'Uma das principais testemunhas no processo do assassinato de Eliza Samudio fugiu nesta terça-feira misteriosamente do Centro de Remanejamento do Sistema Prisional, o Cereps, em Belo Horizonte.
Jailson Alves de Oliveira escapou mesmo estando perto de receber o benefício do regime semiaberto. Ele teria ouvido, na cadeia, do suposto executor da modelo, o ex- policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, que o corpo de Eliza foi queimado e jogado aos peixes. Desesperada, a mulher de Jailson, Zélia Resende, acredita que tenha havido queima de arquivo.
“Eu o visitei no sábado, ele estava tenso, mas não tinha motivos para fugir, ia ser solto. Acho que isso está ligado ao caso do goleiro Bruno. O Bola tinha muitos amigos policiais. Hoje eu temo pela minha própria vida”, disse Zélia, que recebeu a visita da polícia mineira em sua casa em Contagem (MG), nesta terça de manhã.
O advogado de Jailson, o criminalista Ângelo Carbone, também acredita em queima de arquivo. “Ele tinha medo de ser morto na cadeia por ter contado o que aconteceu com o corpo da Eliza. Ele sabia que o Bola tinha amigos na polícia. Essa fuga é muito estranha, porque ele estava perto de receber o benefício do regime semi-aberto”, alertou o advogado.
Carbone informou que Jailson foi condenado a 30 anos por latrocínio, mas já cumpriu dez anos, um terço da pena. “Ninguém que ficou preso dez anos foge perto de conseguir a liberdade. Além do mais, ele era doido com a mulher, já estava procurando emprego, fazendo planos”.
Procurada por O DIA, a Delegacia de Homicídios mineira informou que só vai se pronunciar sobre o assunto hoje. Mas o delegado Edson Moreira, que comandou as investigações da morte de Eliza Samudio, confirmou a fuga de Jailson.
“Fiquei sabendo, hoje (ontem), mas não sei detalhes. Acho que ele deu mole, porque estava para sair. Não teve paciência, mas não vai demorar a ser preso”, aposta o delegado, atualmente licenciado da polícia porque é candidato a vereador na capital mineira.
A ex-modelo Eliza Samudio desapareceu em junho de 2010. O ex-goleiro Bruno é acusado de ser o mandante do crime. Ele está preso há dois anos, aguardando julgamento por homicídio junto com Luiz Henrique Romão, o Macarrão, Bola, e Sérgio Rosa Sales, o único que está em liberdade.