Cidades

OPERAÇÃO PRIME

Quadrilha dos irmãos Martins usava token para identificar entrega de dinheiro vivo

Número de série de cédulas era utilizado para identificar pessoas autorizadas a receber grandes montantes em espécie

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A Polícia Federal identificou que a quadrilha comandada pelos irmãos Marcel Martins Silva e Valter Ulisses Martins, que operava o tráfico de cocaína em Dourados, fazia pagamentos utilizando doleiros paraguaios, e para identificar quem poderia receber o dinheiro eles usavam um sistema de token (uma espécie de senha).

Conforme a investigação, essa metodologia era utilizada para “pessoas não autorizadas” a retirar dinheiro com os doleiros e que iriam receber grandes quantidades em espécie. Para isso, eles utilizavam cédulas de dinheiro, e só faziam o pagamento para quem estivesse com a nota com determinado número de série.

“O procedimento é assim descrito: 1) a pessoa que irá receber valores em espécie envia ao pagador a foto de uma nota qualquer na qual apareça o seu número de série, que é único; 2) o pagador informa ao doleiro o valor que deve ser entregue ao portador daquela nota, sendo desnecessário comunicar o nome do responsável pelo recebimento; 3) como forma de garantir que a transação foi realizada, o doleiro mantém a guarda da nota após a realização do pagamento de dinheiro em espécie. Tal sistema permitiria evitar a entrega de valores a pessoas não autorizadas, ao tempo em que reforçaria a segurança dos envolvidos”, explicou a PF em investigação.

De acordo com dados obtidos pela Polícia Federal através da quebra de sigilo telefônico, essa metodologia foi utilizada para pagamento de  U$ 310 mil ao fornecedor de cocaína da quadrilha, Antônio Joaquim Mota, conhecido como “Motinha” ou “Dom”.

“Conforme os arquivos de troca de mensagens analisados, este método foi utilizado para a entrega de U$ 310 mil pelo operador Hector ao funcionário indicado por Dom (nominado Virgílio), por ordem de Valter. O procedimento é explicado na própria conversa entre Valter e Hector”, diz trecho da investigação.

“No backup da nuvem também foi encontrada fotografia de uma nota de 10 soles (moeda peruana), em que foram associados ao número de série outros números aparentemente manuscritos, possivelmente encaminhada pelo suposto fornecedor peruano do entorpecente ‘Parce’ a Valter, para viabilizar um pagamento”, completa a investigação.

INVESTIGAÇÃO

De acordo com a investigação da PF, que culminou na Operação Prime, realizada em maio deste ano, Marcel e Valter Ulisses eram os líderes de organização criminosa que atuava no tráfico de armas e de cocaína da fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai para Curitiba (PR), cidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro (RJ) e municípios do Rio Grande do Sul.

Os dois residiam em Dourados, porém, o mais novo, Valter, seria quem teria contato com traficantes de outros países e quem cuidava dos negócios ilícitos da família, enquanto Marcel passava uma fachada de empresário e cuidava da lavagem de dinheiro por meio de empresas, conforme identificou a PF.

A quadrilha dos irmãos Martinhs tinha um patrimônio estimado em R$ 50 milhões. Eles usavam empresas em Dourados e doleiros paraguais para fazer a lavagem dos recursos vindos do tráfico.

No caso das armas, segundo o delegado da PF, Lucas Vilela, que coordenou a Operação Prime, as armas vinham do Paraguai, mas a polícia ainda apura a origem do armamento. De lá elas seguiam para facções criminosas.

“A chegada das armas, ao que tudo indica, era pelo Paraguai. A gente não conseguiu identificar os destinatários, os clientes do grupo, mas tem clientes no Rio de Janeiro, Curitiba (PR), Rio Grande do Sul e Santa Catarina”, declarou o delegado ao Correio do Estado, em maio deste ano.

A PF não informou quais são as armas que entraram ilegalmente e que são repassadas para as quadrilhas. No entanto, durante as operações realizadas em maio, que mirou o grupo, foram apreendidas duas submetralhadoras, uma espingarda calibre 12, um revólver e cinco pistolas, além de munições.

EXECUÇÃO

Matéria do Correio do Estado, publicada nesta segunda-feira (15) mostrou que investigação da Polícia Federal identificou que os irmãos Martins seriam também os mandantes do assassinato de Líder Ramón Ruiz Díaz Recalde, de 29 anos, que foi executado em agosto de 2022, na cidade de Arroyito, localizado no departamento de Concepción, próximo a Pedro Juan Caballero, na fronteira com MS.

Conversa entre Mario David Distefano Freitas e Valter Martins mostra que o irmão mais novo teria pedido para o funcionário “liquidar” o desafeto.

Líder Ramón foi morto no dia 24 de agosto de 2022, atingido por três tiros (um na cabeça, um no braço e outro na mão), segundo sites paraguaios. 

