Cidades

RECURSOS PÚBLICOS

Paralisadas na época de Bernal, obras de Emeis já consumiram R$ 8,3 milhões

São 11 construções por meio de convênio com o MEC; em quatro delas, os contratos venceram em 2019 sem terem sido concluídos

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Paralisadas já há algum tempo, obras de 11 Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) de Campo Grande consumiram R$ 8,3 milhões só de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) do Ministério da Educação (MEC).

O valor não contabiliza o que já foi investido pela prefeitura da Capital nas obras, já que a gestão entra com uma pequena parte como contrapartida.

A maioria das construções começaram na gestão do ex-prefeito Nelson Trad Filho (PSD), mas foram paralisadas durante o mandato do ex-prefeito Alcides Bernal (PP).

De acordo com dados da transparência do FNDE, cinco convênios foram assinados em 2011, e outros dois, em 2012. Para o caso dessas sete obras, o vencimento do repasse de recursos será em 2023, ou seja, o município deve garantir a conclusão dessas Emeis até o próximo ano, sob risco de o recurso ser perdido.

Mas no caso de quatro obras, localizadas no Jardim Colorado, no Loteamento Nova Serrana, no Jardim Nashville e no Moreninha 2, o site do FNDE mostra que, apesar de terem sido investidos recursos, os convênios constam como vencidos em 2019.

A obra do Bairro Moreninha 2, por exemplo, é a que tem o menor porcentual de obra concluída, com apenas 7,8% executado. Ainda assim, foram repassados R$ 860.166,61 pelo governo federal, dos R$ 1.719.073,34 que previa o contrato com o FNDE.

O maior repasse, de acordo com a transparência do órgão federal, foi para a Emei que começou a ser erguida no Bairro São Conrado. Para essa obra, até agora, foram pagos R$ 925.667,33 pelo MEC, dos R$ 1.322.381,91 que previa o contrato assinado em 2011.

Para se ter uma ideia, se todas fossem retomadas, levando em conta o valor acumulado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) desde 2013, por exemplo, essas construções hoje custariam mais de R$ 30 milhões para sua conclusão.

VAGAS

Segundo a Prefeitura de Campo Grande, neste ano deve ser finalizada a obra da Emei localizada na Vila Popular, com a promessa de que até 2024 outras seis serão entregues. No entanto, quatro ainda aguardam relicitação para ter andamento. Mesmo com todas essas construções, a Capital fica longe de sanar o deficit de vagas para esse público.

Isso porque as unidades construídas em Campo Grande, que são parcerias com o FNDE, comportariam até 120 estudantes durante o dia todo. Com isso, seriam 1.330 vagas abertas até 2024, se as 11 obras que estão paradas forem destravadas e finalizadas até este prazo, contando o ensino integral.

O valor representa apenas 15% da fila de espera por vagas nas Emeis de Campo Grande. Dados do início do ano da Central de Matrículas da Rede Municipal de Ensino (Reme) registram uma fila de 8,7 mil crianças.

A prefeitura alega que durante esta gestão o município já criou 7.687 vagas na Reme e que a lista de espera teve redução ao longo de cinco anos, porém, quando solicitada uma lista atualizada, esta não foi encaminhada.

“A lista de espera teve redução ao longo de cinco anos para as etapas de zero a 3 anos nas Emeis. Desde 2017, já foram finalizadas e entregues nove unidades escolares, sendo oito Escolas Municipais de Educação Infantil [Emeis], que são nos bairros Tijuca [2017], Centenário, Noroeste e Paulo Coelho Machado, Varandas do Campo [2018], Vespasiano Martins, Nascente do Segredo [2019], Zé Pereira [2021] e Vila Nasser [2022], e uma escola que é a EM [Escola Municipal] Maria Regina de Vasconcelos Galvão, no Parque Novo Século [2018]”, diz nota da prefeitura encaminhada no início deste mês à reportagem.

 

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FILA ZERO

Importante destacar que decisão recente do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou ao poder público a obrigatoriedade de garantir vagas em creches para crianças de zero a 5 anos. A decisão do STF foi feita a partir do recurso extraordinário ingressado pelo município de Criciúma, em Santa Catarina, e pode se estender aos demais municípios do País.

Caso exista a obrigação de acabar com a fila, considerando os dados do início do ano, seria necessário que mais 61 Emeis fossem construídas, além das 11 que já foram iniciadas, levando em consideração o projeto Proinfância Tipo B, em que cada unidade comporta até 120 alunos.

SAIBA

Levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) diz que, caso a decisão do STF passe a valer, as 79 prefeituras sul-mato-grossenses deverão criar 121.308 vagas para zerar as filas de espera por vagas de menores com idade entre zero e 3 anos.

