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Tempo de recomeçar: artista alça novos voos e leva esculturas de pássaros ao Paraná

Conhecidas na paisagem urbana de Campo Grande, esculturas de aves do artista plástico Cleir batem asas e se multiplicam em Arapongas

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“As aves que aqui gorjeiam/Não gorjeiam como lá”. 

Contrariando os versos do poeta romântico Gonçalves Dias (1823-1864), o escultor campo-grandense Cleir avança, a cada dia, na multiplicação de seus pássaros decorativos pelas ruas e praças de uma cidade do Paraná tão marcada pela presença dos seres alados que evoca um deles no próprio nome – Arapongas. 

A prefeitura local encomendou a missão e, seis meses após o início dos trabalhos, o artista entregou as primeiras das 13 obras de pássaros nativos que está produzindo para colorir a cidade.

Localizada a 600 quilômetros de Campo Grande, Arapongas é conhecida como a “cidade dos pássaros”. 

E, se depender de Cleir, vai continuar sendo. Embora uma arara de verdade não costume voar tão longe, o artista tratou de instalar duas das suas araras-vermelhas, produzidas em metal e modelagem, na Praça Mauá, um dos pontos de grande movimento do município. 

A obra foi inaugurada na semana do Natal, assim como outras espécies do aviário de Cleir que já estão de asas abertas sobre a cidade.

 IMAGEM POÉTICA

A simples descrição das peças em seu habitat parece um encontro de plumagens coloridas capaz de inspirar Gonçalves Dias ou qualquer poeta. 

Veja só: o casal de arapongas está localizado no cruzamento da Avenida Arapongas com a Rua Rouxinol; e a araponga entre a Rua Tangará e a Avenida Arapongas. 

Em ação desde o mês de junho, Cleir conta que o ritmo de trabalho chega a superar as 12 horas diárias para dar conta da “ninhada”, uma forma de retribuir o acolhimento da comunidade.

“A minha técnica de escultura é a modelagem do ferro e a modelagem da argamassa, e depois a pintura em esmalte acrílico, com a técnica de veladura”, explica o artista plástico de 58 anos, que tem formação autodidata. 

"Fiz questão de entregar as esculturas da região central antes do fim do ano e, para isso, trabalhei muito, em ritmo acelerado".

"Foi meu grande agradecimento a esta cidade que tem sido meu lar nos últimos meses. Estou muito feliz com a repercussão e o carinho das pessoas, que sempre trazem palavras de apoio, fazem fotos e demonstram gostar do resultado”, afirma Cleir Ávila, conhecido apenas pelo prenome.

A gratidão do escultor não deixa de ter razão de ser. Seu trabalho já conquistou fãs como a professora Aline Caroline de Lima da Silva, moradora de Arapongas há 37 anos. 

“Foi fantástico ver o ponto inicial e entender cada etapa até o fim, desde desenhar o pássaro em tamanho real, soldar e esculpir. Cleir realiza um trabalho árduo e com muito gosto, e o resultado é maravilhoso e está abrilhantando nosso município”, elogia Aline.  

Acompanhada de alguns familiares, a professora visitou Cleir enquanto o escultor ainda projetava as obras em desenhos, acompanhou as várias etapas do processo e ainda pesquisou mais sobre sua trajetória, o que fez aumentar sua admiração pelo artista plástico. 

IMAGEM OFICIAL

Cleir também realiza pinturas em telas e em painéis com a mesma técnica com que colore as esculturas, a veladura. 

Também conhecido como velatura, com “t”, o procedimento consiste na sobreposição de camadas de tintas transparentes para a obtenção de um efeito multicromático e translúcido.  

Criador de uma imagem oficial das aves do Centro-Oeste, que tem sido legitimada pela administração de vários municípios, o artista possui obras instaladas – esculturas e painéis – em locais públicos de Campo Grande, Corumbá, Dourados, Três Lagoas, Ponta Porã e outras cidades de Mato Grosso do Sul, sempre tematizando o “seu amor à fauna regional”.

Na Capital, os painéis “Arara-Vermelha” e “Papagaio Verdadeiro”, estampados nas laterais do Edifício 26 de Agosto há mais de 20 anos, foram restaurados em 2019 pelo artista, que acumula ainda um portfólio de obras em residências, empresas, instituições e acervos particulares. 

Ao fim da temporada em Arapongas, a cidade paranaense se tornará o município com o maior número de obras do artista.

