Cidades

TÍTULO CRUEL

Rodovia da morte: final de semana tem 7 mortes na BR-163

Obras de duplicação não acontecem desde 2017 na rodovia e, entre 2018 e 2022, número de mortes só no trecho de Mato Grosso do Sul aumentou mais de 39%

Continue lendo...

Entre as madrugadas de sábado e domingo (06 e 07 de julho) sete pessoas morreram em Mato Grosso do Sul em trechos distintos da BR-163, que possui 847 quilômetros de extensão, e que há tempos não consegue se desvencilhar do título de "rodovia da morte". 

Mais recente, na madrugada deste domingo, quatro rapazes que estavam em um pálio morreram próximo ao km 300 da rodovia, sendo que - como os bombeiros precisaram recortar o carro devido à gravidade da batida - a quarta e última vítima demorou a ser identificada

Por volta de 5h15min, o carro com quatro ocupantes teria invadido a pista contrária e colidido frontalmente com uma carreta carregada com couro bovino, da qual o motorista que viajava sozinho não se feriu. 

Com isso, as quatro vítimas desse acidente de hoje (07) foram confirmadas, pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, como sendo: 

  • Álvaro Henrique Quadros Sampaio, de 19 anos.
  • Alipio de Oliveira Neto, 19 anos; 
  • Pedro Henrique Oliveira Lopes, 18 anos.
  • Carlos Daniel Marques Silva, 17 anos; 

Esses quatro se somam às três vítimas do acidente no anel viário de Campo Grande, que aconteceu ainda na madrugada de sábado (6), que coincidentemente também estavam em um carro de passeio e se choraram contra uma carreta. 

Conforme boletim de ocorrência, o acidente aconteceu por volta de 01:40, na altura do quilômetro 468, cerca de dois quilômetros da rotatória da saída da Capital para São Paulo, interditando a pista até por volta de 04h45. 

Informações iniciais do B.O apontam, nessa ocasião, a carreta com placas de Sidrolândia ia no sentido Cuiabá-Dourados, enquanto o Siena seguia no sentido contrário. 

Desse acidente, a identidade das vítimas só foi confirmada após cerca de 18 horas, e até o fim da tarde de sábado o terceiro óbito ainda constava como desconhecido, com os outros dois sendo: 

  • João Paulo Riquelme, de 26 anos e 
  • Kennedy Anderson Santana, de 29 anos

Informações extraoficiais da mídia local apontam que a terceira vítima, sem idade revelada, seria Alairton Fonseca Cáceres. 

Rodovia da morte

Dados do painel da Confederação Nacional do Transporte (CNT) sobre acidentes rodoviários mostram que em quatro anos, entre 2018 e 2022, o número de mortes na BR-163 só no Estado de Mato Grosso do Sul aumentou mais de 39%. 

Números compilados de 2018 mostram que no Mato Grosso do Sul e na Região Centro-Oeste, a BR-163 ainda mantinha o título de "rodovia que mais mata", sendo que a privatização de 2013 buscava tirar o título macabro do trecho. 

Cerca de dois anos após a privatização, os números de 2015, de fato, apontavam para uma queda de mais de 50% nas mortes, com a PRF indicando que os 64 óbitos de 2014 haviam caído para apenas 30 em 2015. 

Em 2022, tanto na Região Centro-Oeste quanto em MS, a 163 mantinha o título de "rodovia em que mais se morre", contabilizando 159 mortes ao nível regional, das quais 53 aconteceram em território sul-mato-grossense da BR. 

Entre janeiro e fevereiro deste ano, se comparado com o período homólogo de 2023, o número de mortos nessa BR já tinha crescido 17% e, se contabilizado os quatro primeiros meses, metade das mortes em rodovias tinham acontecido na 163.

Do leilão feito em 2014, para escolher uma administradora dos 845 km da rodovia, entre Mundo Novo, na divisa com o Paraná, com Sonora, fronteira com Mato Grosso, a CCR MSVia deveria duplicar 842 quilômetros. 

