Cidades

Terceirização de Ouro

STJ manda Ministério Público de MS entrar em operação contra corrupção no TCE-MS

Cópia da investigação que afastou de seus cargos três conselheiros do Tribunal de Contas do Estado será enviada ao MPMS

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ), que afastou na quinta-feira (8) três dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS), por corrupção, determinou que o Ministério Público estadual mova uma ação cível para suspender e anular o contrato de serviço firmado entre a empresa Dataeasy Consultoria e Informática Ltda e a Corte Fiscal. 

Pelas investigações conduzidas pela Polícia Federal, pela Receita Federal, pela Controladoria-Geral da União e pelo Ministério Público Federal (MPF), a empresa em questão pagava propina aos conselheiros, que, em troca, permitiam que a Dataeasy vencesse milionários processos licitatórios.

Estimativa dos investigadores indica que, de 2018 para cá, a empresa em questão recebeu em torno de R$ 100 milhões.

O MPF pediu e o STJ afastou por seis meses os conselheiros Iran Coelho das Neves (presidente do TCE-MS), Waldir Neves Barbosa e Ronaldo Chadid, além de determinar o uso de tornozeleiras eletrônicas. Eles nem sequer podem, durante o período fixado pela Corte, se aproximar do prédio do TCE-MS, situado no Parque dos Poderes, em Campo Grande.

Em trecho da decisão do ministro do STJ Francisco Falcão, ele diz que detalhes e documentos das investigações que implicaram os conselheiros sejam compartilhados “de todas as provas obtidas com o Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) para que este adote as medidas judiciais cíveis cabíveis, tais como a propositura de ação civil para a anulação e a suspensão do contrato entre o TCE-MS e a Dataeasy, a propositura de ações de improbidade, ressarcimento e outras que se entender cabíveis”.

Ou seja, além das investigações contra os conselheiros, o MPMS deve pedir que eles devolvam o que teriam recebidos como propina para fraudarem processos licitatórios.

Pelas investigações do MPF, os conselheiros teriam praticados crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitações, fraude na execução de contratos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

DETALHES

Partes das investigações que devem ser compartilhadas com o MPMS e que podem complicar ainda mais a situação dos conselheiros têm a ver com a participação no esquema de dois servidores do TCE-MS, que também foram afastados de seus cargos.

Diz trecho da apuração: “Observou-se que dois servidores do TCE-MS [Douglas Avedikian e Parajara Moraes Alves Júnior] tiveram participação em diversas etapas sensíveis do processo, o que configurou aparente ofensa ao princípio da segregação de funções”.

De acordo com o MPF, “os dois servidores eram responsáveis pelos atos iniciais da contratação e atuaram também como fiscais e gestores do contrato da Dataeasy, o que parece ter afrontado o princípio da segregação de funções, o qual busca impedir que uma mesma pessoa seja responsável por mais de uma atividade sensível nos processos de trabalho, sem o devido controle”.

DINHEIRO

O Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul, com a decisão do STJ, deve ouvir os três conselheiros e saber deles a razão de terem guardado em casa e na casa de uma assessora 
R$ 1,6 milhão em espécie.

Em depoimento ao MPMS, um dos conselheiros disse que guardava o dinheiro há 20 anos e que o motivo seria quitar dívidas com ex-mulheres com as quais teve filhos.

COMPARTILHAMENTOS

Além de determinar o compartilhamento das informações de documentos que sustentaram o afastamento dos três conselheiros do TCE-MS, o STJ também tomou uma decisão que deve complicar a vida de um gerente do banco Itaú, cujas ações podem ter contribuído com o esquema da partilha de dinheiro envolvendo a empresa Dataeasy e os investigados.

“Autorizo, ainda, o compartilhamento com o Banco Central do Brasil e com o Conselho de Controle de Atividades Financeiras das informações relacionadas à omissão de prestação de informações aos órgãos reguladores identificadas no curso da presente apuração, envolvendo a denominada ‘Transação 241’”.

