Com o processo de licitação prestes a chegar ao fim, a reforma do trecho que ficou conhecido como "ponte gangorra" sobre o Rio Miranda, na rodovia MS-345, deve ter um desconto de apenas R$ 3 mil reais, já que o certame registrou apenas duas interessadas e a fase de propostas, de fato, não contou com disputa.
Esse dito edital, conforme divulgado na edição de hoje (04) do Diário Oficial do Governo Estado, passa agora para a fase de divulgação da análise de proposta e manifestação de recurso, agendada para às 10h de quarta-feira (05).
Com investimento previsto de R$ 3.312.721,61 para recuperar a ponte gangorra, como bem acompanha o Correio do Estado, esse certame pela Diretoria de Licitação de Obras da Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos (DLO) deve obter um desconto de exatos R$3.312,92 caso os valores apresentados até então se mantenham.
Isso porque, como consta na ata eletrônica mais recente do certame, o processo em questão só registrou duas empresas inicialmente interessadas: Norte Engenharia Ltda.; e Águia Construtora, última essa que está prestes a embolsar o contrato.
Com a concorrência aberta em 20 de outubro, foi dado o prazo para a apresentação dos documentos para habilitação antes da etapa dos lances, o que não foi cumprido dentro do período de nove dias por parte da Norte Engenharia, que teria sede no município de Itaporã, segundo consta em bancos de dados cadastrais empresariais.
Restando apenas a Águia Construtora na concorrência, já na sessão em 30 de outubro, a disputa pelo "menor preço" começou com a empresa apresentando a proposta inicial de R$3.312.721,41, valor vinte centavos abaixo do "teto" previsto pela Agesul.
Com a solicitação do agente para que a licitante melhorasse a proposta, o desconto obtido junto à empresa foi de apenas R$3,3 mil, com a licitação mantendo-se ainda na casa dos 3,3 milhões de reais.
Entre licitações estaduais, o nome "Águia Construtora Ltda." aparece ligado à pavimentação asfáltica e drenagem de águas pluviais e adequação hidráulica na MS-395 por R$ 252 mil, em Bataguassu; e pela construção de ponte do concreto armado sobre o Rio Iguatemi, com um contrato de R$ 988.032,45.
Entenda
Idealizada para encurtar em 40 quilômetros a distância entre Campo Grande e Bonito, a ponte sobre o Rio no distrito de Águas de Miranda não suportou o aumento do fluxo de veículos pesados e teve de ser parcialmente interditada no início de setembro deste ano.
No local, assim que um veículo pesado chegava até uma das extremidades era gerado uma espécie de "degrau" do outro lado, obstáculo que passava de meio metro de altura.
Esse trecho é parte de um investimento total de R$340 milhões, para pavimentação de 100 km em ligação de Anastácio até Bonito, alternativa para o motorista que saía de Campo Grande e antes dessa obra precisava seguir por Sidrolândia, Nioaque, Guia Lopes da Laguna (Jardim) e enfim chegar ao município turístico.
Ou seja, encurtando cerca de 40 quilômetros, essa rota a partir da Capital passou a ser por Terenos, entrando à esquerda em Aquidauana e, alguns quilômetros depois, é necessário entrar à direita rumo ao distrito de Águas de Miranda e seguir até Bonito pela estrada.
Com orientação da Agesul à época de que a ponte aguentaria apenas veículos com até 40 toneladas, o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) chegou a fazer um sistema de pare e siga na travessia e limitando a velocidade dos veículos.
Antes disso, porém, a "gangorra" fez suas vítimas, como no caso de Rodolfo Souza Gonçalves, de 44 anos, morador da região há 27 anos, que fez um vídeo mostrando o veículo que teve os quatro pneus furados ao enfrentar o degrau. Por conta da violência da pancada, até os air-bags da picape abriram.
Segundo Janaína Quintão, moradora do distrito, a gangorra surgiu inicialmente há cerca de um ano, quando foram feitos alguns reparos. Porém, há cerca de quatro meses, com o aumento do tráfego, a situação piorou e foi denunciada incontáveis vezes. Porém, alguma providência só foi adotada depois que um motorista estourou os quatro pneus ao enfrentar o degrau.
O incidente ocorreu e: “depois disso as autoridades finalmente reconheceram que o problema existe. Poderia ter acontecido algo muito mais grave. Se ele estivesse em alta velocidade, poderia ter caído da ponte e poderia ter morrido", diz a mulher.
**(Colaborou Neri Kaspary)


