Cidades

COVID-19

Vereador de Campo Grande quer proibir multas para pais 'antivacina'

Projeto de Lei do parlamentar do Partido Liberal foi motivado pela decisão recente do Superior Tribunal de Justiça que prevê multa conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA)

Tavares acredita que PL não é barreira à vacinação, mas uma forma de "qualificar o processo decisório", levantando ponto em torno da segurança das substâncias que surgem com "avanços científicos rápidos"

Tavares acredita que PL não é barreira à vacinação, mas uma forma de "qualificar o processo decisório", levantando ponto em torno da segurança das substâncias que surgem com "avanços científicos rápidos" - Gerson Oliveira e Marcelo Victor/Montagem Correio do Estado

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Motivado pela decisão da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, Rafael Tavares, o vereador pelo Partido Liberal em Campo Grande, quer ir na 'contramão' do que busca o STJ e proibir a aplicação de multas para pais "antivacina" na Capital. 

Segundo divulgado pelo parlamentar, o projeto tem intenção de "garantir o direito dos pais ou responsáveis", estabelecendo uma série de pontos antes de aplicação da vacina, que vão além de querer proibir a multa prevista. 

Como bem lembra o vereador em material de assessoria divulgado no portal da Câmara dos Deputados, o STJ estabeleceu que pais que se recusarem a vacinar seus filhos contra a Covid-19 estarão sujeitos à multa,  conforme artigo 249 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Esse trecho do ECA estabelece multa de três a vinte salários de referência pelo "descumprimento doloso ou culposo dos deveres inerentes ao poder familiar ou decorrente de tutela ou guarda". 

Pelas considerações do colegiado, desde que a vacina tenha sido incluída no Programa Nacional de Imunizações, a obrigatoriedade da imunização é constitucional, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal. 

Desde 2022 a vacinação passou a ser recomendada, com a decisão do STF pela obrigatoriedade passando a valer também para aplicações de vacinas impostas por lei ou mesmo determinada pelo poder público com base em consenso científico 

Porém, pelo PL de Rafael Tavares, mais especificamente no quinto artigo do projeto de lei, não somente as multas não poderiam ser aplicadas, mas ficaria vedada também: 

"Aplicação de qualquer multa, penalidade administrativa, restrição de acesso a serviços públicos, matrículas escolares ou benefícios sociais municipais aos pais ou responsáveis legais que, de forma fundamentada e mediante o exercício do direito ao consentimento informado previsto nesta Lei, decidirem não autorizar a vacinação de seus filhos ou tutelados menores de idade", cita o 5º artigo do PL. 

Em nota, o parlamentar diz acreditar que o projeto não é uma barreira à vacinação, mas uma forma de "qualificar o processo decisório", levantando ponto em torno da segurança das substâncias que surgem com "avanços científicos rápidos", cita. 

Demais medidas

O texto do PL começa cobrando a obrigatoriedade da coleta de consentimento, de pais e/ou responsáveis, antes da aplicação "de qualquer vacina em crianças e adolescentes menores de 18 anos, seja em campanhas de vacinação, programas escolares ou atendimentos ambulatoriais". 

Antes que decidam pela aplicação (ou não) da vacina, Rafael cobra que os pais sejam informados sobre: 

  1. Finalidade do imunizante e sua indicação etária; 
  2. Composição da vacina e seu registro sanitário; 
  3. Potenciais efeitos adversos comuns e raros; 
  4. Contraindicações e advertências médicas conhecidas; 
  5. Consequências da recusa ou adiamento da aplicação. 

O projeto de lei cobra a conduta já adotada em instituições de ensino, de aplicação apenas mediante consentimento expresso, fixando que aqueles imunizantes fora do PNI ou com aprovação emergencial, experimental ou provisória de órgãos sanitários nacionais ou internacionais, só poderão ser aplicadas se cumpridas condições específicas. 

Entre essas, Rafael lista a necessidade de reconhecimento da eficácia da vacina para a faixa etária a ser imunizada, que seja feita por publicação oficial da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além disso, ele pede a realização de audiências públicas municipais, convidando para isso profissionais das mais diversas áreas, como Ministério da Saúde e Conselho Tutelar junto dos representantes da sociedade civil. 

Covid-19

Dados do último boletim epidemiológico de Covid-19 - elaborado pela coordenadoria de emergências em saúde pública da Secretaria de Estado de Saúde (SES) -, divulgados no último dia 18, mostram que a doença já vitimou 24 pessoas em Mato Grosso do Sul neste ano. 

Até a última semana de fevereiro, como bem acompanha o Correio do Estado, 18 pessoas já tinham morrido vítimas da Covid-19 em 2025 no Mato Grosso do Sul. 

