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Transplantes de órgãos nunca testaram positivo para HIV em MS

No Rio de Janeiro, onde os pacientes transplantados receberam órgãos infectados com HIV, os testes foram realizados em um laboratório privado. No Estado, o teste sorológico é feito em um único laboratório

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Diferente do ocorrido no Rio de Janeiro, em que seis pacientes receberam órgãos e testaram positivo para HIV, algo que nunca ocorreu no país, em Mato Grosso do Sul, com 25 anos de atuação da Central Estadual de Transplantes, não houve nenhum caso.

Segundo a secretária da Central Estadual de Transplantes, Claire Carmen Miozzo (CET/MS), explicou ao Correio do Estado com um sistema de testagem robusto, que passa  pela testagem sorológica exclusivamente pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia de Mato Grosso do Sul (Hemosul), demonstra que o trabalho funciona.

Entretanto, antes de chegar a esse estágio, a primeira fase passa pela morte encefálica do paciente.

“É feito um exame clínico, depois é feito outro exame clínico por outro médico; posteriormente, é feito um exame gráfico para que consigamos fazer um diagnóstico seguro”, explicou Claire e completou:

“A partir desse momento, a pessoa veio a óbito. A família é chamada no hospital e o médico vai dar o diagnóstico, que é o diagnóstico de morte.”

secretária da Central Estadual de Transplantes, Claire Carmen Miozzo / Crédito: Gerson Oliveira / Correio do Estado

Primeira Etapa

Com o histórico anterior de exames, na situação em que o paciente não apresente nenhuma contraindicação, a família é chamada, e uma equipe de profissionais treinados realiza a entrevista familiar.

“É um direito da família doar. A gente conversa com a família, explica o que está acontecendo e solicita que façam a autorização. Caso a família não concorde, o corpo é liberado. Se a família concordar com a doação, ela vai assinar o termo de doação.”

Somente então é feita a coleta de sangue do doador, que é encaminhada para o Hemosul, onde são realizadas as seguintes sorologias:

 

  • HIV
  • Vírus Linfotrópico de Células T Humanas (HTLV)
  • Toxoplasmose
  • Exame citopatológico
  • Todas as variações de hepatite

Qualquer hospital do Estado manda buscar o sangue e faz tudo no Hemosul, assim como a tipagem sanguínea. A partir do momento em que o Hemosul soltar a sorologia, caso esteja positivo para algum exame que contraindique a doação, já é chamada a família e o corpo é entregue. Caso o exame não aponte nenhuma contraindicação, dá-se continuidade à doação.”

Orientações

Com o episódio da contaminação de pacientes no Rio de Janeiro, o Ministério da Saúde enviou recomendações a todos os estados do país.

“Evidentemente que, agora, por ter acontecido esse evento, algumas coisas serão mais rigorosas no momento da contratação do hemoserviço”, disse Claire e esclareceu:

“O sistema é totalmente seguro; tanto é que isso é um fato inédito. Estou aqui desde 2003, nunca presenciei e, aliás, nunca ninguém presenciou isso. É um fato isolado e foi um evento que aconteceu, vamos dizer assim, não por erro de exame, mas sim por não ter sido feito o exame que, na verdade, não foi realizado; eles não acharam kit, não acharam nada.”

Órgãos contaminados

Em uma situação que nunca ocorreu no país, pacientes que aguardavam na fila da regulação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) receberam transplantes de órgãos infectados com HIV. 

Pelo menos seis pacientes testaram positivo para o vírus da imunodeficiência humana (HIV) após terem recebido órgãos por meio da Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ).

O governo do Rio de Janeiro (RJ) apontou que o erro no teste de sorologia ocorreu em um laboratório privado contratado pela Secretaria de Estado de Saúde.

Com isso, o laboratório foi interditado por ordens da Coordenadoria Estadual de Transplantes e da Vigilância Sanitária do Rio de Janeiro.

A Polícia Federal abriu um inquérito para apurar os transplantes que contaminaram os pacientes.

Como ser um doador?

Além de colocar na carteira de identidade que concorda em doar os órgãos, o momento da perda de um ente querido é muito complicado para a família, que deve tomar uma decisão que respeite o desejo que a pessoa que em muitos casos nunca externou sua vontade em doar. 

Pela experiência à frente da Central Estadual de Transplantes, Claire foi enfática ao pontuar que manifestar o desejo em vida para os familiares, por meio de conversas sobre a opção de ser um doador de órgãos, é fundamental para a decisão final.

