Pesquisa feita pela Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) estima que 18% da população de Campo Grande pode estar contaminada com o novo coronavírus.
Isso significa que, dos 895.982 habitantes, 161.276 estariam infectados, bem diferente dos 15.953 casos confirmados no boletim epidemiológico divulgado ontem.
Segundo o secretário da Saúde, José Mauro de Castro Filho, essa é uma projeção, uma estimativa feita pela prefeitura para medir a quantidade de resultados positivos na cidade.
“É uma perspectiva, não é um dado concreto, confirmado. A média nacional é a de que a gente tenha uma taxa sete vezes maior de contaminação no Brasil”, citou.
A pesquisa citada pelo secretário foi feita em maio deste ano e divulgada em junho. O levantamento foi coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e realizado durante uma semana, entre 14 e 21 de maio.
O objetivo era testar a presença da doença na população. Se esse dado ainda permanecer o mesmo, isso quer dizer que o Brasil tem mais de 23 milhões de infectados pela Covid-19.
Por conta disso, a cidade teve uma ampliação no número de testes oferecidos à população, tanto de exames RT-PCR (biomolecular) quanto de sangue (testes rápidos).
“Há 30 dias, nós tínhamos quatro mil casos notificados. Depois de 30 dias, nós temos 15 mil casos, um aumento de 300%, só que ninguém está falando que nós testamos 10 mil pessoas quando estava em 4 mil [casos] e 30 mil pessoas agora.
Nós triplicamos a testagem, será que isso não interfere? A gente está com testes nas 71 unidades de Campo Grande”, declarou Castro Filho.
Atualmente, os testes são realizados nos seguintes locais: drive-thru do Corpo de Bombeiros, localizado na Rua 14 de Julho; polo do Parque Ayrton Senna, no bairro Aero Rancho; Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, na Rua Bahia; e nas unidades de saúde da cidade
Justificativa
O secretário disse também que, com essa projeção alta, o principal objetivo da Capital é evitar o colapso do sistema de saúde.
Ele garante que a cidade está conseguindo alcançar esse objetivo com a ampliação de vagas de unidades de terapia intensiva (UTIs).
“Hoje nós estamos em um momento de dor, de evitar óbitos. Nós estamos em um momento de não deixar que nada entre em colapso e estamos conseguindo. O paciente fica na UPA [Unidade de Pronto Atendimento] e em cerca de 45 minutos eles está em um leito de UTI. No Rio de Janeiro, morreram 1.200 pessoas nas UPAs esperando vaga em CTIs. Se nós transformássemos isso para a nossa realidade, seriam 120 pessoas morrendo hoje nas UPAs de Campo Grande se nós tivéssemos a mesma estratégia em saúde que foi adotada lá”, completou Castro.
Leitos
Na Capital, o número de leitos de terapia intensiva mais que dobrou durante a pandemia do novo coronavírus, para atender a demanda por vagas. A cidade passou de 116 vagas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para 394, conforme dados da Sesau.
Essas ampliações foram feitas na Santa Casa de Campo Grande, no Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian e, principalmente, no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, que hoje tem 111 vagas em setores críticos.
Também foram feitos convênios com centros médicos particulares, como o El Kadri, o Proncor e a Clínica Campo Grande, além do Hospital Adventista do Pênfigo, unidade beneficente.
A referência para o tratamento da doença no Estado, o Hospital Regional, chegou a ter 100% de ocupação dos leitos de UTI na semana passada, na manhã de ontem, porém, a taxa de ocupação das vagas para pacientes da Covid-19 era de 95%.
O boletim epidemiológico divulgado ontem pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) mostrou que, em 24 horas, Campo Grande teve 380 novos casos confirmados dos 589 de Mato Grosso do Sul.
No entanto, a Pasta salienta que esse número é menor por se tratar de um fim de semana, quando as equipes de saúde estão reduzidas.