Economia

Agricultura

Plantio da soja chega à reta final no Estado

Região sul de MS tem o maior índice de área da oleaginosa semeada; implantação da cultura deve chegar ao fim nesta semana

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O plantio da safra de soja 2022/2023 entra na reta final e pode ser concluído já nesta semana. Conforme o boletim Casa Rural, elaborado pelos técnicos da Associação dos Produtores de Soja e Milho de MS (Aprosoja-MS) e do Sistema Famasul, 96,6% da área destinada à semeadura da oleaginosa já foi finalizada. 

Foram semeados 3,771 milhões de hectares dos 3,842 milhões de hectares estimados para a safra 2022/2023 no Estado. A produtividade da safra atual é estimada em 53,44 sacas por hectare. A produção deve chegar a 12,318 milhões de toneladas, a segunda melhor safra da história de MS. 

“A operação de plantio no Estado está sendo executada dentro da média dos últimos cinco anos, e a tendência é ser finalizada até o dia 2 de dezembro”, detalha o relatório técnico.

O presidente da Aprosoja-MS, André Dobashi, explica que as estimativas locais são baseadas nos dados obtidos pelo Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio (Siga MS), com informações de satélites cruzadas com a monitoria de técnicos em campo, que percorrem o Estado todas as semanas. 

“Até o momento, as estimativas seguem as mesmas do início da safra, sendo a produtividade estimada em 53,44 sacas por hectares, e a produção, em 12,318 milhões de toneladas”, afirma.

A região sul está com o plantio mais avançado, com média de 97,6%, enquanto a região central está com 95,1%, e a região norte, com 95,0% de média.

De acordo com o Siga MS, as lavouras variam do estádio fenológico VE, que indica a emergência das plântulas, ao R1, marcado pelo início do florescimento.

As condições das lavouras, que até então eram consideradas boas em 100% das áreas, começaram a se diferenciar. No cenário estadual, 96% das áreas estão em boas condições e 4% apresentam condições regulares. 

Regionalmente, condições mais adversas são observadas no nordeste do Estado, que apresenta 80% das áreas em boas condições, 17,8% em condições regulares e 2% em condições ruins, provocadas por um deficit hídrico de cerca de 20 dias. 

Já na região sul-fronteira, 82,9% das lavouras apresentam boas condições, e 17%, condições regulares, também em função da falta de chuvas e da ocorrência de altas temperaturas.

A região sudeste é a única que ainda mantém 100% das áreas em boas condições. 

“De acordo com os dados observados no Inmet [Instituto Nacional de Meteorologia], as condições climáticas futuras indicam chuvas consideráveis para todo Estado no trimestre de novembro, dezembro e janeiro, a média de precipitação acumulada deve variar de 500 mm a 700 mm. Lembrando que a previsão probabilística indica que as chuvas ficarão entre 40% e 50% abaixo da média climatológica”, aponta o boletim Casa Rural.

PREÇOS

As cotações disponíveis no site da Granos Corretora apontam que o preço médio da saca com 60 kg de soja foi de R$ 172,82. Ao comparar com o mesmo período de 2021, houve alta nominal de 13,89%, quando a oleaginosa havia sido cotada, em média, a R$ 151,74.

“Esse valor não significa que o produtor esteja realizando negociações neste preço, tendo em vista que a comercialização é gradativa”, alerta o relatório técnico.

Antes mesmo do fim do plantio, 20% da safra 2022/2023 foram comercializados, atraso de 12,45 pontos porcentuais quando comparado ao mesmo período deste ano para a safra 2021/2022. 

A saca de milho foi comercializada a R$ 72,52 nas últimas semanas, o que representou aumento de 2,50% em relação ao valor médio praticado em novembro de 2021, que era de R$ 70,75.

Quanto à comercialização da segunda safra de milho 2021/2022, MS comercializou 62% do cereal, que representa 11,11 pontos porcentuais abaixo do índice apresentado em novembro de 2021.

Fertilizantes sobem 123% em dois anos.

O custo de produção segue alto para o bolso do produtor rural. O levantamento divulgado pela Aprosoja-MS, por meio do boletim de fertilizantes do mês de outubro, aponta um incremento médio de 123% no preço desses insumos, nos últimos dois anos, em Mato Grosso do Sul. 

Já em relação ao mesmo período de 2021, os preços médios estão iguais, uma vez que o aumento observado no cloreto de potássio (KCl) equivale à redução do fosfato monoamônico (MAP) e do formulado de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK), contudo, isso não significa uma estagnação nos preços, conforme salienta o presidente da Aprosoja-MS. 

