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Nova Lei do Pantanal prevê preservação total de quatro tipos de vegetações

Em outras áreas, supressão será permitida de acordo com decreto estadual de 2015 que permite desmatamento de até 60%

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A nova Lei do Pantanal deve prever a preservação total de pelo menos quatro diferentes vegetações presentes no Pantanal, como as cordilheiras, as salinas, os capões de mato e os landis, mas outras áreas, porém, o desmatamento será o mesmo permitido por decreto estadual de 2015.

A proposta de lei que será enviada para a Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul hoje e que ainda será discutida por deputados e também pela sociedade civil dentro de uma audiência pública terá vetos de atividades agrícolas em locais que apresentem os quatro tipos de vegetação citados, que podem passar a ser considerados, por lei, como áreas de preservação permanente (APPs).

Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a Lei do Pantanal deve manter os atuais índices de supressão previstos no Decreto Estadual nº 14.273/2015, que foi assinado pelo ex-governador Reinaldo Azambuja e que permite o desmatamento de até 60% da vegetação nativa (não arbórea) e até 50% das árvores das áreas de fazendas.

Esse foi o tema que deu início ao debate e à elaboração da lei, já que em agosto o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) instaurou um inquérito para apurar a omissão e a permissividade por parte do governo do Estado e do Instituto de Meio Ambiente de MS (Imasul) a respeito dos desmatamentos autorizados no bioma.

A principal divergência apontada pelo MPMS é o índice permitido, já que, de acordo com nota técnica emitida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), esse desmatamento autorizado deveria ser de até 35% da vegetação nativa.

Conforme o documento da Embrapa, que pode ter servido como base para a nova lei, o Pantanal apresenta ecossistemas únicos, sensíveis e importantes sob o ponto de vista ecológico, como as salinas e os landis, os quais requerem proteção diferenciada.

Essas vegetações, junto às cordilheiras e às veredas, são consideras pela Embrapa APPs desde que estejam em faixas marginais de rios, corixos, lagos e baías maiores que 30 hectares.

Na reta final da elaboração da Lei do Pantanal, houve um momento de tensão: após publicação de reportagem que adiantava alguns pontos da matéria, certos técnicos do Ministério do Meio

Ambiente elevaram a desconfiança sobre as regras de ocupação do bioma.

O Correio do Estado apurou que as dúvidas dos técnicos e algumas de suas desconfianças foram esclarecidas durante o fim de semana. Na Lei do Pantanal, o plantio de monoculturas, que é o cultivo de apenas um produto agrícola, como a soja, também estará proibido.

TRAMITAÇÃO

A tramitação da nova Lei do Pantanal na Assembleia Legislativa começa hoje, às 8h, com o recebimento do projeto das mãos do governador Eduardo Riedel (PSDB) e sua equipe, na Sala da Presidência, para apresentação e detalhamento da proposta. 

Amanhã, às 14h, no Plenário Júlio Maia, será realizada uma audiência pública organizada pelo deputado estadual Renato Câmara (MDB), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia, para debater com representantes de entidades não governamentais e sociedade civil a proposta do Executivo.

Após essa audiência pública, a expectativa é de que os parlamentares aprovem a lei antes do recesso de fim de ano, daqui a três semanas.

Ao Correio do Estado, o deputado estadual Renato Câmara afirmou que MS viverá uma semana histórica. 

"A Lei do Pantanal será marco histórico, pois serão definidos os pormenores que regulamentarão, de um lado, a preservação ambiental de todo o ecossistema existente no bioma Pantanal e, por outro lado, quais processos produtivos agroecológicos poderão ser realizados. Enfim, estão em pauta a preservação e o desenvolvimento da região, de modo que estaremos atentos para que haja este equilíbrio entre as vertentes ecológicas e o agronegócio ecossustentável", declarou Câmara.

DESMATAMENTOS

O governo do Estado divulgou em agosto dados sobre o Pantanal que mostraram que o ritmo dos desmatamentos no bioma se acelerou após o decreto de 2015, estava 96% acima do estimado pelo MPMS no inquérito de julho.

Também foi revelado que em 2021 foram desmatados exatos 55.959 hectares, uma média diária de 153 hectares desmatados. O governo mostrou que, no ano seguinte, em 2022, a supressão de vegetação no Pantanal recuou 12%, para 49.162 hectares.

