Correio B

Gastronomia

Bacalhau com cebolas caramelizadas é a dica de receita para o Natal

A sugestão deste fim de semana pode ser o ponto de partida para um banquete natalino dos sonhos, que você pode testar agora mesmo; conheça um pouco da história do peixe que inspira centenas de pratos em Portugal, inclusive a receita desta página

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Se na Bahia é possível conhecer uma igreja diferente a cada dia, em Portugal, o mesmo pode ser dito sobre receitas com bacalhau.

Tamanha é a diversidade dos preparos com esse tipo de peixe que, embora alguns questionem a máxima, muita gente acredita que a fartura é mesmo tão verídica a ponto de fazer valer a máxima de “um bacalhau por dia”.

Exagero ou não, a rica variedade não deixa de impressionar. Algumas publicações lusitanas apresentam mais de 100 formas diferentes de preparar o bacalhau, inclusive a sugestão para a sua aventura do sabor deste fim de semana, que, aliás, harmoniza-se muito bem com um belo trago de vinho do Porto.

Trata-se do bacalhau com cebolas caramelizadas. Alguns cozinheiros até optam por caramelizar a cebola com esse tipo de vinho, tão característico da alma portuguesa quanto o bacalhau. O fato é que um pedaço de bacalhau em mãos lusitanas abre um leque imenso de possibilidades.

A farra gastronômica pode começar de um jeito bem básico, como os célebres e universais bolinhos, ou já partir para preparos mais arriscados e complexos, a exemplo do menu de sopas de alho.

Métodos, nuances de sabores, preferências e o selo de reconhecimento quanto à autenticidade do verdadeiro bacalhau ajudam a dar fôlego ao mito. Mais sobre o RG do peixe logo a seguir.

Empanado, cozido, frito, ao forno ou na brasa. Muitas vezes, o nome que batiza a receita já define a própria técnica de preparo. E para acompanhar, o elenco de apoio não deixa nada a desejar. Brócolis, cebolas (olha elas aí), tomate, batatas, maionese, pão de centeio ou de milho (que os portugueses chamam de broa).

Tudo isso vai bem com a deliciosa iguaria fornecida pelas águas do Atlântico. 

Sim, o chamado bacalhau “verdadeiro” ou “original”, da espécie Gadus morhua, é cria do oceano que separa a Europa do continente americano, por isso mesmo conhecido como bacalhau do Atlântico, ainda que sua origem seja de uma família com mais de 60 espécies de peixes migratórios.

Nos limites do território (e do cardápio) português, os lugares também assinam o peixe quanto à procedência e aos preparos. O bacalhau fresco de Santarém, o preparado ao estilo do Porto, o de Lafões, o de Setúbal. 

Rodando Portugal tendo o peixe como bússola, o viajante conhecerá o país inteiro. Fora o glossário de nomes próprios que se ergue a partir de invenções que garantem um lugar da posteridade para os seus autores.

O mais conhecido, certamente, é Gomes de Sá, comerciante e cozinheiro de mão cheia que mergulhou o bacalhau no leite. Mas há outros: o Zé do Pipo, o bacalhau a Brás, Antônio, à Miquelina, de Paula, de Evaristo, de Guida, de João do Buraco e por aí vai. 

Por que não aventurar-se com o seu próprio bacalhau? Mato Grosso do Sul é cativo do peixe em seu calendário gastronômico. Agora, ao trabalho e bom apetite!

Bacalhou com cebolas caramelizadas

Ingredientes

  •  250 gramas de bacalhau dessalgado;
  •  3 colheres (sopa) de azeite de oliva;
  •  200 gramas de palmito pupunha em conserva picado;
  •  ½ maço médio de cebolinha verde;
  •  2 colheres (sopa) de alcaparras em conserva;
  •  ½ xícara (chá) de uvas-passas sem sementes;
  •  12 cebolas pequenas;
  •  1 colher (sopa) de açúcar;
  •  8 tomates-cereja partidos ao meio

Modo de Preparo

Preaqueça o forno à temperatura média (180ºC). Em uma panela, cozinhe o bacalhau em um litro de água até ficar macio. Retire do fogo, desfie o bacalhau grosseiramente e distribua em uma assadeira refratária, de 22 cm de diâmetro, untada com uma colher de azeite.

