Economia

Imposto de Renda

Receita Federal retém 12 mil declarações em MS

O total representa menos de 4% das mais de 357 mil declarações com direito à restituição

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A Receita Federal reteve 12.217 declarações do Imposto de Renda de 2025 em Mato Grosso do Sul. O total representa menos de 4% das 357.761 declarações com direito à restituição no estado.

Até setembro, 345.534 declarações foram liberadas, distribuídas nos cinco lotes pagos entre maio e setembro, totalizando R$ 571,8 milhões em restituições.

De acordo com a Receita Federal, as declarações ainda não liberadas apresentam pendências que exigem análise mais detalhada. Os contribuintes podem consultar os motivos da retenção e regularizar a situação no site da Receita Federal, por meio do serviço "Meu Imposto de Renda", em seguida na parte "Consultar a Restituição".

O delegado da Receita Federal em Campo Grande, Zumilson Custódio da Silva, afirmou que a agilidade no processamento se deve à modernização dos sistemas e à valorização da conformidade tributária. Segundo ele, a eficiência alcançada permitiu que mais de 96% dos contribuintes com direito à restituição recebessem os valores dentro dos cinco lotes regulares.

Último lote 

O quinto e último lote de restituição do Imposto de Renda de Pessoas Físicas (IRPF-2024), pago nesta terça-feira (30), injetou mais de R$ 13 milhões na economia de Mato Grosso do Sul, contemplando 6.568 contribuintes serão contemplados.

O pagamento é realizado na conta bancária informada na Declaração de Imposto de Renda, de forma direta ou por meio de chave PIX.

Os lotes foram distribuídos em cinco, pagos nos meses de maio, junho, julho, agosto e setembro, respectivamente. Os que não caíram dentro destes, caem no lote residual, ou seja, na Malha Fina, a partir do mês de outubro.


 

PERSPECTIVAS

Comércio reage com temporários, mas esbarra na falta de mão de obra

Levantamento da ACICG revela otimismo e estabilidade; CDL aponta que deficit de trabalhadores persiste

17/11/2025 08h40

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores Gerson Oliveira

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O comércio de Campo Grande deve encerrar este ano com um cenário de estabilidade e certo otimismo moderado na geração de vagas temporárias.

É o que mostra a pesquisa Perspectivas Empresariais para Contratações 2025, da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), que revela que a maior parte dos empresários da Capital pretende manter ou até ampliar o número de contratações de fim de ano.

Por outro lado, a escassez de mão de obra é apontada como empecilho.

O movimento indica que, apesar das vendas ainda avançarem de forma irregular, os lojistas apostam em um trimestre mais aquecido e na manutenção da demanda em 2026.

De acordo com o estudo, 59% dos empresários afirmaram que vão manter o volume de contratações temporárias observado no fim de 2024, outros 36% pretendem aumentar as equipes entre novembro e dezembro e apenas 5% trabalham com a possibilidade de reduzir o número de vagas.

O levantamento ouviu 100 empresas de diferentes segmentos do varejo, com maior representatividade do setor de vestuário, seguido pelos ramos de eletrônicos, calçados, brinquedos, perfumaria, cosméticos e joias.

A partir desse comportamento, a ACICG projeta a oferta de 1,1 mil vagas de trabalho no setor terciário, que envolve comércio e serviços, apenas entre outubro e dezembro, período tradicionalmente mais aquecido em razão de datas como Black Friday, Natal e Ano-Novo.

“Considerando o trimestre de outubro a dezembro, nossa expectativa é de que sejam geradas cerca de 1,1 mil oportunidades de trabalho em empresas do setor terciário, que abrange atividades de comércio e serviços”, afirma o presidente da ACICG, Renato Paniago.

A pesquisa também detalha o calendário provável das contratações. Para quase 50% das empresas, a primeira quinzena de dezembro será o período de maior entrada de novos colaboradores. Outros 22% apontam contratações ainda em novembro, enquanto 16% devem reforçar as equipes somente na segunda quinzena do último mês do ano.

