Cidades

Conflito

Ministério Público vê risco de
genocídio de índios em Rondônia

Ministério Público vê risco de
genocídio de índios em Rondônia

Folhapress

10/12/2017 - 14h01
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O Ministério Público Federal de Rondônia advertiu a Funai (Fundação Nacional do Índio) sobre o risco de genocídio de índios no Estado a partir de uma invasão de madeireiros e criadores de gado sobre a Terra Indígena Karipuna, nos municípios de Porto Velho e Nova Mamoré.

O MPF apontou que até maio a Funai mantinha ações de fiscalização e monitoramento na região, mas elas "foram abruptamente interrompidas em razão de contingenciamento de recursos por determinação" da Diretoria de Proteção Territorial da Funai, em Brasília.

"Estamos com medo de massacre mesmo", disse o cacique Adriano Karipuna, que afirma ter sofrido ameaças de morte, há um ano, em ligações anônimas para seu celular.

Segundo ele, os 48 índios karipuna não têm equipamentos para fiscalizar a terra indígena por conta própria.

O cacique disse que tentou mas não conseguiu medidas protetivas do governo de Rondônia. "Toda madrugada saem da nossa terra dez caminhões carregados de tora."

A partir de imagens de satélite do Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), o MPF apontou que, na terra karipuna, com 153 mil hectares, foram identificados 88 focos de desmatamento em 2017, em uma área estimada de mil hectares de derrubada ilegal.

"A terra indígena está sendo loteada. Há um trabalho conjunto de madeireiras na região. Parece ser um movimento articulado de ocupação", afirmou o procurador da República Joel Bogo.

O MPF diz que essa foi a segunda terra indígena mais desmatada e degradada na Amazônia Legal no primeiro semestre deste ano. As invasões ocorrem na forma de derrubada de árvores, fixação de marcos e plantio inicial de pasto e outras culturas, "objetivando a ocupação paulatina da terra pública, processo que vem se aprofundando desde 2016."

Dados analisados pelo Ibama confirmam que a região de União Bandeirantes (RO), município próximo da terra karipuna, registra "a maior concentração de polígonos de desmatamento e, por consequência, a maior concentração de autos de infração e embargos" emitidos pelo órgão em todo o país.

Em 2015, nove policiais do Batalhão Ambiental da PM de Rondônia e três fiscais do Ibama foram alvos de um grupo armado em emboscada em União Bandeirantes. Cerca de 60 pessoas cercaram a equipe para impedir a retirada de máquinas e toras apreendidas.

Ao longo das fiscalizações, o Ibama constatou que madeireiras da região que funcionam com planos de manejo florestal autorizados pelo governo de Rondônia na verdade estão fraudando documentos para dar origem legal à madeira roubada dos karipuna.

Ao menos 50% da madeira que circula na região, segundo concluiu o Ibama, não tem origem em planos de manejo.

Coordenador-geral de Fiscalização Ambiental do órgão, Renê Luiz de Oliveira aponta a necessidade de um trabalho conjunto entre Ibama, Polícia Federal, governo de Rondônia e outros órgãos públicos para o combate às quadrilhas que roubam a madeira da terra karipuna, porque autos de infração já não são suficientes para impedir a depredação.

Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), trata-se de "um risco iminente de genocídio". O MPF apontou que a terra karipuna "passa por um processo de invasão em larga escala, em típicos atos de 'grilagem' e de extração irregular de madeiras, que afetam diretamente o modo de vida e a própria existência do povo indígena".

O MPF pediu à Funai um plano emergencial de ação e um plano continuado com participação da PM de Rondônia, Força Nacional, Exército e Ibama.

Em resposta, a Funai informou que a fiscalização na terra indígena ocorreu "em 2015 em três períodos distintos" e também em 2016. O órgão confirmou aos procuradores porém que, em maio, as ações foram "finalizadas em decorrência da grave restrição orçamentária da Funai.

Procuradas pela Folha, a Funai em Brasília e a Secretaria do Desenvolvimento Ambiental de Rondônia não se manifestaram.

"CASA DO TESOURO"

MP tenta impedir que prefeitura doe R$ 400 mil à igreja no interior de MS

Valores estabelecidos eram para compra de ar-condicionado e automóvel

22/11/2024 10h15

Como típico de cidades interioranas, distância entre Paróquia e Paço da Prefeitura Municipal de Bela Vista é de pouco mais de 50 metros

Como típico de cidades interioranas, distância entre Paróquia e Paço da Prefeitura Municipal de Bela Vista é de pouco mais de 50 metros Reprodução/Redes Sociais/@edaocorrea

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Recomendações feitas pelo Promotor de Justiça Substituto, Guilermo Timm Tocha, buscam impedir que uma igreja no interior de Mato Grosso do Sul, distante cerca de 360 km da Capital, receba o repasse municipal de R$ 400 mil que segundo o Ministério Público tinha sido estabelecido em lei. 

Há mais de 130 anos, pelo menos na teoria, o Brasil se firmava como Estado laico, com dever da neutralidade e não doação de recursos financeiros , promovendo uma liberdade para quaisquer crenças e cultos. 

Porém, o promotor evidencia que, no dia 24 de outubro de 2024, a  publicação da Lei Municipal n. 1.771 autorizava o Executivo de Bela Vista efetuar o "repasse financeiro a Mitra Diocesana de Jardim – Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório".

Diante disso, foi instaurado inquérito civil para apurar a regularidade/legalidade da referida lei, que permitiria repasse financeiro de  R$ 400 mil. 

Entre as várias considerações feitas pelo promotor, ele aponta a falta de cadastro de outras entidades religiosas, ou mesmo publicidade que informasse à população de que tal valor poderia ser doado para equipamentos/bens móveis, o que fere a impessoalidade e moralidade, conforme texto da Constituição Federal. 

