas galerias, bacias de contenção, entre outras melhorias.
“A drenagem naquela região está subdimensionada, então, precisamos fazer novas galerias para que essa água possa escoar e evitar a inundação na região, além de bacias de contenção de água pluvial”, completou.
O projeto, como mostrou o Correio do Estado, existe desde 2018, quando havia a previsão de construção de barragens que evitassem o transbordamento das águas na região. Na época, a previsão de gastos era de R$ 120 milhões, valor que subiu desde então, mas a ideia segue no papel.
LAGO DO AMOR
Além da região da Rachid Neder, outro problema de drenagem está localizado no Lago do Amor, onde o valor é até menor, porém, ainda assim, a prefeitura não dispõe de recursos para serem empregados.
Conforme matéria do Correio do Estado publicada em agosto deste ano, o projeto que promete resolver o transbordo do Lago do Amor, localizado dentro da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), deve custar cerca de R$ 15 milhões.
Na época, Miglioli afirmou que projeto executivo para a região estava em construção, mas que o recurso ainda não havia sido garantido.
“Temos aquele problema lá do Lago do Amor, que é um problema grave. Estamos construindo ali uma solução, já temos uma parte de engenharia formatada do que é preciso fazer ali, mas é uma obra cara. Hoje, para resolver definitivamente a questão do Lago do Amor, nós estamos falando em algo em torno de R$ 15 milhões”, afirmou o secretário ao Correio do Estado.
A previsão é de que o projeto seja dividido em três fases, o desassoreamento do Lago do Amor, o desassoreamento da bacia de contenção localizada nos fundos do Rádio Clube Campo e a construção de outras duas bacias, estas para contenção de materiais sólidos, “para que esse material sólido não volte”.
Nos últimos dois anos, a barragem do Lago do Amor desmoronou duas vezes, após fortes chuvas na região.
A primeira ocorreu em março de 2023, quando o Lago do Amor transbordou durante a chuva e levou ao desmoronamento de parte da ciclovia localizada sobre a barragem do lago, no Córrego Bandeira. A calçada quebrou no espaço ocupado por dois vendedores.
Na época, a barragem já estava parcialmente interditada desde o dia 5 de janeiro, quando também sofreu avarias durante uma forte chuva.
A reforma, que na época custou R$ 3,8 milhões, por meio de contrato com a CCO Infraestrutura Ltda., não foi suficiente para suportar a quantidade de água, que invadiu a Avenida Filinto Müller após o transbordamento do Lago do Amor.
A obra era complexa e envolvia a construção de um segundo vertedouro e a reestruturação da calçada, da ciclovia e do asfalto (avenida). As obras começaram em abril de 2023 e terminaram em setembro daquele ano.
Entretanto, mesmo com essa solução, a barragem desmoronou novamente neste ano, após chuvas na região.
Os reparos, desta vez, foram refeitos pela prefeitura, já que a CCO Infraestrutura, que fez as obras de 2023, não pôde ser acionada por seguro.
Em agosto, em entrevista, o Miglioli alertou que, caso chova forte na região, novo problema pode ser registrado, já que o lago está assoreado.
“Corre o risco de cair novamente da forma como está ali, não vou mentir. Ali tem um problema de engenharia que se junta a um problema ambiental”, explicou o titular da Sisep.
ERNESTO GEISEL
Outro projeto para contenção de enchentes na Avenida Ernesto Geisel também foi enviado para o Novo PAC, este, porém, chegou a ser aceito pelo governo federal, entretanto, não para financiamento federal, mas sim como uma carta de crédito para a prefeitura, que poderia realizar um empréstimo para fazer a obra.
O valor, de R$ 150 milhões, não caberia no orçamento do Município no momento e o projeto foi deixado de lado. Atualmente, a região recebe reparos superficiais feitos com recursos próprios, mas não do jeito que havia sido proposto no projeto.


