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Duas gigantes disputam o transporte de 3,2 milhões de toneladas de celulose

As empresas Eldorado Celulose e MRS Logística pediram autorização para implantar linhas férreas a partir de Três Lagoas com intuito de escoar produção

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A disputa pela exportação de 3,25 milhões de toneladas de celulose produzidas em Três Lagoas por ano que geraram até setembro deste ano  R$ 7,3 bilhões em receitas levou duas empresas a solicitar em menos de 30 dias autorização para construir e operar linhas férreas por meio do Programa Pro Trilhos, criado em agosto. 

O objetivo é levar a produção das fábricas deste produto localizadas no município a outras malhas ferroviárias até chegar aos portos marítimos. 

Um dos projetos prevê investimentos de R$ 1 bilhão. O outro R$ 890 milhões.  

A empresa MRS Logística pediu na semana passada  ao Ministério da Infraestrutura (MInfra) autorização para construir e operar linha férrea com extensão de 100 quilômetros entre Três Lagoas (MS) e Panorama (SP), interligando esse trecho à Ferrovia Norte-Sul e outras malhas. 

No mês passado, a Eldorado Celulose fez um  pedido semelhante à pasta, só que ligando Três Lagoas a Aparecida do Taboado, numa extensão de 89 quilômetros.  

O pedido da MRS é um dos cinco  formalizados pela empresa nesta quarta-feira, durante evento em Juiz de Fora (MG) com a presença do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, no qual ele enfatizou:

“Nós demos um passo muito importante que foram as autorizações, que é quando a gente quebra a amarra que segurava o investimento privado em ferrovia. Então hoje o privado pode empreender”, emendando que há estimativa de que, com a combinação de investimentos estatais e privados, o setor ferroviário seja responsável por 40% do transporte de carga em 15 anos. 

“Isso é praticamente o que qualquer país desenvolvido do mundo tem”, completou o ministro.

O pedido da MRS engloba transportar celulose das duas empresas localizadas em Três Lagoas – Eldorado e Suzano -, com previsão de investimentos de R$ 1 bilhão e podendo transportar as 3,25 bilhões de toneladas de celulose produzidas no município sul-mato-grossense.

Desde 1996, a MRS atua no setor como concessionária, administrando 1.643 quilômetros nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, mas, agora, ela mesma pretende implantar projetos a partir do zero.  

PROJETOS

Já o projeto da Eldorado Celulose autorizado no dia 11 do mês passado pelo ministério  prevê  investimentos de R$ 890 milhões por meio do Programa Pro Trilhos com objetivo de  transportar cerca de 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano produzida pela empresa em Três Lagoas, podendo subir para 2,3 milhões de toneladas, desconsiderando a Suzano Celulose, que também tem uma unidade na localidade. 

De acordo com o Diário Oficial da União, a exploração do serviço será por 99 anos  

A Eldorado é a segunda empresa do ramo de celulose no país interessada em desenvolver segmento próprio para visualizar o transporte de sua carga por trilhos. 

A Bracell apresentou projetos para duas novas linhas férreas no estado de São Paulo.

O pedido da MRS está em estágio anterior ao da Eldorado, uma vez que foi apresentado anteontem. 

Ainda será necessário receber autorização do Ministério da Infraestrutura – o que já aconteceu no pedido da Eldorado – para depois obter aval da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para ser efetivado.

Estas empresas estão na disputa pelo frete do transporte da celulose até os portos. Só este ano, até setembro, as unidades fabris de Três Lagoas exportaram US$ 1,302 bilhão (cerca de R$ 7,3 bilhões), de acordo com a Semagro (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar). 

No Estado, a receita gerada pela celulose representa cerca de 7% do PIB (Produto Interno Bruto), atingindo R$ 10 bilhões em receitas no ano passado.

PRO TRILHOS

Ao todo o Programa Pro Trilhos tem 36 requerimentos de 20 empresas privadas para construir e operar novas ferrovias via instrumento de outorga por autorização. Dezesseis  são estreantes no segmento de transporte ferroviário. 

