Cidades

Megafábrica de celulose

Terceirizadas da Suzano aplicam calote de R$ 9,2 milhões em Ribas do Rio Pardo

Empresas não pagaram pelo aluguel de máquinas usadas no canteiro nem mesmo os pintores alpinistas da indústria

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As empresas terceirizadas pela Suzano para construir o Projeto Cerrado, uma megafábrica de celulose em Ribas do Rio Pardo que será a maior do mundo quando inaugurada, aplicaram um calote de pelo menos R$ 9,2 milhões em seus fornecedores.


A quantia tem origem nos processos de cobrança ou reparação de danos ajuizados pelos fornecedores que não receberam das terceirizadas da Suzano para construir a fábrica, a qual está praticamente pronta e que deve ser inaugurada no mês que vem.


Os contratados da Suzano começaram a aplicar os calotes no fim do ano passado, conforme apurou o Correio do Estado. Após contatos, atrasos em pagamentos e negociações malsucedidas entre terceirizados e fornecedores, os processos judiciais começaram.


As ações se concentram basicamente em duas contratadas da gigante mundial da celulose: a Enesa S.A., que é apontada pela GD Fabricação e Montagem de Equipamentos Industriais Ltda. como devedora de R$ 7 milhões em danos materiais, lucros cessantes em contrato e mais indenização por dano moral; e a VBX Transportes, que já acumula uma dívida judicializada de pelo menos R$ 3 milhões referente ao aluguel de máquinas, equipamentos e caminhões para uso no canteiro de obras.


O Correio do Estado investigou que a dívida da VBX deve passar dos R$ 3 milhões, pois há débitos ainda não ajuizados, sobretudo com pequenos comerciantes de Ribas do Rio Pardo, envolvendo a compra de combustível, alimentação e hospedagem de seus funcionários.


A Suzano já temia um calote da VBX, tanto é que, no ano passado, a empresa efetivou o pagamento do salário dos contratados de sua terceirizada. Os proprietários das máquinas, contudo, ainda não conseguiram receber.


Até o momento, na comarca de Ribas do Rio Pardo, três empresas foram à Justiça contra a VBX: a Locatruck alega ter R$ 132,2 mil para receber da fornecedora; a LOB Terraplanagem, outros R$ 120 mil; e Sérgio Claudemir Papa, cujo dono é empresário do interior de São Paulo, mais R$ 452,4 mil. 


Há também o caso de uma empresa de Minas Gerais que ajuizou contra a VBX na Justiça mineira pedindo o bloqueio de R$ 1,5 milhão para o pagamento da dívida.


A VBX chegou a abrir uma pessoa jurídica em Mato Grosso do Sul para se beneficiar dos incentivos fiscais. Na verdade, ela é do interior de MG e já atuou em vários empreendimentos da Suzano Brasil afora.


“Trabalho com eles [VBX] há pelo menos cinco anos, e é a primeira vez que ficaram devendo, não pagaram. Está tudo muito estranho ainda,” disse um empresário que preferiu não se identificar, porque ainda tem a esperança de receber os R$ 1,5 milhão por ter colocado 10 máquinas no canteiro de obras do Projeto Cerrado.

Pintura com alpinistas


A GD foi contratada em 24 de novembro de 2022 para executar o serviço de jateamento e pintura, inclusive com a mão de obra de pintores alpinistas. Eles eram necessários em função das dimensões colossais da fábrica, que exigiu da Suzano mais de R$ 22,5 bilhões em investimentos e foi o maior canteiro de obras do Brasil de 2021 para cá.


Empresa que atuou na construção da fábrica da Suzano e recebeu o calote de uma das terceirizadas, a Enesa assumiu o compromisso de executar os serviços de tubulação e suporte de tubulação, compreendendo a fabricação, o jateamento e a pintura de suportes primários e secundários, suporte de tubulação em aço inox, fabricação de trechos de spool de tubulação e prestação de serviços de jateamento e pintura de tubulação.


Na Justiça, a GD cobra a reparação de R$ 1,357 milhão em danos materiais da Enesa, da Andritz Brasil e da Suzano. Também postula por R$ 400 mil em danos morais.A subcontratada para a construção da megafábrica de celulose da Suzano em Ribas do Rio Pardo ainda reivindica R$ 5,34 milhões em lucros cessantes, elevando o valor total da ação para R$ 7,09 milhões.


Outro lado


O Correio do Estado tentou contato com a VBX, a Enesa e a Andritz Brasil. Nenhuma das empresas atendeu às ligações da equipe de reportagem. A Suzano informou que “honra todos seus compromissos com prestadores de serviços”. 