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Cidades

Carta com visão brasileira sobre COP30 reforça urgência climática

Documento foi apresentado hoje pelo embaixador André Correa

10/03/2025 20h00

Carta com visão brasileira sobre COP30 reforça urgência climática

Carta com visão brasileira sobre COP30 reforça urgência climática FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/AGÊNCIA BRASIL

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O presidente e a diretora executiva da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), embaixador André Correa do Lago e Ana Toni apresentaram, nesta segunda-feira (10), uma carta com a visão brasileira sobre a cúpula que ocorrerá em novembro, em Belém (PA). O documento de 11 páginas reforça a importância da união entre os países para o enfrentamento de um desafio e preocupação comum a toda humanidade.

“A mudança é inevitável – seja por escolha ou por catástrofe. Se o aquecimento global não for controlado, a mudança nos será imposta, ao desestruturar nossas sociedades, economias e famílias”, destaca a carta.

Mais adiante, o documento aponta o caminho a ser seguido: a escolha dos países pela resiliência e pela ação para combater a catástrofe, o cinismo e o negacionismo. “Como nação do futebol, o Brasil acredita que podemos vencer "de virada". Isso significa lutar para virar o jogo quando a derrota parece quase certa”, destaca.

A carta é direcionada aos líderes e partes interessadas nas negociações da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla em inglês), segundo Corrêa do Lago, a intenção é que as ideias apresentadas extrapolem os 196 países-partes do tratado internacional e recebam a anuência, inclusive, de outras nações, reforçando um verdadeiro “mutirão global”.

“Isso também é um chamado, essa carta, para esses outros atores, além dos negociadores e dos governos centrais”, afirma o embaixador.

Um exemplo citado no documento foi a união de países pelo fim da 2ª Guerra Mundial, consolidada na instituição das Nações Unidas. Desta vez, será necessário ganhar tempo na ação climática durante esta última janela de oportunidade, reforça.

“Quando nos reunirmos na Amazônia brasileira em novembro, devemos ouvir atentamente a ciência mais avançada e reavaliar o papel extraordinário já desempenhado pelas florestas e pelas pessoas que as preservam e delas dependem”, destaca sobre a importância de ouvir os povos tradicionais.

Acordo de Paris

Na avaliação dos negociadores brasileiros, o Acordo de Paris é funcional, mas as negociações precisam se traduzir em ação e principalmente em resultados efetivos. Esse papel cabe aos formuladores de políticas nacionais e líderes políticos, que serão julgados no futuro caso não respondam com firmeza à crescente crise climática. “Não haverá liderança global no século 21 que não seja definida pela liderança climática”, diz a carta.

Para os negociadores brasileiros, a COP30 será o ponto de apoio para a alavanca que ganhará força nas medidas de cada nação em direção à solução do problema global. “O local legítimo de negociação é o Acordo de Paris e Convenção do Clima. Por isso há essa grande separação entre o que é para ser negociado e a implementação que depende de outros organismos”, explica Corrêa do Lago.

Entre as pendências para o ambiente de negociação, a carta destaca a implementação do Balanço Global de Carbono (GST, na sigla em inglês), que é um mecanismo de transparência previsto no Acordo de Paris e sua primeira versão foi apresentada durante a COP28, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Com base no documento, os países precisam avançar na apresentação de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs na sigla em inglês) e seus Relatórios Bienais de Transparência.

Outra pendência destacada na carta foi a negociação sobre o programa de trabalho de transição justa (JTWP), que tratará dos temas mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação a partir da perspectiva de países mais vulneráveis.

A integração das agendas de temas transversais às mudanças climáticas também foi destacada no documento brasileiro como um importante tema a ser trabalhado durante a COP30, com forte participação popular, expandindo o papel e as contribuições dos povos indígenas e das comunidades locais.

“Quanto mais nossa luta contra as mudanças climáticas se torna onipresente, mais precisamos incorporar sinergias entre clima, biodiversidade, desertificação e nossos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, diz a carta.

Nesse sentido, a presidência da COP30 se comprometeu a entregar um Balanço Ético Global (Global Ethical Stocktake – GES, em inglês) para ouvir um grupo geograficamente diverso de pensadores, cientistas, políticos, líderes religiosos, artistas, filósofos, povos e comunidades tradicionais.

Entre outras iniciativas e debates, a presidência da COP30 destacou a continuidade dos esforços na construção do Mapa do Caminho de Baku a Belém para US$ 1,3 trilhão. Um trabalho que teve início na COP29, em Baku, no Azerbaijão, e busca aprimorar formas de financiamento para garantir as ações climáticas, principalmente nos países menos desenvolvidos.

“Os choques climáticos podem não vir lentamente – eles podem surgir abruptamente, em mudanças irreversíveis”, alerta a carta, concluindo que a presidência da COP30 será o veículo do mutirão global para mover o mundo a um futuro onde liderarão as nações comprometidas com renovação, regeneração e cooperação global.

