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entrevista

"Vamos focar na qualificação profissional e no Ensino Superior"

Novo secretário de Educação de Mato Grosso do Sul, Hélio Daher falou sobre os desafios da pasta e os principais objetivos de sua gestão

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Em entrevista ao Correio do Estado, o novo titular da Secretaria de Estado de Educação (SED), Hélio Daher, afirmou que um dos seus objetivos à frente da pasta é contribuir para que o novo Ensino Médio ajude os jovens a receberem uma qualificação profissional e também a se interessarem pela formação superior.

“Precisamos continuar investindo em um diálogo constante com a comunidade. A gente vai focar bastante na qualificação profissional, preparar o nosso jovem para o mundo de trabalho, e, da mesma maneira, pensar nesse jovem no Ensino Superior, buscar parcerias com o Instituto Federal, buscar parceria com as instituições de Ensino Superior, principalmente as públicas – a UFMS, a UFGD, a UEMS”, afirmou.

Também foram abordados outros temas com o secretário. Confira a entrevista completa.
 
O setor de educação ainda vive os reflexos da perda de aprendizagem durante a pandemia de Covid-19. Quais são os planos da SED para recuperar esse deficit educacional neste ano?

Como já era previsto, a pandemia causou um prejuízo considerável no aprendizado dos estudantes. Então, este ano a gente construiu um programa de recomposição da aprendizagem.

A gente vai dar continuidade nesse programa, é importante que se coloque que ele já havia acontecido e foi desenvolvido no ano passado, agora, a gente vai implementar, vai ampliar esse programa, inserindo ainda uma estrutura curricular.

A gente vai trabalhar com diagnóstico, uma avaliação de diagnóstico no início do ano, com a previsão de que em março a gente conclua o processo de avaliação, para que a gente tenha uma ideia de como é que estão os danos somente com relação à recomposição.

Importante salientar que essa avaliação é focada na recomposição da aprendizagem em cima daquelas competências e habilidades que a gente identificou que eram necessárias para eles terem aprendido e que foram prejudicadas.
 
A Rede Estadual de Ensino (REE) registrou nos últimos anos um crescimento do abandono escolar. Quais estratégias serão adotadas para que esse cenário nacional não se repita neste ano letivo e esses alunos sejam reinseridos nas instituições de ensino?

A evasão é hoje um dos grandes problemas na Educação Básica brasileira, principalmente no Ensino Médio.

A gente identificou nesse período pós-pandemia um aumento significativo da evasão. A gente observa que o aluno foi para o mercado de trabalho ou acabou abandonando por estar desanimado, então, a gente precisa buscar esse jovem de volta, trazer ele para a escola.

Nós temos um trabalho de busca ativa muito bom, em parceria com o Ministério Público e o Conselho Tutelar. Já procuramos, inclusive, desenvolver um sistema que identifica o aluno que está com tendência a abandonar [a escola] e, ao mesmo tempo, busca aquele que já abandonou, trazendo-o de volta à escola, oferecendo uma escola mais significativa, um Ensino Médio mais atrativo, trazendo a pesquisa, trazendo uma estrutura tecnológica com laboratórios, tanto de robótica quanto de Ciências da Natureza, laboratório de informática, clubes de ciências, clubes de leitura, fazer com que de fato esse jovem volte à escola, principalmente aquele que por algum motivo entendeu que a escola não era mais interessante.

Precisamos trazer esse jovem de volta, mas é muito importante entender a realidade de cada estudante para saber por que ele deixou a escola.

Em relação à evasão escolar, como a SED está se articulando para recuperar esse aluno que perdeu totalmente o contato com a instituição de ensino? Em relação ao ano letivo de 2022, já existe uma projeção se houve aumento da evasão escolar?

O estudante, se ele abandona a escola ou fica um período muito distante, quando ele retorna, a escola naturalmente faz um trabalho de recomposição, recuperando tudo aquilo que ele deveria ter desenvolvido e não desenvolveu ao longo daquele ano.

Isso é um fluxo normal da escola, é um trabalho que a escola já desenvolve, tanto que tem mecanismos de intervenção pedagógica, de recuperação paralela, tudo previsto no PPP [projeto político-pedagógico] da escola.

Com relação ao número, nós ainda não fechamos porque temos um período de pré-matrícula, então, muitos estudantes ainda não confirmaram a matrícula e nós ainda não podemos definir isso com um número certo de abandono e evasão, porque ainda estamos nesse período e devemos ter esse dado mais em torno de fevereiro, que é quando esse processo de matrícula está encerrado.

A SED foi pioneira na implementação do novo Ensino Médio. O que já foi possível notar de positivo com esse novo formato?