Entretanto, apenas cerca de 155 km da BR-163 foram duplicados, sendo que a última obra de duplicação tem registros datados de 2017. 

Assine o Correio do Estado

Cidades

Área de recuperação no Pantanal dos incêndios de 2020 são destruídas por 4 horas de fogo

Nesta quinta-feira, uma linha de fogo de cerca de 11 km atingiu a Serra do Amolar e chamas queimaram área de 15 hectares de recuperação

25/10/2024 18h59

Incêndio no Pantanal sul-mato-grossense

Incêndio no Pantanal sul-mato-grossense Foto: Divulgação / IHP

Continue Lendo...

Ventos que chegaram a 60 km/h, temperatura de mais de 40º C fizeram incêndio que vem sendo registrado na região entre Mato Grosso do Sul e Mato Grosso há duas semanas crescer. Nesta quinta-feira, uma linha de fogo de cerca de 11 km atingiu uma das áreas consideradas mais conservadas do Pantanal, a Serra do Amolar, e as chamas queimaram parte da Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Acurizal, onde havia uma área de 15 hectares de recuperação e mais de 25 mil mudas plantadas. 

O incêndio de 2020 queimou essa área e o projeto de recuperação é conduzido pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP) desde 2022. Todo o trabalho que foi feito acabou perdido em cerca de 4 horas que o fogo varreu essa região. Esse caso aconteceu na quinta-feira (24), e nesta sexta-feira (25) as chamas continuavam a arder.

O chefe da Brigada Alto Pantanal, Manoel Garcia, estava na linha de frente do combate e informou que a proporção do fogo ficou de forma que a condição humana não era mais capaz de deter.

"Em uma condição como essa, com a altura do fogo do jeito que está, não tem como o ser humano atuar. Não há como fazer um combate", lamentou, em vídeo que foi divulgado pelo IHP.

Junto com a Brigada Alto pantanal, formada por seis brigadistas ambientais, ainda há um trabalho intenso do Prevfogo/Ibama, que está mobilizado nessa região com 38 brigadistas. Além da atuação no chão, um helicóptero foi deslocado para fazer combate aéreo. Mesmo assim, os esforços não conseguiram impedir o avanço do incêndio.

"Há cerca de duas semanas, toda a região vem sendo afetada por incêndios, e a chuva recente foi insuficiente para extinguir os focos. O mesmo incêndio já atingiu o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense e continuou a se espalhar", detalhou o IHP, em nota.

Nesta quinta-feira, chegou a haver registro de chuva nas cidades de Corumbá e Ladário, mas a água não chegou na região norte de Mato Grosso do Sul, onde está mobilizada as equipes e fica a Serra do Amolar. A distância desse território até Corumbá é de mais de 200 km e não existem estradas.

O acesso é feito somente pelo rio Paraguai, uma viagem de cerca de 6h30, ou por via aérea, que demora em torno de 50 minutos.

Depois do fogo ter passado na área de plantio, ele segue queimando e além dos brigadistas, há uma equipe de resgate do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap/MS), com profissionais do IHP, do Ibama e da UCDB.

Nesta sexta, voltaram a ser feito combates aéreos e os brigadistas ficaram concentrados em uma região onde há mata e serva de refúgio para animais silvestres. A tentativa é reduzir a intensidade do fogo nesse local.

Todo o Pantanal já queimou 2.718.550 hectares, ou 18% do território, entre janeiro e 24 de outubro. Por conta da intensidade dos incêndios, o volume de fumaça tóxica ainda é muito grande na região da Serra do Amolar.

O local é habitado por mais de 100 famílias, entre a comunidade indígena da Barra do São Lourenço e a comunidade do Aterro do Binega. Nessa segunda localidade, algumas pessoas decidiram evacuar as casas pelo risco do fogo.