Para que isso seja feito, seria necessário investimento anual de, pelo menos, R$ 1,746 bilhão por ano para atender à decisão do Supremo só no Estado. Em todo o Brasil, a fila é estimada em 8,368 milhões de crianças, levando em consideração dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam que o País possui aproximadamente 11,8 milhões de crianças de zero a 3 anos.

Em todo o Brasil, o gasto com essas novas vagas seria de R$ 120,5 bilhões, de acordo com levantamento da CNM.

 

guerra bilionária

Indonésio perde em Paris batalha por fábrica de celulose de MS

Donos da Paper alegavam falta de neutralidade da Câmara de Comércio Internacioal de SP e queriam que decisão sobre controle da Eldorado fosse tomada na Europa

15/03/2025 12h05

Instalada em Três Lagoas, a Eldorado Celulose teve lucro da ordem de R$ 1,1 bilhão durante o ano passado

Instalada em Três Lagoas, a Eldorado Celulose teve lucro da ordem de R$ 1,1 bilhão durante o ano passado

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A empresa indonésia  Paper Excellence perdeu mais uma batalha na guerra pelo controle da fábrica de celulose Eldorado, de Três Lagoas. Desta vez, uma decisão da Corte Internacional de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) negou os pedidos da Paper para tirar do Brasil a disputa arbitral que trava contra a brasileira J&F. 

Em janeiro, a Paper havia pedido à Corte que uma nova arbitragem fosse iniciada em Paris ou em outra sede no exterior, alegando que precisava de uma “jurisdição neutra”. O contrato em disputa, no entanto, definia a CCI  de São Paulo como foro para a resolução de controvérsias, conforme reportagem desta sexta-feira (14) do jornal O Globo.

Agora, com a decisão da Corte, qualquer processo envolvendo o contrato de compra e venda da Eldorado segue sendo decidido no Brasil. Assim, o novo procedimento arbitral terá que ser iniciado em São Paulo, caso a Paper decida ir adiante com uma nova arbitragem na mesma sede onde já correm outras três sobre a mesma disputa.

A decisão da CCI é uma derrota na estratégia da Paper Excellence de tirar o caso Eldorado do Brasil. Segundo informações divulgadas em janeiro, a empresa indonésia exigia que a CCI condenasse a J&F ao pagamento de US$ 3 bilhões (cerca de R$ 17 bilhões).

Em sua petição à Corte em Paris, a Paper alegava que as derrotas que sofreu nos tribunais brasileiros no ano passado são fruto de assédio judicial da J&F que impede o cumprimento de uma sentença arbitral de 2021, que ordenou que a brasileira transferisse 100% das ações da Eldorado para a estrangeira.

LUCRO BILIONÁRIO

A disputa pelo controle da fábrica, que tem capacidade para produzir 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, se arrasta desde 2017 e envolve cifras bilionárias. No ano passado, por exemplo, a empresa teve lucro líquido de R$ 1,096 bilhão, ou R$ 3 milhões por dia, inclusive sábados, domingos e feriados. 

Mas, apesar do valor estratosférico, o lucro é 53,3% menor que o obtido ao longo dos doze meses de 2023, quando a empresa comandada pelos irmãos Joesley e Wesley Batista anunciou lucro líquido de R$ 2,347 bilhões, o que significa R$ 6,3 milhões por dia. 

A queda no lucro, que aparentemente seria motivo de preocupação, porém, pode até ser comemorado pelos irmãos Batista, pois assim são obrigados a repassar valor menor para os indonésios. 

É que no ano anterior tiveram de repassar aos acionistas, a título de dividendos, o equivalente a 25% do lucro líquido, o que ajudou a capitalizar a Paper.

Por conta de uma decisão da Câmara de Comércio Internacional, tiveram repassar ao controlador da Paper, Jackson Wijaya, nada menos de R$ 280 milhões, o que equivale a pouco mais de 49% dos R$ 560,5 milhões que foram divididos entre os acionistas. 

Agora, com a queda no lucro para “apenas” R$ 1,096 bilhão, o montante total dos dividendos que terá de ser distribuído cai para R$ 274 milhões, sendo que pouco menos de R$ 137 milhões caberão ao empresário indonésio. 

Até 2023, o lucro da empresa era depositado em uma conta especial, com o aval da Paper. A partir do ano passado, porém, os acionistas indonésios passaram a exigir o repasse dos dividendos e obtiveram ganho de causa na mesma CCI que agora tentavam desconsiderar. 