De acordo com o MPMS e o governo, anualmente, estavam sendo autorizados desmatamentos de cerca de 54 mil hectares de fazendas pantaneiras (antes do decreto de 2015, as autorizações chegavam a 29 mil hectares).

SEGURANÇA PÚBLICA

Cartéis do tráfico viram "terroristas" e fronteira deve voltar ao foco dos EUA

Administração de Trump deve concentrar esforços para combater as drogas não só no México, mas também na América do Sul

21/01/2025 09h00

Donald Trump tomou posse da presidência dos EUA nesta segunda-feira (20)

Donald Trump tomou posse da presidência dos EUA nesta segunda-feira (20) Foto: Reprodução

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A posse de Donald Trump como o 47º presidente da história dos Estados Unidos da América deve também dar uma guinada na política norte-americana de combate ao tráfico de drogas na América Latina.

O reforço no monitoramento de cartéis e organizações criminosas está diretamente ligado à política de combate à imigração e à epidemia de uso de drogas nos EUA.

A medida de Trump certamente deve ter efeitos práticos na América do Sul, sobretudo nas regiões de fronteira do Brasil com países produtores de droga e que também são rotas do tráfico, como Bolívia, Paraguai, Peru e Colômbia.

Mais especificamente em Mato Grosso do Sul, há a expectativa de que a Agência de Combate ao Narcotráfico dos EUA (DEA) volte a ter laços mais fortes com os países que fazem fronteira com o Estado e também com a Polícia Federal.

Ontem, em seu discurso de posse, Donald Trump foi enfático ao dizer que os cartéis de drogas serão designados como organizações terroristas estrangeiras e que também decretará “emergência nacional” para conter o fluxo de imigrantes que vêm do México.

Entre os cartéis que, em um primeiro momento, são alvo das autoridades norte-americanas estão os que abastecem aquele mercado ou os que usam o território dos EUA para lavagem de dinheiro.

Organizações mexicanas como Sinaloa, Jalisco Nueva Generación, Tijuana, Juárez e Los Zetas estão entre as que poderão ser classificadas como terroristas. 

Um cartel venezuelano chamado Tren de Aragua também está na mira do novo presidente dos EUA.

CARTEL BRASILEIRO

Do Brasil, o Primeiro Comando da Capital (PCC), que domina o tráfico de drogas no País e também no Paraguai e tem uma atuação fortíssima não apenas no consumo interno, mas também no tráfico de drogas para a Europa, poderá vir a ser um alvo secundário da política internacional de Trump.

Investigações do Ministério Público de São Paulo, por exemplo, já detectaram membros do PCC praticando imigração ilegal para os Estados Unidos para lavar dinheiro para a organização e atuar no tráfico de armas de lá para o Brasil.

Em maio de 2024, a Polícia Federal identificou um esquema de envio de cocaína dos países andinos para a América Central a partir do Brasil. Os chefões moravam em um condomínio de luxo em Dourados. Era a Operação Sordidum.

TRÁFICO NO MUNDO

Donald Trump tomou posse da presidência dos EUA nesta segunda-feira (20)

A América do Norte é a maior região consumidora de cocaína do planeta. Conforme relatório do Escritório das Nações Unidas contra as Drogas e o Crime (UNODC), publicado no fim de 2024, com dados de 2022, havia 6,4 milhões de consumidores de cocaína no subcontinente.

Na Europa Ocidental, há 5,08 milhões de consumidores. Depois vem o subcontinente sul-americano, com 4,85 milhões de consumidores de cocaína.

Após a legalização da maconha na maioria dos estados norte-americanos, os cartéis mexicanos, que antes traficavam principalmente maconha, passaram a ter a cocaína e o fentanil (medicamento que causa alta dependência) como seus principais meios de lucro.

Como o México não produz cocaína, a maioria do entorpecente que chega aos EUA vem dos três países produtores da droga: Colômbia, Peru e Bolívia, que, nesta ordem, são os maiores fabricantes do planeta.

O Brasil, assim como o México, é um país com alto nível de consumo, mas também uma rota para o tráfico.

Há pelo menos dois anos que a UNODC e também a imprensa mundial vêm alertando para a consolidação da hidrovia Paraná-Paraguai como um dos maiores corredores do tráfico do planeta.

Entre os países não produtores de cocaína, o Brasil é o segundo que mais apreende a droga no planeta, ficando atrás apenas dos Estados Unidos.

