Cidades

NO PARÁ

Professora adota currículo sobre
igualdade de gênero em áreas rurais

Professora adota currículo sobre
igualdade de gênero em áreas rurais

ASSESSORIA ONU

15/01/2018 - 16h28
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A professora paraense Danielle Figueiredo, de 33 anos, dá aulas para alunos do ensino médio em áreas rurais do Pará por meio de um sistema denominado modular. Nele, as aulas são concentradas em apenas uma disciplina durante 50 dias, em locais de melhor acesso para estudantes que vivem longe dos centros urbanos.

Isso significa que Danielle, professora de sociologia pós-graduada na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), passa até 50 dias em cada um dos municípios em que leciona, especialmente no nordeste do estado, já tendo trabalhado nas comunidades rurais de Capitão Poço, Garrafão do Norte, Nova Esperança do Piriá, entre outras.

Desde 2015, a professora da rede estadual de ensino passou a aplicar em sala de aula, por iniciativa própria, “O Valente não é Violento”, currículo interdisciplinar disponível na Internet (clique aqui) que tem como objetivo abordar questões de sexualidade e de gênero para combater e prevenir a violência contra mulheres e meninas.

O currículo faz parte de iniciativa de mesmo nome que integra a campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do secretário-geral das Nações Unidas. A ação é coordenada pela ONU Mulheres, tem o envolvimento de todas as agências da ONU e é financiada pela União Europeia.

“Adoto o tema de gênero e sexualidade desde que iniciei minha carreira de professora, há cinco anos”, explicou Danielle em entrevista por telefone ao Centro de Informação das Nações Unidas no Brasil (UNIC Rio). “Como sempre usava materiais da ONU e de ONGs, acompanhava (os lançamentos) e vi que tinha saído esse currículo”.

Segundo a ONU Mulheres, ao menos 30 professores brasileiros informaram adotar o currículo em diferentes estados brasileiros. O número pode ser muito maior, uma vez que o acesso ao documento, disponível na Internet, é livre.

O currículo aborda temas que vão desde as várias formas de violência contra as mulheres e informações sobre a Lei Maria da Penha, passando pela temática de carreira e profissão, mídia e esportes, até masculinidades e iniciativas que aproximam a educação de meninos e meninas para o tema da igualdade de gênero em seu dia a dia.

O objetivo é possibilitar uma maior compreensão sobre o que leva à desigualdade de gênero e à violência contra mulheres e meninas, bem como buscar uma mudança de cultura e de comportamento que leve à igualdade e ao respeito, segundo a ONU Mulheres.

DIFICULDADES

No começo, Danielle teve dificuldades para abordar o tema em sala de aula nas regiões rurais. “Para estes alunos é tabu discutir essas questões”, explicou a professora. “É um mundo mais hostil às mulheres, mas no qual eu aprendi a dialogar com os homens e explicar como eles também podem ser prejudicados por comportamentos machistas”.

“Quando colocamos uma outra visão para eles, quando vencem essa posição agressiva, passam a ouvir”, explicou a professora, que dá aula para alunos com idade entre 15 e 18 anos.

Danielle contou que mesmo as meninas apresentavam resistência quando a temática era abordada em sala de aula. “Mas, de cinco anos para cá, vejo algumas diferenças. Elas querem estudar, não repetir as histórias (dos pais)”, declarou. “Também vejo algumas mudanças no discurso sobre a questão da violência. Elas estão falando mais, não se sentem acuadas”.

Para a professora, um diferencial do currículo é o fato de ele incitar discussões em classe, propiciando a interação entre os alunos e com os professores. Segundo ela, o currículo inova na medida em que se diferencia da educação formal, trazendo elementos da educação popular.

“Apresento dados sobre violência, mostro a lei. Eles não conhecem a Lei Maria da Penha. Não sabem em que contexto, por que ela surgiu. Dessa forma, uso dinâmicas para discutir a violência, conto uma história de vida e vou fazendo perguntas. E eles vão respondendo em cima delas. É interessante”, declarou.

PREVENÇÃO

Para a ONU Mulheres, as escolas desempenham um papel importante na promoção do respeito nas relações entre meninas e meninos, desafiando estereótipos de gênero e combatendo formas de discriminação que contribuem para a violência contra mulheres e meninas.

Nesse sentido, o currículo “O Valente não é Violento” já está sendo adotado oficialmente por redes de ensino estaduais de Espírito Santo e Bahia, de acordo com Amanda Lemos, coordenadora da iniciativa.

“Temos consultoras e especialistas que nos apoiaram na elaboração do currículo. Há pessoas do Instituto Promundo e a própria ONU Mulheres têm nos apoiado nessa formação técnica para que os professores consigam compreender os conceitos, os conteúdos”, explicou.

