Vai ser instalada, em Campo Grande, no campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul uma estação de monitoramento da qualidade do ar. O projeto inédito no Estado coloca a Capital como a terceira no Brasil a oferecer em tempo real informações sobre qualidade do ar. O projeto envolve, posteriormente, instalação de outras seis estações em diferentes pontos da cidade.
O projeto da estação de monitoramento é da própria UFMS, por meio da Faculdade de Física e é coordenado pelo professor doutor Hamilton Pavão com o professor doutor Widinei Fernandes. A estação de monitoramento foi cedida pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a primeira etapa do projeto, que é a de instalação, será custada com verba orçamentária indicada pelo gabinete do vereador Eduardo Romero (Rede), no valor de R$ 300 mil. O projeto total para até 2021 é de R$ 900 mil.
'Estive no INPE no dia que a estação foi liberada para a universidade. Como ambientalista, ser humano preocupado com a causa ambiental, saúde, qualidade de vida e legislador fiquei muito contente e ver que nosso mandato conseguiu colaborar com o projeto dos professores da UFMS e com a cidade, que entrará na seleta lista de municípios que realizam esse monitoramento no Brasil ', destaca Romero, que é vice-presidente da Comissão Permanente de Meio ambiente da Câmara da Capital.
A central que será instalada na UFMS próxima ao monumento conhecido como paliteiro e as outras seis estações automáticas são constituídas por monitores de material particulado (naturais como poeira, fuligem de incêndios, termoelétricas, indústrias, ozônio, enxofre, monóxido de carbono, óxido de nitrogênio), analisadores de gases, sistemas meteorológicos e sistema de aquisição e tratamento de dados. Além de dados em tempo real, também serão feitos relatórios mensais, trimestrais, anuais e por último relatório consolidado.
Vale lembrar que Campo Grande já fez parte do Projeto Vigiar, do Ministério da Saúde e que o último boletim de qualidade do ar emitido pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) foi emitido em 2017. Estes dados servem de parâmetro para desenvolvimento de políticas públicas, especialmente nas áreas de saúde em meio ambiente e o preparo para encarar períodos críticos de estiagem e aumento do número de incêndios urbanos, como o que está ocorrendo. Uma das ferramentas são as campanhas educativas como a instituída pela lei municipal que criou o Agosto Alaranjado, desenvolvida pelo Comitê Municipal de combate a incêndios Urbanos e Florestais. Este ano o início da campanha foi antecipado para junho pela quantidade de registros.
Atualmente apenas seis estados brasileiros e o Distrito Federal possuem programas de monitoramento da qualidade do ar, mas somente os estados de São Paulo e Espírito Santo divulgam em tempo real as informações. Quando tudo estiver funcionando, haverá um painel de led na UFMS com os dados para a população e ainda no site da universidade e site da prefeitura.
PESQUISA
Por ano, em média, morrem 50 mil pessoas no Brasil por conta de problemas agravados ou gerados a partir da poluição do ar. O número é praticamente o mesmo de mortes no trânsito. Estes foram alguns dados apresentados pelo professor Paulo Saldiva, da USP, que durante a 71ª Reunião Anual da SBPC, maior evento científico da América Latina que aconteceu este ano no campus da UFMS em Campo Grande.
O médico apresentou pesquisas realizadas em São Paulo e outras cidades do País, além de dados internacionais que mostram a relação do modo de vida, o local que se vive, o tempo de deslocamento e exposição no trânsito e os reflexos que a poluição do ar junto a tudo isto ou apenas ela traz de malefícios para o ser humano.
Paulo Saldiva destacou durante a palestra o fato de Campo Grande estar com projeto para instalar a primeira estação de monitoramento da qualidade do ar. 'Recebi esta informação aqui e fiquei muito feliz’, destacou.