ADRIANA MOLINA
Enquanto o preço médio do álcool recuou R$ 0,10 nos últimos 23 dias, ou o equivalente a 5,5% em Campo Grande, o da gasolina subiu cerca de R$ 0,03, ou 1,21%. A constatação dos valores contraria a lógica de que a maior oferta do derivado da cana-de-açúcar, verificada pelo início da colheita da safra, derrubaria os preços do derivado do petróleo, já que sua fórmula contém 20% de etanol. Pesquisa realizada pelo Correio do Estado ontem constatou que o valor médio do litro da gasolina saltou de R$ 2,46 no dia 21 de março para R$ 2,49 em 13 de abril. Atualmente, o produto pode ser encontrado na Capital com preços variando entre R$ 2,38 e R$ 2,69.
Enquanto isso, a média do álcool caiu, passando de R$ 1,82 para R$ 1,72 o litro. No entanto, como o combustível subiu 18,7% nas usinas, em breve o consumidor pode esperar por novas altas no etanol nos postos. Conforme o diretor de comunicação do Sindicato do Comércio Varejista de Petróleo e Lubrificantes (Sinpetro-MS), Marcos Vilalba, a gasolina deveria mesmo sofrer retração proporcional ao volume de álcool acrescentado à mistura, como o previsto no início da safra de cana, porém o fato não está ocorrendo por conta da margem de lucro dos revendedores.
A recente alta, segundo Vilalba, é reflexo do que ele chama de “concorrência predatória”. “Os postos começaram a baixar os preços da gasolina nos últimos meses por competitividade e chegaram num ponto que agora estão tendo que subir para garantir a margem de lucro que muitos perderam com a concorrência”, explica. Porém, a questão é sazonal e a estimativa é de que não aconteça acréscimo expressivo nos próximos dias e de que os valores devem se estabilizar em breve.
Comprovação
A justificativa do Sinpetro-MS, de que a alta acontece nos revendedores por causa dos prejuízos na margem de lucro, é confirmada por dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Conforme levantamento feito pelo órgão nas últimas semanas, o preço do litro de gasolina nas distribuidoras caiu 1,31% em 21 dias.
O combustível era repassado aos postos ao custo médio de R$ 2,29 no dia 20 de março. Já em 10 de abril, o valor caiu para R$ 2,26 o litro. De acordo com a ANP, a gasolina é comercializada nas distribuidoras hoje com cotações que variam entre R$ 2,19 e R$ 2,32.