Ainda em fase inicial de construção, a fábrica da Arauco vai impactar sobremaneira a cidade de Inocência. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que, atualmente, a população do município é de 8.404 pessoas, mas, conforme estimativa da megafábrica chilena, o número de moradores deverá chegar a 16 mil.
O diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da Arauco, Theófilo Militão, disse que a indústria vai investir em moradias e, consequentemente, aumentar o número de habitantes no município.
“Temos uma área de Inocência concedida pelo governo do Estado para a construção de uma vila da Arauco. Exatamente para desenvolver aquela cidade. Essa vila deverá ter aproximadamente 600 a 700 casas. Então, a estimativa é de duas a três pessoas por casa, teremos só ali umas 1.030 pessoas vivendo nessa vila”, explicou Militão.
“Não temos plena certeza de que 100% dessas pessoas que serão contratadas vão morar em Inocência. Depende muito da opção de cada um. Estima-se que a população inocentina fique entre 14 mil e 16 mil pessoas depois do projeto”, detalhou o diretor em evento realizado na tarde de ontem.
Conforme já adiantado pelo Correio do Estado, a unidade fabril tem investimento global de US$ 4,6 bilhões (equivalente a R$ 25,1 bilhões) para sua construção em Inocência, a primeira planta do grupo no País.
Neste ano houve o início da terraplanagem do local, e a previsão é de que as obras comecem efetivamente em 2025. Na fase de construção, a expectativa é de 14 mil trabalhadores, já com a fábrica em funcionamento o número de colaboradores será de 3 mil. De acordo com o grupo chileno, a previsão do início das operações na fábrica é para o fim de 2027.
IMPACTO
O doutor em Economia Michel Constantino acredita que a chegada do empreendimento deverá mudar não só o tamanho da população, mas também a economia local.
“Creio que a população deve mais que dobrar nos próximos 10 anos em Inocência. A planta da Arauco não só atrai pessoas, como também outras empresas e novos investimentos locais, que também se tornam dínamo de emprego, investimento e migração de trabalhadores e empreendedores”, avaliou.
O mestre em Economia Eugênio Pavão avalia que a chegada da fábrica da Arauco vai impactar todo o Estado.
“Assim como observamos os impactos em Ribas do Rio Pardo, com a mudança no consumo, na prestação de serviços, etc., a chegada de contingente de trabalhadores em Inocência vai representar um fluxo de pessoas considerável, alguns vindo antes, outros após construção da fábrica da celulose. Enquanto o setor público vai ter impactos com o advento de uma grande quantidade de possibilidades tributárias”.
Segundo ele, o comércio de bens e serviços sofrerá uma grande mudança.
“As lojas locais vão ter de se adaptar ao novo momento, enfrentando escassez de mercadorias no momento inicial e, posteriormente, serão obrigadas a buscar produtos de outros estados para atender à demanda. Em relação ao fluxo da renda, os trabalhadores vão buscar satisfazer suas necessidades básicas, como refeição, vestuário, lazer, bem como enviar recursos para suas famílias ou até mesmo investir em negócios locais”, analisou Pavão.
Ainda segundo os economistas ouvidos pelo Correio do Estado, haverá um boom imobiliário na região, que pode ser visto tanto positiva quanto negativamente.
“O setor imobiliário é o que sofre o principal impacto com a chegada de trabalhadores, com a demanda explosiva fazendo com que a oferta busque se adequar, oferecendo imóveis particulares com divisórias para aproveitar o momento favorável. A empresa disponibilizará alojamentos para os empregos diretos, mas a demanda de prestadores de serviços, empreendimentos, etc., vai elevar o custo da terra, do aluguel e do imóvel”, finalizou Pavão.
Constantino corrobora que o oportunismo pode ser um problema.
“Isso representa um impacto forte em preços e no oportunismo imobiliário local, que se equilibra ao longo do tempo com demanda e oferta. O ganho ao longo do tempo é positivo e deve ser equilibrado com infraestrutura para atender às necessidades de saúde, educação e saneamento”.
FÁBRICA
Conforme adiantou o Correio do Estado na edição de 26 de setembro, a Arauco anunciou a expansão da capacidade de produção e deverá se tornar a maior fábrica de celulose do mundo.
A empresa do grupo chileno informou o aumento da capacidade produtiva da planta de Inocência, saindo dos iniciais 2,5 milhões de toneladas para 3,5 milhões de toneladas de fibra de eucalipto por ano.
De acordo com o grupo chileno, a previsão do início das operações na fábrica é para o fim de 2027, mas ressaltou que a data “pode estar sujeita a mudanças e eventuais adiamentos que possam ser necessários durante o desenvolvimento do projeto”, que já está em fase de terraplanagem.
“A grande notícia é que Mato Grosso do Sul, que já tinha uma planta em Ribas do Rio Pardo de 2,5 milhões de toneladas de celulose, agora terá uma unidade com capacidade ampliada. Então, a Arauco anuncia uma fábrica de 3,5 milhões de toneladas, ou seja, entre o empreendimento anterior e o de agora, ganhamos uma unidade adicional de 1 milhão de toneladas”, informou o titular da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck.