Em entrevista, tricologista e especialista em transplante capilar, desmistifica o tema, que veio à tona após o tombo de Lula.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de 79 anos, passou nesta quinta-feira (12) pelo terceiro procedimento cirúrgico desde segunda-feira, quando foi internado com uma hemorragia intracraniana.
Esta cirurgia não chamou atenção apenas por sua complexidade, mas também pela cicatriz visível na região da nuca, uma área capilar. A situação levantou uma pergunta comum entre muitas pessoas: é possível recuperar fios perdidos em áreas afetadas por cicatrizes no couro cabeludo?
Cicatrizes no couro cabeludo são mais comuns do que se imagina. Além de cirurgias, elas podem surgir devido a acidentes, queimaduras ou procedimentos estéticos mal realizados.
De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), muitas pessoas que passam por cirurgias na região da cabeça relatam preocupações com a aparência da cicatriz e a perda de fios na área afetada. O transplante capilar é frequentemente citado como uma possível solução, mas existem muitos mitos e verdades sobre o tema que precisam ser esclarecidos.
Por isso, conversamos com a tricologista e especialista em transplante capilar, Regina Carralero da clínica especializada em medicina capilar Pineapple Hair Brasil, para desmistificar questões importantes e pertinentes entre as pessoas. Confira!
É possível transplantar cabelos em áreas com cicatrizes?
Verdade!
“Sim, é possível. Os avanços no transplante capilar permitem que folículos saudáveis sejam transplantados para essas áreas com cicatrizes. O sucesso depende de a cicatriz ter vascularização suficiente para nutrir os fios implantados. Se houver fluxo sanguíneo adequado, os folículos podem crescer normalmente, devolvendo vida a uma região que antes parecia perdida.”, explica a tricologista.
Os fios transplantados crescem normalmente em áreas com cicatrizes?
Verdade!
“Quando a cicatriz é bem avaliada e apta para o procedimento, os folículos transplantados se comportam como fariam em qualquer outra parte do couro cabeludo. Isso acontece porque os folículos são retirados de áreas saudáveis, mantendo sua capacidade genética de crescer. Porém, o crescimento inicial pode ser um pouco mais lento devido às características da cicatrização local, mas com o tempo, o resultado tende a ser natural e duradouro.”, comenta a especialista capilar.
B+:Cicatriz de Lula: Podemos recuperar fios perdidos em áreas cicatrizadas com Transplante Capilar? - Divulgação O transplante é doloroso e deixa novas cicatrizes?
Mito!
“Os procedimentos modernos de transplante capilar, como a técnica FUE (Follicular Unit Extraction), são minimamente invasivos e praticamente indolores. A anestesia local garante o conforto do paciente, e as micro-incisões feitas para implantar os fios cicatrizam de forma discreta e quase imperceptível. Portanto, não há novas cicatrizes significativas e o pós-operatório é bastante tranquilo.”, esclarece Regina.
Nem toda cicatriz é apta para receber um transplante?
Verdade!
“Cada cicatriz é única e precisa ser avaliada por um especialista. Cicatrizes hipertróficas (elevadas) ou queloides podem apresentar dificuldades, pois afetam a circulação local e podem comprometer o crescimento dos fios. Mas nem tudo está perdido: com tratamentos prévios, como terapias para melhorar a vascularização ou a textura da cicatriz, muitas áreas podem se tornar aptas para receber o transplante.”, detalha a profissional.
O transplante capilar só pode ser feito no couro cabeludo?
Mito!
“Os cabelos não são os únicos beneficiados! O transplante capilar pode ser realizado em outras áreas do corpo, como sobrancelhas, barba e até cicatrizes em regiões específicas. O princípio é o mesmo: folículos saudáveis são retirados de uma área doadora e implantados com precisão na região desejada.”, explica.
É necessário raspar toda a área para fazer o transplante?
Parcialmente mito!
“Em muitos casos, a raspagem completa do couro cabeludo não é necessária. Técnicas avançadas permitem que apenas a área doadora (geralmente a nuca) seja raspada. Para pequenas áreas cicatrizadas ou procedimentos em mulheres, por exemplo, técnicas que preservam o cabelo existente podem ser utilizadas, garantindo discrição durante o processo.”, diz a especialista.
O transplante capilar em áreas cicatrizadas só pode ser feito em cicatrizes geradas por cirurgias?
Mito!
“As cicatrizes podem ter diversas origens: cirurgias, acidentes, queimaduras, traumas ou até doenças de pele. O importante é avaliar as condições da cicatriz – independentemente da causa. Com uma análise médica cuidadosa, é possível devolver a autoestima ao paciente por meio do transplante.”, desmistifica a doutora.
O transplante capilar pode ser feito desde muito jovem até uma idade avançada?
Verdade!
“Não há uma ‘idade limite’ rígida para o transplante capilar. O critério principal é a saúde do paciente e a qualidade da área doadora. Jovens que já apresentam perda capilar estável e adultos em idades mais avançadas podem se beneficiar do procedimento. Em todos os casos, uma consulta médica detalhada é essencial para determinar o melhor momento para o transplante.”, recomenda.
Casos de famosos que tiveram cicatrizes cobertas pelo transplante capilar
A especialista capilar acredita que o caso da cicatriz de Lula trouxe uma oportunidade para ampliar o debate sobre as possibilidades do transplante capilar em áreas cicatrizadas.
Porém, algumas outras celebridades brasileiras já foram casos de sucesso da cirurgia capilar em áreas com cicatrizes, como a atriz Larissa Manoela que passou por um transplante capilar em 2021 para corrigir uma cicatriz no couro cabeludo causada por um acidente de cavalo que sofreu em 2016. Ela ainda revelou na ocasião que cobria a marca com maquiagem em trabalhos artísticos, mas sentia falta dos cabelos, quando resolveu fazer o transplante, trouxe de volta a sua autoestima.
O ator Marcos Pasquim também cobriu sua cicatriz decorrente de técnicas passadas do próprio transplante capilar: na primeira vez, fez a FUT, que deixou uma cicatriz linear.
Com o avanço da calvície, em 2015 ele fez uma nova cirurgia, dessa vez, com a técnica FUE que cobriu a região da cicatriz; uma situação parecida ocorreu com o ator Paulo Vilhena, que também passou por técnicas que deixaram cicatrizes, mas com o passar do tempo acompanhou a evolução do transplante capilar e passou por técnicas mais modernas que encobriram as marcas e não deixaram mais cicatrizes.
Muitos brasileiros que enfrentam situações semelhantes podem se beneficiar do procedimento, mas é fundamental buscar profissionais qualificados e entender as reais possibilidades de cada caso.
“Seja por motivos estéticos ou para recuperar a autoestima, o transplante capilar continua evoluindo, oferecendo soluções cada vez mais eficazes para quem busca melhorar a aparência de áreas afetadas por cicatrizes.”, conclui a tricologista especializada em transplante capilar da clínica Pineapple Hair Brasil.