Cidades

terras indígenas

Supremo aprova indenização a produtor rural e abre caminho para pacificar o campo

Após derrubar tese do marco temporal para demarcações, ministros do STF decidiram que proprietários receberão pelas áreas

Continue lendo...

O Supremo Tribunal Federal (STF) encerrou ontem o julgamento do marco temporal para demarcação de terras indígenas, rejeitando a tese que queria limitar à data de promulgação da Constituição Federal o período para que uma área fosse considerada indígena. Os ministros também aprovaram novas diretrizes para serem aplicadas pelo Judiciário em casos de disputas de terras, entre elas, a indenização a proprietários de boa-fé.

A nova tese aprovada pelo STF diz que proprietários de terras que ocupam os espaços de boa-fé, ou seja, que adquiriram terras de forma legal, têm direito a indenização, a ser paga pela União, tanto por benfeitorias quanto pela terra nua.

A indenização vale para proprietários que receberam dos governos federal e estadual títulos de terras que posteriormente foram consideradas como áreas indígenas.

Este processo de indenização, conforme leitura da tese pelo relator, ministro Edson Fachin, será realizado à parte do processo de demarcação das terras indígenas, assim como o ministro Cristiano Zanin sugeriu em seu voto.

A tese, de repercussão geral, também diz que a indenização não alcança terras já pacificadas, declaradas e reconhecidas como indígenas, com ressalva aos casos judicializados.

Para advogado especialista em processos relativos a conflitos agrários Newley Amarilla, a aprovação da indenização é algo que ajudará a pacificar o País.

“Você admitir uma indenização como condição para o desalojamento destes proprietários cujas terras foram abrangidas por demarcações, desde que eles não tenham obtido [as terras] de maneira ilegal, é uma questão de pacificação do País”, declarou Amarilla.

O jurista aponta uma série de erros que começaram, inclusive, antes do surgimento do Estado, ainda na guerra contra o Paraguai, quando o governo brasileiro incentivou a ocupação de terras que não eram produtivas para que o país vizinho não tomasse posse dos locais. 

“A União tem de assumir seu papel, que é de quem criou o problema lá atrás”, comentou o advogado.
De acordo com Guilherme Bumlai, presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul (Acrissul), a decisão do STF não atende ao anseio dos produtores rurais com propriedades que estão dentro do processo de demarcação de terras indígenas. 

“O problema é que a decisão, durante a modulação de sentença, criou uma sistemática que aparta a indenização do processo de demarcação. É um processo que pode demorar anos. O produtor sai de sua propriedade, perde sua fonte de renda à espera de um pagamento que ninguém sabe quando vai ocorrer”, avaliou Bumlai.

Em entrevista ao Correio do Estado, o secretário-executivo do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Luiz Eloy Terena, informou que o recém-criado gabinete de crise também deverá propor formas de indenização aos proprietários de terras demarcadas, nos moldes estabelecidos pelo STF.

“O Ministério dos Povos Indígenas vem tratando a demarcação com muita seriedade, fazendo as conversas necessárias com a bancada federal, inclusive com os setores representantes do agronegócio, e, a partir dos parâmetros definidos pelo STF, vamos começar a trabalhar, sim, com a efetivação de um instrumento para o pagamento das indenizações”, declarou Luiz Eloy Terena.

A reportagem também procurou a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) para saber o posicionamento da entidade, mas foi informada de que o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni, que também preside a Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), e o advogado da Famasul, Gustavo Passarelli, farão uma coletiva de imprensa hoje para comunicar o posicionamento da instituição a respeito do marco temporal.

SENADO

Paralelo à discussão no Supremo, o plenário do Senado aprovou, ontem, o texto-base do projeto de lei do marco temporal para a demarcação de terras indígenas, a mesma que foi derrubada pelo STF.

A aprovação, por 43 votos a 21, ocorreu menos de cinco horas depois da discussão na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), em que o placar foi de 16 votos a 10. 

Senadores ainda devem discutir sugestões que podem modificar pontos do texto. O projeto foi aprovado pela Câmara dos Deputados em maio, com apoio da bancada ruralista.

Mesmo com a tese do marco temporal sendo declarada inconstitucional pelo Supremo por 9 votos a 2, os ruralistas defendem que ela deveria ser aprovada para resolver as disputas por terra e dar segurança jurídica e econômica.
Para o ruralista Guilherme Bumlai, o ideal para o setor é o que prevê o projeto de lei aprovado pelo Senado Federal, que deve ir à sanção presidencial. “A nova lei resolve definitivamente a questão do marco temporal e dá mais segurança jurídica tanto para indígenas quanto para produtores rurais”, finalizou.