Disponha por cima o palmito, a cebolinha picada, as alcaparras e as uvas-passas. Se necessário, polvilhe sal. Regue com uma colher de azeite e cinco colheres de água. Cubra a assadeira com papel-alumínio e leve ao forno por 10 minutos.

Retire do forno e reserve. Enquanto isso, leve ao fogo uma panela com as cebolas, o azeite restante e o açúcar. Cozinhe, salteando de vez em quando, até as cebolas ficarem macias e caramelizadas. No fim do cozimento, junte os tomates. Retire do fogo e sirva em seguida, com o bacalhau e com agrião.

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NO PRECINHO

Com ingressos a R$ 10, semana do cinema começa nesta quinta (06)

"Ainda Estou Aqui", "Mufasa: O Rei Leão", "Moana 2", "Auto da Compadecida 2" e "Conclave" são alguns dos filmes em cartaz; promoção vai até a próxima quarta-feira (12)

06/02/2025 12h00

Ainda Estou Aqui (à esquerda), Mufasa: O Rei Leão (ao centro) e Auto da Compadecida 2 (à direita) são filmes em cartaz

Ainda Estou Aqui (à esquerda), Mufasa: O Rei Leão (ao centro) e Auto da Compadecida 2 (à direita) são filmes em cartaz Fotos: Montagem/Divulgação

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Nesta quinta-feira (06), começa a semana do cinema em todo o país, do qual são vendidos ingressos para qualquer filme por R$ 10. 

Ao todo, oito redes de cinema participam da promoção, são eles: Arteplex, Cineart, Cinemark, Cinépolis, Cine Araújo, Cinesystem, GNC Cinemas, Moviecom e UCI Cinemas.

Em Campo Grande, os três shoppings contam com redes que participam da semana do cinema (todos em negrito acima). Para conferir a programação, sessões e combos disponíveis, basta acessar o site oficial das redes da sua cidade, escolher o filme desejado e verificar os horários abertos.

Confira abaixo filmes em cartaz que vão durar até dia 12, quando termina a promoção:

AINDA ESTOU AQUI

Ainda Estou Aqui se passa no Brasil, em 1970 e é uma adaptação do livro autobiográfico de Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva. Na trama, uma mulher casada com um importante político precisa mudar sua vida completamente depois que ele é exilado durante a ditadura. A dona de casa se vê obrigada a virar ativista de direitos humanos após o desaparecimento de seu marido.

Com três indicações ao Oscar (Melhor Atriz, Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Filme) e Fernanda Torres vencedora do Globo de Ouro, o filme continua no “hype” e continua enchendo salas de cinema.

Classificação indicativa: 16 anos.

AUTO DA COMPADECIDA 2

Mais de vinte anos depois de O Auto da Compadecida (2000), João Grilo (Matheus Nachtergaele) e Chicó (Selton Mello) voltam para as telas brasileiras. O ator Luís Mirando também estará na produção, interpretando um personagem malandro que ensinou malandragens para João Grilo.

Classificação indicativa: 12 anos.

EMILIA PÉREZ

No novo filme de Jacques Audiard, a advogada Rita (Saldaña) aceita uma proposta intrigante: ajudar o chefe do cartel Manitas (Gascón) a abandonar o crime e realizar seu sonho secreto de se transformar na mulher que sempre desejou ser.

Nos últimos dias, principalmente após o Globo de Ouro, o longa vem sendo rivalizado com Ainda Estou Aqui, por declarações do diretor Jacques Audiard e da protagonista Karla Sofía Gascón.

Classificação indicativa: 16 anos.

