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Mais casos

Vendedora de bolsas de luxo é alvo de diversas ações na Justiça

Uma das ações é referente a uma compra feita em fevereiro de 2022, o que indica que clientes enfrentam problemas com a loja a pelo menos dois anos e sete meses; conversas mostram empresária "enrolando" as vítimas

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O Correio do Estado noticiou na última segunda-feira (16) dois casos de clientes que procuraram a polícia para denunciar possíveis estelionatos praticados pela proprietária de uma loja que revende artigos de luxo usados.

Além dos boletins registrados, a reportagem apurou que a empresária, que será identificada neste material como S.C., também responde por diversos processos na justiça.

Um deles referente a uma compra feita em fevereiro de 2022, o que indica que clientes enfrentam problemas com a loja a pelo menos dois anos e sete meses. Nesse caso, a cliente era uma mulher residente de Anastácio, município 137,6 quilômetros distante de Campo Grande.

Ela fez a compra de três bolsas: a primeira no dia 1º de fevereiro de 2022, da grife Gucci, modelo Marmont, no valor de R$ 5.268,00; a segunda no dia 8 de fevereiro de 2022, da marca Chloé, com pagamento à vista, no valor de R$ 5.000,00 reais; e a terceira no dia 28 de abril de 2022, de uma Louis Vuitton Speedy 30, no valor de R$ 6.200,00.

Ou seja, foram investidos R$ 16.468,00 na compra das três bolsas. Ambas as compras foram pagas, mas os produtos nunca foram entregues.

Conforme consta no processo, a cliente, durante todo o período, questionou S.C. sobre a entrega dos produtos, mas era "enrolada" pela empresária.

No dia 28 de maio do ano passado, chegou a solicitar estorno da compra da bolsa Gucci, mas ele nunca foi feito.

"Quando questionada, a Requerida sempre se esquivava. Pedia desculpas, dizia que enviaria o código de rastreio dos produtos, porém, não fazia. Nisto, se passaram meses, nenhum produto foi entregue à Requerente e nenhum estorno dos valores foi feito", menciona processo. 

Capturas de tela referentes a conversas no WhatsApp mostram a empresária "enrolando" a cliente. A troca de mensagens, feita em maio de 2022, revela que muitas vezes a vendedora nem respondia.

Nesta outra conversa, a cliente cobra um estorno de uma das compras, feita pelo cartão de crédito, e também fica sem resposta. Três dias depois, questiona se o procedimento deu certo, e pede o código de rastreio de uma segunda bolsa comprada com S.C., que a enrola novamente.

Confira algumas das cobranças feitas pela vítima, sem sucesso:

Uma outra cliente, de Campo Grande, também entrou na justiça contra a empresária. A mulher comprou uma bolsa da grife Prada pelo valor de R$ 2.700,00, no dia 16 de janeiro de 2023.

Após o pagamento, S.C. havia garantido que enviaria a bolsa em um prazo de dez dias, mas o produto nunca chegou.

No dia 28 de fevereiro, mais de um mês após a compra, a cliente pediu por um posicionamento sobre a entrega, mas a resposta não foi satisfatória, já que a vendedora disse apenas que iria ver onde a bolsa estava.

"Conforme se depreende da conversa acima, passados mais de um mês do pagamento, a bolsa ainda não havia sido enviada e a requerida além de demorar muito para responder, era evasiva, com respostas vagas, nunca fornecendo uma justificativa para o atraso", diz texto processual.

Como a bolsa era um presente e dois meses haviam se passado, a cliente pediu pelo reembolso do valor pago e cancelou a compra.

No documento, o advogado menciona que neste momento em específico, a empresária foi solicita de início, pedindo a chave pix para restituir o valor. Entretanto, além de não devolver o dinheiro, "passou a enrolar a requerente com falsas promessas de pagamento, dizendo 'estar na correria'".