Mesmo assim, com tanto reconhecimento por lá, Cleir não esconde a saudade de casa. 

“Fui acolhido de braços abertos pelo povo de Arapongas, o que motiva muito a seguir o trabalho, mas, com certeza, sinto saudade do meu Mato Grosso do Sul, minha terra natal e minha grande inspiração. Em breve estarei de volta”, revela.  

Se tudo der certo, a concretagem das oito obras restantes será concluída nas próximas semanas. O flamingo já está em fase mais adiantada. A cidade receberá ainda esculturas de pavão, gaturamo, rouxinol, andorinha e gralha, todas com tamanho entre 2 e 3 metros.

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Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros

A sequência de Beetlejuice, um filme icônico dos anos 80, chega aos cinemas visando atrair uma nova geração.

21/09/2024 11h00

Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros

Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros Foto: Divulgação

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Beetlejuice sempre foi um enigma para mim. Se tivesse que mencioná-lo creditaria seu sucesso à Harry Belafonte porque a popularidade que o filme esquisito de uma década de filmes de excessos alcançou se deve à icônica cena do jantar e o lipsync dos convidados enfeitiçados dançando e cantando Day-O.

Claro, HOJE vários outros elementos como fatores do sucesso, mas qualquer um da Geração X vai dizer que Beetlejuice reúne “Winona Ryder e a cena do jantar”, o que a princípio não é encorajador, concorda? No entanto, Beetlejuice está no panteão dos clássicos, ganhando uma sequência 36 anos depois do original. Por que?

Reza a lenda que os estúdios reagiram um tanto como meu parágrafo anterior quando receberam o primeiro rascunho do roteiro que era um híbrido de terror e comédia. E sim, acharam a proposta uma merda. Eles (e eu, claro) estavam errados pois em 1988, Beetlejuice foi uma das maiores bilheterias do ano.

Mesmo mantendo minha convicção de que Belafonte contribuiu 90% para esse sucesso, a partir do lançamento Tim Burton virou um diretor referência, com Winona, que já estava ascendendo como estrela, sua musa (em seguida o namorado dela da época, Johnny Depp, ocupou o espaço de “muso” de Tim Burton, mas isso é outra história).

Olhando para trás, é difícil imaginar quem recusaria à Burton o investimento em uma história de trama e visuais tão particulares, afinal, faz parte de sua assinatura. Beetlejuice ganhou o Oscar de maquiagem naquele ano e virou uma espécie de Rocky Horror Show (com sessões noturnas incluindo pessoas fantasiadas na platéia), virou série de animação, ganhou uma linha de bonecos, é uma fantasia clássica de Halloween e até se transformou em musical da Broadway. Ganhar uma sequência nos cinemas era apenas um passo lógico, mesmo que demorado.

No original, Adam e Barbara Maitland (Alec Baldwin e Geena Davis) morrem em um acidente, mas não querem deixar sua casa e passam a assombrá-la para que nenhuma pessoa viva a ocupe novamente.

Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros               Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros - Divulgação

Quando finalmente esbarram com os os Deetz (Catherine O’Hara, Jeffrey Jones, e Ryder), os vivos determinados não apenas a ficar com o imóvel, mas alterá-lo também, só resta à dupla de fantasmas de bom coração (que se conecta com a adolescente melancólica e “estranha” interpretada por Winona Ryder) convocar os serviços de um fantasma nojento, irritante, mau, mas eficaz: Beetlejuice (Michael Keaton). Logo se arrependem, mas impedir os verdadeiros planos do fantasma do mau (de se casar com a adolescente e voltar para o mundo dos vivos) vira uma aventura inesperadamente e visualmente bizarra.

O lado mais estranho de Beetlejuice está na indefinição de seu gênero. O roteiro original de Michael McDowell enfatizava o terror, com Beetlejuice sendo apenas maligno e querendo liquidar os Deetz. Tudo que hoje ficou “engraçado” (a morte dos Maitlands, o jantar do enfeitiçamento) era para ser violento e gráfico, só aliviando o tom com a revisão feita por Walter Skaaren.

