Economia

ENTREVISTA

"O empreendedorismo surge como resposta às necessidades das populações vulneráveis"

Com resultados como a formalização de 11 mil novos MEIs, o empreendedorismo pode ser estratégia para gerar renda e reduzir desigualdades, aponta o diretor em entrevista ao Correio do Estado

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Em Mato Grosso do Sul, mais de quatro mil pessoas vivem em situação de extrema pobreza, segundo a Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead).

Para muitas delas, a falta de renda, qualificação e oportunidades fecha portas todos os dias. Mas, segundo o diretor de Operações do Sebrae-MS, Tito Manuel Sarabando Bola Estanqueiro, de 59 anos, o empreendedorismo pode ser a chave para reabrir essas portas e mudar destinos.

Em entrevista ao Correio do Estado, Tito revela como a estratégia já formalizou mais de 11 mil novos microempreendedores e vem ajudando comunidades a transformar vulnerabilidade em oportunidade.

Em Mato Grosso do Sul, existem mais de quatro mil pessoas em situação de extrema pobreza, conforme a Sead, do governo do Estado. São pessoas sem condições de investimento, por exemplo, e com outros problemas sociais, educacionais. Como o empreendedorismo pode ser uma ferramenta para auxiliar essa população vulnerável?

O Sebrae-MS compreende o empreendedorismo como uma poderosa ferramenta de inclusão produtiva e de transformação social. Eu diria, sobremaneira, que se trata de um caminho viável para a autonomia financeira, mas que vai além disso: é também o resgate da autoestima, da dignidade e do pertencimento.

Quando uma pessoa em situação de vulnerabilidade consegue empreender, ela não apenas muda sua própria realidade, mas contribui com sua família e com a comunidade ao redor. A gente costuma dizer que, nesses casos, o empreendedorismo gera um efeito multiplicador.

É por isso que, em Mato Grosso do Sul, temos atuado de forma estratégica, junto ao governo do Estado, para levar o programa Cidade Empreendedora a um número crescente de municípios. Lançado em 2018, o programa inicia em 2025 um novo ciclo, com uma estrutura ainda mais robusta.

Neste novo momento, o eixo de inclusão socioprodutiva se tornou obrigatório em 34 dos 36 municípios participantes, demonstrando o compromisso coletivo com a redução das desigualdades.

Nessas cidades, e junto às prefeituras, nossa atuação será ainda mais próxima das comunidades vulneráveis, com ações voltadas a perfis diversos de pessoas em situação de vulnerabilidade econômica e social. A proposta é fazer com que elas consigam entender seu próprio potencial e enxergar no empreendedorismo uma via de emancipação.

Inclusive, os dados reforçam essa necessidade: de acordo com a pesquisa Data Favela, conduzida pelo Instituto Locomotiva, 82% dos empreendedores em favelas do Centro-Oeste dependem do faturamento do negócio como a principal fonte de renda da família. Ou seja, o empreendedorismo já é uma realidade para essas pessoas. Cabe a nós criarmos um ambiente que qualifique e apoie essa trajetória.

Em 2023, o Sebrae foi apontado pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome como importante parceiro para combater a pobreza no Brasil. Poderia pontuar o que vem avançando no cenário de MS para se promover geração de renda e emancipação econômica no âmbito das populações mais vulneráveis?

Esse reconhecimento nacional reforça uma atuação que, aqui, em Mato Grosso do Sul, já é realidade há alguns anos. Desde 2018, temos promovido ações por meio do programa Cidade Empreendedora, sendo esta uma das nossas principais estratégias para levar desenvolvimento aos municípios e que tem apresentado resultados.

Para se ter uma ideia, 57% dos municípios sul-mato-grossenses já foram beneficiados com o programa. Em seu ciclo mais recente, encerrado em 2024, 36 municípios participaram e obtiveram resultados significativos, como a formalização de mais de 11 mil novos microempreendedores individuais [MEIs], entre janeiro de 2023 e abril de 2024, o que representa um crescimento médio de 25%, em comparação com o período anterior.

Isso mostra o quanto o ambiente de negócios está mais favorável e o quanto o empreendedorismo tem sido visto como um caminho viável por pessoas que, até então, estavam à margem do mercado.

Especificamente no eixo de inclusão socioprodutiva, trabalhamos inicialmente com 13 municípios, que optaram por priorizar esse tema, e aplicamos uma metodologia que se mostrou eficaz, chamada metodologia das três fases.