Em 2022, foram 95 toneladas retidas só em território nacional. Também em 2022, segundo a UNODC, os Estados Unidos apreenderam 251 toneladas de cocaína.

A Colômbia, com mais de 700 toneladas apreendidas, lidera a lista. O Brasil, contudo, apreende mais cocaína que o Peru (51 toneladas), a Bolívia (20 toneladas) e o Paraguai (3 toneladas), conforme os dados do relatório.

A América do Sul é responsável por 59% das apreensões do planeta: 1,19 mil toneladas de cocaína.

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HOMICÍDIO

Morre mulher trans que teve o corpo e casa incendiados

Ela teve queimaduras de 2º e 3º grau, por todo o dorso, face, pescoço e membros, permaneceu entubada em estado gravíssimo, mas não resistiu aos ferimentos e morreu

21/01/2025 08h50

Santa Casa de Campo Grande, local onde mulher trans faleceu

Santa Casa de Campo Grande, local onde mulher trans faleceu GERSON OLIVEIRA

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Pâmela Mirela, de 31 anos, mulher transexual que teve 90% do corpo queimado em incêndio criminoso no domingo (19), morreu na madrugada desta terça-feira (21), no Hospital Santa Casa de Campo Grande, localizado na rua Eduardo Santos Pereira, número 88, Centro, na Capital.

A vítima deu entrada na Santa Casa na manhã de domingo (19), com queimaduras de 2º e 3º grau, por todo o dorso, face, pescoço e membros.

Ela ficou internada, sedada e entubada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), na ala vermelha do hospital, em estado gravíssimo.

O quadro clínico evoluiu para piora nas últimas horas e ela não resistiu. O óbito foi constatado às 5h37min desta terça-feira (21) e confirmado pela assessoria de imprensa da Santa Casa.

As autoras do crime estão presas e responderão pelos crimes de homicídio qualificado por motivo fútil e com emprego de fogo, na forma tentada (artigo 121, § 2º, II e III, c/c artigo 14, II, todos do CP).

HISTÓRICO

Mulher transexual teve o corpo queimado e a casa incendiada, após briga em boate, na manhã deste domingo (19), na Vila Carvalho, em Campo Grande.

Conforme apurado pela reportagem, na noite de sábado (18), Pâmela estava em uma boate, frequentada por garotas de programa, quando se envolveu em uma briga com outras mulheres trans, identificadas como “Baby” e “Yara”.

A confusão se deu por conta de serviços de prostituição e programas sexuais que elas praticam.

Como vingança, “Baby” e “Yara” foram até a Vila Carvalho, onde Pâmela mora, para “acertar as contas”, na manhã de domingo (19).

Em posse de galão de gasolina e isqueiro, despejaram o líquido por debaixo das portas e pelas frestas do muro, atearam fogo no local, saíram correndo e foram embora.

O fogo se alastrou rapidamente pela residência e Pâmela, que estava dentro de casa, sofreu queimaduras profundas e gravíssimas, tendo 90% do corpo queimado.

O vizinho, que estava na frente da casa, viu a autora ateando fogo contra a casa da transexual, pegou o extintor de incêndio de sua casa e de seu carro para socorrer a vítima e acionou o Corpo de Bombeiros.

Neste momento, as autoras do crime viram que a vítima estava sendo socorrida e tentou esfaqueá-la, mas o vizinho não permitiu e saíram correndo.

Corpo de Bombeiros Militar (CBMMS) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) socorreram e encaminharam a mulher trans, com diversas queimaduras pelo corpo inteiro, para o Hospital Santa Casa em estado gravíssimo.

Polícia Militar (PMMS) e Polícia Científica (Perícia) também estiveram no local dos fatos para acompanhar a dinâmica e investigação do incêndio criminoso.

A PM fez rondas pela região mas não conseguiu encontrar as autoras do crime na noite de sábado (18), que se evadiram do local.

Mas, na madrugada desta segunda-feira (20), a Polícia Civil localizou e prendeu as duas criminosas que atearam fogo na casa e no corpo da vítima. Elas estavam em uma pensão para transexuais no bairro Amambaí.

Foram autuadas pelo crime de Homicídio qualificado por motivo fútil e com emprego de fogo, na forma tentada (artigo 121, § 2º, II e III, c/c artigo 14, II, todos do CP) e estão na Unidade Policial aguardando a audiência de Custódia.

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