Gabriella retorna aos palcos com "Uma Babá Quase Perfeita", sucesso da Broadway e de Hollywood
Com uma carreira em produtos musicais que vai da Ópera Rock até sucessos internacionais da Disney, Gabriella Di Grecco, uma das artistas mais versáteis da cena, acaba de ser confirmada no elenco principal da nova montagem de “Uma Babá Quase Perfeita”.
A produção, que estreia no Teatro Liberdade, São Paulo, no dia 12 de março, traz a atriz na pele de Lydia Hillard, a filha mais velha de Daniel Hillard — papel eternizado por Robin Williams no cinema, agora vivido nos palcos por Eduardo Sterblitch.
A trama, uma mistura de comédia e drama, acompanha um homem em crise após a separação da esposa, Miranda, interpretada por Thaís Piza, e a perda de seu emprego. Buscando uma alternativa para passar mais tempo com seus filhos, ele recorre a um disfarce inusitado: transforma-se na babá das crianças, resultando em cenas hilárias e também tocantes.
No núcleo, Gabriella dá vida à adolescente que, desde muito jovem, se viu obrigada a amadurecer diante dos conflitos familiares, e ser uma segunda mãe dos dois irmãos mais novos.
Ela se torna a defensora da unidade do lar e a mediadora das brigas. A personagem, inicialmente introvertida, revela uma força emocional surpreendente, especialmente quando descobre que a babá, que inicialmente rejeitava era, na verdade, seu próprio pai disfarçado.
Vinda do sucesso musical “Elvis: A Musical Revolution”, de Miguel Falabella, onde interpretou tanto Dixie Locke quanto Priscilla Presley, em sessões especiais, a artista retorna à cena musical também protagonizando um dos momentos mais emocionantes do novo espetáculo: o dueto entre Daniel e Lydia, pai e filha, que simboliza a cura das feridas familiares e o poder transformador do perdão.
Com apresentações de quarta a domingo, os ingressos para a versão brasileira da comédia musical da Broadway já estão à venda! Não perca a chance de se emocionar e dar boas risadas com essa história que promete mexer mais uma vez com o coração do público — agora em solo nacional.
Gabriella é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno a atriz fala sobre trabalhos na Disney, no teatro e novos projetos.
A atriz Gabriella Di Grecoo é Capa exclusivo do Correio B+ desta semana - Foto: Rafael Monteiro - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia VianaCE - Você se lembra do momento exato em que decidiu seguir a carreira artística? Como foi essa escolha?
GG - Sim. Esse momento foi quando atravessei uma crise existencial bastante importante. Foi aí que me deparei com a real função da arte: a salvação. E ela de fato me salvou e salva todos os dias. Ainda falta muito pra que o nosso país entenda de fato o que é isso.
Tivemos um gostinho disso com o sucesso estrondoso de “Ainda Estou Aqui”, uma obra que uniu a todos independente de bandeiras e isso trouxe uma vida pro país que não se via há muito tempo. A arte tem esse poder. Realizar isso e seguir esse caminho foi fundamental pra minha cura.
CE - Quais foram os maiores desafios que enfrentou no começo da carreira? Alguma experiência marcou essa fase?
GG - Acho que o principal desafio (que todo ator encontra no início) é de como entrar no mercado de trabalho, furar as bolhas da nossa indústria, etc (isso é uma coisa que eu ensino no meu curso “O Novo Ator”, inclusive). Eu sou do Mato Grosso.
Vim pra São Paulo sozinha, morei em pensionato, não conhecia absolutamente ninguém do meio. Não tinha privilégios, não tinha “costas quentes”. Tudo o que fiz foi ir atrás de oportunidades e dando o melhor possível para ser lembrada nos testes e audições.
Minha experiência mais marcante foi o meu primeiro trabalho, protagonizando Lado Nix, a primeira websérie do Brasil, em 2011. Foi aí que comecei a ver que pertenço a esse mundo e que faria disso uma carreira.
CE - Quem são suas maiores inspirações no teatro musical e no audiovisual? Algum artista influenciou diretamente sua trajetória?
GG - Eu sempre gostei dos artistas que ocupam muitos lugares no escopo da arte. Aqui no Brasil, sou apaixonada pelo trabalho do Miguel Falabella, que se destaca como ator, diretor, dramaturgo, apresentador, etc.
Fora do Brasil, me encanta o trabalho do Jared Leto, ator, cantor, tem banda, diretor de videoclipes e uma pele belíssima hahaha! Claro que eu poderia passar horas dando exemplos, mas acho que deu pra entender no que eu me inspiro hahaha!
CE - Você começou a carreira primeiro na música, no teatro ou na TV? Como essas áreas se complementam na sua trajetória?
GG - Comecei na música, com a minha banda Helena de Tróia, que me ensinou muito sobre cantar e presença de palco.
Em seguida tive minha primeira experiência no audiovisual fazendo o Lado Nix. Depois, tive a oportunidade de unir as duas competências em "CINZA", o musical e logo depois na minha primeira novela "Além do Tempo", na Globo. Eu sou muito feliz por sempre estar em projetos que unam a possibilidade de atuar e cantar e assim foi sendo quando fiz "Disney Bia", "O Coro", etc. Agora, sigo feliz no musical "Uma Babá Quase Perfeita".
A atriz Gabriella Di Grecoo é Capa exclusivo do Correio B+ desta semana - Foto: Rafael Monteiro - Diagramação: Denis Felipe - Por: Flávia VianaCE - Você já esteve em produções da Disney no Brasil e na América Latina. Como essa experiência impactou sua forma de atuar e cantar?
GG - Gravar uma série na Disney Latinoamérica foi uma masterclass sobre como entregar as competências de atuar e cantar em escala industrial. Era muito comum precisar entregar cenas de atuação ou gravar canções num timing muito rápido, bem semelhante ao que ocorre na Disney EUA.
