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Visita de Obama traz discussão sobre visto

Visita de Obama traz discussão sobre visto

G1

16/03/2011 - 13h16
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Com a proximidade da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil volta à tona a discussão sobre o fim da exigência do visto de entrada entre os dois países.
 

Embora o Ministério das Relações Exteriores não confirme que o tema será tratado no encontro entre Obama e Dilma no próximo fim de semana, uma organização que representa a indústria do turismo nos Estados Unidos, a U.S. Travel Association, afirma que atuará até a próxima sexta (18), véspera da visita, para tentar incluir o tema na pauta do encontro entre os presidentes.


O vice-presidente internacional de Marketing da U.S. Travel Association, Luiz Moura, afirma que a entidade tem tratado do tema com o governo norte-americano desde que Obama assumiu. No começo deste mês, uma carta foi encaminhada a Obama pela entidade pedindo a inclusão do Brasil no programa Visa Waiver, que permite a isenção de visto a negócios ou turismo para estadias inferiores a 90 dias nos Estados Unidos. Atualmente, de acordo com a Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, trinta e seis países já têm esse benefício, entre eles integrantes da União Europeia e países asiáticos, como Japão e Coreia do Sul.

Luiz Moura, vice-presidente internacional de Marketing da U.S. Travel Association, sobre um dos argumentos para o fim do visto de entrada de brasileiros nos Estados Unidos
Luiz Moura, da U.S. Travel, diz que os principais argumentos da associação são o incremento do turismo brasileiro nos Estados Unidos e a redução do risco de que os turistas se transformem em imigrantes ilegais.


"Existem alguns critérios técnicos para que países possam chegar ao Visa Waiver, um deles é o índice de rejeição de vistos, que é baixo no Brasil, de 5%. Outra questão é a imigração ilegal. A gente não vê mais brasileiros querendo fazer a vida na América. Além disso, a estabilidade política e econômica do Brasil também é levada em consideração."


Moura diz que, para o Brasil entrar no Visa Waiver, o governo brasileiro também precisa flexibilizar suas regras. Isso porque há um acordo de reciprocidade entre os dois países. A U.S. Travel diz que, em 2010, 1,1 milhão de brasileiros foram para os Estados Unidos e que o número poderia dobrar em dois anos com o fim do visto.
 

Em 2010, conforme a embaixada, foram concedidos 600 mil vistos nos quatro consulados dos Estados Unidos no Brasil - Brasília, Rio, Recife e São Paulo. Isso representa, conforme a embaixada, 95% dos pedidos feitos - apenas 5% foram rejeitados. Ou seja, cerca de 30 mil brasileiros tiveram vistos rejeitados. Conforme a embaixada, não há motivos específicos para a rejeição. Em sua maioria, os brasileiros não comprovaram "fortes laços" no Brasil e teriam perfil para usarem o visto para continuar nos Estados Unidos e acabarem como imigrantes ilegais.

Um visto de viagem para os Estados vale por dez anos. Atualmente, para tirar um visto paga-se R$ 38 para o agendamento da entrevista no consulado mais a taxa do visto, que varia de US$ 140 a US$ 350. A grande dificuldade de quem quer ir para os Estados Unidos com urgência é o tempo de espera para as entrevistas nos consulados. Embora no Recife o tempo seja de dois dias, em São Paulo, a espera pela entrevista atualmente é de 112 dias, de acordo com a embaixada. No consulado de Brasília, a espera é de 71 dias e no Rio, de 98 dias. Conforme a embaixada, os norte-americanos também precisam passar por entrevista para obter visto para entrada no Brasil.
 

Luiz Moura diz também que uma das dificuldades de quem tenta obter visto para os Estados Unidos é o pequeno número de consulados para atender ao país todo. "Há custo de se chegar aos consulados que acabam inviabilizando as viagens de brasileiros. Quem mora do Amazonas, por exemplo, paga duas viagens, porque tem que ir a Brasília ou Recife para tirar o visto."
 

Além do benefício para a indústria norte-americana de turismo, a entidade também alega que a indústria brasileira pode se beneficiar com a medida, uma vez que o país sediará dois grandes eventos mundiais, como a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016.
 