As projeções também revelam o perfil majoritário do comércio campo-grandense: cerca de 83% das empresas pretendem abrir até duas vagas temporárias, reforçando o peso dos micro e pequenos negócios na economia local.

Outro dado que chama atenção e reforça a expectativa de estabilidade é o porcentual de empresários que pretendem efetivar os temporários após o período festivo. Segundo o levantamento, 88,6% das empresas têm a intenção de manter os trabalhadores após dezembro.

Para a ACICG, o número demonstra confiança na continuidade da demanda para o início de 2026. “A maioria dos empresários mantém as expectativas de contratação no mesmo patamar do ano passado, e mais de um terço pretende ampliar o número de colaboradores. Isso revela estabilidade, o que é muito saudável, diante do cenário econômico atual”, avalia Paniago.

Além das contratações, praticamente todas as empresas entrevistadas (98%) devem participar de ações promocionais no fim do ano, com destaque para a Black Friday e a Black Week, que se consolidaram como pontes estratégicas para estimular o consumidor e antecipar o aquecimento do comércio antes da chegada do Natal.

“As campanhas devem impulsionar o movimento no comércio já em novembro e preparar o terreno para o aumento das vendas em dezembro”, finaliza Paniago.

Comércio de Campo Grande deve contratar 1,1 mil trabalhadores

RITMO

Os resultados da pesquisa dialogam com movimentos recentes identificados pela Fecomércio-MS e pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). Após quatro meses de queda, o comércio no Estado começou a sinalizar uma reação, o que pode indicar um último trimestre mais estável, comportamento associado tanto à sazonalidade de fim de ano quanto à recomposição gradual da confiança do empresário.

Em outubro, o índice de confiança do comerciante sul-mato-grossense voltou para a zona positiva, segundo a Fecomércio-MS, refletindo maior otimismo sobre o faturamento das empresas e a percepção de melhora gradual do ambiente de negócios. Esse comportamento, ainda que moderado, ajuda a explicar por que o setor tem evitado retrações mais significativas.

Se o cenário geral aponta otimismo moderado e manutenção das vagas, o dia a dia do varejo ainda divide opiniões. A empresária Leni Fernandes, do ramo de joias, semijoias, ótica e gastronomia, afirma que já contratou.

“Na parte do restaurante, contratamos duas pessoas temporárias. E, na parte das lojas de joias, vamos contratar cinco pessoas temporárias. Acreditamos muito que o movimento vai ser muito bom, vai ser melhor que o do ano passado. A expectativa nossa é de que tenha um aumento até 10% a mais do que o ano passado”, afirma.

A empresária Cláudia Barros, proprietária de loja de roupas, reforça que, apesar da expectativa para dezembro, o ritmo das vendas ainda não inspira movimentos mais ousados.

“Estamos com muito receio em contatar, porque as vendas estão em ritmo lento. Estava com expectativa de contratar três vendedoras para o fim do ano, mas, como o cenário é de cautela, vou contratar somente uma. A demanda de festas de fim de ano aumenta, mas temos que ter cautela porque o ano passado não foi como o esperado. Mesmo assim, temos que ser otimistas”.

O relato confirma a postura de “otimismo com freio de mão puxado” observada em grande parte dos lojistas, que equilibram a expectativa de aumento de fluxo com a necessidade de reduzir riscos em um ambiente econômico ainda instável.

Além do comércio de rua e dos shoppings, o varejo alimentar também reforça o movimento de contratações temporárias. A rede Assaí Atacadista, por exemplo, abriu cerca de 40 vagas temporárias para operar nas unidades de Mato Grosso do Sul entre 24 de novembro e 24 de dezembro.

As oportunidades incluem funções como operador de caixa, repositor de mercearia e repositor de perecíveis, todas com possibilidade de efetivação após o período contratual.