No mês seguinte, mais precisamente no dia 10 de abril, a cliente cobrou novamente o ressarcimento, mas o valor também não foi devolvido. S.C. alegou que o produto havia chegado, mas que foi devolvido porque ela havia cancelado a compra.

Em maio, cobrou novamente a devolução do valor, e recebeu um comprovante de agendamento de transferência, que nunca foi feita.

A mesma situação aconteceu no dia 27 de julho, quando a cliente recebeu comprovante de um agendamento de transferência para o dia 31 do mesmo mês, que também não foi concluída.

Em agosto, voltou a cobrar. Confira:

(Dados da vítima foram preservados)

Em uma outra tentativa de recuperar o valor, a cliente recebeu um "fica gelo" como resposta, gíria que, segundo o Dicionário Informal, quer dizer o mesmo que "ficar frio", "ficar calmo". Em alguns lugares pode ser identificado como "ficar quieto", não falar nada.

Após os sete meses de cobrança, a cliente decidiu recorrer à justiça para recuperar o dinheiro investido na compra.

Entenda

A loja que está sendo alvo de processos e denúncias fica em Campo Grande, e trabalha com a venda de artigos de luxo "second hand", uma forma mais refinada de se referir a itens usados. A prática vem se tornando cada vez mais comum em todo o mundo, seguindo a tendência da moda sustentável.

À reportagem, uma das clientes lesadas pela loja contou que a venda era feita através da internet. Além do perfil no Instagram, que possui 28 mil seguidores, a empresária possuía um grupo no WhatsApp, onde enviava fotos das bolsas de grife para que as clientes que ficassem interessadas entrarem em contato. O canal no aplicativo de mensagens servia como uma espécie de catálogo dos itens disponíveis.

Caso de polícia

Uma das vítimas de S.C. procurou a polícia para registrar Boletim de Ocorrência por estelionato. O caso difere um pouco dos citados acima, já que a denunciante forneceu bolsas de luxo para a empresária, mas nunca recebeu o valor das vendas.

A mulher, que mora em Dourados, município distante 230,8 quilômetros de Campo Grande, relatou que vendeu cinco bolsas de grife para a loja em janeiro de 2024, sendo três da Gucci e duas da Chanel, avaliadas em R$ 57.600,00.

Conforme consta no registro, S.C. ficou de pagar até o dia 23 daquele mesmo mês, mas não o fez. 

A vítima tentou cobrar o pagamento várias vezes, e chegou a receber comprovante de uma Transferência Eletrônica Disponível (TED) falsa, no valor de R$ 6.500,00.

No boletim policial consta ainda que a fornecedora ficou desconfiada da demora em receber o pagamento, e foi pesquisar sobre S.C., momento em que descobriu que havia uma série de processos contra ela, muitos deles ação civil por falta de pagamento e pix falso.

Mais recente

Existe ainda um relato mais recente sobre danos causados pela empresária. Após conversar com a reportagem, a vítima também foi à delegacia fazer um Boletim de Ocorrência, referente a compra de uma bolsa de R$ 6 mil, feita em junho deste ano, que até agora não foi entregue.

Com exclusividade, ela revelou ao Correio do Estado que uma das desculpas utilizadas por S.C. é de que as bolsas vêm de fora, e por isso a entrega demora a acontecer.

No "Reclame Aqui" também há denúncia semelhante contra a loja. Essa, feita no dia 15 de fevereiro, por uma cliente que reside em Jaraguá, no estado de Goiás.

Ela relata que comprou duas bolsas no início do ano passado, que nunca foram entregues. Diz ainda que tentou contatar S.C. diversas vezes, mas que a empresária "nunca cumpre" as promessas de pagamento e entrega dos produtos.

Além disso, contou que havia feito uma reclamação anterior no portal Reclame Aqui, e que após a dnúncia, S.C. disse que devolveria o dinheiro e pediu que ela retirasse a reclamação.

"Mesmo fazendo uma confissão de dívida assinado por ela, vencendo em 21/12/2023, ela não cumpriu o pagamento. Sendo assim, tive que fazer uma nova reclamação e entrar na justiça", escreveu a vítima.