Do total de projetos, sete estabelecem novos acessos ferroviários a portos do país. Estes projetos preveem R$ 150 bilhões em investimentos para ampliar a malha ferroviária nacional com 11.142 quilômetros de extensão em novos trilhos, cortando 14 unidades da Federação.

Todos os requerimentos protocolados junto ao Ministério da Infraestrutura são apreciados pela equipe da Secretaria Nacional de Transporte Terrestres (SNTT) e da ANTT.

A análise indica se o empreendimento tem convergência com a malha ferroviária do país. 

Após essa etapa, a SNTT confere se a proposta está de acordo com as políticas nacionais de transportes e do setor ferroviário. Em caso positivo, a autorização pode ser outorgada.

Mas não há prazo para a avaliação ser concluída, uma vez que os órgãos responsáveis podem requerer ajustes ou informações complementares.

O Marco Legal das Ferrovias foi criado pela Medida Provisória 1.065/2021  e depende ainda de aprovação pelo Congresso Nacional. Já foi aprovado pelo Senado Federal (PLS 261/18), agora o texto tramita em regime de urgência na Câmara dos Deputados, na forma do Projeto de Lei 3.754/21. 

Caso aprovado sem mudanças pelos deputados, a tramitação se conclui e a proposta poderá ser sancionada pelo presidente da República.

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Crédito rural

Prazo para renegociação de dívida de investimento vai até 31 de maio

A renegociação autorizada abrange operações de investimento cujas parcelas com vencimento em 2024 podem alcançar o valor de R$ 20,8 bilhões

19/04/2024 15h00

Em MS, podem renegociar os produtores de soja, milho e bovinocultura de leite e de carne. Arquivo/Correio do Estado

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Os produtores rurais que foram prejudicados por intempéries climáticas ou queda de preços agrícolas têm prazo até 31 de maio para renegociar dívidas do crédito rural para investimentos. A informação é do Ministério da Agricultura e Pecuária, com base em medida aprovada, com apoio do Ministério da Fazenda, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), em março passado.

Segundo o comunicado, com a iniciativa, as instituições financeiras poderão adiar ou parcelar os débitos que irão vencer ainda em 2024, relativos a contratos de investimentos dos produtores de soja, de milho e da pecuária leiteira e de corte. Neste contexto, as operações contratadas devem estar em situação de adimplência até 30 de dezembro de 2023.

A renegociação autorizada abrange operações de investimento cujas parcelas com vencimento em 2024 podem alcançar o valor de R$ 20,8 bilhões em recursos equalizados, R$ 6,3 bilhões em recursos dos fundos constitucionais e R$ 1,1 bilhão em recursos obrigatórios.

Caso todas as parcelas das operações enquadradas nos critérios da resolução aprovada pelo CMN sejam prorrogadas, o custo será de R$ 3,2 bilhões, distribuído entre os anos de 2024 e 2030, sendo metade para a agricultura familiar e metade para a agricultura empresarial. O custo efetivo será descontado dos valores a serem destinados para equalização de taxas dos planos safra 2024/2025.

O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, disse na nota: "Problemas climáticos e preços achatado trouxeram incertezas para os produtores. Porém, pela primeira vez na história, um governo se adiantou e aplicou medidas de apoio antes mesmo do fim da safra".

Confira abaixo as atividades produtivas e os estados que serão impactados pela medida:

soja, milho e bovinocultura de carne: Goiás e Mato Grosso;

bovinocultura de carne e leite: Minas Gerais;

soja, milho e bovinocultura de leite: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina;

bovinocultura de carne: Rondônia, Roraima, Pará, Acre, Amapá, Amazonas e Tocantins;

soja, milho e bovinocultura de leite e de carne: Mato Grosso do Sul;

bovinocultura de leite: Espírito Santo e Rio de Janeiro.

Para enquadramento, os financiamentos deverão ter amparo do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e dos demais programas de investimento rural do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), bem como das linhas de investimento rural dos fundos constitucionais.