DIFICULDADE

O movimento identificado pela ACICG, contudo, não é unânime. A Câmara de Dirigentes Lojistas de Campo Grande (CDL-CG) pontua que há dificuldade para encontrar trabalhadores. O presidente da entidade, Adelaido Vila, afirma que o problema se agravou neste ano e tem afetado o funcionamento de lojas.

“A coisa está extremamente grave, a gente não acha trabalhadores mais. E não estamos falando nem de pessoas qualificadas, a gente não encontra pessoas que vão todo dia ao emprego. Desde o início do ano, estamos com mais de 2 mil vagas abertas. A gente não está conseguindo achar gente para trabalhar”.

Segundo ele, fatores como preferências da geração mais jovem, o nível de assistencialismo e a atratividade das vagas públicas têm contribuído para o cenário.

Reportagem já publicada pelo Correio do Estado apontou a dificuldade de alguns setores em contratar trabalhadores.

Dados da Fundação do Trabalho de Mato Grosso do Sul (Funtrab) apontam que o Estado encerrou o ano passado com 24.280 vagas de trabalho não preenchidas. Conforme os especialistas ouvidos à época, as principais causas são a falta de qualificação e o desinteresse do trabalhador.

Outro ponto destacado é o alto número de pessoas que recebem benefícios sociais, tanto estaduais quanto federais.

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Economia

Crise no arroz contrasta com uma boa safra brasileira de grãos

Mesmo sendo o segundo maior exportador de arroz fora da Ásia, o Brasil ainda precisa importar o grão em períodos de escassez

16/11/2025 09h43

 A dualidade revela gargalos de competitividade e logística.

A dualidade revela gargalos de competitividade e logística. Foto: Marcelo Victor / Correio do Estado

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Mesmo com o País caminhando rumo an uma nova safra recorde de grãos, o arroz vive o oposto - área e produção caem no momento em que o custo de produção supera o preço pago pela saca.

O desânimo dos produtores gaúchos mostra o lado menos visível da bonança agrícola. No Rio Grande do Sul, que produz mais de 70% de todo arroz brasileiro, a previsão é de queda de 10% na área plantada.

O presidente da Associação dos Agricultores de Dom Pedrito, Edinho Fontoura, resume o dilema vivido pelos produtores. "A saca de arroz está na faixa de R$ 50, mas o custo de produção chega a R$ 90. O produtor sabe que está pagando caro para trabalhar, mas não deixa de plantar porque é persistente."

Levantamento do Instituto Riograndense do Arroz (Irga) mostra que mais de 70% das áreas de cultivo no Estado foram semeadas, cobrindo 640 mil hectares, indicando que a previsão de 920 mil hectares na safra 2025/26 não será atingida.

Na anterior, o cultivo total chegou a 970 mil hectares. Além da redução na área plantada, muitos agricultores estão descapitalizados e investem menos em adubação devido ao alto custo dos insumos.

Os produtores gaúchos vêm de cinco anos agrícolas ruins: foram quatro estiagens severas e ao menos uma grande enchente.

Dados do Centro de Estudos e Pesquisas Aplicadas à Agricultura (Cepea) explicam o desalento do produtor gaúcho. A saca de 50 quilos teve média de R$ 58 em outubro, 6,2% inferior à do mês anterior e 51,4% abaixo do mesmo período do ano passado. No acumulado de 2025, a queda nominal é de 43,2%.

O agricultor Arno Walter Lausch, de Maçambará, no centro-oeste do Estado, conclui o plantio de 1,2 mil hectares na Fazenda Celeiro e espera que até a safra ocorra uma reação nos preços. "Somos produtores de alta tecnologia, que tem um custo muito alto. O arroz é importante para a rotação de culturas, pois melhora o solo onde vamos plantar também milho e soja. A gente espera que os preços melhorem e nosso trabalho seja reconhecido "

Referência do agro no centro-oeste gaúcho, o grupo Lausch cultiva em outras quatro áreas próprias e arrendadas. Cristiano Marques Lausch, filho de Arno e administrador do grupo, lembra que foram feitos altos investimentos para irrigar toda a produção de arroz. "Investimos quando os preços estavam bons e agora fica difícil pagar o investimento com os recursos da lavoura, devido aos preços baixos", diz.