CONCLAVE

O filme acompanha um dos eventos mais secretos e antigos do mundo: a escolha de um novo Papa. Após a morte inesperada do atual pontífice, o Cardeal Lawrence (Ralph Fiennes) é encarregado de conduzir esse processo confidencial. Os líderes mais poderosos da Igreja Católica de todo o mundo se reúnem nos corredores do Vaticano para participar da seleção, cada um com suas próprias ambições. Lawrence se vê no centro de uma conspiração, desvendando segredos que ameaçam não apenas sua fé, mas também as fundações da Igreja.

Classificação indicativa: 12 anos.

NOSFERATU

Uma nova adaptação do clássico do terror, Nosferatu é um conto gótico sobre a obsessão de um terrível vampiro por uma mulher assombrada. A história se passa nos anos de 1800 na Alemanha e acompanha o rico e misterioso Conde Orlok (Bill Skarsgård) na busca por um novo lar. O vendedor de imóveis Thomas Hutter (Nicholas Hoult) fica responsável por conduzir os negócios de Orlok e, então, viaja para as montanhas da Transilvânia para prosseguir com as burocracias da nova propriedade do nobre. O que Thomas não esperava era encontrar o mal encarnado. Todos ao seu redor lhe indicam abandonar suas viagens, enquanto, longe dali, Ellen (Lily-Rose Depp) é continuamente perturbada por sonhos assustadores que se conectam com o suposto homem que Thomas encontrará e que vive sozinho num castelo em ruínas nos Cárpatos.

Classificação indicativa: 16 anos.

A VERDADEIRA DOR

A Verdadeira Dor, com roteiro e direção de Jesse Eisenberg, é uma comédia dramática que explora as complexidades das relações familiares e a busca por identidade. A trama acompanha David (Jesse Eisenberg), um pai reservado e pragmático, e Benji (Kieran Culkin), seu primo excêntrico e boêmio. Apesar de suas diferenças, eles embarcam juntos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó recentemente falecida, participando de uma excursão que revisita memórias do Holocausto e conecta o grupo às raízes familiares. Durante a jornada, antigas tensões entre os primos ressurgem, transformando a viagem em uma experiência emocionalmente intensa. À medida que exploram o passado da família e enfrentam as diferenças que os separam, David e Benji são forçados a confrontar suas próprias escolhas e perspectivas de vida. Com momentos de humor e melancolia, o filme oferece uma reflexão profunda sobre memória, legado e reconciliação, equilibrando leveza e emoção em uma narrativa envolvente.

Classificação indicativa: 16 anos.

ACOMPANHANTE PERFEITA

Em Acompanhante Perfeita, Iris (Sophie Thatcher) e Josh (Jack Quaid) vivem um romance digno de cinema. Após se conhecerem em um mercado, os dois rapidamente se apaixonam e embarcam em um relacionamento intenso. Para aproveitar um fim de semana especial, eles viajam para uma luxuosa casa de campo com amigos, buscando descanso e diversão. No entanto, o que deveria ser um retiro tranquilo se transforma em um verdadeiro pesadelo quando uma revelação inesperada muda tudo: Iris é, na verdade, um robô. A descoberta desencadeia uma série de eventos caóticos, com perseguições, violência e segredos vindo à tona. Em meio ao terror, Iris, uma máquina altamente sofisticada, precisa lutar para sobreviver e entender sua própria existência. Misturando suspense, terror e comédia, o filme aborda temas como idealizações românticas e relações de gênero, explorando os limites entre humano e máquina.

Classificação inidicativa: 16 anos.

O HOMEM DO SACO

Uma família se vê envolvida em um pesadelo enquanto é caçada por uma criatura mítica e maligna. Durante séculos e em todas as culturas, os pais alertaram os seus filhos sobre o lendário Homem do Saco, que rapta crianças inocentes para nunca mais serem vistas. Patrick McKee (Sam Claflin) escapou por pouco quando menino, o que o deixou com cicatrizes ao longo de sua vida adulta. Agora, o pesadelo da infância de Patrick voltou, ameaçando a segurança de sua esposa Karina e de seu filho Jake.