O novo Ensino Médio trouxe um ambiente mais atrativo para o jovem, justamente aquilo que a gente vinha dizendo sobre tornar a escola mais significativa, sobre tornar a escola mais interessante.

Então, nesse aspecto, a gente avançou muito, principalmente nas escolas que oferecem Ensino Médio em tempo integral.

Essas instituições apresentam os melhores índices quando se fala de evasão e abandono, de fato, o estudante tem tendência a não abandonar, apresenta para nós ótimos resultados, como também apresenta resultados em proficiência.

Nos últimos índices do Ideb, enfim, da própria Prova Brasil, as escolas em tempo integral apresentaram os melhores resultados justamente porque vinham nessa toada de um novo Ensino Médio, de uma estrutura mais significativa.

Nós de fato somos, hoje, um dos estados mais avançados na implementação, e isso nos dá a possibilidade de avaliar, portanto, a gente observa que é interessante e que a escola de tempo integral vem dando resultados. A gente vai continuar investindo bastante nisso.
 
Os alunos demonstram maior interesse pelos estudos no formato do novo Ensino Médio?

Sim, o fato de o estudante optar por parte do Ensino Médio, poder fazer uma escolha sobre aquilo que ele mais se identifica, faz com que fique mais interessado.

Então, hoje, no Ensino Médio, todos têm de cumprir uma parte fixa, que faz parte da formação geral básica, e também fazem a parte da formação, um processo de escolha que é o itinerário formativo, que normalmente é escolhido de acordo com o interesse, então, os estudantes podem escolher a área de Humanas ou a área da Matemática, por exemplo, isso faz com que tenham mais vontade.

Eles veem que vão seguindo o caminho que é de interesse deles. Isso vem surtindo bastante efeito. Inclusive, é bom salientar que o estudante já faz uma pré-escolha no ato da matrícula e identifica qual seria a área que ele gostaria de atuar, que serve de norte para a gente observar e indicar os itinerários normativos de cada escola.

Com um Ensino Médio mais centrado no Ensino Técnico, como fica a preparação para os vestibulares e o Enem?

O Ensino Médio apresenta, não uma centralidade no Ensino Técnico, mas a ideia de que a qualificação profissional deve estar sempre presente, acessível para o nosso estudante.

A qualificação é muito exigida hoje, Mato Grosso do Sul vem recebendo muitos investimentos, e a gente vê, de um lado, um estado que precisa de mão de obra e, de outro, um jovem que precisa de emprego. Então, a gente precisa puxar, criar uma relação da qualificação profissional com a necessidade da nossa juventude.

Sendo assim, a qualificação profissional tem de estar presente e vai ser, de fato, um foco da nossa gestão, mas foco querendo dizer também que, mesmo que o jovem procure a qualificação profissional, ele vai ser tratado como se seu principal interesse fosse o Ensino Superior.

Não é do interesse do Estado que o jovem que faça qualificação pare por aí. Então, se eu tenho um jovem, por exemplo, que faz um curso técnico de Eletrotécnica, tenho que incentivar para que, depois, ele vá para [um curso de] Engenharia Elétrica.

Eu preciso fazer com que, mesmo na qualificação profissional, o estudante busque o Ensino Superior, então, vamos trabalhar e investir pesado, tanto na qualificação como no preparo para o Ensino Superior.

O senhor assumiu na última semana como titular da SED. Como está sendo esse processo de transição?

Está sendo bem tranquilo. A secretaria já vem em um processo de organização muito bom. A gente vem tomando pé das decisões, observando o preparo para o ano letivo, principalmente o início de ano, kits, formação de professores, a questão da merenda, a questão do transporte escolar.

Eu já pertencia à equipe, então, isso facilita bastante o entendimento da secretaria, que, obviamente, tem todos os desafios do início de ano letivo, que a gente vai tocando com bastante tranquilidade.

A gente acredita que o ano de 2023, de fato, vai ser um ano muito produtivo para a aprendizagem dos jovens e das crianças de Mato Grosso do Sul.
 
Quais serão as prioridades do senhor como secretário de Estado de Educação?

Como prioridade, nós temos a ampliação das nossas escolas de tempo integral, isso está no plano de governo da gestão do Eduardo Riedel.

Precisamos continuar investindo em um diálogo constante com a comunidade, está no foco da recomposição da aprendizagem, continuar com esse olhar muito forte, com muito cuidado para recuperar tudo aquilo que os nossos jovens, que as nossas crianças perderam no período de pandemia, nós precisamos continuar focando nisso.