 

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SAÚDE

Com déficit de R$ 158 milhões ao ano, convênios contratuais da Santa Casa devem ser reajustados

A medida foi apresentada pelo deputado estadual Pedrossian Neto depois da audiência pública que discutiu a crise financeira da Santa Casa de Campo Grande

26/03/2025 17h16

A Santa Casa de Campo Grande enfrenta crise financeira grave, mesmo com receita de R$ 383,5 milhões em 2024

A Santa Casa de Campo Grande enfrenta crise financeira grave, mesmo com receita de R$ 383,5 milhões em 2024 Foto: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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Conforme já divulgado pelo jornal Correio do Estado, o maior hospital de Mato Grosso do Sul, está enfrentando uma situação financeira crítica, com um déficit de quase R$ 160 milhões anualmente, o que representa R$ 13,238 milhões por mês.

Em meio à crise financeira, o hospital enviou na segunda-feira (24), um ofício à Sesau informando que estava com o seu pronto-socorro superlotado e que não teria mais condições de receber mais pacientes que não fossem de emergência.

No fim da tarde de segunda, havia 87 pacientes em um espaço onde deveria haver apenas 13 pessoas. Na terça-feira (25) de manhã, essa quantia havia caído para 76, mas as restrições continuavam ativas.

Diante desse cenário, e depois da audiência pública que discutiu a crise financeira da Santa Casa de Campo Grande, o deputado estadual Pedrossian Neto, apresentou um projeto de lei que obriga o reajuste nos convênios de contratualização entre o Governo de Mato Grosso do Sul e hospitais filantrópicos que atendem o SUS (Sistema Único de Saúde).

Conforme a proposta, para que o reajuste anual seja aplicado, as instituições de saúde precisam fazer parte do CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), se enquadrarem como entidade assistencial sem fins lucrativos e estarem aptas ao recebimento de verbas do SUS.

Além disso, ainda de acordo com o texto, será necessária a comprovação do cumprimento de metas qualitativas e quantitativas em patamar não inferior a 70%. O documento ainda obriga a implementação de um sistema de transparência em meio digital, para que os hospitais sem fins lucrativos demonstrem a aplicação e destinação dos recursos recebidos.

Em sua justificativa, Pedrossian afirmou que as contratualizações do Sistema Único de Saúde não preveem qualquer reajuste dos valores aportados. “Isso faz com que ao longo da execução dos convênios, as entidades se vejam em constante déficit financeiro, acumulando dívidas ao longo do tempo, o que certamente contribui para o colapso do sistema de assistência à saúde”, completou.

Caso seja aprovado, o projeto de lei vai abranger todos os hospitais sem fins lucrativos, mas atualmente, é a Santa Casa de Campo Grande que apresenta maior preocupação devido ao fluxo de atendimento e por ser a referência da saúde em Mato Grosso do Sul.

DECISÃO

Mais cedo, o Correio do Estado informou que juiz da 3ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos de Campo Grande, Marcelo Andrade Campos Silva deu dois dias para que o Executivo campo-grandense pague à Santa Casa, sob pena de sequestro dos cofres públicos, a quantia de R$ 46.381.533,60.

Isso porque, na segunda-feira, o hospital ingressou na Justiça com um pedido de concessão de tutela de urgência para que a Prefeitura de Campo Grande efetuasse esse pagamento.

O magistrado foi favorável ao pedido e a resposta aconteceu em tempo recorde, no dia seguinte, devido a urgência do caso. “Determino que seja o requerido intimado para, em 48 horas, cumprir a decisão judicial de obrigação de fazer, consistente no repasse da verba determinada na sentença, sob pena de sequestro”, diz trecho da decisão.

Essa decisão é resultado de um processo ingressado em 2020 pela Santa Casa contra a Prefeitura de Campo Grande pelo não pagamento de recursos que seria proveniente de repasse do governo federal, feito ainda durante a pandemia de Covid-19.

O processo tramitou no Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), que acatou o pedido do hospital, porém, a prefeitura havia entrado com um recurso no Tribunal Superior de Justiça (STJ).

No início da ação, em 2020, o valor reclamado pelo hospital era de R$ 13,5 milhões. Entretanto, hoje a unidade hospitalar alega que ele já teria chegado a R$ 46,3 milhões.

No agravo ingressado pela prefeitura no STJ, os ministros da Segunda Turma da Corte, no dia 19, decidiram “por unanimidade negar provimento ao recurso”.

Com isso, a Santa Casa de Campo Grande solicitou na segunda-feira, conforme nota da instituição, que esses R$ 46,3 milhões sejam pagos ao hospital, o que foi acatado pelo magistrado.

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Meio Ambiente

Toca de tatu-canastra vira refúgio para tamanduá-mirim escapar do calor no Pantanal

Apesar de a espécie possuir uma cauda que possibilita sua movimentação em árvores, a pesquisa indicou que o tamanduá-mirim pode estar se adaptando a condições extremas da região

26/03/2025 17h00

Divulgação Icas

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As tocas de tatu-canastra, o gigante conhecido como engenheiro da floresta, costumam abrigar outros animais. Um estudo inédito revelou que o tamanduá-mirim, que geralmente fica em galhos de árvores, tem preferido esse abrigo.

