Cidades

Direitos Humanos

Jovens negros e pobres são maioria entre vítimas de chacinas

Para parente de um dos mortos no Pavilhão 9, ainda há muito o que esclarecer sobre a chacina na sede da torcida

AGÊNCIA BRASIL

01/10/2015 - 10h23
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Por volta das 23h do dia 18 de abril deste ano, três pessoas armadas entraram na sede da torcida organizada do Corinthians (Pavilhão 9), na zona oeste da capital, logo após um churrasco. Doze torcedores ainda estavam no local. Quatro deles conseguiram fugir, mas os demais foram obrigados a se ajoelhar e a deitar no chão. Todos foram executados. Sete morreram no local. A oitava vítima chegou a ser socorrida, mas morreu no hospital.

Todas as vítimas dessa chacina tinham entre 19 e 38 anos. Em entrevista à Agência Brasil, o parente de um dos torcedores assassinados, que pediu para não ser identificado por medo de retaliação, disse que o jovem era estudante e trabalhador. 

“Não tinha nenhum tipo de vício. A única coisa que ele gostava de fazer era torcer para um time de futebol”, disse. O jovem assassinado também não tinha passagem pela polícia. “E mesmo que eles [as vítimas] não estivessem trabalhando ou que estivessem fazendo bico. A coisa é o seguinte: por que está desempregado tem que morrer? Por que já passou pela polícia tem que morrer? E esses 19 que foram mortos lá em Osasco e que nem passagem tinham?”, questionou.

A maioria das vítimas das chacinas ocorridas em São Paulo é jovem e mora na periferia, segundo representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) e da Defensoria Pública de São Paulo ouvidos pela Agência Brasil. Na chacina de Carapicuíba, por exemplo, ocorrida no dia 19 de setembro, três dos quatro mortos tinham menos de 18 anos: dois deles tinham 16 e um, 17 anos. Já nas chacinas de Osasco e de Barueri, do dia 13 de agosto, as vítimas tinham entre 15 e 41 anos.

“Existe um estereótipo. Geralmente [as vítimas] são pobres, de cor negra e jovens. E tem também estereótipo de linguagem e de comportamento coletivo. Isso tem chamado muito a atenção: a padronização da vítima”, disse Rildo Marques, presidente do Condepe.

Segundo a defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque, as vítimas ou os parentes das vítimas são pessoas “traumatizadas com as ações do Estado”.“São pessoas já massacradas pela vida periférica que levam. E mais massacradas ainda pelo poder letal. É completamente enlouquecedor você passar uma vida ouvindo que a polícia serve para proteger, brinca de polícia e bandido, paga os impostos e, de repente, o imposto que você paga financiou a bala que matou o seu filho. Ou as balas, porque são várias”, disse Daniela.

Débora Maria da Silva, que perdeu o filho na onda violenta de maio de 2006 no estado e ajudou a fundar o movimento Mães de Maio, diz que as vítimas das chacinas ou da violência policial são pessoas como seu filho: “pobre, preto e periférico”. A questão da pobreza, segundo ela, tem um grande peso na “seleção” feita pelos executores. “Há brancos dos olhos azuis assassinados, mas eles não têm um CPF com conta bancária robusta. Matam aqueles que não tem acesso à Justiça”, disse.

Um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz com base em dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação junto à Secretaria de Segurança Pública revelou que as vítimas de chacinas são ainda mais jovens que as de homicídios praticados no estado de forma geral. “Entre as vítimas em chacinas temos quase 28% delas na faixa entre 15 e 19 anos e, comparado com homicídio normal, esse número não chega a 8%”, disse Bruno Langeani, coordenador do instituto.

Ainda segundo o levantamento, a maioria das vítimas é do sexo masculino. “Olhando geograficamente, vemos que, infelizmente, grande parte das chacinas acontece nas periferias da capital e também há uma concentração na Grande São Paulo”, acrescentou.