 “Apesar de não se observar um aumento médio nos preços de outubro deste ano em relação ao ano passado, individualmente, o KCl teve um aumento de 29% em relação mesmo período do ano anterior e de 192% em comparação a 2020, o que traz, sim, um incremento no custo de produção de grãos”, afirma André Dobashi. 

No total, de janeiro a outubro, o Estado importou 1,1 milhão de toneladas de produtos, um aumento de 4,90% em relação ao mesmo período de 2021. Foram 290 mil toneladas de produtos nitrogenados (N), aumento de quase 20%; 424 mil toneladas de fosfatados (P), crescimento de 3,51%; e 119 mil toneladas de potássicos (K), aumento de cerca de 24%. 

Os produtos importados por MS têm origem no Canadá, Rússia, China, Estados Unidos e Egito. 

Os dados disponibilizados pela Aprosoja-MS baseiam-se em informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

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Economia

Desenrola Pequenos Negócios renegocia dívidas de 120 mil empresas

Renegociações começaram em maio e atingiram R$ 7,5 bilhões

12/02/2025 22h00

Marcelo Camargo/Agência Brasil

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Em sete meses de atuação, o Desenrola Pequenos Negócios renegociou R$ 7,5 bilhões de dívidas de mais de 120 mil microempreendedores individuais (MEI), micro e pequenas empresas, divulgou nesta quarta-feira (12) a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República. O programa oferece descontos de 20% a 95% nos débitos bancários, permitindo que os negócios de menor porte recuperem o acesso ao crédito.

As renegociações começaram em maio e o prazo de adesão acabou em 31 de dezembro.

Segundo o Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, em 2024 os programas de crédito para pequenos negócios injetaram R$ 39 bilhões em 600 mil empresas. Parte desse desempenho, ressalta a pasta, deve-se à versão especial do Desenrola para MEI e empresas de menor porte.

Pelas regras, o refinanciamento é concedido diretamente pelo sistema financeiro, com incentivos tributários do governo para estimular os bancos a renegociar dívidas com empresas inadimplentes. Essa abordagem permite descontos significativos nas dívidas.

O Desenrola Pequenos Negócios é um dos eixos do Programa Acredita, que pretende ampliar o acesso ao crédito na economia.

Procred 360

O Acredita também inclui o Procred 360, que oferece linhas de crédito exclusivas com juros até 50% mais baixos que os de mercado aos MEI e às microempresas com faturamento anual de até R$ 360 mil. O prazo de adesão ao Procred também acabou em 31 de dezembro.

Para permitir as concessões de crédito com juros baixos, o governo destinou R$ 1,5 bilhão em garantias para os bancos. O montante veio de recursos remanescentes do Fundo Garantidor de Operações (FGO) do programa Desenrola, que renegociou dívidas de mais de 15 milhões de pessoas físicas em 2023 e 2024.

Os recursos do FGO cobrem eventuais calotes dos tomadores de crédito, o que reduz o risco para os bancos e permite a concessão com juros mais baixos. O método é semelhante ao aplicado na versão original do Desenrola.

Dos R$ 5 bilhões oferecidos em crédito, o Procred 360 emprestou R$ 1,4 bilhão para 47 mil empresas. A expectativa é que novos recursos sejam alocados para ampliar ainda mais a oferta de crédito.

Além do Procred 360, os pequenos negócios podem procurar os bancos para acessar o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que beneficia MEI e empresas que faturam até R$ 4,8 milhões por ano. No ano passado, o governo criou uma versão especial do Pronampe destinada ao Rio Grande do Sul, que financiou a recuperação econômica de 36 mil empresas afetadas pelas enchentes que atingiram o estado em maio e junho. 

As estatísticas do Pronampe em 2024 não foram divulgadas.

três lagoas

Juiz nega pedido da Paper e mantém veto a transferência da Eldorado Celulose

Paper tentava anular decisão do TRF-4, que impediu a transferência das ações, e juiz federal de Três Lagoas não concedeu recurso e manteve a suspensão

12/02/2025 19h34

Eldorado Brasil Celulose, em Três Lagoas

Eldorado Brasil Celulose, em Três Lagoas Divulgação

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O juiz da 1ª Vara Federal de Três Lagoas, Roberto Polini, no Tribunal Regional da 3ª Região (TRF3), indeferiu, nesta quinta-feira (11), pedido da Paper Excellence para anular as decisões referentes à compra da Eldorado Celulose tomadas pelo Tribunal Federal da 4ª Região (TRF-4), em Chapecó, Santa Catarina.

