Cidades

JUSTIÇA

Juíza revoga prisões e reconhece ausência de riscos em investigação sobre jogo do bicho

Por decisão da magistrada, estão livres Gilberto Luís dos Santos, José Eduardo Abdulahad, Manoel José Ribeiro, Valnir Queiroz Martinelli e Wilson Souza Goulart

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A juíza May Melke Siravegna, da 4ª Vara Criminal de Campo Grande, revogou as prisões preventivas dos investigados acusados de integrar organização criminosa ligada à exploração do jogo do bicho em Mato Grosso do Sul. 
 
Conforme a decisão assinada pela magistrada, não há mais motivos para manter a prisão cautelar dos investigados Gilberto Luís dos Santos, José Eduardo Abdulahad, Manoel José Ribeiro, Valnir Queiroz Martinelli e Wilson Souza Goulart, que já podem ser colocados em liberdade.
 
Os advogados de defesa dos investigados, Rhiad Abdulahad e Cezar Lopes, explicaram que a decisão da juíza representa uma verdadeira reviravolta do acaso, que, até então, foi marcado por inconsistências probatórias, indícios de simulação de crimes e alegações de uso político do processo penal.

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“A magistrada, ao analisar o pedido formulado por nós, concluiu que os fundamentos anteriormente invocados para a decretação das prisões preventivas já não subsistem e destacou que a instrução processual já se encerrou, estando os autos conclusos para apresentação de memoriais”, disse Rhiad Abdulahad ao Correio do Estado.
 
Ele ainda completou que a juíza reconheceu que os investigados têm condições pessoais favoráveis (como residência fixa e ausência de antecedentes) e não representam periculum libertatis, ou seja, risco concreto de fuga, obstrução à Justiça ou ameaça à ordem pública.
 
“Com base no artigo 316, do Código de Processo Penal, que permite a revogação da prisão preventiva quando cessarem seus fundamentos, a juíza deferiu a soltura de todos os requerentes, impondo apenas monitoração eletrônica ao acusado José Eduardo Abdulahad, em razão de sua condição de foragido até o cumprimento voluntário da ordem judicial”, detalhou.

Narrativa equivocada

O advogado de defesa também explicou à reportagem que a decisão vem na esteira de novos fatos revelados em audiência, especialmente o depoimento da própria vítima, Ricardo Emanuel Machado da Costa Aragão, que, inicialmente, teria sofrido um roubo qualificado.

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“Ele prestou depoimento em que admitiu que o crime foi simulado entre as partes. De acordo com Ricardo Aragão, tudo foi previamente combinado, inclusive com os supostos assaltantes. A simulação, conforme o seu relato, teria como objetivo facilitar seu desligamento de um dos grupos que disputam o controle da exploração de jogos de azar, sem represálias ou cobranças posteriores”, explicou o advogado de defesa.
 
Para Rhiad Abdulahad, esse dado, por si só, já seria suficiente para afirmar a narrativa acusatória, baseada justamente na suposta existência de crimes patrimoniais armados como forma de intimidação e avanço territorial.
 
“Mas a situação se agravou quando o delegado de Polícia Civil Fábio Brandalise, que acompanhou o caso, confirmou, em juízo, que os elementos colhidos apontavam para um ‘roubo consentido’, isto é, previamente acordado entre supostos autores e vítimas”, ressaltou.
 
O advogado acrescentou que o delegado afirmou que a forma como os fatos ocorreram fugia completamente do padrão habitual de ações criminosas em Campo Grande (MS) e que “as investigações indicavam um teatro, não um crime real”.
 
“Outro aspecto que corrobora o esgotamento da narrativa acusatória foi a revelação de que a denúncia indicava falsamente que o veículo VW Polo, vinculado ao deputado estadual Neno Razuk (PL), teria sido usado nos crimes. Provas técnicas comprovaram que o carro não esteve nos locais dos supostos roubos, e o próprio Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) acabou reconhecendo, ainda que tardiamente, a inconsistência”, assegurou.

Armação

No fim do mês de abril, o Correio do Estado publicou que o processo que acusa o deputado estadual Neno Razuk (PL) de chefiar uma organização criminosa que praticava roubos na intenção de assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande foi uma armação.

A informação foi confirmada após o depoimento de uma testemunha afirmar com riqueza de detalhes, que, mesmo com a investigação, a organização criminosa continua atuando. Essa testemunha alegou que foi membro do grupo criminoso, e ainda foi ameaçado de morte por diversas vezes.

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A testemunha identificada como Ricardo Emanuel Machado da Costa Aragão relatou que era responsável pelo recolhe do dinheiro e, no dia 16 de outubro de 2023, se encontrou com os supostos assaltantes, em uma residência no Bairro Monte Castelo, em Campo Grande. 

Em seguida, o homem recolheu o dinheiro das apostas, aproximadamente R$ 10 mil e foi abordado pelos falsos assaltantes. Depois, ele voltou na casa para e recebeu parte do dinheiro levado.

Nesse mesmo dia, equipes do Grupo de Apoio a Repressão de Roubos e Assaltos (Garras), estiveram no local e apreenderam 700 máquinas de jogo do bicho, onde supostamente funcionava o QG do jogo do bicho liderado pelo deputado estadual.

Após o depoimento da testemunha, o delegado de Polícia Civil Fábio Brandalise, da DERF (Delegacia Especializada na Repressão de Roubos e Furtos), descartou que a suposta organização criminosa comandada por Neno Razuk tivesse praticado roubos na guerra para assumir o comando do jogo do bicho em Campo Grande.

Conforme o delegado, os assaltos foram investigados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) porque aconteceram no mesmo dia, e tiveram como alvo, os responsáveis pelo recolhe de quantias do jogo do bicho.

Além disso, a investigação apontou que o grupo teria planejado os supostos crimes para impor o medo contra o grupo paulista e assumir o comando dos jogos de azar após a falência da família Name com a Operação Omertà, deflagrada pela primeira vez em 29 de setembro de 2019.

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PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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