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Os 30 anos de O Feitiço do Tempo

Clássico lançado nos cinemas em fevereiro de 1993 é ainda hoje um dos favoritos do público, cheio de histórias de bastidores

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Dizem que 1993 foi “o ano do filme família”, com vários mega sucessos de bilheteria como Star Wars - O Retorno de Jedi. Esqueceram de Mim, Jurassic Park, Free Willy, para citar alguns.

No meio desses blockbusters, veio uma pérola que apostava na leveza de sua história para conquistar o público: O Feitiço do Tempo.

A comédia na qual um jornalista do tempo fica literalmente preso no mesmo dia é, até hoje, 30 anos depois, um dos mais queridos de Hollywood. Quem não lembra e ama esse filme?

Pois no original, Groundhog Day é a referência ao que nos Estados Unidos chamam de “o dia da marmota”. Em Punxsutawney, uma pequena cidade da Pensilvânia, em todo dia 2 de fevereiro, se mantém a tradição de observar a marmota.

Se o animal sair da toca por causa do tempo nublado, o inverno terminará cedo. Já se o dia estiver ensolarado e o animal se assustar com a própria sombra, voltando para a toca, o frio continuará por mais seis semanas.

Feitiço do Tempo - 30 anos - Divulgação

O filme entrou em cartaz no dia 4 de fevereiro, estrelado por Bill Murray e Andie McDowell, e fez mais de 100 milhões de dólares com os ingressos.

A comédia romântica gira em torno de uma metáfora simples e divertida: até mudarmos como somos, passaremos pelos mesmos problemas. No caso do repórter do tempo Phil Connors (Bill Murray) sua arrogância e atitudes intratáveis com as pessoas em geral.

Phil está frustrado com a sua carreira, ainda mais irritado que tem que fazer a cobertura do evento que considera estúpido e faz tudo com má vontade, maltratando a todos.

Quando uma nevasca isola a equipe em Punxsutawney, Phil acorda no dia seguinte com a mesma música do dia anterior tocando no rádio, I Got You Babe, de Sonny e Cher, e aos poucos percebe que “está preso” no dia que mais odeia. Não importa o que faça, literalmente, sempre acaba no mesmo lugar.

Gradualmente percebe que para sair do loop, precisa mudar de personalidade, não antes de abusar do fato que não há consequências para suas ações e por isso se entrega a compulsão alimentar, encontros de uma noite, assalto e manipulação.

A única imune às suas ações é sua produtora Rita (Andie MacDowell), que ele queria conquistar por diversão, mas por quem se apaixona de verdade. 

Tom Hanks era o ator original do elenco, mas o diretor Harold Ramis achava que ele jamais enganaria a plateia de que não viraria um cara legal (e ele mesmo, já querendo fazer a mudança de carreira que viria com o Oscar por Philadelphia, não topou fazer O Feitiço do Tempo). Harold, que era amigo e companheiro de Bill Murray, sabia que ele era o cara certo para interpretar Phil.

Os dois brigaram muito nos bastidores, tudo que sempre vira lenda quando se fala de um clássico. No caso, era sobre o roteiro que foi indicado ao Oscar.

             Um filme além do seu tempo - Divulgação

Em 2020, Danny Rubin, autor da história original e do filme, falou comigo em um e-mail que queria deixar de dar entrevistas sobre seu trabalho na produção pois era como ele estivesse ainda preso naquele tempo – e rimos por isso. Justo, não?

Mas ele ama o fato de que 30 anos depois as pessoas ainda reajam com a mesma paixão pela história. Curiosamente, ele teve a ideia para O Feitiço do Tempo quando estava vendo A Entrevista do Vampiro e pensou como seria lidar com a imortalidade.

Será que teria tédio? Será que sempre seria divertido? Como seria para amadurecer e virar uma pessoa melhor? Para baratear os custos de uma história que ficaria cara se ultrapassasse séculos, pensou no conceito de uma pessoa que acorda todos os dias para repetir a mesma rotina. A comédia e o drama estariam no mesmo problema: a pausa no tempo.

O roteiro levou oito semanas para ficar pronto. A escolha de I Got You Babe tem um motivo simples: o refrão repetido, além de falar de amor, claro.

Ao chegar às mãos de Harold Ramis, o conceito ganhou algumas mudanças, como a de ressaltar a espiritualidade e o romance da história e acrescentar mais humor. Bill Murray queria focar nas questões filosóficas e Ramis sabia que tinha que trazer risos para o filme.

                                   Foram muitos burburinhos nos bastidores no filme - Divulgação

Seja como for, quando chegou na hora de lançar O Feitiço do Tempo, o ator se recusou a estar na pré-estreia e os dois ficaram sem se falar até 2014, pouco antes do falecimento do diretor.    

Considerado um dos maiores clássicos recentes de Hollywood, O Feitiço do Tempo não perdeu seu apelo ou charme. Até hoje é referência popular para tudo que é repetitivo (no melhor sentido, claro!).

Em 2016 virou um musical e em 2019, um game. Considerando que em 2023 é seu aniversário de 30 anos e que a marmota previu que o inverno no hemisfério norte será longo, vale o repeteco, concorda? Está disponível para alugar na Amazon Prime Video, na Claro TV Plus e na Apple TV Plus. Eu certamente estarei vendo de novo!

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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