Jéssica Ellen se sente totalmente engajada com seu trabalho na série “Assédio”. Além de integrar o elenco de uma produção de alto nível artístico, a atriz também vibrou com a chance de participar de uma série com uma temática social atual e contundente. A partir do projeto, Jéssica viu a oportunidade de discutir na tevê aberta a questão do abuso sexual. “Acredito que a série tenha uma grande importância no mercado. É uma série de denúncia. Fundamental para as discussões nos dias de hoje. E assédio é um assunto atual e urgente. Ainda precisamos desconstruir muitas ‘verdades absolutas’. Me sinto feliz em fazer parte desse time”, vibra a atriz, que recebe um “feedback” positivo sobre seu trabalho. “As pessoas ficam sempre muito espantadas. As mulheres, principalmente, têm dificuldade, porque rola uma identificação muito direta, até para as que nunca foram abusadas sexualmente. O fato de uma mulher sofrer uma violência conversa diretamente com essa identificação. O que eu mais tenho escutado é a dificuldade de assistir porque as cenas são muito intensas”, completa.
Na trama de Maria Camargo, Jéssica vive Daiane, recepcionista da clínica de Roger Sadala, papel de Antonio Calloni. É uma das principais informantes de Gloria, esposa do médico feita por Mariana Lima, sobre os casos extraconjugais do marido. Após ser assediada pelo patrão, ela resolve entrar na luta para denunciar os abusos cometidos pelo profissional. É ela quem reitera para a família e funcionários do médico de que as acusações contra ele na internet são reais. “Daiane é moradora da Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. Mulher guerreira, batalhadora, mãe de dois filhos e chefe de família, como muitas mulheres brasileiras. Acho que é um personagem muito real. É muito íntegra e não abre mão de sua verdade, mesmo isso lhe custando muito caro. Existem muitas ‘Daianes’ Brasil a fora”, explica. Ao longo das gravações, Jéssica viu inúmeras semelhanças entre a ficção abordada e a realidade. “Toda mulher já sofreu assédio. Assim como toda pessoa negra já foi vítima de racismo. Isso é reflexo da sociedade machista e racista que vivemos”, aponta.
A trama de “Assédio” é baseada no livro “A Clínica: A Farsa e os Crimes de Roger Abdelmassih”, de Vicente Vilardaga. No entanto, Jéssica, durante o processo de preparação, optou por não ler a obra de Vilardaga para compor a personagem. “Me preparei estudando o roteiro e todas as suas camadas. Quando o texto mexe com a gente, já vamos com mais gás para o processo. Conversei muito com a Mia. Tenho feito isso sempre antes de começar um trabalho. A construção é algo complexo. Muitas coisas aparecem de forma intuitiva também, no set de gravação”, afirma.
Na reta final da série, Jéssica já está envolvida com novos projetos na tevê. A atriz começou a gravar a segunda temporada da série “Filhos da Pátria” e também está reservada para “Amor de Mãe”, próxima novela das nove. Aos 27 anos, Jéssica celebra as oportunidades de se envolver com produções que falam sobre machismo, racismo e desigualdade social. “Fico feliz de integrar projetos que são muito intensos, conscientes e que tentam fazer críticas a todos esses sistemas que estão muito arraigados na nossa sociedade. Isso me traz muita felicidade porque são temas e assuntos que eu me identifico como cidadã, antes de me identificar como artista”, celebra. Com diversos projetos na agenda, Jéssica, inclusive, precisou recusar alguns convites por falta de tempo. “É um momento muito especial. Pela primeira vez estou tendo de dizer não para alguns outros trabalhos por causa de agenda. Queria ter 48 horas do meu dia para conseguir fazer tudo. O que é uma pena, mas sei também que é um grande prestigio”, pontua.