HABITAÇÃO

Contratação de crédito imobiliário registra queda 33,9% no primeiro bimestre em MS

Em janeiro e fevereiro foram negociadas 591 unidades habitacionais no Estado, ante os 894 imóveis financiados no ano passado

19/04/2024 08h30

Foto: Arquivo / Correio do Estado

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O volume de imóveis financiados em Mato Grosso do Sul apresentou queda de 33,89% nos primeiros dois meses deste ano, na comparação com o mesmo período de 2023.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip), no 1º bimestre foram negociadas 591 unidades por meio de financiamentos, o que resultou em R$ 222,642 milhões disponibilizados para negociações com recursos da poupança. 

Já em janeiro e fevereiro do ano passado foram negociadas 894 unidades por meio de crédito imobiliário utilizando o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE), e o valor das operações quase chegou a R$ 290 milhões (R$ 289.449.681,00). Quando analisados os valores, a diferença resulta em redução porcentual de 23,08%.

Em janeiro do ano passado foram disponibilizados R$ 161,620 milhões - para 487 unidades negociadas, contra R$ 113,143 milhões e 283 imóveis do primeiro mês de 2024, ou seja, R$ 48,477 milhões a menos liberados para a compra de imóveis.

Segundo análise de especialistas, a redução do volume aplicado na poupança teve influência direta no cenário de Mato Grosso do Sul.

Em fevereiro de 2023 os recursos chegaram a R$ 127,829 milhões (407 unidades), ante as 308 unidades deste ano, e R$ 109,498 milhões, redução de R$ 18,331 milhões.

Dentre os principais motivos para a queda dos financiamentos no Estado, o principal é o juro alto praticado pelos bancos nas operações imobiliárias. As taxas ainda estão muito parecidas com a da Selic, fazendo que o valor contratado do financiamento quase dobre ao final do período.

Nas simulações feitas pelo Correio do Estado, por exemplo, as taxas de juros em financiamentos imobiliários no Sistema Financeiro da Habitação (SFH), que utiliza os recursos do sistema brasileiro de poupança, variaram entre 9,5% e 12,5% ao ano, a depender do relacionamento que o cliente tem com o banco.

O economista Renato Gomes explica que o panorama está também relacionado aos resgates e os saques que têm acontecido nas aplicações da poupança.

“Os brasileiros estão tirando dinheiro da poupança pela baixa atratividade, uma vez que essas pessoas estão interpretando, que não está compensando manter o dinheiro na poupança”, pontua.

Gomes destaca ainda que os valores acumulados na poupança são destinados para aquisições imobiliárias por meio do SBPE, uma modalidade de crédito que depende dos recursos da poupança. 

“Esse recurso fica escasso e, portanto, ocorre uma queda na quantidade, no volume de financiamento advindo desta linha de crédito, que é o financiamento imobiliário pela poupança”, detalha o economista.

HISTÓRICO

Nos seis anos anteriores, houve uma instabilidade no volume de negócios fechados através dos financiamentos com recursos da poupança.

De acordo com o relatório da Abecip, entre 2018 e 2021 os números de unidades e valores negociados ficaram em ascensão. Já nos dois últimos anos houve declínio nos financiamentos.

 

Em 2018 foram 3.544 imóveis financiados em Mato Grosso do Sul. O número subiu para 4.038 em 2019, para 6.200 em 2020 e atingiu o ápice em 2021, quando 10.543 unidades foram negociadas no Estado.

Conforme agentes do setor, a pandemia da Covid-19 impactou em mais pessoas trabalhando de casa e com isso muitos saíram do aluguel e compraram a casa própria no período. 

Em valores, o montante também teve ascensão nos anos citados, saindo de R$ 759,076 milhões nos 12 meses de 2018 para R$ 2,653 bilhões em 2021, alta 249% no período. 

Já em 2022, o valor disponibilizado para financiamentos imobiliários com recursos da poupança no Estado reduziram para R$ 2,606 bilhões, resultado 9.104 moradias negociadas. Enquanto no ano passado, houve uma segunda queda tanto em valores (R$1,826 bilhão) quanto em unidades financiadas (5.944).

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