Classificação indicativa: 14 anos.

PARA A CRIANÇADA

PADDINGTON: UMA AVENTURA NA FLORESTA

Em Paddington - Uma Aventura na Floresta, o adorável urso Paddington retorna ao Peru para visitar sua querida Tia Lucy, acompanhado pela família Brown. A viagem, que promete ser uma reunião afetuosa, logo se transforma em uma jornada cheia de surpresas e mistérios a serem resolvidos. Enquanto explora a floresta amazônica, Paddington e seus amigos encontram uma variedade de desafios inesperados e se deparam com a deslumbrante biodiversidade do local. Além de garantir muita diversão para o público, o filme aborda temas de amizade e coragem, proporcionando uma experiência emocionante para toda a família. Bruno Gagliasso, mais uma vez, empresta sua voz ao personagem na versão brasileira, adicionando um toque especial ao carismático urso. Com estreia marcada para 16 de janeiro, o longa promete encantar as crianças nas férias e já conquistou o público com um trailer inédito que antecipa as aventuras que aguardam Paddington e a família Brown no coração da Amazônia.

Classificação indicativa: 10 anos.

MOANA 2

Na sequência do sucesso do primeiro filme, Moana e Maui se reencontram após três anos para uma nova e incrível jornada com um grupo improvável de marujos. Após receber um chamado de seus ancestrais, Moana parte em uma jornada nos mares distantes da Oceania, desbravando águas perigosas, rumo a uma aventura diferente de todas as que já viveu.

Classificação indicativa: Livre.

MUFASA: O REI LEÃO

O filme convoca Rafiki para contar a lenda de Mufasa à jovem filhote Kiara, filha de Simba e Nala, com Timão e Pumba dando seus toques pessoais. Contada em flashbacks, a história apresenta Mufasa como um filhote órfão, perdido e sozinho até conhecer um simpático leãozinho chamado Taka, o herdeiro de uma linhagem real. O encontro casual dá início a uma jornada transformadora de um grupo extraordinário de desajustados em busca de seus destinos, cujos laços serão testados enquanto trabalham juntos para escapar de um inimigo ameaçador e mortal.

Seguindo o último longa da marca Rei Leão, este filme também é em live-action. Classificação indicativa: 10 Anos.

SONIC 3

Sonic, Knuckles e Tails se reúnem contra um novo e poderoso adversário, Shadow, um vilão misterioso com poderes diferentes de tudo o que já enfrentaram antes. Com suas habilidades excepcionais, a Equipe Sonic vai buscar uma aliança improvável na esperança de deter Shadow e proteger o planeta.

Classificação indicativa: 10 anos.

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FOLIA NA PRAÇA

Cordão Valu realizará evento pré-Carnaval com seis atrações musicais

Uma conversa sobre carnaval, preconceito e representatividade com Silvana Valu, professora Bartô e Vovô do Ilê, presidente do bloco afro-baiano, além de homenagens ao Grupo TEZ e o Ilê Aiyê

06/02/2025 10h00

Em cima, professora Bartô, Silvana Valu e Angelique; em baixo, Escola de Samba Igrejinha, Vovô llê e Chokito

Em cima, professora Bartô, Silvana Valu e Angelique; em baixo, Escola de Samba Igrejinha, Vovô llê e Chokito Foto: Montagem

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Depois de movimentar a Praça Coophafé, no domingo passado, durante a oitava edição da Feira Borogodó, o Cordão Valu realizará mais um evento pré-carnaval amanhã, na Praça do Rádio, a partir das 18h, com seis atrações musicais e um tributo ao Grupo TEZ – Trabalho e Estudos Zumbi e ao Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro da Bahia, que completa 50 anos em 2025.