Como tipicamente observado em cidades interioranas espalhadas pelo País, inclusive, o inusitado é que a distância entre a Paróquia e o prédio tido como Paço da Prefeitura Municipal de Bela Vista é de pouco mais de 50 metros. 

Finalidade do repasse

Segundo evidenciado pelo promotor, o referido valor de R$ 400 mil a ser repassado pelo município para a paróquia teria inclusive uma finalidade específica. 

"Para aquisição de equipamentos de ar-condicionado e um veículo automotor, pela Mitra Diocesana de
Jardim – Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, contrariando flagrantemente a obrigatoriedade de a Administração Pública Municipal manter-se neutra no tocante à religião", complementa. 

Diante disso, entraram na mira do Ministério Público tanto o prefeito Reinaldo Miranda Benites, como o representante legal da paróquia Santo Afonso Maria de Ligório em Bela Vista, uma série de recomendações distintas. 

Ao chefe do executivo são apontadas as seguintes recomendações: 

  1. ) Se abstenha de efetuar o repasse financeiro à Mitra Diocesana de Jardim – Paróquia Santo Afonso Maria de Ligório, consistente no valor de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), objeto da Lei Municipal n. 1.771/2024;
     
  2. ) Se já iniciou o respectivo Procedimento Administrativo de doação objeto desta Recomendação, que este seja ANULADO, dando a devida divulgação do ato anulatório no diário oficial da municipalidade;
     
  3. ) Caso já tenha sido efetuado o repasse financeiro, embora tal informação não conste no Portal da Transparência, que o Município abra o competente Procedimento Administrativo para reaver o valor; e
     
  4. ) Seja dada divulgação adequada e imediata à presente Recomendação

Do lado da paróquia, o representante deve se abster de qualquer ato que viabilize o repasse e, caso já tenha sido efetivado o recebimento do recurso financeiro, que a igreja "o diligencie junto ao Município de Bela Vista/MS, a fim de tomar as providências necessárias para devolução do referido valor devidamente atualizado. "

 

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CAMPO GRANDE

Prefeitura concede promoção vertical a mais de 420 professores

Como previsto no acordo selado em setembro, a mudança hierárquica começou a chegar aos profissionais da educação da Rede Municipal de Ensino (Reme)

22/11/2024 09h45

Mais de 420 professores são contemplados com a promoção vertical

Mais de 420 professores são contemplados com a promoção vertical Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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A promoção vertical começou a chegar aos professores da Rede Municipal de Ensino (Reme) nesta sexta-feira (22), como previsto no acordo, selado em maio deste ano, entre a Prefeitura de Campo Grande e o Sindicato Campo-grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP).

Segundo publicação no Diário Oficial de Campo Grande (Diogrande) de hoje, mais de 425 educadores tiveram a movimentação de um nível para outro superior, como graduação, pós-graduação, mestrado e doutorado. O direito foi suspenso pelos decretos de número 12.528/2015 e 12.595/2015.

A progressão vertical é dividida em cinco etapas, definida pelas nomenclaturas Ph-1, Ph-2, Ph-3, Ph-4 e Ph-5. Obviamente, quanto mais próximo do último nível, maior a sua hierarquia ou responsabilidade profissional dentro da área. De acordo com a tabela salarial dos professores da Reme mais recente (setembro), esses são os salários dos professores de cada nível hierárquico, do qual também depende do seu tempo de serviço:

Promoção horizontal

Na tabela mostrada acima, há a nomenclatura de A a H, mas o que seria isso? Essas definições estão relacionadas com o tempo de serviço do profissional em determinada atuação e inclusa na promoção horizontal, concedida pela Prefeitura de Campo Grande em setembro deste ano.

Na época do acordo em maio, ficou tratado que mais de 3 mil professores efetivados seriam beneficiados em setembro, segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed). Porém, na primeira lista divulgada pela Secretaria Municipal de Gestão (Seges), cerca de 1,5 mil profissionais da educação foram contemplados com a mudança de classe.

No mesmo dia, horas depois, a Prefeitura corrigiu o “erro” e concedeu aumento salarial e mudança de classe aos 3,5 mil profissionais da educação pública da Capital, após deixar cerca de dois mil professores de fora da 1ª lista.

Outros direitos garantidos

Ainda, ficou acordado os seguintes direitos trabalhistas na celebração de maio deste ano:

  • Adicional por tempo de serviço (quinquênio) – é um Adicional por Tempo de Serviço (ATS) no valor de 5% do salário do colaborador que é incorporado ao seu pagamento mensal após um período de cinco anos. O direito foi suspenso pelos decretos de número 12.528/2015 e 12.595/2015. De acordo com a Semed, 3.126 professores efetivados serão beneficiados em dezembro. O benefício voltará a ser pago em dezembro de 2024;
  • Revitalização das escolas municipais e melhorias no material pedagógico – ares-condicionados serão instalados nas salas de aula a partir de 1º de junho de 2024 e a expectativa é que todas as escolas estejam com ar-condicionado até o fim do ano;
  • Eleições para diretores de Escola Municipal de Educação Infantil (EMEIs).

A ACP também reivindicou pelo chamamento de mais 500 candidatos do Concurso Público para Professor da Rede Municipal de Ensino (Reme), mas, a chefe do executivo municipal disse que, por ora, só consegue chamar os 323 já previstos no edital.

salário foi reajustado em 10,39% no ano passado, sendo 4% em fevereiro de 2023 e 6,39% em junho de 2023. Mas, o quinquênio, título e mudança de letra haviam sido deixados para trás mais uma vez. No fim de 2022, a categoria entrou em greve reivindicando por reajuste salarial. 

*Colaborou Naiara Camargo

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