Os traficantes de Mato Grosso do Sul que levavam droga em viaturas da Polícia Civil e também ficaram conhecidos pela prática do “narcopix” perderam R$ 10 milhões em bens, que agora são da União.
Entre os bens que os bandidos perderam estão valores em espécie, aplicações bancárias milionárias, joias, aparelhos eletrônicos, além de caminhões usados para o transporte de cocaína do Paraguai para Campo Grande, e da Capital de Mato Grosso do Sul para o restante do País.
Entre os bens perdidos pelos criminosos, conforme o Ministério Público de Mato Grosso do Sul, estão contratos de locação e pré-venda de imóveis de alto padrão, como uma residência no condomínio Jardim Acapulco III, no Guarujá (SP), e uma unidade no Riviera Boulevard SPA Resort, em Ponta Porã (MS).
Também foram apreendidos contratos de compra e venda de máquinas agrícolas, escritura pública de imóvel urbano, notas promissórias, recibos, cheques, cadernos com anotações manuscritas e documentos diversos indicando movimentações financeiras suspeitas.
Os valores serão revetidos à União, e serão destinados ao Fundo Penitenciário Nacional, medida prevista no Código de Processo Penal.
“No caso em tela, restou amplamente demonstrado no decorrer da fundamentação que os bens e valores apreendidos são provenientes da prática dos crimes devidamente comprovados, razão pela qual imperioso o seu perdimento em favor da União”, argumentou a juiza da 3ª Vara Criminal de Campo Grande, Eucélia Moreira Cassal.
A condenação
Os 16 envolvidos com tráfico de drogas tiveram juntos, uma pena de 145 anos de prisão e mais o pagamento de dias-multa fixado em R$ 199 mil.
O esquema de tráfico utilizado pela quadrilha ficou conhecido como “narcopix”, porque usava o método de pagamento eletrônico para financiar os transportes ilegais da droga e para dividir o lucro com o tráfico.
Além disso, o grupo ficou conhecido por usar viaturas da polícia para traficar drogas e até mesmo carros funerários, que viajavam de Ponta Porã para Campo Grande. A partir da Capital, até mesmo caminhões dos Correios eram usados pelo grupo criminoso.
As maiores penas foram de 23 anos e 9 meses ao operador financeiro da quadrilha, Luiz Paulo da Silva Santos, e de 18 anos e 6 meses a Joesley da Rosa, acusado de ser o chefe do esquema. Além deles foram condenadas outras 14 pessoas pelo esquema criminoso.
Veja a lista dos condenados e suas penas:
- 1. Luiz Paulo da Silva Santos – 23 anos e 09 meses
- 2. Joesley da Rosa – 18 anos e 06 meses
- 3. Mayk Rodrigo Gama – 13 anos e 11 meses de reclusão
- 4. Hugo Cesar Benites – 13 anos e 05 meses
- 5. Rodney Gonçalves Medina – 12 anos e 03 meses de reclusão
- 6. Eric do Nascimento Marques – 12 anos e 03 meses
- 7. Jucimar Galvan – 10 anos e 08 meses
- 8. Ademilson Cramolish Palombo – 6 anos e 5 meses de prisão
- 9. Douglas Lima de Oliveira – 5 anos e 3 meses de prisão
- 10. Fernando Henrique Souza dos Santos – 4 anos e 1 mês
- 11. Bruno Ascari – 4 anos e 1 mês – 17 dias-multa
- 12. Adriano Diogo Veríssimo – 4 anos, 1 mês
- 13. Ademar Almeida Ribas – 4 anos, 1 mês
- 14. Frank Santos de Oliveira – 4 anos e 1 mês
- 15. Márcio André Rocha Faria – 4 anos e 1 mês de reclusão
- 16. Wellington de Souza Lima – 4 anos e 1 mês
A organização criminosa foi desbaratada em janeiro deste ano. O grupo usava o método eletrônico de pagamentos idealizado pelo Banco Central para receber recursos de financiadores, custear operações e distribuir o lucro entre a quadrilha.
O grupo usava empresas de fachada para fazer pix e movimentar dinheiro ilegalmente.
O grupo foi denunciado no dia 21 de janeiro pelo Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na ocasião foram identificadas várias transferências via pix.
Os valores costumavam ser altos: R$ 10.000,00, R$ 15.000,00, R$ 22.000,00, R$ 37.000,00, R$ 38.000,00, R$ 50.000,00 e R$ 100.000,00.
Na denúncia, a qual o Correio do Estado teve acesso, houve pagamento via pix de R$ 119 mil de Joesley da Rosa, o chefão, à Diego Fernandes da Silva. Foram três transferências em um período de 42 dias: uma de R$ 19 mil e duas R$ 50 mil.
Neste caso, indica a denúncia, o dinheiro foi enviado à Diego para liberar um caminhão vermelho que havia sido dado em garantia do financiamento de uma das operações do tráfico.


