A revista Veja, de 21.04.10, pág. 49, sucintamente relata o seguinte: Num acidente de avião em Smolensk, na Rússia, morreram o presidente da Polônia, Lech Kaczynski e sua esposa Maria, 18 (dezoito) parlamentares entre deputados e senadores, toda a cúpula do Estado Maior das Forças Armadas, padres, bispos, cardeais da hierarquia religiosa, juízes, desembargadores e ministros da Suprema Corte e o ordenador da moeda e crédito do país, o presidente do Banco Central. Enfim, 96 pessoas a bordo morreram, deixando, praticamente desgovernada a Polônia. Entretanto, como afirma a jornalista Lizia Bydlowsli, “enquanto caixões se enfileiravam no Aeroporto de Varsóvia, recebidos por parentes desolados, e a população enchia de flores e velas a praça em frente ao Parlamento, Executivo e Judiciário, os demais setores cumpriam a Constituição, vices foram assumindo as vagas dos titulares”. Quais eram os objetivos da comitiva polonesa? Simplesmente, participar de uma cerimônia em homenagem aos poloneses que foram cruelmente chacinados pelos russos, no BOSQUE DE KATYN, nas proximidades de Smolensk, na Rússia. Vamos, agora, destrinchar, esse resumo, relatado pela citada revista?
Em 23.08.1939, os ministros, de um lado, o alemão Ribbemtrop, e de outro, o russo Molotov, assinaram o pacto de não agressão, acordo esse que resultou na divisão da Polônia. Assim em 01.09.39, Hitler invadiu a Polônia e, ao mesmo tempo, Stalin, também, agredia a Polônia com a sua máquina de guerra. Veja leitor(a), que no PONTO PACTUADO, já no dia 23.09.39, na cidade polonesa de Brets-Litovsk, colidiram, à evidência, amistosamente, as forças alemães e russas, e em continência, apertaram as mãos, o comandante alemão HEINZ GUDERIAN e o russo SEMYON KRIVOSHEIN, para, em seguida, ordenarem um desfile comum dos homens e veículos de ambos os exércitos. Nesse instante, materializa-se o pacto Ribbemtrop-Molotv: Stalin, metade da Polônia é sua e a outra metade é de Hitler.
A ocupação da Polônia, causaram conseqüências dramáticas para o povo polonês, porém, os historiadores destacam, realmente, como exemplo de dor e sofrimento, a criação do GUETO DE VARSÓVIA e a tentativa pura e simples dos russos em exterminar a cultura de uma nação, como no MASSACRE DE KATYN.
O Gueto de Varsóvia foi criado por decreto, assinado em 02.11.1940, pelo governador de Varsóvia, o alemão HANS FRANK. Para esse fim, estabeleceu-se uma área de cerca de 4km de comprimento, por 2,5km de largura, toda cercada de arame farpado. Inicialmente, aglomeraram-se 400 mil pessoas. Já em 15 de novembro, a cerca de arame seria substituída por um muro de 3m de altura, oportunidade em que foram retirados os NÃO JUDEUS e para lá transferidos todos os judeus poloneses identificados. Começava aí a degradação: a fome, tuberculose, febre tifóide e, desse modo, uma elevada taxa de mortalidade.
Vamos agora, ao massacre no Bosque de Katyn, nas proximidades de Smolensk, na Rússia, onde os russos soterraram numa vala comum, 10.000 oficiais do Exército polonês, entre fevereiro e março de 1940. Esse número da atrocidade soviética, correspondia à quantidade de oficiais feitos prisioneiros em setembro de 1939, após a invasão da Polônia e outros 12.000, pertenciam à elite intelectual, cultural e religiosa polonesa. Para o governo soviético, os militares e os ativistas foram considerados “contrarrevolucionários” que assim, sucumbiram sob as balas encomendadas por Stalin, Molotov, Kalinin e Beria. Foram os alemães que descobriram as valas no Bosque de Katyn e no dia 13.04.1934, levaram ao conhecimento do mundo.
Pois bem, justamente a comitiva presidencial polonesa iria participar de uma cerimônia em homenagem aos poloneses massacrados pelos russos, no Bosque de Katyn, quando ocorreu o acidente de avião em Smolensk e, assim, as 96 pessoas a bordo, integrantes da comitiva pereceram.
J. Bandeira, Auditor Fiscal da Receita Federal do Brasil Aposentado, e ex-Vereador em Campo Grande, MS.