Porém, para o diretor Tim Burton, ex-animador da Disney e claramente um artista criativo e visualmente distinto, o lado dark da história era perfeição à sua espera. Como explicou, na sua visão, a metáfora de Beetlejuice é perfeita (sério?) porque “[Na vida], não há nada que seja apenas engraçado, apenas dramático ou apenas assustador. Está tudo misturado,” explicou na época. Se ele diz isso…

Continuando na nostalgia dos bastidores, curiosamente a maior estrela da época, Geena Davis (que ganharia um Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por Um Turista Acidental no ano seguinte de Beetlejuice) foi a primeira a comprar a proposta de Tim Burton, Catherine O’Hara e Winona Ryder estavam mais evasivas sobre esse conto “divertido” sobre morte. Eventualmente, toparam. Restava escalar justamente o personagem título.

Hoje é impossível separar o irritante Beetlejuice do ator Michael Keaton, mas ele não foi a primeira opção. Burton queria Sammy Davis Jr., mas os estúdios foram contra. Keaton, com 35 anos na época, não era do primeiro time em Hollywood e seus filmes eram medianos na melhor das hipóteses, mas, quando o diretor o conheceu, viu sem seus “olhos esbugalhados” algo visualmente vantajoso.

E não, mesmo não sendo estrela, Keaton não topou de imediato entrar para a equipe. Ele, como muitos, não entendeu a proposta do roteiro e inicialmente recusou o projeto, precisando passar por um convencimento árduo até topar.

Cinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gênerosCinema B+: Beetlejuice: genialidade visual e a mistura irreverente de gêneros - Divulgação

A entrada de Michael Keaton trouxe vida à Beetlejuice (trocadilho intencional) pois seu espírito (de novo!) criativo inclui disposição para improvisar e o resultado é que seu irritante fantasma fala tanto que ninguém sabe dizer o que estava escrito e o que ele inventou quando a câmera estava rolando. Embora seja a personagem título, Beetlejuice só aparece mesmo na etapa final da história, outra “inovação” do roteiro.

A proposta de fazer piadas da morte é definitivamente macabro, mas graças aos traços de Tim Burton é também um filme inegavelmente único. Claro, mais significativamente para mim que coleciona Trilhas Sonoras, Beetlejuice marca o início da parceria do diretor com Danny Elfman, isso sim, um clássico imediato no meu livro. Era preciso citar esse fato, claro. E com o mega sucesso da obra, Tim Burton virou referência em Hollywood, com todos seguindo em frente.

Mas como em Hollywood tudo se refaz múltiplas vezes, trazer Beetlejuice de volta ao mundo dos vivos era apenas uma questão de tempo. A discussão percorreu décadas e com a onda nostálgica do fim dos anos 80s, incluindo o resgate do sucesso de Winona Ryder (graças à Stranger Things) e o prestígio de Keaton, alguém repetiu as palavras mágicas para lançar a continuação. Os dois toparam voltar e isso claramente é o atrativo do novo filme.

Beetlejuice Beetlejuice está em cartaz e agradando uma nova geração. Mesmo que agora adulta, Lydia Deetz (Winona Ryder) mantém o mesmo visual de adolescente e é uma celebridade “psíquica”, famosa por apresentar um programa de assombrações da vida real, o Ghost House. Ela tem um namorado estranho (Justin Theroux), ainda bate de frente com sua madrasta, Delia (Catherine O’Hara), lida com a morbidez de sua filha rebelde, Astrid (Jenna Ortega estrela de Wandinha) e todos são levados de volta à mansão assombrada quando uma tragédia familiar os une novamente.

Era tudo que o persistente Beetlejuice precisava para mais uma vez tentar sair do submundo e finalmente se casar com Lydia. Dessa vez, ele lida também com uma ex (um papel criado para a atual esposa de Burton, a atriz Monica Bellucci) que quer impedir a união. E quem ajuda Lydia agora é outro fantasma interpretado por Willem Dafoe. (Por razões óbvias, Alec Baldwin ficou de fora uma vez que estava lidando com o processo judicial da morte acidental da diretora de fotografia do filme Rust).

Críticos foram mornos com o novo longa. Há repetições de situações que nem sempre funcionam (a junção de Belafonte à história não é a mesma com Bee Gees ou Donna Summer), mas, segundo brincam (outra piada intencional): pode não ser o mesmo cult, mas “os fantasmas se divertem”. O filme já está em cartaz nos cinemas.

