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Em 2023, o Oscar será sobre voltas, nostalgia e história

A nossa jornalista e crítica de cinema Ana Cláudia Paixão dá a sua opinião e apostas sobre as indicações anunciadas no dia 24 de janeiro que já revelam favoritos e dá início às apostas anuais

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Tenho certeza que você já ouviu de muita gente “não suporto o Oscar”, mas todos assistem e acompanham a cerimônia que Cate Blanchett, a favorita do ano, chamou de “corrida de cavalos televisionada”.

Outra certeza é que mesmo falando mal da festa, ninguém deixa de entrar para bolões de aposta ou assistir e comentar. É um vício cafona assumido.

A “corrida” começou oficialmente no dia 24 de janeiro quando confirmamos os indicados para o seleto grupo dos “melhores” da Indústria do ano.

Vejam que falo sobre confirmar porque quem acompanha a ‘temporada de premiações’ percebe que rapidamente descobrimos os que sempre estarão na lista, só que esperamos até o final do mês para ter certeza.

A partir dessa lista saem outras: a dos esnobados, a das novidades, as dos azarões. E se tem uma coisa que as últimas cerimônias mostraram é que literalmente tudo pode acontecer...

Divulgação - Oscar 2023

Então vamos falar de favoritos e azarões das cinco principais categorias? São tantas que até março, quando a festa acontece, prometo que voltarei ao tema.

Hoje vou falar de Melhor Ator, Melhor Atriz e Melhor Filme apenas. Combinados?

Damas primeiro. Entre as atrizes há menos “drama” porque há muitas “novatas” e um favoritismo para Cate Blanchett levar seu terceiro Oscar para casa, o segundo como Melhor Atriz por sua atuação em Tár.

Ela está estupenda em um papel antipático e até controverso, algo que ninguém pode negar. Sua principal adversária é Michele Yeoh, cuja atuação no elogiado Tudo Ao Mesmo Tempo Agora é sensível, divertida e empoderada em iguais medidas.

Era inegável que a impressionante atuação de Ana de Armas como Marilyn Monroe em Blonde recebesse reconhecimento até porque é a única coisa que seria injusto ignorar de um filme horrível e massacrado pela crítica. A indicação já é sua vitória, as chances são menores.

Quem pode vir a causar a surpresa da noite é Andrea Riseborough, pelo dramático To Leslie, que comprova que a lista do SAG é a que espelha a o Oscar quase 100%.

To Leslie é inspirado em uma história real e Andrea está no típico modelo de “sem maquiagem e sofrida” que é um estilo favorito do Oscar.

Mais ainda, tem o apoio declarado de nomes influentes na votação como o de Gwyneth Paltrow e a própria Cate Blanchett. Fiquem de olho nela.

                       Divulgação - Oscar 2023

Por último vem Michelle Williams por Os Fabelmans, que eu acho a injustiça da noite. Ela trabalha bem, e como a história do filme é a biopic de Steven Spielberg, parece que ficou impossível excluí-la.

Sei sou impopular e diferente em discordar dos que vêem versatilidade nela, mas Michelle tirou a vaga de outras atrizes com entrega mais relevantes no ano (como Danielle Deadwyler em Till – A Busca por Justiça) e suas chances são remotas em 2023.

Entre os atores há um franco favorito que é quase certo: Brendan Fraser, mas há mais interesse típico do Oscar por conta das narrativas pessoais impactantes.

A “volta” de Brendan Fraser em The Whale, em uma atuação tão arrasadora é também uma história de recuperação. Brendan surgiu nos anos 1990s estrelando sucessos comerciais que exploravam seu físico e assim como a sua flexibilidade de se destacar tanto em dramas como comédias.

Ter estrelado George, O Rei da Floresta e Deuses e Monstros em menos de um ano comprova o fato. Aliás, foi por Deuses e Monstros, em 1998, que muitos ficaram chocados que ele tenha sido esnobado como coadjuvante, vocalizado pelo respeitado Sir Ian McKellen (indicado a ator naquele ano).