Segundo Amanda, muitas vezes os professores relatam dificuldades em levar o currículo para a sala de aula, por não terem respaldo da gestão escolar. Há ainda o desafio da qualificação, pois alguns têm interesse em adotá-lo, mas não têm a qualificação necessária.

“Falta a institucionalização do tema. (…) A questão institucional é importante para que todos participem dessa proposta de ensino voltada para o respeito entre meninos e meninas e professores e alunos, para que eles envolvam não só a escola, mas a comunidade e todos os agentes em torno de uma escola responsável pela segurança dessas meninas”, declarou.

Além do Instituto Promundo, outras organizações que têm ajudado a divulgar o currículo no Brasil são Geledés — Instituto da Mulher Negra, Ação Educativa, Comitê da América Latina e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher (Cladem), Redeh — Rede de Desenvolvimento Humano e Plan International.

NO RIO

Marcelo Conceição, de 39 anos, é professor de Geografia e coordenador pedagógico de uma escola municipal do ensino fundamental localizada no bairro da Gávea, zona sul do Rio de Janeiro. Em 2016, teve a ideia de fazer um trabalho envolvendo todos os alunos que tinha como tema central a mulher e as questões de gênero.

A temática foi, então, desmembrada entre as disciplinas, tendo como inspiração o currículo “O Valente não é Violento”, das Nações Unidas.

Com a ajuda de professores de Geografia e História, os alunos montaram murais com gráficos apresentando as diferenças salariais entre homens e mulheres. Em Ciências, trabalharam questões de sororidade (apoio entre as mulheres) e as diferentes formas de machismo na sociedade.

Houve ainda roda de conversas, sessões de cinema e campanhas como “Meu nome não é psiu”, questionando o tratamento recebido por meninas e mulheres nas ruas. Algumas dessas atividades foram retomadas em 2017, de acordo com o professor.

“Fiquei com medo, por exemplo, de levar os alunos para ver o filme ‘Estrelas além do tempo’, porque me diziam que eles não iam prestar atenção”, disse Conceição. “Mas eles adoraram, voltaram discutindo o filme, e entenderam por que tinham ido”. A obra trata do trabalho de uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas.

O professor disse já ter notado uma mudança de comportamento de meninos e meninas. “Elas passaram a não aceitar mais determinados tipos de tratamento, como serem seguradas de determinada maneira pelos garotos, serem chamadas por determinados nomes”, explicou.

“A educação não é só um caminho para o mercado de trabalho, mas para liberdade, para o entendimento de si mesmo, da própria história, para não reproduzir determinados erros das gerações anteriores. Nos esforçamos ao máximo para fazer isso”, concluiu o professor.

anel viário de campo grande

Obra em viaduto acaba mais cedo e tráfego na BR-163 está liberado

Inicialmente estava previsto que as interdições ocorressem ao longo deste sábado e no domingo, mas a instalação das vigas acabou na manhã deste sábado

19/07/2025 13h38

VIgas de concreto foram instaladas sobre a pista de rolamento, o que forçou interdições temporárias da rodovia neste sábado

VIgas de concreto foram instaladas sobre a pista de rolamento, o que forçou interdições temporárias da rodovia neste sábado

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Previsto para se estender ao longo deste sábado (19) e domingo (20), a instalação das vigas de concreto do viaduto que está sendo construído sobre a BR-163, na altura da antiga Uniderp Agrárias, em Campo Grande, foi concluída no final da manhã deste sábado, colocando fim às interrupções de tráfego na principal rodovia de Mato Grosso do Sul. 

Sob responsabilidade da construtora Plaenge, o viaduto está sendo instalado para facilitar o acesso a condomínios de alto padrão criados na parte externa do anel viário de Campo Grande. 

Segundo a assessoria da empresa, a conclusão antecipada do içamento das vigas foi possível “graças ao alto nível de eficiência das equipes envolvidas, dispensando a necessidade de interdições adicionais ao longo da tarde deste sábado ou durante o domingo”.

Durante a manhã deste sábado, o tráfego na região ficou a maior parte do tempo totalmente interrompido, o que chegou a provocar filas de cerca de cinco quilômetros de cada lado da interdição. A previsão era de interdição durante 45 minutos e liberação, em apenas uma das pistas, durante 15 minutos. 

Para quem não quisesse enfrentar o congestionamento, a alternativa era passar pela parte oeste do anel viário de Campo Grande, pela região do Indubrasil, aumentando o percurso em quase 25 quilômetros para contornar a cidade. 