Mão dupla

Mesmo sendo o segundo maior exportador de arroz fora da Ásia, o Brasil ainda precisa importar o grão em períodos de escassez. A dualidade revela gargalos de competitividade e logística.

Na safra passada, o País produziu 12,8 milhões de toneladas, acima do consumo interno, na faixa de 11 milhões. Na próxima, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o volume deve cair para 11,4 milhões, cerca de 10% menos.

Com os baixos preços internos, o País pode ampliar as exportações de arroz. A Conab prevê um crescimento de 31% para 2,1 milhões de toneladas no volume enviado para o exterior este ano devido ao excedente no mercado interno.

Este ano, o arroz brasileiro foi levado principalmente para países africanos, como Senegal e Gâmbia, e americanos, como Cuba e Peru.

Do outro lado, as importações devem se manter estáveis, em 1,4 milhão de toneladas. O País compra arroz principalmente de vizinhos, como Argentina, Paraguai e Uruguai, nossos principais fornecedores.

Conforme a companhia, a importação de arroz é necessária para regular o mercado interno, evitando que haja escassez e alta excessiva de preços quando nossa produção não atinge o volume esperado.

Quando ocorre o inverso, com excesso de produção e queda de preços, o governo pode realizar leilões de compras para aumentar seu estoque do cereal e ajudar o agricultor a desencalhar sua produção.

Neste ano, foram investidos R$ 300 milhões em operações de contratos para compra de 200 mil toneladas do cereal. O preço pago é maior que o do mercado.

Abastecimento

O arroz é um componente indispensável na cesta básica do brasileiro e há esforços para aumentar o consumo. No dia 27 de outubro, a Associação Brasileira da Indústria de Arroz (Abiarroz) lançou a campanha Arroz Combina, voltada à valorização do produto no mercado doméstico.

Além de colocar o alimento no centro do prato do brasileiro, a ação busca equilibrar oferta e demanda no País: o consumo interno se manteve estável nos últimos anos, enquanto a produção aumentou, gerando desequilíbrio nos preços.

Em outra frente, a indústria trabalha para abrir novos mercados. Por meio do projeto de exportação Brazilian Rice, desenvolvido em parceria com ApexBrasil, a Abiarroz atua em missões e feiras internacionais e realiza ações de aproximação com compradores estrangeiros.

Nos últimos meses, representantes do setor industrial orizícola participaram de agendas em países como México e Nigéria integrando missões organizadas pelo governo. Também foram recebidos importadores mexicanos no Rio Grande do Sul.

Em outubro, o arroz brasileiro esteve com estande próprio na Foodex Saudi Expo, em Riad, na Arábia Saudita, e participa, ainda este ano, da US Private Label Trade Show, nos Estados Unidos.

Etanol

Enquanto o arroz perde espaço nas lavouras, ganha novas aplicações industriais. Casca e farelo viram fonte de energia e biodiesel, e o grão busca novo valor em uma economia de baixo carbono. De acordo com o presidente do Irga, Eduardo Bonotto, o arroz tem potencial para entrar na cadeia produtiva do etanol de cereal, com o milho e o trigo.

A produção do combustível já acontece em algumas plantas com o aproveitamento do arroz quebrado no processo de beneficiamento, que tem menor valor comercial.

Além disso, subprodutos do beneficiamento de arroz podem ser melhor aproveitados: o farelo na produção de biodiesel e a casca, na queima direta como combustível para as caldeiras.

"Já temos várias plantas de biocombustível operando no Rio Grande do Sul, e outras estão em processo de instalação. Algumas já queimam a casca do arroz, o que reduz o consumo de árvores nesse processo. É um novo mercado sustentável que se abre para o produtor de arroz", diz Bonotto.

 

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