O que diz a acusada?

A empresária foi procurada pela reportagem às 10h da última segunda-feira, dia 16 de setembro, mas respondeu apenas que o advogado entraria em contato - o que não aconteceu até o momento de publicação deste material.

O espaço segue aberto para posicionamentos.

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CAMPO GRANDE

Presidente da Santa Casa cita 'escolha de Sofia' entre pagar 13° e deixar paciente morrer

Alir Terra, que assumiu a presidência em 1° de janeiro de 2023, diz que seu primeiro mês no cargo foi encerrado oficiando ao Ministério Público que contrato já não pagava serviço prestado

22/12/2025 12h25

Presidente da Santa Casa diz que têm buscado empréstimos, mas a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas. 

Presidente da Santa Casa diz que têm buscado empréstimos, mas a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas.  Marcelo Victor/Correio do Estado

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Separadas por mais de mais de 7.000 km e algumas estatuetas do Oscar, a presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, citou durante coletiva sobre a greve no hospital na manhã desta segunda-feira (22) o semelhança que tem com Meryl Streep, já que se vê em uma "Escolha de Sofia" entre pagar o 13° aos funcionários ou deixar pacientes morrerem. 

Durante seu pronunciamento hoje (22), ao lado do responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, Alir - que assumiu a presidência da Santa Casa em 1° de janeiro de 2023 -, diz que seu primeiro mês no cargo foi encerrado com o envio de um ofício para o Ministério Público de Mato Grosso do Sul. 

"Informando que nós estávamos em tratativa, desde 2022, para o equilíbrio econômico-financeiro do contrato, porque o serviço que nós estávamos prestando ele [o acordo, em si] não pagava. O MPMS acompanhou tudo, este ano não aguentamos mais e entramos com uma ação na justiça, na qual o juiz já deu a liminar", descreveu. 

Segundo Alir, o próprio MPMS entrou com ação civil pública, em que expressava que o recurso pago para a Santa Casa não era suficiente, e faz questão de reconhecer que o pagamento do 13° salário é obrigação do próprio hospital . 

"Escolha de Sofia"

Porém, nas palavras da presidente da Santa Casa, quando não há equilíbrio econômico e financeiro do contrato também não é possível colocar mensalmente os devidos valores referentes ao popular décimo terceiro, pois, segundo ela, "vai chegar no final do ano sem esse valor". 

Nesse momento ela faz uma citação ao texto adaptado de um best-seller em filme, que data de 1983 e é estrelado por Meryl Streep, obra essa que lhe rendeu inclusive o Oscar de melhor atriz: "A Escolha de Sofia", que narra a trágica história de uma polonesa católica que sobreviveu ao holocausto, que segue porém atormentada por uma culpa do passado. 

O enredo gira entorno do aspirante a escrito "Stingo", que nos anos 40 torna-se amigo de um casal e vê essa mesma relação deteriorar, sendo confidente da personagem Sofia Zawistowska, que ainda em Auschwitz foi obrigada por um soldado nazista a escolher qual de seus dois filhos seria morto.  

"E foi o que aconteceu. Estamos na 'Escolha de Sofia'... ou eu guardava o dinheiro do 13° ou deixava morrer gente na Santa Casa", disse Alir Terra hoje (22), sendo ovacionada em seguida pelos presentes. 

Greve

Segundo repassado pela instituição, durante coletiva de imprensa convocada para a manhã de hoje (22), todos os funcionários celetistas foram prejudicados pela falta do décimo terceiro salário, o que totaliza um montante de aproximadamente R$14 milhões necessários para arcar com essa dívida específica. 

Kristie Lopes é técnica em enfermagem, trabalha na Santa Casa de Campo Grande há pelo menos seis anos, no setor de transplante renal e neurocirurgia, e diz que está esperando o pagamento do 13° integral desde o último dia 20, sem nenhuma resposta até então. 