Ela é voltada a pessoas atendidas pelas Secretarias Municipais de Assistência Social, em sua maioria mulheres, e tem como foco a construção de uma trajetória de emancipação que começa pelo desenvolvimento humano, passa pela capacitação profissional e empreendedora e culmina na geração de renda, seja via empregabilidade ou por meio do próprio negócio.

Essa lógica de atuação respeita o tempo e as necessidades de cada pessoa. Primeiro, trabalhamos autoestima, autoconfiança, talentos e vocações. Em seguida, oferecemos qualificações alinhadas ao mercado e à vocação local. E, por fim, entramos com mentorias e consultorias individuais, para apoiar a inserção profissional e garantir sustentabilidade a essas iniciativas.

Mato Grosso do Sul é um celeiro de oportunidades, e, quando o empreendedorismo encontra o apoio certo, ele se torna uma ferramenta de transformação social.

Existem números que esboçam como o empreendedorismo está mexendo com as populações vulneráveis no Estado? Poderia detalhar isso?

Temos acompanhado esse cenário, e posso afirmar que os dados mostram um ambiente favorável à inclusão socioprodutiva e à consolidação do empreendedorismo como ferramenta de transformação.

Quando falamos de Mato Grosso do Sul, os indicadores sociais e econômicos apontam um avanço importante: a taxa de desemprego no Estado é de 3,7%, a quinta menor do País, de acordo com o IBGE [2024].

Além disso, segundo o Censo de 2022, cruzado com os dados do Instituto Locomotiva/Data Fa[vela (2023], apenas 0,6% da população estadual vive em comunidades, o que representa cerca de 16.678 pessoas, uma das menores proporções do País.

Esses números não escondem os desafios, mas mostram que há um caminho de desenvolvimento sustentável sendo trilhado, com foco em não deixar ninguém para trás, como diria nosso governador Eduardo Riedel.

O empreendedorismo, nesse contexto, surge como uma resposta prática às necessidades das populações vulneráveis, principalmente quando aliado a políticas públicas e programas estruturantes.

Esse tipo de trabalho envolve a inclusão produtiva e a inclusão socioprodutiva? Se sim, poderia pontuar o que diferencia uma estratégia da outra?

Para o Sebrae-MS, os dois termos são complementares e têm o mesmo propósito: permitir que pessoas em situação de vulnerabilidade ingressem ou retornem ao mercado por meio da geração de trabalho e renda.

No programa Cidade Empreendedora, adotamos o termo inclusão socioprodutiva para nomear o eixo de atuação que trata dessas iniciativas.

Mas, mais do que a nomenclatura, o que importa é a essência do trabalho: estamos falando de um processo de inserção e reinserção de pessoas com idade para trabalhar e que enfrentam barreiras sociais e econômicas no mercado, seja por meio da empregabilidade, seja por meio do empreendedorismo.

Quais processos têm sido trabalhados no Estado para fomentar a inclusão produtiva e a inclusão socioprodutiva?

A principal estratégia dessa atuação é o programa Cidade Empreendedora, desenvolvido em parceria com o governo do Estado, que entra em um novo ciclo em 2025. Neste novo momento, 34 dos 36 municípios participantes vão executar o eixo de inclusão socioprodutiva.

A metodologia aplicada contempla diferentes etapas. Iniciamos com um diagnóstico local, para entender o cenário de cada município e identificar os públicos prioritários. A partir disso, os municípios recebem apoio para a implantação de um plano municipal de inclusão produtiva, com diretrizes e metas específicas.

Todo esse processo é acompanhado por consultorias especializadas, que ajudam na articulação entre as diversas políticas públicas existentes.

Além disso, o Sebrae-MS oferece um conjunto robusto de capacitações voltadas às competências socioemocionais, à profissionalização e à gestão de negócios, com trilhas formativas adaptadas à vocação econômica local e ao perfil dos participantes.

Acreditamos que não basta ensinar uma profissão, é preciso preparar as pessoas para empreender com propósito e consciência, e isso só é possível quando conseguimos entender a dor do cliente e atuar com empatia e planejamento.

Outro ponto importante é a mobilização e articulação. Trabalhamos para construir uma rede de parceiros locais, seja com nossos conselheiros do Sebrae-MS ou envolvendo prefeituras, entidades de classe, empresas, instituições de ensino. Com isso, ampliamos as possibilidades de encaminhamento e suporte ao público atendido.

Também promovemos feiras de empreendedorismo, workshops, palestras e eventos, criando espaços de visibilidade e conexão entre os empreendedores e os mercados.