Violação dos Direitos Humanos

Pacientes foram torturados e mantidos em cárcere privado, diz Defensoria

Mais de 90 homens foram encontrados com sinais de tortura, inclusive um paciente com o braço todo queimado com cigarro, em uma Comunidade Terapêutica em Campo Grande

25/10/2024 18h50

Paciente exibe várias queimaduras de cigarro

Paciente exibe várias queimaduras de cigarro Divulgação Defensoria Pública

Continue Lendo...

A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul resgatou pacientes submetidos a condições qualificadas como degradantes, vítimas de tortura e mantidos em cárcere privado no que deveria ser uma Comunidade Terapêutica em Campo Grande.

Conforme divulgado pela Defensoria, a Comunidade Terapêutica Filho de Maria estava funcionando de maneira irregular. Durante a vistoria, foram encontradas graves violações de direitos humanos ao ponto de um paciente ter sido flagrado com o braço cheio de marcas de queimaduras de cigarro.

Outra situação que chamou atenção e foi registrada por fotos (preservando o rosto do homem) está nas pernas finas, ossudas, evidenciando a possível alimentação precária em que os mais de 90 homens encontrados eram submentidos. 

Denúncia

A ação ocorreu após várias denúncias contra a instituição, que levaram a entidade a investigar irregularidades em clínicas e comunidades terapêuticas.

O local estava sendo monitorado, segundo explicou a coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde (NAS) e defensora pública, Eni Maria Sezerino Diniz.

"Há algum tempo, recebemos relatos sobre práticas de tortura, maus-tratos e supermedicação dos internos. Já vínhamos atuando nesse caso, e a inspeção foi um desdobramento natural do nosso trabalho", contou.

Ação conjunta

Junto com a Defensoria, atuou em parceria com o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT), que realizou a inspeção da clínica.

Durante a vistoria, foram encontrados 95 homens mantidos em situação crítica, sendo que a maioria estava dopada e sem receber atendimento médico adequado.

"Não havia médicos, psicólogos ou assistentes sociais. A única profissional presente era uma enfermeira, enquanto os internos apresentavam ferimentos e doenças sem qualquer suporte adequado", relatou Eni Diniz.

Paciente exibe várias queimaduras de cigarroInspeção de remédios controlados / Divulgação Defensoria Pública

Pacientes

Houve o resgate dos pacientes por meio de diversos órgãos, com o chamamento da Defensoria como resposta imediata às violações que estavam sendo cometidas na Comunidade Terapêutica.

O estoque de medicamentos controlados da clínica foi verificado (para entender o que estava sendo administrado) por profissionais do Conselho Regional de Farmácia.

A polícia civil também foi acionada e compareceu ao local para ouvir os depoimentos dos pacientes e iniciar investigações. O dono da clínica foi encaminhado à delegacia, onde prestou esclarecimentos.

Atuação

"Identificamos que muitos internos estavam sendo mantidos contra a vontade, alguns deles removidos de suas casas em outras cidades de forma irregular. As famílias foram contatadas e informadas sobre a real situação", ressaltou a coordenadora do Nudedh, Thaisa Raquel Medeiros de Albuquerque Defante, e completou:

“Nosso trabalho não termina com a identificação das violações; nós também garantimos que os responsáveis sejam responsabilizados e que as vítimas recebam o tratamento adequado."

Volta para casa

Por meio da Defensoria, os pacientes foram encaminhados, parte para unidades de acolhimento e outra parte para suas respectivas famílias, com o acompanhamento da Secretaria de Assistência Social e da Subsecretaria de Direitos Humanos do município.

A Polícia Civil instaurou um procedimento de investigação, enquanto a Defensoria está formulando ações judiciais para que todos os envolvidos nas violações de direitos humanos sejam responsabilizados.

Um relatório será produzido em parceria com o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura para registrar todos os abusos sofridos pelos pacientes.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).