Ela explica que durante o ano já houveram outros atrasos, o que Kristie classifica como "padrão da Santa Casa", o que enquanto uma funcionária mais antiga na instituição reforça não ter se acostumado, mas cita ter "pegado o ritmo". 

Usando um nariz vermelho, a trabalhadora do setor da enfermagem diz que toda a categoria do hospital se sente "feito de palhaçada". 

"Porque a gente está aqui todos os dias. Seja feriados, natal ou ano novo, sempre estamos disponíveis para poder cuidar com carinho, com atenção e a gente está se sentindo desrespeitada mesmo, porque o 13º não é um favor que eles estão fazendo, é um direito nosso, é um direito do trabalhador", diz.

Além dela, Rafaela Luz, técnica em enfermagem que há 4 anos trabalha no setor de ortopedia da Santa Casa, também frisa essa busca apenas por direitos, que esses trabalhadores e trabalhadoras sequer deveriam estar ali manifestando. 

"A gente está aqui correndo atrás de algo que é garantido por lei, está respaldado, mas eu acho que os próprios gestores, os governantes passam por cima disso. É o que a gente se sente... Palhaço. Língua de frente, humilhados. Sempre quando tem algo do tipo, quem está aqui na frente somos nós, junto com toda a equipe hospitalar.

Hoje, pela primeira vez, os médicos desceram para acompanhar a gente. Mas a maioria das vezes é o pessoal da higienização, é a enfermagem, é os técnicos e o pessoal da copa que está aqui com a gente", cita. 

Sem previsão de pagamento, a presidente da Santa Casa complementa que têm buscado empréstimos, com o intuito de quitar esse 13° salário principalmente, porém a própria situação atual de desequilíbrio serve de empecilho para angariar novas verbas. 

 

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13º ATRASADO

Paralisação afeta 30% dos atendimentos na Santa Casa

Profissionais recusaram a proposta de parcelar o 13º em três vezes (janeiro, fevereiro e março) e reivindicam que o pagamento seja feito em parcela única e integral

22/12/2025 12h00

Profissionais estão revoltados com a falta de pagamento e fizeram protesto

Profissionais estão revoltados com a falta de pagamento e fizeram protesto MARCELO VICTOR

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Profissionais de enfermagem, limpeza e copa paralisaram atividades, a partir desta segunda-feira (22), no Hospital Santa Casa de Campo Grande, por falta de pagamento do 13º salário.

Os atendimentos/serviços estão 30% paralisados e 70% funcionando por tempo indeterminado ou até o pagamento integral do décimo terceiro.

Com isso, 1.200 de 4.000 funcionários CLT estão de “braços cruzados”, sem trabalhar, no maior e mais importante hospital de Mato Grosso do Sul.

Os serviços afetados são atendimentos (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc) , lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Os profissionais recusaram a proposta de parcelar o 13º em três vezes (janeiro, fevereiro e março) e reivindicam que o pagamento seja feito em parcela única e integral.

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

Anteriormente, o Governo de Mato Grosso do Sul aportava a 13ª parcela da contratualização (R$ 14 milhões) a todos os hospitais filantrópicos do Estado.

Mas, de acordo com o hospital, neste ano não haverá o repasse integral em dezembro, mas sim parcelado em três vezes nos primeiros meses de 2026.

A própria Santa Casa é responsável pelo pagamento do benefício, a partir de repasses da Prefeitura Municipal de Campo Grande e Governo de Mato Grosso do Sul.

Profissionais estão revoltados com a falta de pagamento e fizeram protestoPresidente do sindicato dos trabalhadores de enfermagem de MS, Lázaro Santana. Foto: Marcelo Victor

O presidente do sindicato dos trabalhadores de enfermagem de MS, Lázaro Santana tenta negociar a possibilidade de antecipar as parcelas do 13º com o secretário de saúde de MS, Maurício Simões.

“Tive uma conversa com o doutor Simões por WhatsApp e falei de toda a problemática da paralisação e tal. Ele me informou que estava viajando porém iria conversar com o governador do Estado para ver a possibilidade de antecipar essas parcelas”, detalhou.