Nós vamos focar bastante na qualificação profissional, preparar nosso jovem para o mundo do trabalho, e, da mesma maneira, pensar nesse jovem no Ensino Superior, buscar parcerias com o Instituto Federal, buscar parceria com as instituições de ensino superior, principalmente as públicas – a UFMS, a UFGD, a UEMS, que, inclusive, faz parte da nossa estrutura.

Olhar para o município como parceiro, investir muito na alfabetização, por meio do programa MS Alfabetiza, olhar um pouco também para a Matemática nos primeiros anos, porque nós entendemos que o estudante da escola pública é um só, não importa se é da Rede Estadual ou da rede municipal, para nós ele é um estudante sul-mato-grossense e merece atenção do governo do Estado.

Então, vamos trabalhar bastante em parceria com os municípios e ajudá-los no que for possível, para que eles possam melhorar sua aprendizagem e, inclusive, entregar para nós o estudante mais preparado para o Ensino Médio.

A lógica é simples: quanto melhor o estudante desenvolver sua aprendizagem no início, melhor vai desenvolver sua aprendizagem no fim da Educação Básica, que é o Ensino Médio.

Perfil: Hélio Queiroz Daher - Professor efetivo da Rede Municipal de Ensino de Campo Grande, graduado em Geografia pela Uniderp, especialista em Gestão Escolar pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), especialista em Gestão Sustentável do Turismo em Áreas Naturais pela Uniderp, e pós-graduação e mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS).

Foi superintendente de Políticas Educacionais da Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul (Suped/SED). 

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ADEPOL/MS

Em nota, associação sai em defesa de delegada responsável por "caso Vanessa"

Instituição composta pelos delegados do estado, destaca que áudio divulgado pela jornalista lateralizou o caso

15/02/2025 18h12

Entrada da Delegacia Especializada em atendimento à Mulher

Entrada da Delegacia Especializada em atendimento à Mulher Foto: Gerson Oliveira/ Correio do Estado

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Em defesa das delegadas Elaine Benicasa, e Analu Ferraz, a Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (ADEPOL/MS) disse não aceitar a forma unilateral e abusiva com que o crime sobre a morte da jornalista Vanessa Ricarte passou a ser tratado após a veiculação de um áudio divulgado pela vítima, no qual Vanessa faz críticas ao atendimento recebido por ela junto à  Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), pouco antes de ser morta. 

Em nota, a associação disse que o então noivo e assassino da vítima, Caio Nascimento, é o culpado pelo ocorrido, sendo ele o responsável pelas atrocidades cometidas contra a jornalista, morta instantes depois de sair da Deam, que está localizada na Casa da Mulher Brasileira. A titular da Deam é a delegada Elaine Benicasa.  

Algumas horas antes de morrer com golpes de faca na última quarta-feira (12), Vanessa enviou um áudio por aplicativo de mensagens para uma amiga, e disse que iria até sua casa para buscar seus pertences.

Em outro momento, se queixou da postura da polícia, e da forma como foi tratada ao pedir proteção. O áudio em que se queixa do tratamento recebido ao chegar à Deam [mesmo repudiado pela Adepol] causou uma reviravolta no caso.

Para um amigo, Vanessa, se queixou da frieza com que foi atendida pela delegada plantonista na madrugada de quarta-feira, quando foi à Deam (Casa da Mulher Brasileira) pela primeira vez.

Vanessa afirmou que a delegada se recusou a lhe dar detalhes do histórico de agressão do noivo, o qual horas mais tarde a mataria.

"Está explicado porque não aconteceu nada com o Caio. O jeito que ela [delegada] me tratou, bem prolixa, seca", disse Vanessa.

A jornalista continuou o desabafo ao amigo:

"Ela toda hora me cortava, e eu dizia 'eu queria entender quem que é essa pessoa'. Foi então que ela falou para mim que não poderia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele mesmo  já  havia falado das agressões. Eu disse: 'Eu queria entender a natureza dessas agressões', contou Vanessa.


"Parece que tudo protege o agressor", comentou Vanessa horas antes de morrer, desabafando sobre a negativa da delegada, que justificou que os antecedentes do noivo dela são protegidos por segredo de Justiça e sigilo policial.

Ela esteve na delegacia junto de outro amigo. A ideia de Vanessa era chegar com  a polícia para tirar ele de dentro de casa, disse à uma amiga, em áudio primeiramente publicado no site "Comunica na TV". A jornalista contava com a escolta policial para buscar seus pertences em casa, o que não aconteceu.

Segundo as delegadas Elaine Benicasa e Analu Ferraz, a jornalista recebeu oferta de abrigo na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), o que, segundo as mesmas delegadas, foi recusado por Vanessa.