GABINETE DE CRISE

O grupo criado pelo Ministério dos Povos Indígenas para relatar violências e violações de direitos dos guarani-kaiowá presentes na região sul de Mato Grosso do Sul também dialogará sobre o avanço na demarcação dos territórios indígenas como uma medida concreta na pacificação dos conflitos no Estado.

De acordo com o secretário executivo do MPI, Eloy Terena, já existe nesse gabinete uma iniciativa para a retomada de demarcações de terras indígenas na região do cone sul de MS.

“O MPI, junto da Funai, está fazendo uma força-tarefa para que equipes do grupo de trabalho liderado por antropólogos retornem a campo para concluir estudos demarcatórios. Isso já está na previsão para ser disponibilizado recurso ainda neste ano de 2023”, informou Eloy Terena ao Correio do Estado.

Esse gabinete terá a participação da ministra Sônia Guajajara, além da Secretaria de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas, da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e de membros convidados de diversas entidades e do governo do Estado de Mato Grosso do Sul.

Polícia

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado desde os anos 80 morre em confronto com Derf

Ele já havia sido preso várias vezes por crimes de roubo, porte de arma e latrocínio

15/07/2025 17h45

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado dos anos 80 morre em confronto com DERF

Com mais de 120 anos em penas a cumprir, procurado dos anos 80 morre em confronto com DERF Divulgação/PCMS

Continue Lendo...

Um homem de 65 anos, identificado como Luis Cesar Santos, morreu na manhã de hoje (15) após entrar em confronto com a Polícia Civil de Campo Grande.

O suspeito era investigado por crimes decorrentes de 19 ações penais que, juntas, somavam mais de 120 anos de prisão a serem cumpridos. 

De acordo com a Delegacia Especializada em Repressão a Roubos e Furtos (DERF), a maioria dos crimes cometidos por Luis eram de roubo e porte ilegal de arma de fogo, mas ele também havia sido responsável por um latrocínio, isto é, roubo seguido de morte, na década de 80 em Campo Grande, época marcada por uma onda de assaltos na cidade. 

Na época, ele foi preso pelo crime. Mais tarde, foi o responsável por uma fuga da prisão onde teria rendido os agentes penitenciários e o atual juiz corregedor, utilizando uma arma de fogo, mas foi capturado logo em seguida. 

A DERF afirma que o homem foi preso diversas vezes, inclusive em outros estados do país, onde conseguiu escapar na maioria das vezes, além de ter se envolvido em outros confrontos policiais e reagido às prisões. 

Segundo a Polícia, o homem já era procurado por causa do seu “currículo criminal”. Os policiais teriam identificado nesta terça-feira um imóvel suspeito no bairro Sayonara, em Campo Grande, onde ele poderia estar escondido. 

Ele foi abordado à distância pela polícia, como uma forma de minimizar possíveis riscos visto o histórico violento do sujeito.

Porém, ao ser abordado, ele reagiu com um revólver, sendo atingido logo depois. Ele chegou a ser encaminhado para a Santa Casa municipal, mas foi a óbito. 

Uma outra equipe policial se dirigiu até a residência do suspeito onde encontraram sua parceira, de 61 anos, que também possuía mandado de prisão em aberto pelo estado de Rondônia por tráfico de drogas.

A mulher foi presa e conduzida até a sede da DERF, onde aguarda transferência para outra unidade prisional. 
 

MENOS ARMAS

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS

Os números apresentados representam uma queda de 87% nos registros dos CACs em um período de dois anos

15/07/2025 17h30

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS

Após alta em 2022, número de registros de CACs despenca em MS Foto: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Continue Lendo...

A Polícia Federal divulgou nesta terça-feira (15), dados estatísticos relacionados a colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (CACs), que mostrou que, de 2022 para 2025, o número de novos registros de CACs despencou drasticamente em Mato Grosso do Sul. Conforme o levantamento, em 2022, foram 8.866 registros, e dois anos depois, em 2024, o número caiu para 1.153. Até agora, em 2025, foram apenas 568.

Os números apresentados representam uma queda de 87% nos registros dos CACs em um período de dois anos. Os dados têm origem na base de dados fornecida pelo Exército Brasileiro, que era responsável pelos registros até o dia 30 de junho de 2025.