O caso em questão envolve o gerente do banco Emerson Araújo, que, segundo a investigação “recebia os cheques da Dataeasy na agência Itaú 5606 [que fica em Brasília] e os registrava como Transação 241”.

Neste tipo de transação, o bancário apenas compensava o cheque, mas, depois, realizava um saque na conta e acabava por inviabilizar o rastreamento do dinheiro via mecanismos como o Conselho de Controle de

Atividades Financeiras (Coaf), que examina e identifica as ocorrências suspeitas e comunica às autoridades competentes quando conclui pela existência de crimes de lavagem de dinheiro e ocultação de bens, direitos e valores.

Por meio dessas operações (Transação 241), foi sacado R$ 1,3 milhão.

A OPERAÇÃO

A operação que afastou os conselheiros do TCE-MS, batizada de Terceirização de Ouro, ocorreu na quinta-feira e foi conduzida pela Polícia Federal, pela Receita Federal e pela Controladoria-Geral da União.

Os policiais cumpriram ao menos 30 mandados de busca e apreensão, um deles no prédio do TCE-MS, em Campo Grande, onde ficaram atrás de provas por ao menos sete horas.

Com o afastamento do presidente da Corte Fiscal, Iran Coelho das Neves, assumiu o vice, Jerson Domingos. Conforme a assessoria do TCE-MS, assumem as vagas dos afastados auditores-fiscais do Tribunal.


 

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Tudo por Like

Influencer "Cata Click" afirma ter caído em uma armação

Jovem que invadia comércios com a moto alega ter sido vítima de perseguição e promete provar na Justiça

20/09/2024 18h20

Reprodução: Instagram

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O motociclista e influencer que ficou conhecido por invadir lojas com sua motocicleta afirmou, por meio de suas redes sociais, ter sido vítima de uma tocaia.

Após ter sido abordado durante uma de suas “pegadinhas”, em que invadiu uma concessionária, Leonardo Coenga, conforme noticiado pelo Correio do Estado, foi abordado pelo Batalhão de Trânsito da Polícia Militar. 

Para provar a teoria de que tudo não passou de uma armação, o influencer chegou a alegar que imagens das câmeras do circuito interno da concessionária eram instalações feitas para “pegá-lo no pulo”.

“Eles mesmos armaram o flagrante ‘contra mim mesmo’. E ainda as pessoas querem julgar, querem falar”, disse Leonardo e completou:

“Eu vou fazer um vídeo da reportagem que fizeram e vou desmentir todas as mentiras que falaram lá. Tanto do policial também, não tenho nada contra ele, mas das informações erradas que ele passou.”

O policial, segundo o influencer, teria dito que a moto estava com restrição de transferência e explicou que ainda está pagando prestações; portanto, está alienada em nome do banco.

O jovem manifestou chateação com a polícia nas palavras dele: “Eles podiam estar ocupados com ocorrências de tráfico de drogas, mas estavam ocupados com o influencer de 21 anos”.

Além disso, em dado momento, recordou ter combinado com uma conta que acreditou ser da concessionária sobre a invasão com a moto.

“Quando aconteceu lá, eu falei a todo momento: 'Senhor, está tudo combinado com o gerente da loja'. Um perfil fake falou que eu tinha autorização.”

Entenda

Após um comerciante que teve o espaço invadido registrar a placa da moto, o criador de conteúdo digital entrou no radar da polícia. Na manhã de terça-feira (17), após invadir uma concessionária de moto na Capital, ele sofreu uma abordagem.

O subcomandante Everton Miller Franco afirmou que, há 10 dias, a equipe vinha recebendo denúncias anônimas que contavam a mesma história: um motociclista invadiu comércios com a moto, gravando vídeos e fazendo brincadeiras, alegando ter confundido o local.