A festa de amanhã, com acesso gratuito, contará com ritmistas da Absoluta, a bateria da Igrejinha, além de passistas e outros integrantes da escola de samba; o cantor Chokito, do grupo Pagode do Tadeu, e mais três atrações para uma participação especial: Angelique, Silveira e Marta Cel.

“Será uma festa muito alegre, com muito samba, muito axé, pro pessoal cair na folia”, promete Silvana Valu, uma das fundadoras do tradicional cordão carnavalesco da Capital, criado em 2006.

Com Ilê Aiyê, que será representado por seu presidente e fundador Antônio Carlos dos Santos Vovô, o Vovô do Ilê, o Grupo TEZ, criado há quatro décadas em Campo Grande, com uma trajetória pioneira no combate ao racismo que extrapola Mato Grosso do Sul, também será homenageado pelo Valu no carnaval deste ano. 

Acompanhe a seguir os melhores momentos da entrevista exclusiva para o Correio B com Silvana Valu e a pedagoga Bartolina Ramalho Catanante, carinhosamente conhecida como professora Bartô, presidente do TEZ. As duas são presenças confirmadas no evento de amanhã ao lado de Vovô do Ilê.

RECONHECIMENTO

“Estamos preparando um evento especial com muito carinho, porque estamos homenageando os 50 anos do Ilê Aiyê, primeiro bloco afro do Brasil, pela sua resistência, pela sua força e por tudo que representa dentro do movimento negro e da cultura afro para o nosso país. E, daqui, estamos homenageando o TEZ, que é um grupo de grande importância e relevância para o combate ao racismo em MS”, confirma Silvana. 

“Essas duas instituições serão homenageadas, com a presença do Vovô do Ilê, que vem e é fundador e presidente do Ilê. Será uma grande homenagem para eles. É dentro dessa temática que vamos levar o nosso evento. Vamos ter várias atrações, convidados, com muito samba, muito axé, a bateria da Escola de Samba Igrejinha. Uma festa muito alegre, com várias bandas, pro pessoal cair na folia”, diz a presidente do Valu.

“Para o TEZ, penso que é reconhecimento do trabalho desenvolvido pelo grupo, principalmente relacionado à cultura. Porque durante o início do Valu, o Grupo Tez também abrigou e deu apoio ao Cordão [Valu] de uma forma irrestrita, participando das atividades e fazendo uma série de coisas. E mais ainda: é o tempo de reconhecimento. São 40 anos de luta, de trabalho efetivo a favor do combate ao racismo, ao preconceito racial, à discriminação”, afirma professora Bartô.

MAIS FESTA

“Sei que está todo mundo com muita saudade do Carnaval já. Afinal de contas, já é fevereiro, e em fevereiro tem que ter Carnaval, né? Nos dias de Carnaval, o Cordão Valu vai sair na Esplanada mesmo. No dia 15/2, teremos uma roda de samba, um pré-carnaval, na quadra da Igrejinha. Esperamos todo mundo. A festa é de graça. É só chegar e cair na alegria, na folia”, antecipa Silvana.

LEI

“Ao fazer 40 anos, o Grupo TEZ também tem o que celebrar. Porque, nesse intervalo de tempo, as ações de colaboração e incentivo às políticas públicas foram significativas em Mato Grosso do Sul e no Brasil. Por exemplo, a lei que combate o racismo na escola foi proposta por um dos membros do Grupo TEZ quando deputado federal [Ben-Hur Ferreira], que é a Lei nº 10.639, de 2003. Então, o TEZ também tem o que celebrar, porque a sua política interfere nos rumos da sociedade sul-mato-grossense e brasileira”, avalia professora Bartô.

AFIRMAÇÃO

“E culturalmente, o Grupo TEZ tem influído decisivamente na afirmação da identidade do povo negro. Uma das ações que repercutiram, deram também uma identidade ao Grupo TEZ, foram as suas sessões de estudo, de formação, tanto com o grupo internamente quanto externamente, formando professores e estudantes para concorrerem à Educação Superior e à pós-graduação”, prossegue Bartô, que é pedagoga e pós-doutora em Educação.