O perfil das vítimas já havia sido constatado por um levantamento feito pela Defensoria Pública em 2012, ano em que foram registrados numerosos casos de chacinas devido a retaliações entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e policiais. Entre maio e dezembro daquele ano, período analisado pela Defensoria com base em matérias publicadas pela imprensa, ocorreram 610 mortes possivelmente relacionadas com o que eles chamaram de “onda de violência”. Desse total, 86% das vítimas eram do sexo masculino e grande parte delas tinha entre 20 e 40 anos de idade.

“É o mesmo perfil das pessoas que são paradas pela polícia na rua. É um perfil idêntico. É jovem, normalmente mulato, da periferia, que tem atitudes que determinados policiais consideram como suspeito. Não necessariamente é”, disse Guaracy Mingardi, ex-subsecretário nacional de segurança pública e integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Para o parente de um dos jovens mortos no Pavilhão 9, ainda há muito o que esclarecer sobre a chacina na sede da torcida do Corinthians.

“A polícia até agora não diz os motivos. O que eu acho? Não tenho o que achar. A única coisa que eu ouvi, que a polícia disse para mim, é que meu parente estava no local errado na hora errada. Tá, mas quem fez isso? Por que fizeram isso? Não sei por qual motivo eles fizeram isso. Por que eles são torcedores? Por que são pobres, pretos? Tem muita coisa nesse inquérito que não foi dita", desabafou.

ADOTE!

Prestes a fechar, ONG precisa que animais sejam adotados urgentemente

Cachorrinhos são lindos, carinhosos, saudáveis, limpinhos e cheios de amor para dar

26/12/2024 12h00

Cachorrinho disponível para adoção

Cachorrinho disponível para adoção DIVULGAÇÃO/Guarda Animal

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Dezenas de animais da Organização Não Governamental (ONG) Guarda Animal – fechada recentemente – precisam ser adotados em caráter de urgência.

O contrato de aluguel da chácara, em que os animais estão, encerrará em março e os animais não terão lugar para morar.

Portanto, os bichinhos precisam de um lar e de um novo tutor.

Conheça alguns dos pets, abaixo, disponíveis para adoção. São lindos, carinhosos, saudáveis, limpinhos e cheios de amor para dar.

Interessados em adotar algum animal devem entrar em contato com o número (67) 99122-8509.

Para adotar, deve-se mostrar um documento oficial com foto, comprovante de residência, vídeo mostrando quintais, portões e janelas e apresentar um breve relato da sua história com animais.

 

 

 

 

 

VEJA OUTROS ANIMAIS DISPONÍVEIS AQUI.

FECHAMENTO DA ONG

Organização Não Governamental (ONG) Instituto Guarda Animal encerrou o resgate de animais de rua em Campo Grande. Portanto, os resgates estão suspensos definitivamente.

Os motivos do fim são problemas financeiros, denúncias feitas por vizinhos em julho deste ano, cobrança de órgãos públicos e escassez de alimentos para os animais resgatados. O comunicado foi publicado nas redes sociais da instituição em 26 de novembro de 2024.

Foram 10 anos de um trabalho árduo e intenso de resgates diários de gatos e cachorros: resgate, socorro, medicação, acolhimento, abrigo, alimentação, cuidado, proteção, zelo e adoção.

Instituto Guarda Animal é uma ONG sem Fins Lucrativos, direcionada à causa animal, que visa acolher, abrigar e proteger cães e gatos abandonados, sem donos e em situação de rua.

A ONG recebe animais desde 2016, sobrevive de doações e não recebe ajuda do poder público.

Confira a nota divulgada na íntegra:

“É com grande pesar que informamos o encerramento do Instituto Guarda Animal depois de 10 anos de um trabalho árduo e gratificante, no qual sempre procuramos oferecer de forma incansável o melhor para nossos bichinhos e de tantas outras vidas que transformamos. Devido aos problemas financeiros que vem se arrastando por um longo período de tempo, por conta das subsequentes dificuldades que estamos enfrentando silenciosamente, cobranças de órgãos públicos por melhorias, falta de recursos como alimentação para nossos animais, temos 4 meses para deixar a chácara onde vivemos, enfrentando problemas de saúde física e emocional, infelizmente não tivemos outra escolha, se não encerrar nossas atividades. Desde já, agradecemos a confiança de vocês em nosso trabalho, por toda ajuda e apoio durante todos esses anos e pedimos encarecidamente uma corrente linda do bem para que todos nossos bichinhos sejam adotados e tenham uma vida melhor do que se encontram aqui, e desejamos sinceramente que continuem nos ajudando, até doarmos todos. A adoção é o melhor caminho para todos eles nesse momento. O que podemos dizer é que essa foi uma das decisões mais doloridas que tivemos que fazer, tudo que fizemos foi por amor incondicional pelo bichinhos e o Instituto foi criado para transformar vidas. E temos certeza que essa missão foi cumprida. Com carinho, Paola e Nati”.

Em julho de 2024, a ONG foi alvo de denúncias por poluição sonora (latido de cães), mau odor e perturbação do trabalho alheio.

Após queixas de vizinhos, uma equipe de investigadores da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais (DECAT) foi enviada a sede do abrigo, nesta quinta-feira (4), para averiguar os fatos.

A delegada, acompanhada de investigadores, peritos criminais e Vigilância Sanitária, realizou uma inspeção na propriedade, onde foram constatadas diversas irregularidades, como:

  • Acúmulo de dejetos, causando mau cheiro e atraindo insetos

  • Presença de moscas, mosquitos e larvas em piscina sem tratamento e em latas espalhadas no quintal

  • Animais com parasitas, representando risco à saúde humana

  • Vestígios de queima de lixo no quintal

  • Descarte irregular de resíduos sólidos e medicamentos

  • Omissão de cautela na guarda de animais ferozes

  • Grande quantidade de animais com sarna, em ambiente inadequado

  • Animais sem carteiras de vacinação ou com carteiras incompletas

  • Gatos presos em um cômodo imundo, com larva de mosquito

  • Fossa extravasando

De acordo com a advogada da ONG, Vitória Junqueira, as denúncias dos vizinhos são falsas e infundadas.

“Não é normal o que está acontecendo, é um absurdo desde 2021, as meninas estão sendo literalmente perseguidas simplesmente por fazerem o bem aos animais. Começou em 2021 e agora está se repetindo denúncias de vizinhos, denúncias infundadas de vizinhos que têm levado ao poder público falsas informações de que os protetores maltratam os seus animais dentro da ONG. Justamente elas têm propósito contrário, exatamente resgatam os animais, propiciam a vida, propiciam o carinho. E esse trabalho maravilhoso precisa continuar, independentemente dessas tentativas de derrubá-las”, afirmou a advogada em suas redes sociais.

fim da seca histórica

Nível do Rio Paraguai surpreende e transporte já pode ser retomado

Por conta de fortes chuvas em Mato Grosso, o nível na régua de Ladário passou de um metro nesta semana, o que permite a retomada do transporte de minérios

26/12/2024 11h50

ANTAQ abriu nesta quinta-feira (26) o período de consulta pública em busca de sugestões sobre

ANTAQ abriu nesta quinta-feira (26) o período de consulta pública em busca de sugestões sobre

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Depois de atingir o menor nível em 124 anos, o Rio Paraguai subiu mais rápido que em anos anteriores e durante o feriado de Natal ultrapassou a barreira de um metro na régua de Ladário. Com isso, o transporte de minérios pode ser retomado antes do esperado e bem antes que nos últimos anos. 

O pico da seca ocorreu no dia 17 de outubro, quando a Marinha registrou 69 centímetros abaixo de zero na régua de Ladário, superando em nove centímetros o recorde negativo anterior, ocorrido em 1964. 

Desde meados de outubro, principalmente por conta das chuvas na região norte de Mato Grosso do Sul e na região sul de Mato Grosso, o rio começou a subir e na manhã desta quinta-feira (26) estava em 1,08 metro.

Este é o melhor nível para esta época do ano desde 2018, ano em que foi registrada a última grande cheia no Pantanal, com pico do Rio Paraguai em 5,35 metros em Ladário. Para efeito de comparação, o nível máximo em 2024 foi de apenas 1,47 metro, uma das menores cheias da história.

