Incluída ao chamado Programa de Contrato de Restauração e Manutenção (Crema), via teria revestimento rígido e receberá aplicação de uma camada de micro revestimento com polímero
Após o projeto passar por alterações, a ideia de que a MS-377 seria a "primeira rodovia de concreto de Mato Grosso do Sul" parece ter sido deixado de lado.
Segundo a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seilog) e Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul), as rodovias MS-377 e MS-240 foram incluídas ao chamado Programa de Contrato de Restauração e Manutenção (Crema).
A restauração de 48 km da MS-377 é prevista há tempos, com inclusão de terceira faixa em pontos estratégicos do entroncamento da MS-320 até o município de Inocência, acesso esse que vai passar em frente à entrada da fábrica da Arauco.
Iniciativa do Banco Mundial já empregada no Brasil no final da década de 1990, o Crema foi recentemente reintroduzido graças ao crédito disponível para o setor de infraestrutura.
Segundo o Governo do Estado, o programa de restauração e manutenção do Banco Mundial para essas duas rodovias será formalizado nos próximos meses.
Através da Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Seilog) e Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul), o Governo gerido por Eduardo Riedel (PSDB) garante que o dito modelo Crema traz mais vantagens, além de garantir custos mais baixos.
Conforme o Executivo em nota em Correio do Estado, o modelo Crema assegura a restauração e a manutenção das vias por um período de 10 anos, "trazendo segurança adequada e melhor trafegabilidade".
O teste do modelo de Contrato de Restauração e Manutenção em Mato Grosso do Sul, como acompanhou o Correio do Estado à época, mirou a MS-436, rodovia que liga as cidades de Camapuã e Figueirão, concluída em 2014, mas que em menos de uma década já precisava praticamente ser refeita, com um investimento orçado em R$ 136 milhões.
"Como parte desse processo, serão realizados serviços de reparos localizados, com reperfilamento e aplicação de uma camada de micro revestimento com polímero", acrescentou o Executivo através da Seilog/Agesul em nota.
O Governo do Estado considera esses investimentos como "essenciais" para atender à demanda e fluxo de veículos que devem passar diariamente pela rodovia no trecho entre Três Lagoas e Inocência, estimado em cerca de 15 mil usuários até 2027.
"Abrindo mão"
Esse trecho da rodovia MS-377, do entrocamento de MS-320 até o município de Inocência, já ganhou destaque por parte do Governo do Estado anteriormente, justamente por ser prometido como o primeiro em Mato Grosso do Sul a ter pavimento rígido de concreto.
Anunciado no fim de maio deste ano, a tecnologia conhecida como "whitetopping" será estendida por 48 km de estrada recuperada, que até então não existia em nenhum trecho de Mato Grosso do Sul, apesar de já ser utilizada nas seguintes Unidades da Federação:
- São Paulo,
- Rio de Janeiro,
- Minas Gerais,
- Mato Grosso e
- Paraná.
Em termos de durabilidade, as promessas em cima da "whitetopping" é que a tecnologia resista por cerca de duas décadas inteiras, com qualidade da superfície, conforto de rolamento e um custo inicial competitivo.
Com um gasto mínimo de manutenção prevista, a rodovia com essa tecnologia garante segurança ao usuário e uma maior resistência ao tráfego pesado, perfeito para a região que prevê escoar por essas rodovias as plantações da região de Água Clara até a fábrica em Inocência.
Volta do Crema
Eduardo Riedel foi apresentado a essa "nova modalidade" de contrato durante viagem à capital do Estados Unidos, feita ainda no segundo semestre de 2023, indicando à época o intuito de substituir gradualmente os sistemas de lotes de manutenção para contratos no modelo crema.
“Nesse modelo do Crema, essa empresa que vai fazer a restauração é quase uma ‘micro-PPP’, ou seja, ela faz [a execução do serviço] e fica responsável pela manutenção do que ela fez”, explicou Riedel na ocasião.
Diferente das Parcerias Público-Privadas, onde os contratos chegam até cerca de 30 anos, a média da modalidade Crema costuma ser de "apenas" uma década, o que segundo o Governador é benéfico pois: "quanto menos a empresa precisar [intervir] nessa rodovia, melhor para ela”.
Criado pelo antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (Dner), que nos anos 2000 passou a ser chamado de Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), o então Programa de Restauração e Descentralização de Rodovias Federais adotou uma mudança do modelo de manutenção da malha rodoviária do País.
Na época, essa manutenção era calcada no conceito de gestão por desempenho, conforme a orientação do Banco Mundial, consistindo em ação rotineira em rodovias consideradas regulares a boas e ofertando os serviços integrados de restauração daquelas ruins a regulares.
O "novo" Crema, já adotado pelo Governo Federal como bem citado por Riedel, se destaca em alguns pontos do tradicional da década de 90, principalmente por propor uma descentralização da ações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) para a Agência Nacional de Transportes Terrestres (Antt).
“Esse programa a gente lança com o Banco Mundial, mas com uma inovação na modelagem. O governo federal já adota [o Crema] em algumas situações, mas nós vamos trazê-lo, com toda a expertise do Banco Mundial”, concluiu Riedel, em entrevista ao Correio do Estado.
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