Americanos no Brasil
 

Autarquia brasileira responsável por incrementar o turismo no Brasil, a Empresa Brasileira de Turismo (Embratur) confirma que uma flexibilização nas regras sobre vistos seria benéfica. "Um mecanismo de facilitação de trânsito em fronteira sempre contribui favoravelmente para o turismo. (...) Mas do ponto de vista diplomático, a concessão de vistos tem diversas outras questões, como segurança, que devem ser levadas em conta", destaca o presidente da Embratur, Mário Moysés, ex-secretário-executivo do Ministério do Turismo.
 

Moysés disse não ter conhecimento sobre discussões concretas entre o governo brasileiro e o norte-americano a respeito de flexibilizações.


Para o presidente da Embratur, no entanto, não há dúvidas que medidas do tipo podem incrementar o turismo norte-americano no Brasil. Segundo ele, os europeus vieram mais ao Brasil em 2009 do que os visitantes dos Estados Unidos. Considerando os países europeus que mais mandam turistas ao Brasil, que têm juntos uma população de 373 milhões de habitantes, 1,281 milhão vieram ao Brasil em 2009. Entre os 310 milhões de norte-americanos, 603 mil visitaram o Brasil no mesmo ano.
 

No Congresso brasileiro
 

Enquanto há uma tentativa da indústria norte-americana do turismo para que o tema entre na pauta de discussões entre Dilma e Obama, a Comissão de Turismo e Desporto da Câmara dos Deputados também discute o assunto, mesmo sabendo que uma decisão sobre esse tema deve ser tomada pelo Executivo.


Deputado Jonas Donizette, presidente da Comissão de Turismo da Câmara dos Deputados
"A gente está tratando desse assunto, da flexibilização da entrada de estrangeiros no Brasil, até em vista de Olimpíadas e Copa do Mundo. (...) Esperamos que a visita de Obama possa avançar nesse sentido. (...) Acreditamos que mesmo que esse tema não seja tratado especificamente entre os presidentes nesta visita, pode ficar plantada uma semente para se lidar posteriormente com as autoridades", diz o deputado Jonas Donizette (PSB-SP), presidente da comissão da Câmara.


Para Donizette, a eliminação do visto seria "o ideal", mas os deputados discutem que poderia haver uma flexibilização no sentido de agilizar a obtenção do visto apenas pela internet. "A eliminação do visto seria o ideal, mas temos compreensão de que eles (EUA) têm questões próprias em relação ao emprego, em relação à imigração ilegal. Mas é um processo.."
O deputado afirma que, em sua visita, Obama pode "reconhecer que o Brasil vive um momento diferente na área econômica". "Há expectativa de que se reconheça que o Brasil vive um estado diferente. Que o cidadão brasileiro não quer mais sair do Brasil e tentar a vida fora. Que o cidadão brasileiro pode ser tratado com a diferença com que hoje já é tratado o cidadão europeu."
 

Cazaquistão

Avião da Embraer que caiu pode ter sido atingido por sistema de defesa aérea russo

Passageiros sobreviventes relataram ouvir uma explosão ao se aproximarem de Grozny, na região russa da Chechênia

25/12/2024 22h00

Avião caiu com 67 pessoas a bordo

Avião caiu com 67 pessoas a bordo Foto: Reprodução

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A queda de um avião da Embraer que matou ao menos 38 pessoas em Aktau, no Cazaquistão, nesta quarta-feira, 25, pode ter sido causada por um míssil, segundo relatos da imprensa.

De acordo com a agência Euronews, fontes oficiais ligadas à investigação do desastre disseram que alguns dos passageiros que sobreviveram ao acidente com o E190 da Azerbaijan Airlines teriam ouvido uma explosão ao se aproximarem de Grozny, na região russa da Chechênia, o destino do voo que saiu da capital do Azerbaijão, Baku.

Mais cedo, o canal de notícias Anewz, do Azerbaijão, havia citado em reportagem as declarações de um blogueiro militar russo relacionando os danos à aeronave a um sistema de mísseis de defesa aérea.

A tese de que o sistema de defesa aérea russo pode ter abatido o avião é corroborada por relatos de ataques de drones ucranianos na Chechênia na manhã desta quarta-feira.

