O dólar comercial fechou em alta de 1,07% nesta segunda-feira (2), alcançando R$ 6,066, um novo recorde nominal para a moeda norte-americana. A valorização ocorre em meio à repercussão do pacote de ajuste fiscal anunciado pelo governo brasileiro e das declarações do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre possíveis tarifas ao grupo Brics.
Na última sexta-feira (29), o dólar havia ultrapassado pela primeira vez na história a marca de R$ 6. Apesar do novo recorde nominal, que não considera a inflação, a maior cotação real foi registrada em setembro de 2002, durante a primeira eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Ajustado pela inflação, o valor da moeda naquela ocasião equivaleria hoje a R$ 8,75, segundo cálculos da consultoria Elos Ayta.
Além da valorização do dólar, o índice Bovespa encerrou o dia em leve queda de 0,08%, aos 125.558 pontos, de acordo com dados preliminares.
As medidas do governo federal continuaram sendo o foco das atenções do mercado doméstico, especialmente após o anúncio de uma economia estimada de R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos, que foi recebida com ceticismo pelos investidores.
Entre as medidas apresentadas está a elevação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000, gerando um impacto estimado de R$ 35 bilhões na arrecadação federal.
Segundo o ministro Fernando Haddad, essa perda será compensada por uma nova alíquota mínima de 10% para contribuintes que recebem mais de R$ 50 mil por mês, além do fim de isenções para aposentados com doenças graves que ganham acima de R$ 20 mil mensais.
No cenário internacional, declarações de Donald Trump também influenciaram o mercado. No sábado (30), o presidente eleito afirmou que imporia tarifas de até 100% sobre países do Brics caso o grupo desenvolva uma moeda que possa substituir o dólar.
Desde janeiro, o bloco conta com dez membros permanentes, incluindo o Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul, além de novos integrantes como Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.
As falas de Trump sobre o Brics, somadas à promessa de aumentar tarifas contra México, Canadá e China, reforçam o temor de uma guerra comercial global.
Combinados com as incertezas domésticas em relação à trajetória fiscal do Brasil, esses fatores têm intensificado a pressão sobre o câmbio, levando o dólar a acumular uma valorização de 23,46% no ano.