Da redação
Em uma cúpula com a participação de poucos chefes de Estado de países ricos, em tese os principais financiadores dos projetos de combate à fome, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva discursa nesta segunda-feira na FAO, o braço da ONU para a alimentação e a agricultura.
Cerca de 60 países estarão representados no encontro, em Roma, mas a ausência de líderes de países como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França já está levantando dúvidas sobre as chances de sucesso do encontro, que tem o ambicioso objetivo de "lançar as bases para uma nova forma de coordenação global para o combate à fome". O tema ganhou relevancia no momento em que que a recessão global empurra ainda mais indivíduos para baixo da linha da pobreza.
Segundo a FAO, o número de subnutridos no mundo já supera o bilhão, o pior nível desde os anos 1970 e uma deterioração na tendência mundial que torna ainda mais distante o objetivo de reduzir o número de famintos para 420 milhões de pessoas até 2015.
Ausências
Para chamar a atenção para o tema, o secretário-executivo da FAO, Jacques Diouf, fez um jejum simbólico de 24 horas em solidariedade àqueles para quem este tipo de realidade não é uma opção.
Para dar conta de um aumento de população dos atuais 7 bilhões para os estimados 9 bilhões em 2050, a produção de alimentos nesses países precisa crescer 70% no período
Isso significa que o investimento em agricultura alimentar precisa passar dos atuais US$ 7,9 bilhões anuais para US$ 44 bilhões por ano.
Porém, a coordenação dessa engenharia financeira, pelo menos nesta cúpula da FAO, corre o risco de ficar esvaziada pelo silêncio dos países mais ricos do mundo, que seriam os principais provedores do dinheiro.
É notória, por exemplo, a ausência de líderes dos países do G8, formado pelas sete economias mais industrializadas do mundo mais a Rússia - exceção feita ao anfitrião do encontro, o premiê italiano, Sílvio Berlusconi.
Em julho, durante seu encontro anual realizado em L'Acquila, na Itália, o grupo prometeu destinar aos países em desenvolvimento a soma de US$ 20 bilhões em um período de três anos, para impulsionar a agricultura nos países em desenvolvimento - os que mais padecem do problema e de onde virá o maior aumento na demanda por alimentos nas próximas décadas. (informações do Estadão)