ALIMENTAÇÃO E SAÚDE

Entenda por que não se deve lavar as carnes antes de prepará-las

Seja de vaca, frango ou porco, não lave a carne antes de prepará-la, pois, em vez de higienizá-la, você pode apenas estar ajudando na circulação de bactérias e de outros patógenos; o alerta vem de nutricionistas e de outros pesquisadores

21/09/2024 10h00

Além de ineficaz, a lavagem da carne favorece a circulação de germes que causam cólera e outras doenças

Além de ineficaz, a lavagem da carne favorece a circulação de germes que causam cólera e outras doenças Foto: Reprodução

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Antes de preparar algumas receitas com carne, seja de vaca, frango ou porco, muitas pessoas ainda têm o hábito de lavar a proteína. O que muitos desconhecem é que, além de ineficaz, essa ação não é considerada segura por diferentes razões.

O contato com a água, em vez de reduzir o risco de doenças, pode espalhar patógenos (bactérias, vírus, fungos e outros organismos que causam doenças). Veja o caso de algumas bactérias.

A Salmonella (gênero de bactérias), por exemplo, pode estar presente no frango e causar sintomas como diarreia. Já a Campylobacter (gênero de bactérias), além da diarreia, pode ocasionar o desenvolvimento de doença autoimune. 

A Escherichia coli (bactéria) pode estar presente em carnes cruas ou malpassadas, assim como a Vibrio cholerae (bactéria), causadora da cólera, em frutos do mar. Ambas podem causar sintomas como dor e inchaço abdominal, mal-estar, náuseas com ou sem vômitos, diarreia e, em alguns casos, febre.

FATOR TRADIÇÃO

Em outros países também é comum se lavar a carne antes do preparo. Nos EUA, por exemplo, sete em cada 10 pessoas costumam lavá-la antes do cozimento.

O fator tradição é outro motivador que conta muito entre os defensores do hábito. Na alimentação kosher, praticada por judeus em todo o mundo, costuma-se submergir o frango cru em água com sal e limão, regra obrigatória que vem de uma tradição de milênios.

Deixar de molho ou enxaguar a carne crua em água salgada e ácida (limão, laranja, vinagre) desde sempre foi um hábito em várias outras culturas. Mas o fato cientificamente comprovado é que a submersão da carne em uma tigela de água reduz os respingos, mas não impede a disseminação de germes. 

A água faz esses organismos circularem. “O calor mata 10 mil vezes mais do que o enxágue”, diz Benjamin Chapman, professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte (EUA) e um dos autores de um estudo sobre o assunto.

Quanto às soluções com ácido, só serão mesmo eficazes a depender da dosagem e se as mãos que forem manipular a carne estiverem com luvas limpas. Para evitar a contaminação ao cozinhar, a higienização do local onde o alimento será manipulado também é essencial. Para explicar melhor sobre essa questão, a nutricionista Jéssica Benazzi mostra quais são os riscos e dá dicas de práticas que ajudam a cozinhar de forma segura.

CONTAMINAÇÃO CRUZADA

Ao lavar as carnes, bactérias como Salmonella ou Escherichia coli podem ser transferidas para outros alimentos ou superfícies. A ação aumenta o risco de contaminação cruzada, pois, ao utilizar a água, respingos podem ser espalhados em diferentes superfícies, utensílios e alimentos.

REMOÇÃO DE BACTÉRIAS

A lavagem não elimina as bactérias da carne. Na verdade, a água não é capaz de remover completamente os microrganismos. Já o calor durante o cozimento é a maneira mais eficaz de matar bactérias e outros patógenos. Nesse caso, a principal forma de garantir a segurança alimentar é cozinhar a carne a temperaturas internas adequadas.

COZINHA LIMPA

Certifique-se de que superfícies, os utensílios e as mãos estejam limpos e desinfetados. Isso evita que você possa contaminar os alimentos que estão sendo manipulados naquele espaço utilizado. Para manter os locais e objetos higienizados, utilize detergente e panos limpos.

TERMÔMETRO

Use um termômetro de alimentos para garantir que a carne atinja a temperatura interna recomendada. Algumas doenças são transmitidas por conta de carnes cruas ou malcozidas. Com o uso do equipamento, é possível obter o 
ponto certo no meio da proteína.

TUDO SEPARADO

Evite a contaminação cruzada mantendo carnes cruas separadas de outros alimentos e usando utensílios diferentes para proteína e outros ingredientes. Não utilize a mesma faca ou tábua usada anteriormente para cortar legumes ou verduras.

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