De acordo com o presidente, Lázaro Santana, o ato não se trata de greve, mas sim de paralisação de uma minoria, seguindo os critérios legais da Lei.

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou.

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”

Os profissionais estão revoltados com a falta de pagamento e fizeram protesto, no térreo do hospital, na manhã desta segunda-feira (22).

A paralisação prejudica atendimentos e o maior prejudicado nesta situação é o paciente, que necessita do serviço para sobreviver.

O QUE DIZ O GOVERNO DO ESTADO

O Governo de MS, através da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MS), afirmou que está em dia com as obrigações financeiras para/com a Santa Casa.

Além disso, esclareceu que não existe pactualização para que a gestão estadual seja a responsável pelo pagamento do 13º salário dos funcionários da Santa Casa de Campo Grande.

Nos últimos anos, em caráter extraordinário, foi realizado o pagamento de uma parcela extra de repasse aos hospitais filantrópicos do Estado, como forma de auxiliá-los no custeio e no cumprimento de suas obrigações.

De acordo com o Governo do Estado, R$ 90.773.147,00 foram repassados de janeiro a outubro de 2025, sendo que na parcela de novembro houve um acréscimo de R$ 516.515,89, elevando o repasse mensal ao hospital para R$ 9.593.830,59.

CRISE FINANCEIRA

A Santa Casa está em crise financeira há anos. Conforme noticiado pelo Correio do Estado, a Santa Casa gasta por mês R$ 1 milhão a mais do que recebe.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre governo federal, Prefeitura de Campo Grande e governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Porém, o hospital alega que o valor não seria suficiente para suportar a demanda atual da unidade de saúde, além de não sofrer reajuste desde 2023.

Sem a solução com o poder público, a instituição foi à Justiça pedir que, caso a renovação fosse feita, o repasse mensal precisaria ser corrigido para R$ 45,9 milhões (R$ 550,8 milhões por ano), além da recomposição retroativa referente aos últimos dois anos sem aumento.

Segundo documento que o Correio do Estado obteve com exclusividade, o hospital tinha um teto de R$ 46.907.889,12 para ser gasto em 2024 com internações de alta complexidade – serviços e procedimentos que exigem alta tecnologia, alto custo e infraestrutura especializada.

Porém, a entidade ultrapassou em cerca de R$ 2,5 milhões deste montante, o que resultou em um gasto operacional de R$ 49.484.607,38.

No balanço mês a mês, apenas em setembro a Santa Casa conseguiu operar as internações de alta complexidade dentro do teto, com R$ 3.825.922,38, menos de R$ 100 mil abaixo do limite mensal (R$ 3.908.990,76).

Por outro lado, outubro, segundo as informações do hospital, foi o pior mês, com gasto que chegou a R$ 4,6 milhões. Na média mensal, a instituição operou R$ 214,7 mil a mais do que o estipulado pelo teto.

De acordo com relatório anual divulgado pelo hospital em março deste ano, 2024 fechou com prejuízo de R$ 98,3 milhões, bem distinto do apresentado em 2023, quando fechou com superavit de R$ 27,5 milhões.

Ao longo dos anos, o deficit acumulado da Santa Casa soma R$ 514,8 milhões. Outro fator que ajuda a explicar a conta fechando no vermelho são os constantes empréstimos que a instituição faz.

No mesmo relatório é possível constatar que o hospital ainda teria que pagar R$ 256.916.856,00 por causa de empréstimos e financiamentos, desses R$ 16.141.304,00 em circulantes (12 meses, considerado curto prazo no mundo financeiro) e R$ 240.775.552,00 em não circulantes (longo prazo).

Em relação ao repasse financeiro, 56% (R$ 18,3 milhões) é de responsabilidade do Governo Federal. Os outros 44% são oriundos do Estado (R$ 9 milhões) e do Município (R$ 5,2 milhões).

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