No dia 26 de dezembro do ano passado, o rio estava em 0,34 centímetros e seguia em queda. O nível de 1,08, igual ao desta quinta-feira, somente foi alcançado no dia 7 de abril, quase quatro meses mais tarde do que agora. Em Ladário, a média histórica para esta época do ano é de 1,4 metro. 

A explicação para esta recuperação rápida são as chuvas na região sul de Mato Grosso. Tanto na régua de Cáceres quanto na de Cuiabá, o nível dos últimos dias está acima da média histórica para esta época do ano e no maior nível dos últimos cinco anos, evidenciando que a região de Ladário tem alto volume de água para receber. 

Transporte

A partir do momento em que o rio chega à casa de um metro em Ladário o transporte de minérios já passa a ser viável economicamente. Porém, as barcaças ainda precisam descer com cerca de 50% de sua capacidade. As condições ideais, porém, ocorrem quando ultrapassa 1,5 metro, o que tende a ocorrer em meados de janeiro. 

A recuperação do Rio Paraguai coincide com a data em que a  Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ) abriu o período de consulta pública para a concessão da Hidrovia do Rio Paraguai, marcando a primeira concessão hidroviária da história do Brasil. 

A consulta começou quinta-feira (26) e estará disponível até o dia 23 de fevereiro de 2025, período em que cidadãos, empresas e entidades poderão enviar contribuições, sugestões e subsídios para o aprimoramento da modelagem e dos documentos técnicos relacionados à concessão.

Para o diretor-geral da ANTAQ, Eduardo Nery, “esse é o momento de ouvirmos as contribuições da população e do mercado, assegurando que o modelo de concessão atenda às necessidades do país e das comunidades envolvidas. Estamos falando do maior projeto de infraestrutura em desenvolvimento regional na América do Sul”.

Ao contrário do inicialmente previsto, a concessão se limitará somente ao chamado tramo sul da hidrovia, ao longo dos 600 quilômetros entre Ladário e Porto Murtinho. Inicialmente, estava prevista também a concessão do trecho norte, entre Ladário e Cáceres, onde existe uma série de restrições para o transporte de cargas por conta da intensidade de curvas e da falta de profundidade do rio. 

Conforme a previsão, nos primeiros cinco anos de concessão, serão realizados serviços de dragagem, derrocagem, balizamento e sinalização adequados, construção de galpão industrial, aquisição de draga, monitoramento hidrológico e levantamentos hidrográficos, melhorias em travessias e pontos de desmembramento de comboio, implantação dos sistemas de gestão do tráfego hidroviário, incluindo Vessel Traffic Service (VTS) e River Information Service (RIS), além dos serviços de inteligência fluvial. 

Essas melhorias vão garantir segurança e confiabilidade da navegação. O investimento direto estimado nesses primeiros anos é de R$ 63,8 milhões. O prazo contratual da concessão é de 15 anos com possibilidade de prorrogação por igual período. 

Tarifa  

Ainda segundo a modelagem, foi definido que somente será feita a cobrança de tarifa para a movimentação de cargas quando a concessionária entregar os serviços previstos na primeira fase do contrato. Em relação ao transporte de passageiros e de cargas de pequeno porte não haverá cobrança de tarifa. 

A previsão de tarifa, pré-leilão, é de até R$1,27 por tonelada de cargas. O critério de licitação pode ser menor tarifa, por isso, esse valor ainda poderá ser reduzido. No entanto, existe a possibilidade, durante a realização da consulta pública, de alteração no critério do certame. 

Queda

O transporte de cargas do Rio Paraguai, após a concessão, está estimado entre 25 e 30 milhões de toneladas a partir de 2030, o que significa um aumento significativo de movimentação em relação ao praticado atualmente. No ano passado, fora transportados transportados 7,95 milhões de toneladas de cargas, um aumento de 72,57% em relação a 2022.  

Em 2024, porém, por conta da falta de água, o volume transportado despencou mais de 60% e tende a fechar o ano com menos de 2,8 milhões de toneladas. Desde julho o transporte de minérios está praticamente paralisado. 

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