O Brasil amanheceu com a perturbante notícia de que o país entrou em recessão técnica, termo que indica um sinal de alerta econômico.
A temível recessão dá as caras em regiões onde nota-se a redução no número de emprego, quando as pessoas passam a consumir menos por influência da queda nos ganhos e ainda em períodos que cai a produtividade das empresas.
A anunciada recessão técnica virou assunto a partir de dados divulgados na manhã desta quinta-feira (2) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), principal provedor de dados e de informações do Brasil.
De acordo com o instituto, o PIB (Produto Interno Bruto), que é a soma das riquezas produzidas no país, retrocedeu 0,1% no terceiro trimestre de 2021 se comparado aos três meses anteriores.
Com o dado negativo, na economia, fica caracterizado que o país caiu numa recessão técnica.
E agora?
As consequências de uma recessão econômica se refletem diretamente no cotidiano da população de um país.
Na prática, conforme texto publicado no site politize.com, com a recessão, há uma elevação do número de pedidos de concordata e falência por parte das empresas.
Nessa situação, elas acabam reduzindo os salários e benefícios dos funcionários e passam a não contratar pessoas novas.
Assim, o poder de compra das famílias diminuem e elas passam a consumir menos.
Por exemplo, os mercados de varejo e serviços com baixa produção acaba gerando desemprego.
Os investimentos em um país com a economia em negativo também sofrem alterações. Segue o site, os investidores, por consequência das crises, se preocupam com o fechamento das contas.
Grandes setores do mercado estrangeiros e até nacionais acabam ficando em estado de alerta e não tomando nenhuma decisão de investimento até que uma situação se defina dentro do país.
Portanto, diminui-se os investimentos e uma das causas dessa diminuição são as migrações de multinacionais, que preferem investir em um país com mais estabilidade política e econômica.
As recessões de 1980 para cá no Brasil
O Brasil teve um histórico muito grande de recessões econômicas em um curto espaço de tempo, mais precisamente desde os anos 80, informou o politize.com.
Nos anos de 1981 a 1983, durante o governo Figueiredo, o país teve nove trimestres negativos, o que resultou em 8,5% de queda na economia. Isso foi provocado principalmente pela crise da dívida externa, inflação elevada e a desvalorização da nossa moeda.
Durante os anos de 1987 e 1988, no período do governo de José Sarney, o Brasil teve uma recessão de seis trimestres consecutivos, que resultou numa queda de 4,2% da economia.
A principal causa dessa recessão foi a hiperinflação que chegou a mais de 300 % ao ano.
Todos os pacotes de medidas que o governo fez para contornar a recessão falharam, e com alguns incentivos `a economia , o pais teve uma trégua por dois trimestres, fazendo a economia se estabilizar.
Outra recessão econômica ocorreu durante o governo de Fernando Collor de 1989 a 1992. Tivemos uma recessão de 11 trimestres, que resultou numa queda de 7,7% da nossa economia.
O motivo dessa recessão veio da continuidade da hiperinflação do governo Sarney.
Esse período ficou conhecido pelo confisco das reservas econômicas, tanto das pessoas físicas como de empresas, paralisando a economia.
No primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, o Brasil teve dois trimestres de recessão na casa dos 2,8%, causado pela Crise da Tequila no México que acabou afastando os investidores e todo o crédito do mercado.
Nos anos seguintes do governo, de 1998 a 1999, o país teve mais cinco trimestres de recessão, que resultou numa queda de 1,6% da economia.
O fator dessa queda foi o colapso dos tigres asiáticos e a quebra de alguns bancos de investimento americanos que fez o dólar disparar, obrigando o Brasil a mudar o regime cambial de fixo para flutuante.
Quando Lula foi eleito em 2003, tivemos uma recessão de 2 trimestres, resultando na queda de 1,3% na economia, causado pelos receios da população em relação ao novo governo.
O dólar disparou, chegando a R$ 4,00, sendo necessário um ajuste nas contas públicas.
Ainda no governo lula, mais dois trimestres de recessão aconteceram em 2008, resultando numa queda de 6,2% da economia.
A causa da queda foi implosão do SubPrime – explosão da bolha econômica – no mercado imobiliário americano. A queda generalizada acabou afetando todo o mundo.
E entre os anos de 2014 e 2016, nos governos de Dilma e Temer, o Brasil teve onze trimestres de recessão, que teve como resultado, uma queda de 8,6% da economia.
As principais causas dessa recessão foram o fim da era das commodities e a crise política e fiscal que o pais enfrentou.
O período foi caracterizado pelas fortes instabilidades econômicas e políticas até o impeachment.
Mais históricos das recessões
Ainda segundo politize, U dos episódios mais conhecido de recessão econômica no mundo foi a crise de 1929.
Conhecida como a Grande Depressão, essa crise foi considerada o pior e o mais longo período de queda econômica do século 20, persistindo até meados da Segunda Guerra Mundial.
Essa crise devastou a economia dos Estados Unidos e impactou o mundo inteiro, já que os EUA eram grandes importadores e credores de outros países.
O processo da crise de 1929 se deu no cenário pós Primeira Guerra Mundial. A Europa se encontrava enfraquecida em virtude dos gastos elevado da guerra, e situações de fome e desemprego eram bem comuns.
Sem condições de produzir, começaram a importar alimentos e produtos industrializados dos EUA, que se encontrava em rápido crescimento.
Esse processo elevou os ânimos dos americanos e o sentimento de prosperidade colaborou para que cidadãos comprassem ações, gerando um clima de euforia e estabilidade.
Porém, a Europa se estabilizou economicamente após planos de investimentos na economia interna e não teve mais necessidade de importar produtos americanos.
Esse fator acabou acumulando um estoque muito grande nas fábricas.
O excesso de produtos disponíveis em relação ao consumo da população fez com que houvesse uma queda dos preços dos produtos e aumento do desemprego.
Nesse cenário desfavorável, sobrou a desconfiança dos investidores, que retiraram ações e investimentos da bolsa de Nova York, gerando o famoso Crack da bolsa.
A Grande Depressão teve um impacto muito grande no PIB brasileiro. A economia retraiu -4,3% no triênio 1929-1931.