Cidades

COVID-19

Ministério Público investiga desvios na aplicação de vacina em Mato Grosso do Sul

Órgão recebeu denúncia contra prefeito do interior que tomou primeira dose do imunizante

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) está investigando o desvio de vacinas contra a Covid-19 no Estado. Por meio de canal aberto na Ouvidoria do órgão já foi possível identificar até prefeito do interior de Mato Grosso do Sul que recebeu vacina nesta primeira etapa da campanha.

As denúncias podem ser feitas pelo telefone 127, a ideia é que as pessoas ajudem a fiscalizar a aplicação correta dos imunizantes, já que eles ainda podem ser aplicados apenas em trabalhadores da saúde que atuem na linha de frente da pandemia, pessoas indígenas moradoras de aldeias, idosos institucionalizados (em hospitais ou asilos) ou pessoas acima de 18 anos em moradias inclusivas (em algumas cidades).

Últimas notícias

Até agora, de acordo com informações obtidas pela reportagem, uma das investigações se refere ao prefeito de Nioaque, Valdir Couto de Souza Júnior (PSDB) que tomou o imunizante já nesta primeira remessa de vacinas contra a Covid-19.

Em contato com o administrador, ele confirmou ter sido um dos imunizados e alegou fazer parte do grupo prioritário para o recebimento da vacina. “Faço parte da comissão do Visa – da Vigilância Sanitária do município, e sou profissional de saúde. Também tomei como uma forma de motivação para a população”.

Souza é dentista e tem uma clínica odontológica na cidade, ele afirmou que em Nioaque “todos os dentistas foram vacinados, da UBS, do Quartel”.

Apesar de ser um profissional da saúde, como o número de doses desta primeira remessa foi menor que a quantidade total de servidores, o pedido do Ministério da Saúde era para que apenas os profissionais que lidam diariamente com pacientes da Covid-19 e também outros profissionais que trabalham no setor fossem os imunizados.

Mas Souza rebate. “No plano estadual fala profissionais da saúde, e dentista é linha de frente, ele trabalha diretamente com a boca dos pacientes. Aqui nós enfrentamos muita restrição, tem médico que não quer tomar, indígena que não toma”, alega o prefeito.

Ao todo, a cidade recebeu 1.077 doses, das quais apenas 81 eram destinadas a profissionais de saúde, as outras 996 devem ser usadas para imunizar indígenas do município. Para cada pessoa que receber a dose, outra parte deve ser guardada para o recebimento da segunda dose, a ser aplicado após 14 dias da primeira vacina.

Segundo o prefeito, até a manhã de ontem, 239 pessoas haviam se vacinado na cidade, entre indígenas e profissionais da saúde.

PENALIDADES

De acordo com o Ministério Público de MS, caso seja comprovado que uma pessoa que não estava entre as prioridades estabelecidas tomou a vacina, ela poderá ser processada criminalmente e por improbidade administrativa, além de ação por dano moral.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES) solicitou que o MPMS acompanhe a aplicação das doses pelos municípios “para impedir que vacinem pessoas que não pertencem aos públicos prioritários. 

A SES também vai realizar campanha para evitar os fura-filas”, disse a Pasta em nota.

INDÍGENAS

O Ministério Público Federal (MPF) também acompanha a aplicação das doses entre os indígenas. 

Segundo a Pasta, já foi encaminhado ofício a SES e à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) para saber se já há um plano de vacinação específico para os povos indígenas em Mato Grosso do Sul.

Segundo apurado pela reportagem, o coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de Mato Grosso do Sul, Joe Faccenti Junior, garantiu que nenhuma dose destinada aos indígenas será desviada e que a campanha teve início por Nioaque. Serão 43 mil indígenas e servidores da Sesai a serem vacinados.

Já o Ministério Público de Mato Grosso do Sul recebeu denúncia de que a vacinação nas aldeias de Dourados não começaram por falta de planejamento do Dsei. 