Um dia após o crime, Mario, Walter Ramón Duarte Espínola e Carlos Enrique Centurión Sosa foram presos pela Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) do Paraguai, ainda em Arroyito, suspeitos de praticarem o crime.

Saiba

Marcel Martins e Valter Ulisses Martins tiveram mandado de prisão emitido, mas apenas o primeiro foi preso.

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MATO GROSSO DO SUL

Primavera terá recorde histórico de calor e chuva abaixo da média

Estação será extremamente quente, abafada e calorenta, com temperaturas altíssimas e retorno das chuvas

19/09/2024 10h15

Primavera começa neste domingo (22) em Mato Grosso do Sul

Primavera começa neste domingo (22) em Mato Grosso do Sul ARQUIVO/CORREIO DO ESTADO

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Primavera começará às 8h44min de 22 de setembro e terminará às 5h20min de 21 de dezembro de 2024 em Mato Grosso do Sul.

A estação é caraterizada pela

  • Floração de plantas
  • Aumento da umidade
  • Retorno das chuvas
  • Dias mais longos/noites mais curtas
  • Transição entre inverno (seca) e verão (chuvoso)

De acordo com prognóstico divulgado pelo meteorologista Natálio Abrahão, a estação será extremamente quente, abafada e calorenta, com temperaturas altíssimas.

Segundo o meteorologista, outubro será o mês mais quente do ano. Além disso, as chuvas retornam, com possibilidade de tempestades e enchentes.

Há 66% de probabilidade de ocorrência de La Niña de novembro/dezembro de 2024 a março de 2025.

Mas, também há 55% de chance de um evento climático neutro se manter até o final do ano e seguir até o começo do outono de 2025.

CHUVA

As chuvas retornarão, nesta estação de primavera, em Mato Grosso do Sul. Mas, ficarão com volumes abaixo da média.

A precipitação aliviará a seca e estiagem que predominam no estado há meses e resultaram em incêndios no Pantanal Sul-matogrossense.

Com a chuva prevista, queimadas podem reduzir em intensidade e frequência nas regiões centro, sul, sudoeste e sudeste de Mato Grosso do Sul. Mas, chances de ocorrer queimadas não estão descartadas.

O período de chuvas começará com pancadas rápidas, trovoadas e descargas elétricas.

As pancadas ocorrem nas primeiras horas da tarde, prosseguem para o fim da tarde e vão até o começo da noite.

Pode haver tempestades com chuva forte, grandes volumes em curto espaço de tempo, ventos de 60-70 km/h, raios, relâmpagos, trovoadas e granizo. Pode ocorrer enchentes e inundações.

Umidade relativa do ar melhora com a ocorrência de chuvas, mas, pode atingir valores de emergência em alternância, devido à formação de áreas de instabilidade com pancadas de chuvas isoladas e ventos fortes. Valores mínimos abaixo dos 20% são possíveis entre setembro e o mês de outubro.

“Em outubro, o período de chuvas será mais dentro das médias, regular com o prognostico de chuva mais ao Sul e Central e mais irregular em todas as outras regiões. A região Norte e parte do Nordeste deve em atraso no início das chuvas ficar próximo ou ligeiramente abaixo das médias para o estado. Em novembro, há chance de enchentes e as chuvas podem ficar localmente acima das médias em algumas nas regiões do Sul e Sudoeste e dentro das médias nas regiões Norte, abaixo no Nordeste e Oeste do Estado. Pancadas de chuva, trovoadas e rajadas de ventos, até fortes surgem nos fins de tarde e à noite”, explicou o meteorologista.

CALOR

O calor será intenso, nesta estação de primavera, em Mato Grosso do Sul.

Dias serão quentes, abafados e calorentos, com temperaturas altíssimas. Segundo Abrahão, outubro será o mês mais quente do ano.

Temperaturas máximas poderão variar entre 37ºC e 44ºC, em função

da forte radiação solar e da incidência vertical dos raios solares, atingindo os maiores termômetros da história de MS.

Haverá dias muito quentes, mas com menor frequência na região centro, nordeste, oeste e leste do Estado. Ou seja, haverá dias muito quentes, mas não dias seguidos de calor intenso. A radiação ultravioleta atingirá níveis máximos durante a primavera.

VENTO

De acordo com Abrahão, ventos mais fortes e intensos podem ser identificados no Sul, Sudoeste, Sudeste e Centro do Estado, principalmente no mês de outubro e parte de novembro.

Há 90% de probabilidade em ocorrer danos consideráveis no Centro-Sul, 70% nas regiões Sudeste e Leste e de 50% nas regiões Oeste e Norte do estado causados por ventos de rajadas e pancadas muito fortes de chuvas.

A chegada de frentes associadas aos ventos fortes pode trazer também, descargas elétricas, trovoadas e pancadas de chuva associados ao granizo nesses dois primeiros meses da estação.