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Com contas bloqueadas, ex-coordenador da Apae driblou a Justiça e sacou R$ 412 mil

Acusado de desviar R$ 8 milhões da Apae, o fisioterapeuta voltou a ser preso por obstrução da Justiça; Caixa aponta "falha sistêmica" no bloqueio dos valores

10/03/2025 18h44

Foto: Divulgação / MPMS

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O ex-coordenador da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Paulo Henrique Muleta Andrade, preso novamente nesta segunda-feira (10) por envolvimento em desvio milionário da entidade, driblou a Justiça e conseguiu sacar mais de R$ 412 mil de investimento, mesmo com a determinação de bloqueio de contas.

Conforme o processo, o saque foi possível por uma falha sistêmica da Caixa Econômica Federal, qe bloqueou as contas, mas não as aplicações financeiras.

Em agosto do ano passado, foi determinado o sequestro de bens e valores  no valor de R$ 8,9 milhões do acusado, 

Em representação, o Ministério Público Estadual (MPMS) narra que no cumprimento da ordem judicial de bloqueio, contatou-se um montante muito baixo na conta bancária do ex-coordenador, de R$ 57,1 mil, e o órgão oficiou a Caixa solicitando esclarecimentos.

A instituição bancária respondeu que houve um "fato de extrema gravidade", pois no cumprimento da ordem judicial, por falha sistêmica, não foi realizado o bloqueio em sua totalidade, não atingindo os investimentos do acusado.

A Caixa informou ainda que Paulo Henrique tinha um investimento, na modalidade LCI, no valor de R$ 412,4 mil e, valendo-se da falha no sequestro de valores, sacou o montante e o depositou em outra conta, em nome de outra pessoa.

Prisão preventiva

O fato novo levou o MPMS a pedir a prisão preventiva do ex-coordenador da Apae, que já havia preso em 2023, mas foi solto com a imposição de medidas cautelares.

"Diante da conduta perpetrada pelo investigado Paulo Henrique, constato que, de fato, ele se valeu de uma falha no não cumprimento integral da ordem judicial de sequestro de valores, de forma deliberada e astuta, o requerido sacou o investimento e o depositou em outra conta bancária mantida na mesma agência, em nome de terceira pessoa, o que demonstra inequívoca intenção de impedir,  ou de qualquer forma, embaraçar a investigação e a ação penal e de ocultação de patrimônio desviado do erário público", sustentou o MPMS.7

Ao analisar o pedido, o juiz da 2ª Vara Criminal, Robson Celeste Candeloro, considerou que o caso comportava a decretação da prisão preventiva, pois há provas da existência do crime e indícios sufientes da autoria.

Segundo o magistrado, os fatos novos demonstram forte indicativo de autoria, por parte do acusado, de obstrução à justiça, lavagem de dinheiro e uso da liberdade para assegurar o proveito do crime.

O juiz cita ainda que há elementos concretos que demonstram intenção de fuga do ex-coordenador da Apae, que pediu autorização para viajar à Espanha, para supostamente participar de um casamento.

A suspeita torna-se maior pois, anteriormente, ele já havia manifestado, através de mensagens, desejo de fugir para a Itália, conforme noticiou o Correio do Estado na época.

Desta forma, o juiz decretou a prisão preventiva de Paulo Henrique, que foi cumprida nesta segunda-feira, na operação Occulto.

Operação

A operação batizada de "Occulto" cumpriu um mandado de prisão e quatro de busca e apreensão em  Camapuã e Campo Grande. 

Esse nome faz referência tanto às ações para esconder o dinheiro desviado, bem como ao fato de que o ex-coordenador da Apae chegou a pedir cidadania italiana para sair do Brasil.

O ex-coordenador é relacionado na investigação, junto de terceiros, pelo uso de empresas de fachadas para simular vendas de produtos para a rede pública de saúde. 

A investigação do MPMS aponta que o grupo desviou o total de R$ 8.066.745,25 de dinheiro público, eepassado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) de Mato Grosso do Sul, e que serviria para tratamento de ostomizados. 

Esquema

Em 29 de novembro de 2023, oito pessoas foram presas por suspeita de corrupção ativa e passiva, peculato, lavagem de dinheiro e fraudes em licitações e contratos públicos. 

Depois disso, cerca de 2,6 mil pessoas ostomizadas chegaram a ficar sem as bolsas coletoras de urina ou fezes. 

Nesse suposto esquema investigado, as fornecedoras desses materiais eram privilegiadas em troca de propina, o que levou ao afastamento de Paulo Muleta da coordenação técnica do Centro Especializado em Reabilitação (CER) da Apae.   

Descoberto o esquema de corrupção, houve descontinuação dos contratos suspeitos e novo processo de compras com outras três empresas, o que gerou um hiato no fornecimento e, consequentemente, fez com que muitos ostomizados pagassem até R$ 1,5 mil mensalmente para comprar as bolsas. 

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