 

estiagem prolongada

Rio mais piscoso de MS enfrenta pior março da história

Rio Miranda estava em apenas 1,44 metro na última quinta-feira na cidade com o mesmo nome, o que preocupa o setor de turismo da pesca

15/03/2025 11h10

Setor da pesca no Passo do Lontra já reclama da escassez de peixes em período que normalmente tem fartura

Setor da pesca no Passo do Lontra já reclama da escassez de peixes em período que normalmente tem fartura ARQUIVO

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Famoso por ser o melhor rio para a prática da pesca em Mato Grosso do Sul, o Rio Miranda nunca esteve tão baixo nesta época do ano como agora, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil divulgados na última quinta-feira (13) em um boletim extraordinário mostrando a situação em toda a bacia do Rio Paraguai. 

Com precipitação abaixo da média histórica em seis dos sete meses da chamada temporada das chuvas, que começa em setembro, o nível do rio na régua instalada próximo à cidade de Miranda estava com apenas 1,44 metro na quinta-feira.

O normal para essa época do ano, mês em que tradicionalmente são registradas as cheias, seria de 3,97 metros, conforme os dados do Serviço Geológico do Brasil. No ano passado, que também foi um ano de poucas chuvas, o nível estava em 1,6 metro nesta época do ano. Em 2023, registrava 6,5 metros em meados de março. 

E por conta desta falta de água, empresários da região do Passo do Lontra, um povoado com uma série de hotéis e pesqueiros às margens do rio e da Estrada Parque, já estão sentido a escassez de peixes e temem que a situação fique bem pior a partir de abril, quando acaba o período chuvoso e as águas tendem a baixar ao longo de cinco meses. 

“Pela época do ano, tá fraco de peixe aqui. Esse ano está chovendo mais que no ano passado, mas o rio não enche. Tá feio, ninguém sabe o mistério desse rio e para onde está indo essa água. Chove em Miranda e a água não desce aqui. Não tem campo alagado e por isso a gente está achando esquisito esse ano”, declara Rogério Iehle, que administra um pesqueiro e um hotel no Passo do Lontra. 

Setor da pesca no Passo do Lontra já reclama da escassez de peixes em período que normalmente tem farturaLinha em azul escuro mostra que o nível atual está abaixo da linha laranja, que por sua vez aponta o nível mais baixo da história

Mas, apesar da impressão de que está chovendo bem este ano, os dados do Serviço Geológico do Brasil mostram que o volume de água em toda a bacia do Rio Miranda está muito abaixo da média história. 

Normalmente a região registra 880 milímetros de chuva entre o começo de setembro e o final de março. Na atual temporada, porém, foram apenas em torno de 530. Ou seja, o déficit hídrico é da ordem de 350 milímetros, embora ainda faltem duas semanas para acabar o mês.

Para o Rio Miranda transbordar e inundar a planície no seu entorno no Pantanal, o que é fundamental para o turismo contemplativo e da pesca, ele teria que passar dos sete metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Em março de 2013, ano que em registrou a maior cheia em 55 anos de medição, chegou a 10,6 metros

Em 2025, porém, não atingiu três metros em nenhuma data e desde meados de janeiro tem ficado cerca de dois metros abaixo da média histórica para o período. E, como o período de chuvas está perto do final, a preocupação do setor do turismo é grande. 

“Na verdade, peixe não aparece com o rio baixo”, explica Rogério, já temendo um cenário parecido com 2024, quando até o tráfego de pequenos barcos ficou impossibilitado por conta da falta de água  na região do Distrito de Miranda, que é um povoado no município de Bonito e que também depende do turismo da pesca. 

BACIA DO PARAGUAI

E não é só a bacia do Miranda que recebeu chuvas abaixo da média mais uma vez neste ano. A bacia do Rio Paraguai como um todo estava com déficit hídrico de 135 milímetros até o fim de fevereiro, segundo o boletim divulgado na quinta-feira. 

A média histórica anual de chuvas no Pantanal nos últimos 125 anos é de 1.100 milímetros. Porém, de setembro a fevereiro, período em que são registrados os maiores volumes, foram apenas 647 milímetros. O volume é parecido como o ano hidrológico de 2024, que fechou com apenas 729 milímetros. 

A diferença com relação ao ano passado é que as chuvas na região sul de Mato Grosso estão mais intensas. Por conta disso, o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário amanheceu com 1,68 metro neste sábado (15). São 21 centímetros acima do máximo que alcançou no ano passado, quando o pico foi de apenas 1,47 metro.

Mesmo assim, o Serviço Geológico do Brasil já descarta a possibilidade de o rio ultrapassar os quatro metros em Ladário, o que seria o nível para que pudesse começar a alagar as partes mais baixas da bacia pantaneira e assim ajudar a reduzir as áreas susceptíveis às queimadas nos meses de estiagem.

O boletim prevê, inclusive, que em agosto ou setembro o rio volte a ficar abaixo de zero na régua de Ladário, assim como ocorreu em 2020, 21 e 24.  No ano passado, atingiu 69 centímetros abaixo de zero, o menor nível desde quando começaram as medições, em 1.900. 

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