Cidades

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics

País buscará entendimento com outros países do grupo, diz embaixador

25/12/2024 21h00

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics

Mudanças climáticas e IA serão pautas do Brasil à frente do Brics PAULO PINTO/AGÊNCIA BRASIL

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O Brasil assume a presidência do Brics em 1º de janeiro do ano que vem e receberá, pela quarta vez, a reunião de cúpula do grupo. Para o governo brasileiro, essa será uma oportunidade de buscar entendimento, entre as dez nações que compõem o grupo, na direção da construção de um mundo melhor e mais sustentável.

Em entrevista à Agência Brasil, o embaixador Eduardo Saboia, sherpa (ou seja, o negociador-chefe) do Brics em 2025, afirma que o grupo, pelo tamanho de sua população (mais de 40% do total global) e de sua economia (37% do PIB mundial por poder de compra), tem uma grande importância no cenário global.

“Se você quer construir um mundo melhor, um mundo sustentável, o Brics tem que ser parte dessa construção. E é importante que haja um entendimento entre esses países, porque esse entendimento ajuda você a alcançar um entendimento mais amplo [com outros países]”, disse Saboia.

Além de temas que já vêm sendo discutidos no Brics, como a possibilidade do uso de moedas locais no comércio entre os países e a reforma da governança global, o Brasil aproveitará sua posição à frente do grupo, para buscar entendimento em temas como as mudanças climáticas, desenvolvimento sustentável com redução da pobreza e uma governança sobre a inteligência artificial.

A questão do clima é de especial interesse porque o Brasil sediará também neste ano, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-30), em Belém.

“Como a gente pode aproveitar a presidência do Brics para construir um entendimento que possa ajudar para o êxito da COP-30? Os países que são membros do Brics têm um papel central na questão da energia, que é a principal fonte de emissões de gases do efeito estufa”, afirma.

Já a governança da Inteligência Artificial (IA) é um tema relevante uma vez que, segundo o embaixador, essa é uma tecnologia “disruptiva”. “Não existe uma governança da inteligência artificial, mas essa é uma discussão que está ocorrendo. Quem sabe no Brics, durante a presidência brasileira, a gente possa avançar na ideia de ter uma visão desses países sobre como deve ser a governança da inteligência artificial”.

De acordo com Saboia, o Brics é uma força de construção e também estabilizadora. “É estabilizadora porque se você tem esses países, que são muito diferentes e com sistemas políticos diferentes, cada um com seus desafios, se entendendo e eles se reúnem todo ano, isso é bom para todo mundo, porque dali saem soluções para a população”.

Ampliação

A primeira reunião de cúpula ocorreu em 2009, apenas com Brasil, Rússia, Índia e China (o Bric original). Em 2011, a África do Sul aderiu, transformando a sigla em Brics.

Em 2023, na cúpula de Johannesburgo, na África do Sul, o Brics convidou Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes, para se juntarem ao grupo a partir de janeiro de 2024. A Argentina decidiu não aderir, enquanto os demais participaram da cúpula deste ano, em Kazan, na Rússia.

O embaixador Saboia explica que a expansão dos Brics é resultado do êxito do grupo. “O Brics hoje desperta grande interesse e é importante que ele seja representativo dos países do sul global, dos países emergentes”.

Segundo ele, a ampliação do grupo tem apoio do Brasil e dialoga com a posição do país em relação à reforma da governança global. “Se a gente defende a reforma e a ampliação do Conselho de Segurança [da ONU], faz sentido que a gente tenha uma ampliação do Brics. Agora essa plataforma [o Brics], tem uma pauta, tem um acerto, então os países que entraram, abraçaram essas conquistas. Uma das prioridades é fazer com que essa incorporação se dê da maneira mais suave e efetiva possível”.

Na cúpula de Kazan, o Brics também anunciou uma nova modalidade de membros (os países associados) e definiu-se que 13 nações seriam convidadas: Cuba, Bolívia, Turquia, Nigéria, Indonésia, Argélia, Belarus, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã e Uganda.

Saboia afirma que o anúncio em relação à adesão dos países parceiros será feito nas próximas semanas. “Uma das prioridades da nossa presidência é fazer com que esses países se sintam acolhidos na família do Brics. É importante que haja um trabalho para que eles se envolvam. Eles participarão das reuniões de ministros de Relações Exteriores e também há previsão que eles participem da cúpula [de 2025]”.

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