A Travessa Batatais, localizada no Jardim TV Morena, passará a se chamar Dalton Derzi Wasilewski a partir desta quarta-feira (15). Para quem não sabe a história por trás desse nome, a mudança aparenta ser apenas mais um procedimento administrativo do município. Contudo, ela carrega uma homenagem a uma das vítimas do trânsito de Campo Grande feita a pedido da família.
Dalton andava de moto pela região do Jardim São Bento durante a noite do dia 26 de setembro de 2013 e não viu o quebra-molas que havia na Rua Luiz Dódero. Ele caiu, sofreu traumatismo craniano e não resistiu ao ferimento. Deixou esposa e dois filhos, que na época tinham 14 e 10 anos.
A placa que deveria indicar a presença da lombada estava coberta por uma árvore. Não havia pintura no asfalto. Perícia extrajudicial apontou que a altura da ondulação estava 30% acima do permitido pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran).
O município tentou culpar o motociclista, alegando falta de atenção quanto ao quebra-molas e excesso de velocidade
Em maio de 2019, o juiz Zidiel Infantino Coutinho condenou a Prefeitura a pagar R$ 30 mil de indenização à família diante das provas apresentadas. Ele concordou que houve desatenção, mas a falta de sinalização adequada também contribuiu para a morte do empresário.
Ambas as partes recorreram. O caso está parado em segunda instância, na 2ª Câmara Cível. Enquanto aguarda o desfecho, a esposa da vítima, Graziela Derzi, pediu a mudança no nome da rua. A Batatais não foi escolhida à toa. Ali vive a mãe de Dalton, que hoje tem 69 anos.
“Foi uma perda repentina demais. Ele estava dando uma volta e depois iria para casa. Ele foi criado em Campo Grande. Casamos aqui, tivemos nossos filhos aqui”, disse a mulher ao Correio do Estado.
Dalton tinha uma empresa que fornecia estrutura para eventos. Graciela ficava em casa e se dedicava aos cuidados do lar e das crianças. Quando o marido morreu, a vida dela sofreu uma reviravolta. Ela teve que aprender a administrar a companhia erguida pelo marido, e conseguiu mantê-la em pé até hoje.
“Foi bastante difícil. Ele era uma pessoa do bem, extremamente extrovertida, leve, agradável. Ele era evangélico, nossa família foi bem construída e estruturada. Tinha muitos amigos. O velório dele teve mais de mil pessoas”, lembra Graciela.
Até hoje ela evita passar no local onde o acidente aconteceu. Ela recorda que a população do bairro, na época, vinha cobrando o poder público para resolver o problema que causou a morte de Dalton. Esses relatos contam no processo. Agora, Graciela ainda espera ser indenizada, mas até lá, “o nome dele ficará eternizado naquela rua”, completa.