“O TEZ foi responsável por elaborar o primeiro curso pré-vestibular de MS, que funcionou por 10 anos de forma ininterrupta e exportando ali um modelo, tanto para a Universidade Federal [de MS], que foi uma das nossas ‘tezianas’, que desenvolveu a coordenação, quanto para a Secretaria de Estado de Educação. Também foi um dos ‘tezianos’ que implantou lá. Se chamava Curso Pré-Vestibular Milton Santos”, diz a educadora e militante.

CARNAVAL DE CAMPO GRANDE

“O carnaval é uma festa extremamente democrática, em que cabem todas as etnias, todas as cores, todas as classes. Então, assim, o que nós temos no carnaval de Campo Grande é essa mistura, que é riquíssima dentro do nosso país. A contribuição dos negros sempre foi muito importante no carnaval. Pegamos, por exemplo, a Tia Eva. A Escola de Samba Igrejinha nasce dessa contribuição tão importante para a nossa cultura, que é ali, a região da Tia Eva.

Em várias outras escolas de samba, nós sempre tivemos a cultura afro e a cultura negra muito presente e importante para todos nós. Isso vai se destacando cada vez mais. Hoje, nós temos um bloco afro, o Farofa com Dendê, o primeiro bloco afro de Campo Grande intitulado dessa forma, o que é muito importante para que a gente possa continuar essa discussão. Inclusive, Tadeu, do Pagode do Tadeu, que é uma das atrações, faz parte do Farofa.

Para a festa de carnaval de Campo Grande e do Brasil, a cultura afro e a cultura negra sempre foram primordiais. O samba e todos esses elementos riquíssimos que nós temos na nossa cultura vêm da cultura negra, é contribuição deles para essa cultura que a gente tem tão forte no nosso país. Sempre foi muito importante e primordial para a festa”.

(Silvana Valu)

RACISMO ESTRUTURAL

“Hoje, temos o chamado racismo estrutural, que é uma forma pela qual a sociedade pratica o racismo e acha que é natural, comum, se comportar dessa forma. Uma das coisas é você pensar que uma pessoa negra jamais pode ocupar cargos elevados, tanto na política quanto na hierarquia social, com profissões melhores hierarquizadas, tais como medicina, chefias, tanto no governo quanto fora do governo. 

Esse é um tipo de racismo estrutural que naturaliza o preconceito e a discriminação. Esse seria o primeiro. No segundo, temos uma forma ainda muito excludente de manter a sociedade fora do acesso de bens sociais de consumo. Permanecemos com um grande nível de população negra à margem da sociedade, do processo econômico, sem contar que a população negra tem sido dizimada. Nossos jovens, meninos negros, são mortos diuturnamente, ou pelo Estado ou por outras facções da sociedade civil. O que a gente observa é que existe uma dizimação”.

(Professora Bartô)

SER NEGÃO

“Em Campo Grande, temos uma das sociedades mais conservadoras, de direita, preconceituosa. Então, com certeza, essa questão da identidade negra local também é vista sob muito preconceito. Temos o grande desafio de colocar a cultura e a identidade negra no dia a dia da sociedade campo-grandense e de Mato Grosso do Sul. Apesar de a pessoa negra estar na base do desenvolvimento econômico de Campo Grande e de MS, temos muita dificuldade de perceber esse reconhecimento pela identidade negra local, mas nossos desafios vão sendo vencidos a cada evento.

Por exemplo, essa homenagem do Cordão Valu ao Grupo TEZ visa, justamente, quebrar esse preconceito, marcar a questão da identidade negra e dizer que, sim, Campo Grande tem negros. E que há 40 anos tem feito a diferença, tanto na cidade quanto no Estado. Ser negão é legal, negro é bonito. É essa a nossa identidade, com o seu cabelo, com os seus lábios, com a sua cor, com o seu corpo político nessa sociedade campo-grandense”.

(Professora Bartô)

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