A jornalista foi com o amigo para a casa dele, mas fez uma parada em sua própria casa antes para pegar suas roupas. Ocasião em que ela foi assassinada. Caio Nascimento já estava esperando por ela.

 

Confira a íntegra da nota divulgada pela Adepol/MS

A Associação dos Delegados de Polícia de Mato Grosso do Sul (ADEPOL/MS) reitera as mais profundas condolências e pesares aos amigos e familiares da vítima de feminicídio Vanessa Ricarte, morta covardemente por Caio Nascimento, com quem mantinha relacionamento e reitera o mais profundo repúdio a qualquer forma de violência contra a mulher.

No entanto a ADEPOL-MS vem a público esclarecer que não aceita a forma unilateral e abusiva com que o crime passou a ser tratado após a veiculação de um áudio atribuído à vítima, contendo críticas ao atendimento recebido pela DEAM.

O autor dessa tragédia está preso e responderá pela atrocidade cometida perante a Justiça, e a Polícia Civil, por intermédio da DEAM, ofereceu todas as orientações e todas as medidas existentes para a tutela da segurança e vida da vítima, seguindo todo o protocolo operacional existente até então, inclusive com a orientação de não voltar para casa e permanecer no alojamento da Casa da Mulher Brasileira, sugestão que não foi aceita pela vítima e não pode ser coercitiva.

Frise-se que o fornecimento de dados criminais é sigiloso, dados sigilosos não foram fornecidos para a vítima e não serão fornecidos doravante para outras pessoas, por mandamento legal.

Se o protocolo precisa ser aprimorado, o será, pois já ocorreu uma primeira reunião entre o Poder Judiciário, a Secretaria de Justiça e Segurança Pública e a Delegacia-Geral da Polícia Civil, mas atribuir o resultado desse crime à Delegada de Polícia que atendeu a ocorrência observando todo o protocolo existente, não coaduna com o que aconteceu e cria mais uma situação de injustiça contra uma mulher trabalhadora, mãe de família e cidadã que é a Delegada de Polícia.

O autor dessa tragédia é o feminicida preso, alterar ou subverter essa verdade não se justifica.

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Posicionamento

Em nota oficial, governo defende punição exemplar a assassino de Vanessa

Administração estadual pediu para que não haja politização acerca da morte da jornalista e disse que caso exige uma resposta célere

15/02/2025 16h45

Vanessa foi morta a facadas pelo noivo na última quarta-feira (12)

Vanessa foi morta a facadas pelo noivo na última quarta-feira (12) Foto: Redes Sociais

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Em nota divulgada na tarde deste sábado (15), o Governo do Estado defendeu que haja uma punição exemplar para Caio Nascimento, noivo e assassino da jornalista Vanessa Ricarte, de 42 anos. A administração reconheceu a falha e pediu para que o caso não seja politizado.  

“Falhamos enquanto estado, falharam as instituições, falhamos enquanto sociedade. Precisamos identificar onde erramos, planejar mudanças e agir eficazmente para termos uma solução que resulte de forma efetiva no fim da morte de mulheres em nosso estado simplesmente por serem mulheres.”, diz parte do comunicado. 

A nota também diz que a condução do caso por parte das delegadas Elaine Benicasa e Analu Ferraz, ambas lotadas na  Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), localizada dentro da Casa da Mulher Brasileira, também já é investigada pela  Corregedoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. 

Algumas horas antes de morrer com golpes de faca na última quarta-feira (12), Vanessa enviou um áudio por aplicativo de mensagens para uma amiga, e disse que iria até sua casa para buscar seus pertences. Em outro momento, se queixou da postura da polícia, e da forma como foi tratada ao pedir proteção. O áudio em que se queixa do tratamento recebido ao chegar à Deam causou uma reviravolta no caso. 

Em áudio enviado por Vanessa, a um amigo, ela se queixou da frieza com que foi atendida pela delegada plantonista na madrugada de quarta-feira, quando foi à Deam)(Casa da Mulher Brasileira) pela primeira vez. Vanessa ainda afirmou que a delegada se recusou a lhe dar detalhes do histórico de agressão do noivo, o qual horas mais tarde a mataria.

“Está explicado porque não aconteceu nada com o Caio. O jeito que ela [delegada] me tratou, bem prolixa, seca”, disse Vanessa.

A jornalista continuou o desabafo ao amigo:

“Ela toda hora me cortava, e eu dizia ‘eu queria entender quem que é essa pessoa’. Foi então que ela falou para mim que não poderia passar o histórico dele, mas que eu já sabia, porque ele mesmo  já  havia falado das agressões. Eu disse: ‘Eu queria entender a natureza dessas agressões’, contou Vanessa.