MATO GROSSO DO SUL

Corpo de indígena segue em perícia 24h após assassinato em MS

Peritos federais realizam o procedimento pericial no corpo de Nery no município de Ponta Porã

19/09/2024 09h59

Kaiowá morto deixa bebê de 11 meses e se junta à triste lista que já vitimou outros 3 na mesma Terra Indígena

Kaiowá morto deixa bebê de 11 meses e se junta à triste lista que já vitimou outros 3 na mesma Terra Indígena Reprodução

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Passado mais de 24 horas da morte registrada na Terra Indígena Ñanderu Marangatu na madrugada de quarta-feira (18), o corpo de Nery Ramos da Silva Guarani Kaiowá ainda segue sem liberação para ser velado por seus patrícios residentes na TI de Antônio João. 

Informações obtidas com o advogado do Conselho Missionário Indigenista apontam que até por volta de 10h da manhã de hoje (19), o corpo de Nery seguia em posse da perícia, sem previsão de quando será liberado para velório. 

Distante cerca de 280,9 km da Capital de Mato Grosso do Sul, importante destacar que a TI foi alvo de homologação ainda em 2005, anulada posteriormente no mesmo ano pelo até então Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim. 

Cabe lembrar que, a mais recente escalada de violência contra os povos originários de Mato Grosso do Sul começou no último dia 12, quando os indígenas fizeram ação para retomada da propriedade onde hoje existe a chamada Fazenda Barra, ocasião em que três acabaram feridos, como bem acompanhou o Correio do Estado

Peritos federais realizam o procedimento pericial no corpo de Nery no município de Ponta Porã.

Conflito 

Nery foi morto durante ação acompanhada por forças policiais sul-mato-grossenses, sendo que desde o primeiro momento já era apontado para uma possível execução, já que o tiro fatal teria atingido a região da nuca do Guarani Kaiowá. 

Diante da violência, o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) inclusive emitiu nota, com pedido de afastamento imediato do Policial Militar responsável pelo disparo, acionando inclusive Polícia e Ministério Público Federal, bem como Defensoria Pública da União. 

Importante ressaltar, também, que os agentes da Força Nacional não estavam na Terra Indígena, uma vez que foram destacados apenas para acompanhar membros da Coordenação Regional da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), de Ponta Porã. 

Ou seja, baseados no município de Douradina, no Mato Grosso do Sul, estavam distantes cerca de 182 km de onde aconteceu o conflito que vitimou Nery Ramos da Silva Guarani Kaiowá.  

Assassinado aos 23 anos, Neri Ramos da Silva Kaiowá deixa um bebê de 11 meses, somando-se a outros três nomes mortos desde a década de 80 nessa mesma Terra Indígena de Antônio João, sendo: 

  • 1983 | Marçal de Souza: morto em casa com 5 tiros, na Aldeia Campestre 
  • 2005 | Dorvalino Rocha: morto com 2 tiros por segurança privado de fazendas da região. 
  • 2015 | Simião Vilhalva: morto com tiro na cabeça durante conflito por terras

Briga pela terra

À espera de uma resposta há praticamente 20 anos, a derrubada da homologação em 2005 da Terra Indígena contou com apoio da atual dona da fazenda em que Nery foi morto, segundo informações da Mobilização Nacional dos Povos Indígenas. 

Roseli Ruiz é dona da fazenda que, atualmente, conta com proteção da Polícia Militar por meio de rondas, além de um pelotão designado para proteção dos proprietários e funcionários da propriedade. 

A decisão sob a qual a polícia age foi inclusive estendida, para que as forças policiais garantam o "ir e vir" dos funcionários e "proprietários" da fazenda, desde a rodovia até a sede, num percurso de mais de 10 quilômetros. 

A família Ruiz, como ressalta a Mobilização Nacional Indígena, esteve envolvida na ação de fazendeiros que, em 2015, vitimou o indígena Simeão Vilhalva, que foi baleado na cabeça em dezembro de 2015. 

Com diploma em antrologia, Roseli foi indicada pelos partidos Liberal (PL) e Republicanos, como uma "especialista" para - participar da audiência de conciliação no Supremo Tribunal Federal, marcada para o próximo dia 23, sobre a constitucionalidade do marco temporal. 

Inclusive, a advogada ruralista Luana Ruiz - filha de Roseli Ruiz e Pio Queiroz Silva, proprietários da Fazenda Barra -, como destaca o Conselho Indigenista, atua na assessoria especial da Casa Civil de Mato Grosso do Sul. 

Segundo apuração do Cimi, a advogada atuou na ação deferida pela Justiça Federal de Ponta Porã, em busca da proteção da Fazenda Barra, através da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) 

Agora, os indígenas pedem revogação dessa decisão que, segundo os indígenas, "ampara, ilegitimamente, a presença violenta da Polícia Militar no território homologado".

**(Colaboraram Alanis Netto e Daiany Albuquerque) 

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