Apesar de enfrentar intempéries climáticas e atraso no plantio e na colheita, a safra de soja 2019/2020 teve resultado recorde na colheita.
A oleaginosa chegou a 11,325 milhões de toneladas e 3,389 milhões de hectares de área plantada, enquanto na safra anterior foram produzidas 9,9 milhões de toneladas da oleaginosa.
Com a incidência de chuvas prevista pela meteorologia, as perspectivas para a próxima safra são ainda melhores, de acordo com o setor produtivo de Mato Grosso do Sul.
Antes mesmo de ser plantada, até o dia 31 de agosto, a safra de soja 2020/2021 já teve 45,50% da colheita comercializada, conforme o levantamento da Granos Corretora.
De acordo com o superintendente da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), Rogério Beretta, a expectativa é de uma supersafra.
“A gente tem dados de abertura de áreas de pastagens se transformando em áreas de agricultura, que indicam que teremos novamente um acréscimo na área plantada em cima de áreas degradadas. Temos a previsão climática, que é favorável, e a adoção de tecnologias e do momento que os grãos vivem no cenário mundial. A expectativa do governo do Estado também é de recorde na safra 2020/2021”, informou ao Correio do Estado.
O grande empecilho enfrentado pelos produtores foi a falta de chuvas no ano passado. Com a previsão de maiores volumes na próxima safra, o setor comemora.
“O clima desafia o produtor rural o ano inteiro. No ano passado, assistimos a um plantio prolongado e isso impactou outras safras, o que influencia em todo o planejamento da propriedade. Tanto a agricultura quanto a pecuária são altamente dependentes da regularidade das chuvas para evitar prejuízos e maiores consequências”, disse o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Alessandro Coelho.
Segundo levantamento da Granos Corretora, a comercialização da oleaginosa na safra 2019/2020 chegou a 97,78%.
A saca de 60 kg teve valorização de 66,68% entre agosto de 2019 e o mesmo mês em 2020, de R$ 73,65 por saca no ano passado foi a R$ 122,76/sc em agosto deste ano.
“Esse valor não significa que o produtor realizou ou esteja realizando negociações neste preço, isso ocorre por conta da intensa exportação de soja brasileira e sul mato-grossense no período, de forma que praticamente não existe soja a ser comercializada até a colheita da safra de soja 2020/2021”, explica o boletim técnico da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul).
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja-MS), André Dobashi, a safra será dentro da normalidade, sendo bastante semelhante à safra do ano passado.
“A expectativa é de que a safra esteja dentro da média entre os últimos 5 anos. A alternativa para o produtor minimizar os problemas climáticos é aguardar as previsões no mês de outubro e efetuar o plantio até 20 de novembro, quando se concentra a melhor janela de plantio. Não temos problema ao semear mais tarde, a safra de soja no Estado dos últimos 8 anos tem sua concentração de plantio entre os dias 9 e 30 de outubro, quando se concentram 62,4% do plantio. A área de soja no Estado ainda está em constante crescimento, a estimava é de que a safra seja 7% maior em relação à safra passada”, disse.
PREVISÃO
A maior concentração de chuvas no Estado está prevista para outubro, mas em setembro serão registradas precipitações significativas e ambos os meses registrarão maior volume do que o mesmo período do ano passado.
“Mato Grosso do Sul contará com chuvas no último decêndio de setembro. Elas recuarão na primeira semana de outubro e retornam na semana seguinte”, confirma o agrometeorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia.
“O calor foi muito grande na safra passada, mas este ano não temos previsão para tanto calor. Tudo aponta para um início de primavera menos quente e isso nos mostra que o processo de instalação da soja deve ser mais tranquilo, o que normalizará o calendário das safras”, completa o representante da Somar.
Segundo a coordenadora do Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima (Cemtec), Franciane Rodrigues, as regiões sudoeste e sul de MS terão chuvas ligeiramente acima da média e as demais áreas de normal a ligeiramente abaixo da média, nos meses de setembro e outubro.
“Espera-se o enfraquecimento gradual do tempo seco, a formação de áreas de instabilidades associadas a frentes frias e a intensificação dos ventos úmidos de norte que devem contribuir para o potencial de pancadas de chuvas em nosso Estado. Vale ressaltar que até o dia 16 de setembro não há previsão de chuva em Mato Grosso do Sul e as temperaturas ainda continuarão elevadas, por conta do tempo seco. Para outubro, já é esperada uma maior regularização das chuvas, pois há uma alta probabilidade de elas estarem acima da média em todas as áreas do Estado”, explica.
CUIDADOS
Celso Oliveira confirma que o índice pluviométrico para Dourados e Campo Grande será maior durante os meses de plantio da soja. Além disso, Chapadão do Sul e Maracaju também terão índices acentuados.
“É esperada uma diminuição de chuvas na primeira quinzena de outubro na região de Chapadão do Sul, mas não será significativa. No geral, a situação será melhor este ano”, diz o meteorologista.
Os cuidados deverão ser tomados nos meses de janeiro e dezembro, quando as colheitadeiras devem entrar em campo.
“Há expectativas fortes para o volume de chuvas, inclusive no Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Isso pode gerar um mix de invernada para o pecuarista, no mesmo momento da colheita da soja, com isso, o agricultor pode encontrar dificuldades na colheita”, aponta o agrometeorologista.
Sobre as chuvas mais fracas em setembro, ele reforça que talvez não sejam suficientes para o processo de plantio, mas destaca que entre 22 setembro e 1º de outubro as chuvas deverão ser mais volumosas.
“Plantar em alguns talhões durante as primeiras chuvas de setembro pode ser uma boa estratégia. Mas não é interessante plantar em toda a área, para evitar o replantio. Os espaçamentos das chuvas serão longos, isso pode desafiar o produtor”, alerta Celso.
Safrinha
Em Mato Grosso do Sul, o milho alcançou uma área plantada de 1,895 milhão de hectares, com uma redução de 12,79% quando comparada com a área da safra 2018/2019, que foi de 2,173 milhões de hectares.
A produtividade é estimada em 76 sacas por hectare, gerando a projeção de uma produção de 8,650 milhões de toneladas. A área colhida já chega a 64% e a comercialização da safra atinge 56,2%.