A reportagem tentou contato com o órgão de gestão da saúde dos índios, por e-mail e telefone, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

No caso do MPF, em um primeiro momento a atuação é saber se todas as aldeias fazem parte da campanha dessas primeiras doses da vacina, tanto as áreas não homologadas, quanto as já demarcadas, assim como as aldeias urbanas. O órgão aguarda essa resposta para novos contatos. 

(Colaborou Eduardo Miranda)

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BALANÇO

MPMS intermediou mais de R$ 15 milhões em acordos na área da saúde em 2025

Ministério Público mediou o plano emergencial entre a Santa Casa e o Município de Campo Grande para solucionar os diversos problemas do hospital

19/12/2025 18h45

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça

Romão Avila Milhan Junior, procurador-geral de Justiça Divulgação: Ministério Público de Mato Grosso do Sul

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O Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) recebeu a imprensa para apresentar o balanço geral do ano de 2025. O procurador-geral de Justiça, Romão Avila Milhan Junior, acompanhado de membros da Administração Superior, divulgou informações relevantes sobre atuações da instituição ao longo do período.

No setor da saúde, Romão Avila destacou a atuação do Centro de Autocomposição (Compor) para solucionar crises agudas, como a mediação que resultou no plano emergencial para a Santa Casa de Campo Grande. O hospital enfrenta problemas de superlotação, falta de insumos e de dinheiro para pagar profissionais de várias áreas, com risco de paralisação de serviços essenciais

No ano, os acordos mediados pelo Compor envolveram mais de R$ 15 milhões em benefícios para áreas como saúde e assistência social. 

Também relembrou a resposta da instituição após o feminicídio da jornalista Vanessa Ricarte, episódio que impulsionou a criação da ferramenta Alerta Lilás, para monitoramento de agressores e a melhoria do atendimento especializado às mulheres.

Com relação a proteção à mulher, o sistema Alerta Lilás emitiu mais de 19 mil alertas automáticos para monitorar agressores reincidentes.

No campo da segurança pública, a pauta central foi a modernização, com destaque para a força-tarefa que agilizou o processamento de boletins de ocorrência de violência doméstica e viabilizou a digitalização de peças e a gravação de interrogatórios e depoimentos.O Centro de Pesquisa, Análise, Difusão e Segurança da Informação (CI) disponibilizou mais de 400 mil dados para subsidiar investigações complexas.

Dados 

Produtividade jurídica: mais de 4 mil ações ajuizadas e 30 mil denúncias apresentadas à Justiça.

Combate à corrupção: o Grupo de Atuação Especial e Combate à Corrupção (Gecoc) atuou contra desvios de mais de R$ 66 milhões, executando 180 mandados de busca em 13 cidades.

Enfrentamento ao crime organizado: o Gaeco realizou 19 operações estratégicas, resultando em 107 prisões e 370 mandados de busca.

Preservação ambiental: monitoramento e fiscalização de 71 mil hectares de desmatamento ilegal por meio de programas como Pantanal em Alerta.

Impacto social: arrecadação de R$ 6 milhões via campanha Declare Seu Carinho e destinação de 350 celulares apreendidos para uso pedagógico em escolas públicas.

Diálogo com o cidadão: a Ouvidoria processou mais de 5 mil manifestações, que fundamentaram novas investigações e missões constitucionais.

O encontro

Ao abrir o evento, o Procurador-Geral de Justiça promoveu um resgate histórico sobre o papel da instituição como guardiã das garantias individuais e coletivas conquistadas após o período ditatorial, lembrando que a evolução da sociedade brasileira, sob a criação da Constituição de 1988, é indissociável de uma imprensa livre.

"A imprensa tem um papel fundamental na redemocratização e na evolução constante da nossa sociedade. Graças à imprensa livre, fatos que muitas vezes não chegariam pelos canais comuns — como a falta de um medicamento em uma UPA — chegam ao nosso conhecimento por denúncias de usuários via jornalismo", exemplificou Romão Avila Milhan Junior.

Diante dessa observação, fez um agradecimento público ao apoio dos veículos de comunicação, especialmente durante os embates judiciais que preservaram o poder investigatório do Ministério Público. Segundo ele, essa prerrogativa é o que sustenta as atuais ofensivas contra a corrupção e o crime organizado.

 

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

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