Os buracos no asfalto já são velhos conhecidos dos moradores de Campo Grande. Desde o início da pandemia de Covid-19, a prefeitura da Capital reduziu diversas vezes as equipes encarregadas de tapá-los.
Em março deste ano, pelo menos 10 grupos estavam empenhados nessa função, agora, são apenas sete para todas as regiões da cidade.
Como resultado, o município vive uma nova onda de degradação na malha asfáltica. A decisão do Executivo foi tomada em 2020, quando havia 15 equipes na função, para poupar cerca de R$ 1 milhão por mês, com o objetivo de realocar os recursos no enfrentamento da crise sanitária.
Em março, a reportagem do Correio do Estado encontrou diversas degradações na malha asfáltica que colocam em risco o trânsito seguro de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres.
À época, 10 equipes cuidavam das operações tapa-buraco. Em nova visita a diferentes trechos na tarde desta quinta-feira (30), foi possível notar que pouco mudou no cenário de abandono.
Entre os trechos visitados, foi possível encontrar buracos na Rua Doutor Mário Corrêa, na Vila Santa Dorothéa, e degradações no asfalto na Rua Floriano Paula Corrêa, no Bairro Jardim Nhanhá, e na Rua Beneditinos, na Vila Ipiranga.
Na região norte de Campo Grande, moradores relataram que as vias estão abandonadas. “Aqui no Novo Maranhão, e na região do Nova Bahia também, o asfalto está cheio de buracos, a todo momento precisamos desviar e tomar cuidado para não cair na próxima cratera”, afirmou a auxiliar de dentista Silvana Pereira.
Ao Correio do Estado, o titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Rudi Fiorese, explicou que o processo de licitação para a contratação de novas equipes de recapeamento deve ser finalizado nas próximas semanas.
“Algumas empresas não quiseram renovar o contrato por conta do encarecimento dos materiais necessários para o trabalho. Hoje, temos sete equipes trabalhando, e acredito que até o fim da semana que vem possamos normalizar o serviço com pelo menos 12 equipes”, salientou.
DEGRADAÇÃO
O secretário afirmou ainda que vários fatores são responsáveis pela recorrente degradação no asfalto. “Na área central, temos os danos causados pelas próprias obras no local e pelas escavações feitas pela empresa responsável pelo saneamento básico na cidade”, detalhou Fiorese.
Um motorista de aplicativo que preferiu não se identificar relatou que os buracos são obstáculos em sua rotina de trabalho por todas as regiões da Capital. “Está cada vez mais difícil transitar, por vezes já tive de passar na borracharia para remendar um pneu por conta de buracos nas ruas. E, para complicar, ainda temos de lidar com todos os desvios das obras no centro”, comentou.
Segundo o titular da Sisep, a região do Anhanduizinho, que compreende os bairros Aero Rancho, Centenário, Guanandi, Jockey Club, Los Angeles, Parati e Piratininga, é responsável pela maior demanda de reparação na malha asfáltica.
“Por concentrar uma grande densidade populacional, acredito que a região do Anhanduizinho é a que mais demanda esse tipo de serviço hoje”, pontuou.
HISTÓRICO
Campo Grande chegou a tapar quase 500 mil buracos entre 2018 e 2019, segundo levantamento feito pela prefeitura. Em 2018, foram 300 mil buracos no asfalto consertados, enquanto em 2019 foram mais de 190 mil, redução de 37% em relação ao ano anterior.
Segundo a Prefeitura de Campo Grande, nos últimos sete anos, grandes investimentos foram feitos em recapeamento na Capital. Em nota, o Executivo afirmou que, nesse período, foram executados 220 km de reformas na malha asfáltica, uma média de 31,4 km por ano.
Fiorese acrescentou que as equipes de tapa-buracos atendem todas as sete regiões de Campo Grande. De acordo com a prefeitura, o trabalho de manutenção do asfalto é feito, atualmente, por equipes próprias.
A reportagem questionou sobre o cronograma das operações de tapa-buraco, mas, conforme o Executivo, o “trabalho é definido diariamente, levando em conta as vias
de maior circulação de veículos”.
OBRAS EM EXECUÇÃO
Conforme o Portal Mais Obras, da Prefeitura de Campo Grande, os trabalhos de recuperação funcional do pavimento asfáltico nas regiões urbanas do Anhanduizinho e do Imbirussu já consumiram R$ 8,9 milhões dos R$ 12,3 milhões previstos. As obras, que começaram em 7 de abril deste ano, devem durar seis meses, indo até outubro.
Em estágio mais avançado, a drenagem e a pavimentação asfáltica do Bairro Rita Vieira – Etapa 1 aparecem com 92% dos trabalhos executados.
Dos R$ 15,6 milhões previstos, já foram empenhados R$ 14,5 milhões. A previsão é de que os trabalhos sejam finalizados em outubro.
A Etapa 2 do Rita Vieira, que começou em novembro do ano passado, possui 33% das obras executadas. Conforme a prefeitura, já foram investidos R$ 3 milhões dos R$ 9 milhões previstos. As obras devem durar até março de 2023.