A pesquisa foi conduzida com a colaboração de pesquisadores do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS) e da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

O ICAS, que realiza a observação do tatu-canastra por meio de câmeras, rastreamento com GPS e, inclusive, capturou o maior espécime desde o início do trabalho há 14 anos, tem observado como as tocas auxiliam a fauna no Pantanal do Mato Grosso do Sul.

Engenheiro do ecossistema


As tocas do tatu-canastra podem atingir até 5 metros de comprimento e 1,5 metro de profundidade, com abertura de 40 a 50 centímetros de diâmetro.

Como o canastra pode ter várias tocas espalhadas por territórios de cerca de 2.500 hectares, conforme apontado pelas pesquisas do ICAS, em algum momento o abrigo fica vazio e acaba servindo de refúgio para outras espécies, como:

  • onça-pintada;
  • pequenos roedores;
  • catetos;
  • jaguatiricas;
  • onças-pardas, entre outros.

Para se ter ideia da resiliência do canastra, um dos registros emocionantes foi o deslocamento da fêmea Stacey, que percorreu 1.500 metros com o filhote.
 

Abrigo


Cerca de 10 anos de monitoramento permitiram aos especialistas observar o comportamento da fauna. No caso dos tamanduás-mirins, eles foram flagrados explorando, descansando e dormindo nas tocas do tatu-canastra.

Em algumas situações, os animais permaneceram no abrigo por mais de 22 horas. Uma das explicações é que a toca subterrânea fornece estabilidade térmica.

“Essas tocas são refúgios valiosos, principalmente em um ambiente tão desafiador como o Pantanal, onde as temperaturas podem ser extremas e há grande variação sazonal”, explica o autor principal do estudo, Mateus Yan. Ele completa:

“Nosso estudo mostra que as tocas de tatu-canastra podem ser fundamentais para a sobrevivência dos tamanduás-mirins e de muitas outras espécies.”

Reprodução Icas

Adaptação


Os tamanduás-mirins possuem uma cauda preênsil, isto é, capaz de se agarrar e segurar objetos, funcionando quase como um quinto membro.

Essa característica auxilia a espécie na movimentação entre os galhos das árvores, o que levou os pesquisadores a questionar:

Por que escolheriam dormir debaixo da terra?

A resposta pode estar na necessidade de adaptação ao ambiente. No Pantanal, onde os períodos de seca e calor podem ser extremos, qualquer estratégia para conservar energia e manter o conforto térmico pode ser essencial para a sobrevivência.

Segundo os registros obtidos, os tamanduás-mirins avaliam a toca da seguinte forma:

  • inspecionam a entrada;
  • exploram o interior;

Após verificarem a segurança, o comportamento mais observado foi o de longos períodos de sono, o que pode indicar uma estratégia para conservar energia e manter a temperatura corporal estável.

 

Outro ponto levantado pelos pesquisadores é a hipótese de que as tocas também servem como ponto de alimentação, já que os tamanduás-mirins se alimentam de formigas e cupins, que frequentemente habitam essas cavidades.

Os registros de vídeo mostraram os animais farejando e arranhando as entradas das tocas, sugerindo a possibilidade de que estivessem em busca de alimento.

Conservação dos tatus-canastra


O estudo inédito avaliou detalhadamente como uma espécie consegue se beneficiar das tocas do tatu-canastra.

Além disso, conforme destacou o presidente do ICAS e coautor do estudo, Arnaud Desbiez, pesquisas ao longo do tempo demonstraram que mais de 100 espécies de vertebrados e mais de 300 espécies de invertebrados já foram documentadas utilizando essas estruturas.

“O tatu-canastra é um verdadeiro engenheiro do ecossistema, criando abrigos que beneficiam uma ampla gama de espécies. A conservação dessa espécie é essencial não apenas para sua própria sobrevivência, mas também para a manutenção do equilíbrio ecológico do Pantanal”, destaca Desbiez.

Uma das preocupações dos pesquisadores é que a possível redução da população de tatu-canastra, devido à degradação do meio ambiente e à perda de áreas naturais, pode afetar negativamente a fauna que depende de suas tocas.

Por isso, os pesquisadores esperam que os resultados do estudo incentivem a proteção do tatu-canastra e de seu habitat.

Sobre a pesquisa


O estudo foi realizado no Pantanal, entre os municípios de Corumbá e Aquidauana (MS), com o apoio do Projeto Tatu-Canastra, do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), em parceria com a Fazenda Baía das Pedras.

Há mais de 10 anos, os pesquisadores utilizam armadilhas fotográficas para registrar e analisar o comportamento do tatu-canastra.

Esse monitoramento contínuo tem auxiliado na expansão do conhecimento sobre a espécie, sua ecologia e seu papel no equilíbrio do ecossistema.

A pesquisa contou com financiamento de diversas instituições, incluindo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e zoológicos que apoiam o Programa de Conservação do Tatu-Canastra.

Além de Mateus Yan e Arnaud Desbiez, o estudo conta com a participação dos pesquisadores Alessandra Bertassoni, do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás (UFG), e Gabriel Massocato, coordenador do Projeto Tatu-Canastra no Pantanal.

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