Quais setores da economia no Estado mais se encaixam para auxiliar nessas estratégias? Quais produtos poderiam ser considerados os “queridinhos” para fomentar o empreendedorismo em populações vulneráveis?

A pesquisa demonstra que grande parte dos empreendedores em favelas do Centro-Oeste começou de forma autônoma para suprir necessidades imediatas. Para 27% deles, o impulso foi reconhecer que tinham habilidade para uma atividade e, assim, a transformar em uma profissão.

Nesse contexto, as capacitações oferecidas pelo Sebrae-MS são alinhadas com a vocação econômica local e as demandas das comunidades.

Em Mato Grosso do Sul, os setores de comércio e serviços são os principais motores da economia estadual, sendo algumas atividades econômicas comuns, por exemplo, o comércio de vestuário, salões de beleza e barbearias, além de estabelecimentos alimentícios, como lanchonetes, que compõem grande parte dos negócios informais e autônomos das comunidades.

No que se refere às capacitações, um exemplo significativo é o programa MS Qualifica, que visa promover a inserção no mercado de trabalho e suprir a demanda por mão de obra qualificada nos municípios sul-mato-grossenses, lançado pelo governo do Estado em 2023, em parceria com diversas instituições.

Quem são os consumidores desses produtos e serviços gerados pela inclusão socioprodutiva? Existe um número que represente esse mercado em Mato Grosso do Sul?

Eu diria sobremaneira que os consumidores em potencial são, majoritariamente, das próprias comunidades. Dados do Instituto Locomotiva indicam que 93% dos empreendedores de favelas trabalham ou têm negócios no território onde moram, mantendo fortes vínculos afetivos, sociais e de trabalho.

Esse senso de comunidade favorece a solidariedade e o apoio mútuo, fortalecendo a economia local. Além disso, 75% desses empreendedores priorizam comprar produtos e serviços de pequenos negócios locais, o que demonstra um mercado relevante e uma dinâmica econômica de fortalecimento interno nas comunidades.

Essa rede de apoio e engajamento funciona como um mecanismo importante para a sustentabilidade desses negócios.

Como elevar a autoestima de um público que enfrenta dificuldades econômicas e sociais para superar os obstáculos do empreendedorismo?

É fundamental compreender o perfil desse público para desenvolver ações integradas que vão além da capacitação técnica e incluem acolhimento e valorização humana.

A maioria dos empreendedores em favelas do Centro-Oeste é composta por pessoas de baixa renda, 81%, negras, 74%, e com baixa escolaridade, 45% com Ensino Fundamental completo ou menos.

Eles enfrentam barreiras estruturais agravadas por marcadores sociais.

Por isso, o Sebrae-MS adota uma abordagem que prioriza o fortalecimento da autoestima, reconhecendo as potencialidades individuais antes de introduzir conteúdos técnicos de gestão e mercado.

PERFIL

Tito Manuel Sarabando Bola Estanqueiro

Nascido em Gafanha de Nazaré, Portugal, Tito Estanqueiro, de 59 anos, é economista, naturalizado brasileiro e reside em Campo Grande. É mestre em Economia Política pela PUC-SP e bacharel em Ciências Econômicas pela UFMS. Atua no Sebrae-MS desde 2007, onde, desde 2015, ocupa o cargo de diretor de Operações, após passagem pela diretoria técnica.

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LOTERIA

Resultado da + Milionária de ontem, concurso 311, sábado (13/12): veja o rateio

A + Milionária tem dois sorteios semanais, às quartas e sábados, sempre às 20h; veja quais os números sorteados no último concurso

14/12/2025 08h00

Confira o resultado da +Milionária

Confira o resultado da +Milionária Foto: Divulgação

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A Caixa Econômica Federal realizou o sorteio do concurso 311 da + Milionária na noite desta sábado, 13 de dezembro de 2025, a partir das 21h (de Brasília). A extração dos números ocorre no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 12 milhões. Nenhuma aposta saiu vencedora e o prêmio acumulou para R$ 13 milhões.