A empresa ainda afirmou que não tem visibilidade, tampouco obrigação legal, quanto a supostos débitos de empresas terceirizadas e quarteirizadas.

“Além disso, não tem como acompanhar e controlar as negociações comerciais ou concessão de crédito para tais empresas prestadoras de serviço, bem como fiscalizar, participar de negociações comerciais ou se responsabilizar por tais pagamentos”, ponderou. 


A Suzano ainda disse que tem realizado campanhas voltadas às empresas locais, para conscientizar comerciantes e prestadores de serviços sobre os cuidados em negociações, e que não autoriza que empresas utilizem o nome dela para tal fim.

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"MEGA OPERAÇÃO"

Indígena é morto durante ação da PM no interior de MS

Terra indígena de Antônio João foi atacada horas após protocolado "socorro" ao Ministério da Justiça

18/09/2024 08h42

Representantes buscam ajuda federal para retirada do corpo de

Representantes buscam ajuda federal para retirada do corpo de "patrício" supostamente executado Reprodução

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Relatos da Assembleia Geral dos povos Guarani e Kaiowá apontam para uma escalada de violência recente, iniciada ainda no último dia 12, que explodiu em conflito entre forças armadas e os moradores da Terra Indígena de Antônio João na madrugada desta quarta-feira (18), com registro de um óbito. 

No município de Antônio João, distante cerca de 280,8 km da Capital de Mato Grosso do Sul, há a comunidade que reside na Terra Indígena Nanderu Marangatu, a qual representantes apontam como alvo do cerco e dos ataques que resultaram na morte de um indígena na madrugada de hoje (18), supostamente executado.

Desde a tarde de ontem e cair da noite houve mobilização no município, com vídeos que registram veículos de forças policiais, sendo um ônibus da Polícia Militar e um caminhão do Choque, onde o interlocutor responsável pelas imagens inicia dizendo "agora acaba a 'baderna desse povo' aí", confira: 

"Na madrugada começaram a atacar a comunidade; derrubar os barracos; queimar, e teve uma pessoa assassinada, parece que executada, que dizem que tinha atirador no meio e executou o indígena e a Tropa de Choque está lá cercando o corpo, a gente tentando que a PF vá lá retirar e fazer a perícia", afirma Anderson Santos, advogado pelo Conselho Indigenista Missionário. 

Segundo Anderson, o pedido pela atuação Federal justifica-se pelo antecedente, já que em casos anteriores feitos pela Polícia do Estado "foi lamentável", diz o advogado. 

"Inclusive tivemos que exumar o corpo do Vitor Fernandes agora para refazer a perícia, também um indígena assassinado pela Polícia Militar. Está nessa, parece que o ataque continua e a tensão contra os indígenas, com alguns resistindo e essa pessoa morta lá", completa Anderson.

Indígenas atacados

Como é possível observar em um segundo registro, compartilhado pela Assembleia dos Povos Guarani Kaiowá (Aty Guasu) indígenas gritam desesperados, enquanto se ouve sons de tiros ao fundo, onde também é visto uma fila de veículos que confrontam os indígenas. 

Pouco antes do fim desse registro, que tem pouco mais de um minuto, é possível ouvir um indígena que grita, para tentar alertar outros "patrícios", repetindo para voltarem e dizendo "já mataram um!". 

Essa escalada recente começou com investida armada em 12 de setembro, da "Polícia do Estado ao retomarem a fazenda Barra", relembra a Assembleia Geral Aty Guasu. 

A fazenda seria a última na posse de não indígenas, sobreposta à área homologada como de ocupação tradicional dos indígenas de Nanderu Marangatu ainda em 2005. 

Em 12 de setembro houve violento ataque, por parte da PM, que estaria acampada para proteção da fazenda, que terminou com três pessoas levadas ao hospital com ferimentos gravas, pontua relato Aty Guasu publicado na tarde de ontem (17). 

Também nessa última terça-feira (17) a Assembleia tornou público o pedido de urgentíssimas providências protocolado ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, justamente por temer - e quase prevendo - um novo massacre.

A Secretária de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) foi procurada, com o espaço em aberto para posicionamento assim que obtida retorno. 

 

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REFINANCIAMENTO

MS pode economizar R$ 449 milhões em dívida com a União

Projeto de lei institui programa para revisão dos termos das dívidas dos estados

18/09/2024 08h30

Controladoria-Geral da União.

Controladoria-Geral da União. Arquivo

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O governo de Mato Grosso do Sul vai economizar R$ 449 milhões no pagamento da dívida de R$ 7,080 bilhões com a União nos próximos 30 anos se a Câmara dos Deputados aprovar o Projeto de Lei Complementar (PLP) nº 121/2024, já apreciado pelo Senado. Com o refinanciamento proposto pelo texto, a redução no desembolso vai ser de 60%, caindo de R$ 746,2 milhões nos parâmetros atuais para R$ 297,2 milhões no período.