Os anos 2000s tinham tudo para vê-lo entre os atores em maior demanda, mas Brendan deu um freio no cinema depois de um divórcio conturbado, cirurgias no joelho, nas cordas vocais e ter passado por um assédio sexual (ele revelou há poucos anos que em 2003 foi abusado sexualmente por Philip Berk, presidente da Associação dos Correspondentes Estrangeiros em Hollywood durante o Globo de Ouro).

Tudo isso somado foi o gatilho para uma depressão profunda e praticamente o afastamento dos holofotes. Agora, quase irreconhecível no papel de um professor obeso tentando se reconectar com a filha completa uma narrativa que a Academia simplesmente não resiste. O Oscar tem toda cara de já ser dele (e será merecido).

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Outro entre os indicados a Melhor Ator também tem uma história de redenção: Colin Farrell. “Importado” da Irlanda ainda quando mal tinha 20 anos, era apontado na época como uma das maiores promessas mundiais no cinema, porém a dependência química e o alcoolismo interferiram nessa trajetória.

De ator ultra requisitado, carregou nos ombros o fracasso de Alexandre, de Oliver Stone e apenas agora chega aonde previram que estaria ainda nos anos 1990s.

Sua atuação em Os Banshees de Inisherin é uma das melhores de sua carreira, mas como fã nunca achei que Colin perdeu uma oportunidade de sempre estar bem, fosse em comédias, dramas ou filmes de ação. Sua história pessoal tem impacto como a de Brendan, mas a disputa está mesmo com um novato, Austin Butler.

Austin incorporou de tal forma Elvis Presley em Elvis que até hoje fala como ele. Sua atuação foi estupenda mesmo. O recente falecimento de Lisa Presley reascendeu a possibilidade de vir a ser uma linda homenagem à família Presley na cerimônia, mesmo que seja mórbido mencionar isso.

Por outro lado, desde que Elvis chegou aos cinemas era certo que Austin estaria entre os favoritos. (Ainda aposto em Brendan Fraser)

Para fechar, temos o sempre querido Bill Nighy na refilmagem da obra Viver (Living), que consolida seu prestígio dos últimos 25 anos, mas é como Ana de Armas: a indicação já é a vitória.

A mesma experiência coloca o novato Paul Mescal, o bebê dos indicados, como vencedor de estar entre os cinco. Paul é o “novo prodígio do ano”, em ascensão e só colhe elogios, seja nos palcos, nas plataformas e nas telas.

Sem surpresa é apontado entre os favoritos para ser “o novo James Bond” e Aftersun é um drama elogiado que se render um Oscar para ele, seria “A” zebra do ano.

Divulgação Shutterstock

E entre os filmes, entre os 10 indicados a disputa parece estar entre dois favoritos. O às vezes confuso Tudo Ao Mesmo Tempo Agora pode fazer história se bater o tradicional Os Fabelmans, mas ainda acredito na força de Steven Spielberg que completaria um ciclo belíssimo em sua carreira se em 2023 ganhasse o Oscar de Melhor Filme homenageando o cinema e a seus pais.

É “a cara do Oscar” se nos últimos anos o Oscar fosse tudo menos “surpresas”. Aliás, recomendo mais uma vez que busquem o belíssimo documentário Spielberg (exibido na HBO há alguns anos) porque ele é o contraponto de Os Fabelmans.

Emocionante, perfeito e confere a popularidade do diretor que deve fazer do Oscar 2023 uma noite possivelmente nostálgica.

Antes de encerrar, não enlouqueci sobre não mencionar as chances de Top Gun – Maverick como o Melhor Filme do ano.

É o melhor filme do ano, estabelecendo recordes nas bilheterias, adorado nos quatro cantos do mundo e sendo um esforço pessoal de Tom Cruise de manter o cinema, bem, no cinema.

Seria um grande prestígio para ele ganhar seu primeiro Oscar como produtor diante de tudo que vem fazendo pela Indústria. Porém Top Gun pode não estar mais tão fresco na memória dos votantes nem Tom tão popular entre seus colegas (que não curtem sua opção religiosa).

Tudo isso conta na hora do voto! E mais uma vez, se for a noite de Tom, será uma noite histórica.

Então, o Oscar de 2023 tem tudo para ser uma noite de belas homenagens. Será que diremos que será tediosa? A ver!

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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