A Paper Excellence pedia a transferência dos 50,49% das ações da Eldorado que estão com a J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista.

A briga judicial entre as companhias se arrasta desde 2018.

Em dezembro do ano passado, o ministro Gurgel de Faria, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), havia determinado que as decisões quanto ao caso deveriam ser concentradas em Três Lagoas para que não acontecessem despachos conflitantes sobre o mesmo tema.

A determinação havia sido comemorada pela Paper, que via na ação popular em Chapecó como um dos principais entraves para a conclusão do negócio.

O juiz do TRF-3 se recusou a mudar o entendimento adotado em Santa Catarina. Mas explicou que o assunto será tratado no futuro na decisão do colegiado do tribunal.

"A despeito da invocação das decisões noticiadas pela requerente, neste estágio processual não se vislumbra alteração do quadro fático e jurídico que justifique a modificação ou a revogação das tutelas deferidas pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região, cujos fundamentos adotados poderão ser ratificados por este Juízo, acaso confirmada sua competência", disse Polini.

A ação no TRF-4 trata do que se tornou o ponto central na disputa pelo controle da Eldorado: a questão da posse de terras por empresas brasileiras de capital estrangeiro. A Paper é companhia canadense de propriedade do empresário indonésio Jackson Wijaya.

A Paper alegou que as decisões do TRF-4 estavam "eivadas de nulidade" e deveriam ser revogadas. Ela sempre criticou a ação popular iniciada pelo ex-prefeito de Chapecó, Luciano Buligon, porque a Eldorado não possui terras na região e, segundo a Paper, não há intenção de tê-las.

No pedido ao TRF-3, argumentou a inexistência de "provas de que a Eldorado e a Paper Excellence pretendiam adquirir qualquer propriedade e sequer que o negócio jurídico objetivaria a aquisição de terras rurais por empresa estrangeira, ressaltando que o seu interesse seria o de desenvolver a atividade econômica de produção e comercialização de celulose."

"Conquanto o Superior Tribunal de Justiça tenha sinalizado ser este Juízo Federal o competente para o processamento e o julgamento da ação popular e desta ação civil pública, ante a conexão e o risco de decisões conflitantes, deve-se considerar que as decisões concessórias das tutelas de urgência antecipatória e cautelar já foram questionadas e mantidas pelo órgão recursal, de modo que permanecem válidas e eficazes", escreveu Polini em sua decisão.

Em nota, a Paper diz que a compra da Eldorado não pode ser vista como ameaça à soberania nacional, como alegam as ações iniciadas em Chapecó e Três Lagoas.

"A questão da venda de terras para estrangeiros é mais um argumento infundado criado pela J&F para tentar impedir a concretização do negócio firmado em contrato em 2017. A Paper, inclusive, num ato de boa-fé, já propôs às autoridades a alienação das áreas rurais de propriedade da Eldorado Celulose, que representam apenas 5% das terras utilizadas em sua operação - o equivalente a 0,67% do total do negócio de R$ 15 bilhões. Quase 95% das terras que fornecem matéria prima para a fábrica da Eldorado são de propriedade de brasileiros, que mantêm com a empresa contratos comerciais", diz a empresa.

ENTENDA O CASO

A J&F aceitou vender a Eldorado para a Paper por R$ 15 bilhões, em setembro de 2017. Meses depois, o comprador entrou na Justiça por alegar que o vendedor não colaborava para a liberação das garantias, o que concluiria o negócio. Foi o pontapé inicial na ramificação de processos, arbitragens, inquéritos criminais e outras disputas que ainda seguem após sete anos. E sem perspectiva de fim.

Desde o início da disputa já houve, além do processo inicial e de três arbitragens: pedidos de anulação, ações populares, inquéritos criminais, condenações por litigância de má-fé; ações por difamação, múltiplos pedidos de suspensão, liminares, questionamentos a respeito de terras e pareceres do Incra.

A Paper solicitou, no início deste ano, a abertura de uma nova arbitragem, desta vez em Paris. Pede indenização de cerca de R$ 18 bilhões.

Aconteceram repetidas tentativas de conciliação, algumas a pedido da Justiça. A última ocorreu em novembro do ano passado, solicitada pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF (Supremo Tribunal Federal) e está em aberto. Nenhuma resultou em acordo até o momento.

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