“Eu sou novo, tenho 21 anos. Meu público, você que tem 30, 40 ou talvez 50 anos que me assiste, quando tinha 20 anos, nunca fez bobagem na sua vida? Cara, eu estou em um processo de amadurecimento. Tenho 21 anos, isso que as pessoas têm que entender, têm que perceber que estou na fase de vivência”, justificou o influenciador.

** Colaborou Alicia Miyashiro

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FAMÍLIA TENTOU IMPEDIR

Casal com deficiência consegue autorização judicial para namorar

Pais da jovem de 24 anos, que tem deficiência psicomotora, entraram na justiça para impedi-la de namorar um rapaz deficiente visual

20/09/2024 18h00

Família de jovem entrou com ação para impedir namoro com rapaz deficiente visual

Família de jovem entrou com ação para impedir namoro com rapaz deficiente visual Foto: divulgação

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Um casal de jovens, sendo um rapaz de 22 anos com deficiência visual, e uma mulher de 24 anos com deficiência neuropsicomotora, conseguiram autorização judicial para namorar, após os pais da menina moverem ação para impedir o relacionamento.

De acordo com a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, o conflito começou quando a jovem saiu da aula e foi até a casa do namorado, quando deveria ter ido para a casa dos pais.

Pai e mãe registraram boletim de ocorrência, alegando que a filha teria sido impedida de voltar para casa, e também moveram ação judicial questionando e pedindo a interrupção do namoro.

Quando os pais tentaram levá-la de volta para casa, ela expressou o desejo de ficar com o namorado. Mesmo assim, a família se recusou a recebê-la de volta caso o rapaz estivesse presente.

A filha, por sua vez, demonstrou receio de ser forçada a permanecer na casa dos pais e não conseguir voltar para o namorado, o que gerou um conflito que levou ao processo judicial.

Em decisão liminar, foi determinado que a jovem deveria obrigatoriamente retornar para a casa da família.

Decisão questionada

O rapaz, então, procurou a Defensoria Pública, após a‌ namorada ser retirada a força de sua residência.

Conforme a defensora pública da comarca, Janaína de Araújo Sant’Ana, responsável pela defesa do rapaz, disse que o caso se destaca por sublinhar a importância do respeito à autonomia das pessoas com deficiência.

“Não é um atendimento frequente em nosso cotidiano, por isso, demanda uma escuta com maior atenção, respeito e compreensão ao assistido e às peculiaridades do caso”, explicou.

A Defensoria apresentou uma contestação, destacando que a jovem havia ido à casa do namorado por vontade própria e que os pais dele a trataram com respeito, inclusive levando-a ao médico e cuidando de suas necessidades de saúde.

Diante disso, a Defensoria Pública solicitou uma reconvenção para regularizar o direito de convivência do casal, argumentando que o caso feria o Estatuto da Pessoa com Deficiência, que garante a autonomia e capacidade legal de pessoas com deficiência em condições de igualdade com os demais.

Em um laudo psicossocial, a jovem alegou que os pais não aceitavam o relacionamento devido à deficiência visual do namorado.

“Assim, após ouvir o assistido e analisar o caso concreto, (dois jovens, que se conheceram na escola, ele com 22 anos pessoa com deficiência visual, ela com 24 anos pessoa com atraso neuropsicomotor, alteração mecânica e de aprendizado que não a impede de manifestar sua vontade), foi possível perceber que os direitos do assistido e de sua namorada estavam sendo violados, e propor a medida judicial adequada”, disse a defensora Janaína Sant’Ana.

A Justiça reconheceu os direitos do casal e concedeu uma liminar permitindo que o casal se encontrasse nos fins de semana, com horários determinados.

No julgamento do mérito, uma sentença final ampliou o tempo de convivência e reconheceu o direito ao relacionamento entre os dois.

“A sentença é recente, mas antes, já tinha sido concedida a liminar, e os pais da moça, apesar de discordarem, estão cumprindo a liminar”, concluiu defensora Janaína.

* Com assessoria

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