O viaduto do Jardim Veraneio é resultado de um investimento da ordem  R$ 25 milhões. A obra contempla quatro alças de acesso à rodovia, garantindo o fluxo de veículos em todas as direções, além do alargamento da Avenida Desembargador Leão Neto do Carmo, nova rotatória, calçadas e uma ciclovia. 

A expectativa é de que a população da região cresça sete vezes nos próximos três anos com a instalação de condomínios de alto padrão do outro lado do anel viário, o que deve levar em torno 3,3 mil veículos diariamente para região.


 

INVESTIMENTO

MS recebe investimento de R$ 150 milhões do BNDES para combater incêndios florestais

O Projeto Manejo Integrado do Fogo visa a prevenção a incêndios florestais nos biomas Cerrado e Pantanal

19/07/2025 11h30

Incêndio em vegetação mobilizou bombeiros em Campo Grande

Incêndio em vegetação mobilizou bombeiros em Campo Grande Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

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O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social - (BNDES), vai destinar R$ 150 milhões para Mato Grosso do Sul, que será investido no projeto Manejo Integrado do Fogo, para a prevenção e combate a incêndios florestais nos biomas Cerrado e Pantanal.

O programa foi  apresentado pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública - (MJSP), em parceria com outros órgãos do Governo Federal. Cabe ressaltar que, esta é a primeira vez que o fundo financia ações em biomas fora da Amazônia Legal.

O aporte financeiro do Fundo Amazônia, será utilizado para apoiar as ações do Corpo de Bombeiros Militar e brigadas florestais de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Piauí e Distrito Federal, além da Força Nacional de Segurança Pública. O objetivo é ampliar a capacidade de resposta diante do aumento dos incêndios florestais registrados em 2024 e da previsão de novos episódios extremos ao longo do ano.

Cada estado apoiado deverá formalizar parceria com o Ministério da Justiça, comprometendo-se a utilizar os recursos exclusivamente em ações de prevenção e combate ao fogo, além de garantir a conservação dos equipamentos recebidos.

O projeto prevê o fornecimento de caminhonetes 4x4 com kits de combate a incêndios, bombas costais, sopradores, drones, GPS portáteis, notebooks e veículos especializados, incluindo auto bomba tanque florestal, caminhão-tanque e veículos de carga. Também está prevista a capacitação de brigadas florestais locais, formadas por moradores treinados e cadastrados nos corpos de bombeiros militares.

De acordo com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, a medida é uma forma de antecipar emergências ambientais. "Estamos nos antecipando a eventuais problemas futuros, utilizando a experiência dos combates às queimadas que tivemos nos últimos anos para avançar”, disse, em nota

HISTÓRICO

Em 2024, o Cerrado registrou 9,7 milhões de hectares queimados e o Pantanal, 1,9 milhão de hectares. Nesse cenário, o Governo Federal busca fortalecer a atuação integrada dos órgãos estaduais e federais, como Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Força Nacional, Corpo de Bombeiros e brigadas florestais.

O projeto Manejo Integrado do Fogo está estruturado em escalas local, estadual e interestadual, com foco na atuação conjunta para monitoramento, prevenção e combate aos incêndios. Além disso, tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que propõe penas mais rigorosas para incêndios criminosos.

PERÍODO DE SECA

Conforme divulgado ontem (18), pelo Correio do Estado, o período de seca já começou a trazer como reflexos os incêndios em áreas urbanas. Um  deles foi registrado ontem (18), em um terreno baldio no bairro Jardim Campo Novo, em Campo Grande.

O fogo se espalhou rapidamente na vegetação e a fumaça pôde ser vista de longe. Equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para controlar as chamas. Não houve vítimas. Conforme moradores da região, o local é frequentemente atingido por fogo, principalmente em época de seca.

ESTADO DE EMERGÊNCIA

No dia 27 de março deste ano, o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel, assinou decreto de emergência ambiental, pelo período de 180 dias.

A intervenção acontece em razão das condições climáticas que favorecem propagação de focos de incêndios florestais, sobre qualquer tipo de vegetação, fatores que atingem qualidade do ar.

Conforme disse na época o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o volume hídrico abaixo da média histórica é um dos fatores que também impactaram na tomada de decisão.

“O decreto de emergência vale por 180 dias e permite que a gente comece a ordenar todas as ações, com ações de prevenção. Estaremos fazendo ações de combate a incêndios florestais. O decreto foi baseado nas condições climáticas adversas no pantanal”, destacou Verruck, na ocasião.

Em outubro do ano passado, a pasta já havia destacado a emergência devido à estiagem prolongada, nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul, pelo período de 180 dias, decreto que iniciou em outubro de 2024 e terminaria em 19 de abril de 2025.

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