Começou nesta terça-feira (19) e segue até o dia 23, em Corumbá, a gravação do curta-metragem ‘Les Garçons’, com a participação de artistas e produtores sul-mato-grossenses e a direção do respeitado Breno Moroni, 70, protagonista do filme 'Katharsys' (1990) com Grande Otelo. Ator, roteirista, dramaturgo, circense, escritor e fluminense de Petrópolis (RJ), Moroni mora há cinco anos em Campo Grande.
O filme de 15 minutos (legendado em inglês e espanhol) é uma comédia, mas aborda sutilmente o abandono e a solidão que acometem os pacientes terminais, entre delírios, amor platônico, angustia, esquizofrenia, conflitos e reflexões dos acasos da vida. Adaptação de uma peça de teatro escrita e dirigida por Moroni em Portugal, da qual o ator luso Francisco Adam (morreu em 2006) foi um dos personagens.
‘Les Garçons’ tem como pano de fundo um velho restaurante francês onde se trava o diálogo entre um jovem garçom e um idoso maitre fragilizado pela guerra na espera de seu amor não correspondido (uma paciente terminal solitária, filha de um aristocrata decadente), almejando o seu último jantar, ao lado desse amor não vivido. Os personagens se inter-relacionam de forma conflitante, entre traumas e decepções.
Em nome da arte
A locação ocorrerá em um espaço emblemático: o grande salão da antiga Beneficência Portuguesa, no centro da cidade, uma construção de estilo eclético com características neocoloniais de meados do século XX, trazendo uma atmosfera histórica e rica à narrativa do filme. O cenário é composto por peças artísticas antigas, algumas centenárias, captadas no Estado e São Paulo.
A produção pantaneira originou-se da aprovação do projeto inscrito pelo corumbaense Salim Haqzan, 54, e aprovado pela Lei Paulo Gustavo de Mato Grosso do Sul. Agente e ativista cultural, com forte atuação artística local e performances que têm por base o teatro, Salim é um dos protagonistas do curta interpretando o maitre, personagem central da trama.
“Não é cumprir o edital, mas mostrar um trabalho produzido por profissionais talentosos do Estado com a experiência e visão artística de um Breno Moroni”, sinteriza Salim, que emagreceu 15 quilos para viver seu personagem. “Compromisso com a arte, com nossa história”, completa ele, que, em 2010, criou a Companhia de Experimentos e Truques Teatrais de Corumbá (GETT).
Abordagem inovadora
O cinema sul-mato-grossense - avalia Moroni, 90 filmes em 50 anos de carreira - ganha um novo capítulo com a produção do curta-metragem. “Contamos com uma equipe de peso, agregando talentos de diferentes regiões do Estado, e promete ser uma adição valiosa ao panorama cultural de Mato Grosso do Sul, celebrando a arte e a diversidade do Estado e trazendo à luz uma narrativa envolvente”, diz.
A equipe técnica conta com o talento dos corumbaenses Bruno Nischino (diretor de fotografia) e Marco Calábria (diretor de cena), da Eureka Audiovisual, conhecida por seus filmes premiados em Portugal, especialmente na área de turismo. Juntos, eles trazem uma abordagem inovadora e estética ao curta-metragem. Também faz parte Deivison Pedrê (“Ninguém Lhe Estenderá a Mão”, premiado na 2ª edição do Bonito CineSur). A trilha autoral é da banda sul-mato-grossense Flor de Pequi.
Além de Salim Haqzan, que também atua em intervenções turísticas apresentando a histórica Corumbá para quem a visita e promove ensaios onde personifica o jeito de ser e o falar do homem pantaneiro na sua essência, o elenco é formado pelo ator Fábio Arruda, de Nova Andradina, mesma cidade da produtora Juliana Zampiere. A assistente de arte, Carolina Brandão Simurro, veio de São Paulo.
Carol Simurro, Breno Moroni e Salim Haqzan
Bruno Nischino, Breno Moroni, Marco Calábria e Salim Salim Haqzan

Neli Marlene Monteiro Tomari e Yosichico Tomari, que hoje comemoram bodas de ouro, 50 anos de casamento - Foto: Arquivo Pessoal
Donata Meirelles - Foto: Marcos Samerson