Isso me trouxe um treinamento muito importante para estar sempre pronta para entregar atuação e canto de forma competente em pouquíssimo tempo.
Além disso, estar na Disney me ensinou muito sobre como todo o setor do entretenimento funciona: produção, roteiro, direção, som, operação de câmera, fotografia, montagem, media training, marketing, etc.
Entrar em contato com esses conhecimentos potencializou muito minha visão como atriz, cantora e, acima de tudo, como artista.
CE - No teatro musical, há um grande desafio em equilibrar atuação, canto e dança. Como você se prepara para esse tipo de exigência?
GG - Costumo dizer que o teatro musical é como o triathlon das artes de performance. E como o atleta de triatlo treina natação, ciclismo e corrida, nós também devemos nos manter em treinamento constante na atuação, canto e dança. Só assim você está sempre preparado para qualquer espetáculo e qualquer audição.
CE - Como surgiu o convite para integrar o elenco do musical “Uma Babá Quase Perfeita”?
GG - A Renata Borges, produtora do espetáculo, me convidou para fazer a audição para essa personagem. Depois de um tempo, recebi a feliz notícia de que ela e o Tadeu Aguiar me aprovaram pra estar no projeto! Sou muito grata pela confiança deles. Tenho certeza que o espetáculo fará uma temporada linda em São Paulo.
CE - Como tem sido a construção da Lydia Hillard? Você encontrou desafios inesperados ao dar vida à personagem?
GG - Tem sido especialmente legal dar vida à Lydia. Esse espetáculo, em particular, me tocou em lugares muito importantes. A dramaturgia começa quando vemos que o Daniel (Eduardo Sterblitch) não tem sido um bom pai nem bom marido, tudo pelo fato de não assumir as responsabilidades que implicam a vida de homem adulto casado e com filhos.
A atitude desse homem sobrecarrega a esposa Miranda (Thaís Piza) e obriga a filha Lydia de ser uma adulta precoce para cuidar dos irmãos. Nesse contexto isso me toca muito, porque sou uma mulher de 36 anos, o que me traz uma visão mais adulta sobre o real contexto de um relacionamento entre homem e mulher, que infelizmente, grande parte das vezes, acaba caindo nesse lugar, no qual toda a responsabilidade emocional, afetiva, psicológica e relacional recai sobre a mulher, como se isso fosse função somente dela.
Tem uma cena que me tocou pessoalmente, na qual Miranda enfatiza que ela tem ido na terapia e o Daniel deixou de ir, ou seja, ele deixou de lado essa responsabilidade. É fácil entender porque Miranda está sobrecarregada e porque a família ruiu.
Por outro lado, dando vida a Lydia, também compreendo a dificuldade que ela passa porque vivi essa realidade de amadurecer mais cedo. No caso da Lydia, ela ainda enfrenta a separação dos pais, que soa um rompimento de estrutura, de base, muito fortes para um adolescente de 15 anos.
Essa obrigação de ter que amadurecer rápido em função de problemas que envolvem a nossa base estrutural é uma sobrecarga para Lydia. Nesse musical, vemos essa personagem crescer e amadurecer diante dos nossos olhos. Internamente, tenho feito um trabalho de trazer um pouco de maturidade a cada cena e número que ela aparece.
É possível ver a Lydia desabrochando no decorrer do espetáculo, inclusive segurando as pontas para o próprio pai e o direcionando a se tornar um homem melhor. Esse musical traz lindos valores sobre amor e perdão, mas quem é mulher vai se sentir especialmente identificada com esse musical.
Foto: Rafael MonteiroCE - O que acredita que essa história tem de tão especial para ainda encantar o público décadas depois do filme? E qual a sua relação com a obra?
GG - Toda história bem contada atravessa as fronteiras do tempo. Uma Babá Quase Perfeita fala de temas importantes para os adultos (compromisso, casamento, família, filhos, relacionamento, responsabilidade, decisões) como também para crianças (pais, divórcio, uma cuidadora) tudo isso rodeado de alegria, diversão e piadas hilárias.
Penso que toda boa história a ser contada consegue trazer temas importantes, mas contados de uma forma que toque o coração de todos. A Babá traz um ar lúdico, divertido e amoroso que costura e ajuda a resolver todas essas questões com emoção e muitas risadas!
Me lembro de ter assistido o filme tantas vezes na Sessão da Tarde e as piadas nunca deixavam de ser engraçadas. A versão musical desse filme é ainda mais linda e divertida com os números, as canções e posso garantir, a plateia se diverte e o elenco também!
CE - Pode compartilhar um momento marcante ou divertido dos ensaios até agora? Qual a expectativa para a temporada?
GG - Amei a forma como fui recebida por todo o elenco, colegas e equipe. Foram muito gentis e carinhosos comigo. Nesse musical, o que me marca desde os ensaios é o dueto de Lydia e Daniel. É uma música linda sobre relação de pai e filha, mas que levanta questões importantes sobre esse tipo de relação.
Temas como separação, insegurança, abandono, medo, rejeição são abordados e resolvidos com muito, muito amor. Um tema central desta obra é o poder do amor e do perdão nas relações.
O dueto de Daniel e Lydia é um catalisador disso. Por esse motivo, as expectativas pra essa temporada são as mais felizes e animadas. Tenho certeza que todos que vierem ao teatro vão rir e se emocionar bastante!
CE - Há algum projeto novo que pode adiantar para os fãs?
GG - Estou mexendo os pauzinhos para seguir com meus projetos de música, educação e abrindo portas para voltar a atuar como apresentadora. Mas é segredo, viu?
Gabriella Di Grecco - Foto: Divulgação