Campo Grande aparece em uma situação considerada preocupante no Índice Firjan de Gestão Fiscal (IFGF) de 2025, ocupando a penúltima posição entre as capitais brasileiras, ficando apenas à frente de Cuiabá.
O estudo é elaborado anualmente pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e avalia quatro dimensões de gestão fiscal municipal: Autonomia, Gastos com Pessoal, Liquidez e Investimentos.
O índice atribui notas de 0 a 1, classificando a situação fiscal das cidades como crítica (abaixo de 0.4), em dificuldade (entre 0.4 e 0.6), boa (entre 0.6 e 0.8) ou de excelência (acima de 0.8).
De forma resumida, o IFGF revela quem administra bem os recursos públicos e quem enfrenta problemas de gestão financeira.
Campo Grande se saiu bem apenas no quesito Autonomia. Nos outros três, seus indicadores ficaram na faixa de "gestão em dificuldade" (entre 0.4 e 0.6 ponto), segundo a análise nacional.
A capital também registrou um elevado comprometimento de receita com despesas obrigatórias, com baixo volume de investimentos e liquidez considerados abaixo do ideal.
A combinação desses fatores puxaram a nota global da cidade para uma posição desfavorável entre as capitais.
Dados da pesquisa também mostram que, embora as prefeituras brasileiras tenham usufruído de aumento no Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que superou os R$177 bilhões em 2024, o alívio não foi suficiente para reverter problemas estruturais ou promover uma gestão fiscal eficiente em todas as regiões brasileiras.
Campo Grande, por exemplo, recebeu R$1,2 bilhão do governo federal no último ano, uma média de R$111,8 milhões por mês, representando um aumento de 10,1% com relação ao ano de 2023.
Histórico
Campo Grande já teve momentos melhores que o atual, mas não muito recentemente. Apenas em 2013 e 2014 a capital registrou avaliações consideradas positivas pelo IFGF, com pontuação de 0.74 e 0.70, respectivamente.
Depois disso, os indicadores apresentaram flutuações, mas sem grandes saltos de melhorias em muitos dos componentes. O pior ano foi em 2016, quando a pontuação da cidade foi de 0.33, seguido por 2022, que atingiu 0.39.
Durante a gestão de Adriane Lopes, titular entre 2017 e 2024, por exemplo, os índices continuam abaixo da média exigida para uma gestão considerada "boa".
Fonte: IFGFDe acordo com especialistas da IFGF, mesmo com um ano com recorde de repasse aos cofres públicos, uma grande parte dos municípios permanece vulnerável.
"O aumento das receitas municipais possibilitou a expansão significativa dos gastos públicos, ao mesmo tempo em que preservou certa folga orçamentária. Contudo, mais de das cidades brasileiras ainda enfrenta situação fiscal difícil ou crítica. Além disso, persistem as desigualdades e as assimetrias históricas do País, o que mantém o Brasil distante de um patamar elevado de desenvolvimento econômico", explica o presidente da Firjan, Luiz Césio Caetano, no documento.
Aliado aos números de Campo Grande, a falta de liquidez consistente, limitação nos investimentos e elevada rigidez orçamentária expõem a cidade a eventuais crises: quedas no repasse de verbas ou aumento de despesas obrigatórias, criando um cenário que, segundo a Firjan, podem comprometer a sustentabilidade fiscal.
Além da Capital do Estado, outras 16 cidades de Mato Grosso do Sul apresentaram índices considerados de "dificuldade" ou "ruim", com ponto menor que 0.6.
- Douradina - 0.5962
- Japorã - 0.5905
- Aral Moreira - 0.5895
- Nova Alvorada - 0.5762
- Coxim - 0.5647
- Itaporã - 0.5606
- Dois Irmãos do Buriti - 0.5408
- Eldorado - 0.5341
- Deodápolis - 0.5323
- Paranhos - 0.5201
- Naviraí - 0.4982
- Jardim - 0.4782
- Ladário - 0.4428
- Bela Vista - 0.4405
- Vicentina - 0.4231
- Amambai - 0.3311
Itaquiraí e Taquarussu não apresentaram resultados.
Nacional
No ranking nacional, Vitória (ES) lidera com nota máxima, seguido por São Paulo, Salvador, Aracaju e Belém.
Fonte/IFGFO IFGF atingiu média nacional de 0.6531 ponto, representando uma boa gestão dos recursos públicos. A análise através dos anos mostra que houve uma melhora na situação fiscal dos municípios e este é o melhor resultado já observado na série histórica, que teve início em 2013, como mostra o gráfico.
Fonte: IFGF