A partir de 1° de julho, após decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), por meio  do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), a fiscalização passou para a Polícia Federal (PF), que passará a atualizar os dados com base nas informações registradas em seus próprios sistemas.

O levantamento divulgado levou em consideração os registros de armas para colecionadores, atiradores desportivos e caçadores desde 2001, e mostrou que, desde então, 2022 foi o ano com mais registros de CACs até agora. 

Cabe ressaltar que, 2022 foi o último ano em que Jair Bolsonaro esteve a frente da presidência da república. O ex-presidente era conhecido desde que assumiu o poder por facilitar o acesso da população civil às armas. Em 2018, ano em Bolsonaro foi eleito, havia apenas 164 armas registradas em nome dos CACs em Mato Grosso do Sul, número que, de acordo com os dados da PF só aumentou com o passar dos anos. Veja:

  • 2019: 940 registros
  • 2020: 1999 registros
  • 2021: 4600

Levando em consideração os dados ano a ano, de 2019 para 2022, o aumento no número de registros variou entre 112% a 130%. Já nos primeros 6 meses de 2025, foram 568 registros, um aumento de 180 se comparado ao mesmo período do ano anterior.

QUEDA

A queda drástica no cadastro de novas armas de fogo por civis ocorreu após o atual governo federal ter adotado medidas para tentar desarmar a população e diminuir a violência no país. Isso porque, em julho de 2023, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva assinou um decreto que reduz o número de armas e munições em posse de civis.

Também foi editado um decreto que aumentou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre armas de fogo, munições e aparelhos semelhantes.

Em 2024, O Ministro da Justiça e Segurança Pública da época, Flávio Dino, se manifestou sobre essa queda nos registros de armas de fogo por civis, e relacionou com a diminuição de 6% no número de assassinatos divulgada naquele ano.

“Isso prova cientificamente que não é a proliferação irresponsável de armas que enfrenta a criminalidade, e sim polícias equipadas, preparadas tecnicamente, com planejamento adequado. Sem esquecer, claro, o principal para novas e sustentáveis conquistas: políticas de justiça social, a exemplo de escolas de tempo integral”, escreveu.

ARMAS

Os dados divulgados pela Polícia Federal, trouxeram ainda estatísticas sobre armas registradas por colecionadores, atiradores desportivos e caçadores, com filtros por unidade da federação, categoria, tipo de certificado, calibre e tipo da arma.

Em Mato Grosso do Sul, atualmente são 22.846 caçadores, 16.181 atiradores desportivos e 632 colecionadores, somando um total de 39.659 registros. Além disso, os armamentos mais comuns são pistolas, com13.229 registros, carabinas, com 13.123 registros, revólvers, com 7.683 registros e espingarda, com 5.583 registros.

FISCALIZAÇÃO

A decisão de mudar o comando da fiscalização aconteceu após uma reunião de oficiais do Exército Brasileiro com delegados da Polícia Federal, que aconteceu em maio. A medida estava em tramitação desde 2023 e é considerada peça-chave para frear a disseminação desenfreada do armamento na mão de civis, que foi alvo de críticas do Partido dos Trabalhadores (PT) durante todo o governo Bolsonaro.

Depois do encontro, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), informou que foram destinados R$ 20 milhões para a PF assumir a responsabilidade. "Vamos criar Delegacias de Controle de Armas nas capitais de todos os estados e no Distrito Federal e 96 Núcleos de Controle de Armas em delegacias federais no interior do país, totalizando 123 estruturas”, disse o secretário-executivo do ministério, Manoel Carlos de Almeida Neto.

A substituição do Exército já havia sido determinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em decreto assinado em julho de 2023, que proibiu ainda a venda de três tipos de armas de fogo para cidadãos comuns e agora ficam restritas apenas para as forças de segurança.

O documento previa que a nova responsabilidade da PF, de emissão do registro e a fiscalização das licenças dos CACS, começaria em 1º de janeiro de 2025, No entanto, a corporação pediu a prorrogação do prazo por seis meses, por causa da falta de recursos e para poder terminar a capacitação dos agentes.

Com o termo aditivo ao acordo, assinado pelos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e José Múcio Monteiro (Defesa), o prazo final para a conclusão do processo foi fixado em 1º de julho de 2025.

A transferência das responsabilidades para a Polícia Federal está baseada no Decreto nº 11.615, de julho de 2023, que determina que a entidade passe a cuidar da autorização, controle e fiscalização de armas, munições e acessórios usados para caça excepcional, tiro esportivo e colecionamento de armas.

Assine o Correio do Estado.

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).