  • 6 acertos + 2 trevos - Não houve acertador
  • 6 acertos + 1 ou nenhum trevo - Não houve acertador
  • 5 acertos + 2 trevos - 1 aposta ganhadora, R$ 176.574,47
  • 5 acertos + 1 ou nenhum trevo - 9 apostas ganhadoras, R$ 8.719,73
  • 4 acertos + 2 trevos - 36 apostas ganhadoras, R$ 2.335,64
  • 4 acertos + 1 ou nenhum trevo - 618 apostas ganhadoras, R$ 136,05
  • 3 acertos + 2 trevos - 939 apostas ganhadoras, R$ 50,00
  • 3 acertos + 1 trevo - 7086 apostas ganhadoras, R$ 24,00
  • 2 acertos + 2 trevos - 7410 apostas ganhadoras, R$ 12,00
  • 2 acertos + 1 trevo - 55048 apostas ganhadoras, R$ 6,00

Confira o resultado da + Milionária de ontem!

Os números da + Milionária 311 são:

  • 42 - 29 - 50 - 38 - 19 - 32 
  • Trevos sorteados: 4 e 2

O sorteio da + Milionária é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal oficial da Caixa no Youtube.

Próximo sorteio: + Milionária 312

Como a + Milionária tem dois sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre na quarta-feira, 17 de dezembro, a partir das 20 horas, pelo concurso 312. O valor da premiação vai depender se no sorteio atual o prêmio será acumulado ou não.

Para participar dos sorteios da + Milionária é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

A aposta mínima custa R$ 6,00 para um jogo simples, em que o apostador pode escolher de 6 a 12 números dentre as 50 dezenas disponíveis, e fatura prêmio se acertar de 4 a 6 números.

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LOTERIA

Resultado da Timemania de ontem, concurso 2331, sábado (13/12): veja o rateio

A Timemania realiza três sorteios semanais, às terças, quintas e sábados, sempre às 19h; veja quais os números sorteados no último concurso

14/12/2025 07h55

Confira o resultado da Timemania

Confira o resultado da Timemania Foto: Divulgação

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A Caixa Econômica Federal realizou o sorteio do concurso 2331 da Timemania na noite deste sábado, 13 de dezembro de 2025. A extração dos números ocorreu no Espaço da Sorte, em São Paulo, com um prêmio estimado em R$ 65 milhões. Nenhuma aposta saiu vencedora e o prêmio acumulou para R$ 67 milhões.

  • 7 acertos - Não houve ganhadores;
  • 6 acertos - 11 apostas ganhadoras (R$ 52.730,69 cada);
  • 5 acertos - 527 apostas ganhadoras (R$ 1.572,34 cada);
  • 4 acertos - 9.494 apostas ganhadoras (R$ 10,50 cada);
  • 3 acertos - 91.641 apostas ganhadoras (R$ 3,50 cada);
  • Time do Coração: Novorizontino/SP - 25.469 apostas ganhadoras (R$ 8,50 cada);

Confira o resultado da Timemania de ontem!

Os números da Timemania 2331 são:

  • 74 - 12 - 63 - 78 - 37 - 71 - 56
  • Time do Coração: 55 (Novorizontino - SP)

O sorteio da Timemania é transmitido ao vivo pela Caixa Econômica Federal e pode ser assistido no canal oficial da Caixa no Youtube.

Próximo sorteio: Timemania 2332

Como a Timemania tem três sorteios regulares semanais, o próximo sorteio ocorre na terça-feira, 16 de dezembro, a partir das 21 horas, pelo concurso 2332. O valor da premiação vai depender se no sorteio atual o prêmio será acumulado ou não.

Para participar dos sorteios da Timemania é necessário fazer um jogo nas casas lotéricas ou canais eletrônicos.

A aposta mínima custa R$ 3,50 para um jogo simples, em que o apostador pode escolher 10 dente as 80 dezenas disponíveis, e fatura prêmio se acertar de três a sete números, ou o time do coração;

Como jogar a Timemania

A Timemania é a loteria para os apaixonados por futebol. Além de o seu palpite valer uma bolada, você ainda ajuda o seu time do coração.

Você escolhe dez números entre os oitenta disponíveis e um Time do Coração. São sorteados sete números e um Time do Coração por concurso. Se você tiver de três a sete acertos, ou acertar o time do coração, ganha.

Você pode deixar, ainda, que o sistema escolha os números para você (Surpresinha) ou concorrer com a mesma aposta por 3, 6, 9, ou 12 concursos consecutivos através da Teimosinha.

Probabilidades

A probabilidade de vencer em cada concurso varia de acordo com o número de dezenas jogadas e do tipo de aposta realizada.

Para a aposta simples, com 10 dezenas, a probabilidade de acertar sete números ganhar o prêmio milionário é de 1 em 26.472.637, segundo a Caixa.

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