“Parece que tudo protege o agressor”, comentou Vanessa horas antes de morrer, desabafando sobre a negativa da delegada, que justificou que os antecedentes do noivo dela são protegidos por segredo de Justiça e sigilo policial.

Ela esteve na delegacia junto de outro amigo. A ideia de Vanessa era chegar com  a polícia para tirar ele de dentro de casa, disse à uma amiga, em áudio primeiramente publicado no site “Comunica na TV”. A jornalista contava com a escolta policial para buscar seus pertences em casa, o que não aconteceu.

Segundo as delegadas Elaine Benicasa e Analu Ferraz, a jornalista recebeu oferta de abrigo na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam), o que, segundo as mesmas delegadas, foi recusado por Vanessa.

Vanessa foi com o amigo para a casa dele, mas fez uma parada em sua própria casa antes para pegar suas roupas. Ocasião em que ela foi assassinada. Caio Nascimento já estava esperando por ela.

Diante de toda a situação, o Governo do Estado disse estar trabalhando incessantemente para dar uma resposta à sociedade. 

“E para isso estamos incessantemente trabalhando, integrando diversos atores, propagando campanhas, ampliando rede de proteção, e estabelecendo medidas efetivas. Enquanto Poder Público temos sim que dar uma resposta a toda sociedade.”, diz outro trecho da nota divulgada pela administração estadual, que além de pedir para que o debate público sobre a morte de Vanessa não seja politizado, disse que a situação requer uma resposta célere e que garanta maior proteção à mulher.

“Não podemos tolerar que o Mato Grosso do Sul continue com elevados índices de feminicídio, fruto também de uma cultura machista que deve ser melhor enfrentada pelas instituições e pela sociedade.”, diz outro trecho da nota. 

A administração reiterou o compromisso “em lutar incansavelmente para que sorrisos como o de Vanessa Ricarte não se apaguem”. 

Nesta sexta-feira (14), o músico Caio Nascimento Pereira, 35 anos, teve sua prisão em flagrante convertida em prisão preventiva durante audiência de custódia.


Confira a íntegra da nota divulgada pelo Governo do Estado 

O governo do estado de Mato Grosso do Sul lamenta profundamente mais um caso de feminicídio em nosso estado, solidarizando-se com familiares e amigos neste momento de luto. Reafirmamos  diariamente o compromisso com o enfrentamento a todas as formas de violência contra meninas e mulheres.

A violência, em qualquer forma que se manifeste, exige resposta imediata e eficaz, e que qualquer falha no atendimento à vítima deve ser rigorosamente analisada, com responsabilização e punição, além da correção imediata de erros que porventura estejam ocorrendo na proteção à mulher. 

Mais uma morte prova que não estamos conseguindo garantir proteção às vítimas de violência. Falhamos enquanto estado, falharam as instituições, falhamos enquanto sociedade. Precisamos identificar onde erramos, planejar mudanças e agir eficazmente para termos uma solução que resulte de forma efetiva no fim da morte de mulheres em nosso estado simplesmente por serem mulheres. E para isso estamos incessantemente trabalhando, integrando diversos atores, propagando campanhas, ampliando rede de proteção, e estabelecendo medidas efetivas. Enquanto Poder Público temos sim que dar uma resposta a toda sociedade.

E sobre o procedimento policial questionado, o mesmo já está sendo apurado pela Corregedoria da Polícia Civil, inclusive com a participação do Ministério das Mulheres, conforme nota divulgada. Nesse momento entendemos que deve haver punição exemplar ao assassino, sem que haja politização na discussão, mas sim uma resposta célere que garanta maior proteção à mulher.

Reforçamos ainda que trabalhamos no apoio e implementação de políticas públicas que protejam as mulheres, como também na criação de mecanismos que garantam a efetividade das medidas protetivas e treinamento contínuo das forças da segurança pública, para poderem atender com sensibilidade e eficácia as ocorrências de violência contra a mulher, isso feito em parceira com diversas esferas do poder público, bem como com representação da sociedade civil. Esta precisa ser uma luta diária de toda sociedade. Temos que dar um basta nos casos de violência contra mulher. Não podemos tolerar que o Mato Grosso do Sul continue com elevados índices de feminicídio, fruto também de uma cultura machista que deve ser melhor enfrentada pelas instituições e pela sociedade.

Reiteramos nosso compromisso em lutar incansavelmente para que sorrisos como o de Vanessa Ricarte não se apaguem e possamos construir uma sociedade mais justa e segura para todas as mulheres.

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