Os cálculos feitos pelo economista Manoel Pires, do Centro de Politica Fiscal e Orçamento Público do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre), foram apresentados pelo Valor Econômico.

O pesquisador comparou o que os estados pagariam com os encargos da dívida com a União vigentes hoje e as novas regras estipuladas pelo texto.

Hoje, os encargos do débito são calculados utilizando-se o que for mais vantajoso: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ou a Selic. O PLP aprovado no Senado propõe o IPCA mais 0%.

O pesquisador calculou as dívidas de todos os estados com a União, estimando que o valor de desembolso deve ser reduzido em R$ 48,020 bilhões, caindo de R$ 79,802 bilhões para R$ 31,782 bilhões.

Dessa forma, o valor a ser desembolsado com o pagamento da dívida de R$ 7,080 bilhões (de acordo com dados obtidos pela entidade por meio da Lei de Acesso à Informação) vai ser reduzido em 60%, no caso de Mato Grosso do Sul.

Dos atuais R$ 746,2 milhões estimados pelo pesquisador, o valor cairia para R$ 297,2 milhões. Uma economia para os cofres públicos sul-mato-grossenses de R$ 449 milhões em 30 anos. 

Isso porque o projeto permite o pagamento em 360 parcelas mensais. O Estado pode optar por usar no cálculo o IPCA mais 0 %; IPCA mais 1%; e IPCA mais 2%. Cada um deles têm regras específicas, mas o pesquisador afirma que o IPCA mais 0% vai predominar na escolha dos gestores estaduais.

Atualmente, Mato Grosso do Sul deve R$ 8,897 bilhões, segundo dados do Tesouro Nacional, sendo 84,2% referentes a dívidas com empréstimos e financiamentos internos; 14,6% com instituições internas; 0,6% com precatórios; e 0,7% com demais dívidas (dívida mobiliária, parcelamento e renegociação de dívidas, demais dívidas contratuais e outras dívidas).

Desse montante, R$ 7,080 bilhões são de dívidas com a União, de acordo com informações obtidos pela agência de dados especializada no acesso de informação pública Fiquem Sabendo, por meio da Lei de Acesso à Informação, em maio deste ano. 

Todos os estados e o Distrito Federal têm dívidas com a União. Quatro deles, no entanto, respondem por 89,4% do total dos valores devidos
(R$ 683,86 bilhões de R$ 764,9 bilhões).

MAIS CONDICIONANTES

Em contrapartida ao alívio nas contas, o texto define que os estados terão que entregar à União alguns de seus bens e priorizar mais investimentos em áreas como educação, saneamento e segurança. Também será criado novo fundo federal para compensar os estados menos endividados, segundo a Agência Senado.

O novo programa de refinanciamento de dívidas estaduais proposto pelo governo federal prevê a concessão de um subsídio anual de aproximadamente R$ 48 bilhões. No primeiro ano, o custo para o governo pode chegar a R$ 61,9 bilhões, por conta da transição dos estados que estão no Regime de Recuperação Fiscal (RRF), como Goiás, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, que ainda não aderiram completamente ao programa. Um dos grandes desafios é garantir a inclusão de todos os estados no refinanciamento.

O projeto também prevê uma regra de transição para os estados que estão no RRF, uma vez que muitos deles não estão pagando suas dívidas, como Minas Gerais.

Alguns estados pagam valores muito baixos. Minas Gerais, por exemplo, está coberto por uma liminar do Supremo Tribunal Federal que suspende temporariamente o pagamento da dívida enquanto sua adesão ao regime de recuperação está pendente.

Além disso, o PLP nº 121/2024 impõe limites ao crescimento das despesas dos estados que aderirem ao programa. Se não houver crescimento da receita primária, as despesas poderão aumentar apenas conforme o IPCA. 

Se houver crescimento de receita, mas o resultado primário for negativo ou nulo, as despesas poderão aumentar de acordo com o IPCA mais 50% do crescimento real da receita. Com superavit primário, o aumento das despesas poderá ser conforme o IPCA mais 70% do crescimento real da receita.

Saiba

O PLP nº 121/2024 estabelece a reestruturação das dívidas estaduais em 360 parcelas mensais ao longo de 30 anos. Os estados terão três opções de encargos para escolha: IPCA mais 0%, IPCA mais 1% e IPCA mais 2%. A ideia é que os estados possam aderir a essas condições, pagando suas dívidas com base nos índices vigentes e de acordo com sua capacidade financeira.


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