O Ministério da Saúde anunciou a compra de 1,8 milhão de doses de vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR), que serão entregues e distribuídas no Sistema Único de Saúde (SUS).
A distribuição da vacina na rede pública de saúde para proteção de gestantes e bebês começa na segunda quinzena de novembro e, até dezembro, distribuirá mais 1 milhão para todo SUS.
Assim que receberem a vacina, estados e municípios podem a organizar o calendários locais, com aplicação nas unidades básicas de saúde e pontos de vacinação de cada região.
Além disso, o ministro da Saúde assinou uma parceria de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a farmacêutica Pfizer, para que o Brasil passe a produzir o imunizante.
Garantir que o SUS forneça acesso da população a medicamentos e tratamentos é visto pela pasta como fundamental, considerando a vulnerabilidade do país na oferta de insumos durante a pandemia de Covid-19.
Outro ponto analisado são os recentes episódios relacionados ao tarifaço imposto pelo presidente americano Donald Trump às exportações brasileiras, que reforçam a importância da soberania do SUS.
“Nós vamos incorporar ao sistema de saúde uma vacina contra o vírus sincicial respiratório, fruto de uma cooperação coordenada pelo Ministério da Saúde com o Instituto Butantan, uma instituição pública, com o governo do estado de São Paulo, governado por um partido diferente, e com uma indústria que tem sede nos Estados Unidos”, afirmou o ministro Alexandre Padilha e completou:
“Nada disso é obstáculo para que nós, do SUS, do Brasil, do governo brasileiro, sob a liderança do presidente Lula, construamos esse arranjo, essa Parceria para o Desenvolvimento Produtivo, assinemos o contrato e possamos oferecer ainda este ano, de graça, às gestantes brasileiras. É uma proteção dupla: protege a gestante e o recém-nascido. E, ao mesmo tempo, garante transferência de tecnologia, incorporação de inovação e geração de emprego, renda e conhecimento ativo no nosso país".
O que é vírus sincicial respiratório?
O médico Manoel Cordeiro, ginecologista e obstetra, explicou ao Correio do Estado que o VSR foi identificado pela primeira vez em 1955, em chimpanzés, e, pouco depois, foi reconhecido como causa de doença respiratória em crianças, especialmente a bronquiolite viral aguda.
“Desde então, esse patógeno tem se destacado no cenário mundial como uma importante causa de infecções respiratórias agudas (IRAs) em lactentes e crianças menores de 5 anos, com maior concentração de casos graves entre os lactentes jovens, menores de 6 meses”, explicou Manoel.
Conforme o especialista, o VSR, causador da bronquiolite, é um vírus extremamente contagioso e pode ser perigoso para bebês recém-nascidos e crianças pequenas, principalmente os prematuros, com menos de 6 meses, com doença pulmonar crônica ou cardiopatia congênita.
Quem são os mais impactados pelo VSR?
“O VSR tem impacto negativo significativo na saúde dos adultos, sendo o terceiro vírus mais prevalente em infecções respiratórias em idosos e o responsável por quadros de exacerbação de patologias respiratórias crônicas. As taxas de morbidade e mortalidade podem ser maiores que as da influenza nesta população, e o tempo de internação varia de caso a caso”, explicou o médico.
Vacina
Atualmente, a vacina é ofertada somente na rede particular (com preço acima de R$ 1.700) para gestantes e idosos, assim como a imunoglobulina específica para recém-nascidos. Com o acesso dos pacientes à vacina no SUS, o sistema de saúde deve desafogar.
A vacina é bivalente, ou seja, protege contra os dois principais tipos de VSR: A e B. Ela contém proteínas F do vírus em uma forma especial que estimula o organismo a produzir os anticorpos mais potentes para impedir a infecção. Quanto maior a quantidade desses anticorpos no sangue, menor o risco de doença. A eficácia da vacina nos primeiros 90 dias é de 81,8%.
Quem pode tomar a vacina?
- Gestantes entre as 24 e 36 semanas de gestação
- Indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos
Internações e óbitos
A Secretaria de Estado de Saúde (Ses) informou por meio de nota, que até 10 de setembro, foram registrados 1.904 de hospitalização confirmados como Vírus Sincicial Respiratório (VSR), segundo dados do Sivep-Gripe, sistema oficial do Ministério da Saúde.
Desse número de internações 1.131, foram de crianças menores de 1 ano de idade, público considerado como mais vulnerável para desenvolver quadros graves da doença.
A Capital sul-mato-grossense liderou o número de internações sendo 586 casos de VSR neste período.
Óbitos por VSR
- 17 menores de 1 ano;
- 17 pessoas com 80 anos ou mais;
- Ocorrências em outras faixas etárias.
"A SES destaca que a chegada da vacina contra o VSR ao SUS (Sistema Único de Saúde) representa um marco importante para a saúde pública. A imunização da população infantil contribuirá para a redução do número de internações e óbitos, além de aliviar a pressão sobre os leitos hospitalares durante o período de maior circulação viral”, disse a pasta e completou:“A vacina contra o VSR é aguardada com expectativa tanto pela população quanto pelas equipes técnicas de saúde, que reconhecem seu potencial de impacto positivo na morbimortalidade,especialmente em crianças menores de 1 ano, faixa etária mais afetada pela doença”.




